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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

A história do meu cabelo

Deve ser a única coisa com que sou neurótica. Não que ande com uma escova atrás de mim e ande sempre a penteá-lo - que isso efetivamente não acontece - mas a verdade é que é a única coisa com que me preocupo verdadeiramente em mim e com o qual tenho certos rituais sem esquecimentos ou desleixos. Tomara que acontecesse o mesmo com a minha pele...

 

Formas

Durante anos tive um cabelo muito difícil de domar. Passei metade da minha adolescência com o cabelo amarrado e com gel porque era a única coisa que sabia fazer com ele. Tinha um cabelo muito forte, com demasiado volume e era impossível fazer o quer fosse. Seco ao natural era - e ainda é - horrível, cheio de jeitos com um volume estranho, cheio de cabelos pequenos a crescer. Fica com um aspeto feio, desleixado e completamente despenteado.

 

Houve um dia, tinha eu para aí 16 anos, que me fartei de andar sempre de cabelo amarrado, carregado de gel por causa dos cabelos pequenos, que decidi fazer uma ondulação permanente ao cabelo. Durante mais ou menos um ano nunca amarrei o cabelo, finalmente podia apenas lavá-lo e deixar secar ao natural adicionando-lhe um pouco de espuma e nem precisava de lavar o cabelo todos os dias, o cabelo era relativamente seco e era só ajeitar com água e a coisa compunha-se. Depois caí no erro - quando o cabelo começou a crescer - de fazer uma segunda ondulação e o cabelo ficou tão encolhido, mas tão encolhido - valeu-me a alcunha de caniche durante uns meses - que acabei a fazer uma defrisagem um ou dois meses depois. Aí iria voltar a ter problemas a domar o dito, mas a verdade é que encontrei uma cabeleireira que me conseguiu ajudar. Desbastou-me a trunfa, e com um pouco de espuma conseguia pô-lo minimamente apresentável e aí descobri que o meu cabelo naturalmente ondulava e ficava bonito. Mas aí tinha de lavar o cabelo todos os dias, e com o tempo o cabelo tornou-se bastante oleoso, muito mais fino e muito mais quebradiço. Ainda hoje não sei se foi do tratamento que lhe dei, ou se foi só por estar a envelhecer. É inegável que a pele e o cabelo modificam-se com o nosso envelhecimento.

 

Aos 20 anos a minha mãe ofereceu-me a minha primeira placa de alisamento decente - tive uma anteriormente mas não conseguia alisar o cabelo com ela - e foi quando me comecei a apaixonar verdadeiramente pelo meu cabelo. Até apanhar-lhe o jeito, passava horas - vá uma hora, para aí, também não vamos exagerar - a alisar o cabelo. Desde essa altura que estico o meu cabelo. Entretanto tentei recuperar os meus caracóis e experimentei voltar a usar espuma, mas de tanto utilizar a placa de alisamento que o meu cabelo tornou-se naturalmente liso - cheio de jeitos e despenteado, mas liso - e já fiz dois alisamentos progressivos no último ano que ajudou a reduzir a utilização da placa. Hoje em dia estico o cabelo apenas com o secador, e só em dias que tenho mais pressa é que utilizo a placa. Longe de demorar a hora que demorava, hoje 20 minutos e fico pronta.

 

Graças ao Youtube, sei também fazer caracóis, com placa e com babyliss, e soubesse eu fazer penteados e tranças que até poderia dar uma boa cabeleireira - quiçá, quando quiser mudar de ramo.

 

 

Cores

Tinha eu 18 anos quando fiz madeixas pela primeira vez - loiras pois claro -, e foi aí que percebi como ele crescia rapidamente e ganhei uma raiz enorme que odiei ver. O meu cabeleireiro tinha fechado, nunca fui fã de passar horas à espera, e tentei resolver o problema sozinha. Como não fazia ideia de como se usava tinha optei por utilizar um champô e uma espuma que escurecia o cabelo. É verdade, escureceu. Fiquei com o cabelo de pelo menos 3 cores, uma delas era cor-de-rosa. Lá tive de ir a um cabeleireiro resolver a situação e gastar um dinheirão - não é que fosse muito caro, eu é que ganhava muito mal e todas as despesas extra estragavam-me o orçamento - e lá escureci o cabelo. Tentei mais umas 3 ou 4 vezes fazer madeixas loiras mas elas nunca ficavam como eu gostava, e acabava por desistir e voltar a escurecer o cabelo uns meses depois. Numa das vezes - na única vez que alcancei a cor desejada - estragaram-me o cabelo todo e ele ficava todo na escova ao pentear. Foi simplesmente horrível. Acho que foi a última vez que fiz madeixas e passei a ver os químicos com outros olhos...

 

... Até aparecerem as brancas, há uns anos. Comecei a ter brancas por volta dos 23 anos, e fui aguentando. Arrancava uma aqui, outra ali e foi passando. Até que aos 26 anos já começaram a ser demais e lá tive de pintar o cabelo. Inicialmente comprei tinta no supermercado da minha cor para esconder, mas nunca correu bem. Perdi horas de vida a pintar o cabelo e ali continuavam resplandecentes. Lá fui ao cabeleireiro. Durante bastante tempo sempre dentro dos meus tons. Eis que há dois anos por volta do meu aniversário decidi mudar totalmente de visual e decidi arriscar e ser loira. Depois disso acho que já conhecem o historial: desde os loiros, aos ruivos, passando pelos vermelhos e pelos arroxeados já passei um pouco por tudo.

 

Se as primeira vezes que pintei recorri a um cabeleireiro, a verdade é que a minha falta de paciência para lá ir fez com que investigasse, estudasse e aprendesse a cuidar dele em casa e como sabem sou eu que pinto o meu cabelo.

 

 

Rituais

Pintar o cabelo e esticá-lo regularmente não implica estragar o cabelo, ou pelo menos, não tem de implicar. Temos é de ser cuidadosos, saber o que fazemos - essencialmente se forem como eu e fizerem tudo em casa - e usar acima de tudo bons produtos: seja ao nível de tintas, seja ao nível de champôs. Lavo o cabelo dia-sim-dia-não e nos dias não uso champô seco como já referi algumas vezes, isto faz com que o cabelo não desbote tão rapidamente e não tenha que pintar com tanta frequência, e faz com que não use o secador diariamente, ou seja, menos calor, menos produtos. Quando estico o cabelo uso sempre um protetor de calor - este é sem dúvida o meu favorito - e no final uso um bom sérum - o da Orofluido já roubou o meu coração há uns anos e é o único que deixa o meu cabelo verdadeiramente bonito sem ficar com um efeito pesado e gorduroso devido a ser um cabelo oleoso - e quando o cabelo está mais seco uso o sérum antes e depois de secar o cabelo. NUNCA, mas NUNCA passo a placa de alisamento sem garantir que o cabelo está bem seco. Quando faço caracóis, não uso laca porque não gosto e uso o champô seco - que é um bom texturizante - para garantir a durabilidade dos bichinhos. E ainda, quando pinto o cabelo, para além de pintar com tintas sem amoníaco com óleos hidratantes - uso INOA normalmente - ainda faço uma boa máscara de hidratação para garantir que a tinta não me vai danificar o cabelo. Quanto a champôs, os meus favoritos são os da Loreal, mas estou agora usar os da Bed Head da Tigi e estou a amar, se quiserem em breve falo-vos deles.

 

 

Já fui altamente desastrada, o meu cabelo já sofreu muito nas minhas mãos, mas atualmente apesar de não parecer, tenho muito mais cuidados e desde que sou eu que o cuido, que ele anda muito mais saudável. Nada como usar os produtos certos.

 

E vocês, que cuidados têm com os vossos cabelos? Têm dicas? Partilhem aqui com a Mula.

A bipolaridade dos dias

Há dias que me espremo toda para conseguir publicar uma parvoíce que seja. Desde a criação deste blog - há 2 anos e 3 meses - que nunca um dia passou sem algo ser publicado e ao contrário do que possam pensar isso nem sempre é simples.

 

Mas depois, há aqueles dias em que as palavras saem umas atrás das outras sem aviso prévio ou permissão, e escrevo, três, quatro e às vezes até cinco posts de enfiada, assim, todos de uma vez, tenha eu tempo para os escrever. E lá tenho eu de agendar as publicações. Haveria de ser bonito se me deixasse levar pela bipolaridade dos dias e existissem dias sem publicações e outros com 4 ou 5 seguidas...  Aí vocês atestavam a minha doidice e lá se ia a minha reputação - bem sei que não tenho disso, mas achei que ficava bem dizer que sim.

 

Há dias assim, em que me falto. Há dias assim, em que me excedo.

 

"Mas ó Mula, o blog deveria ser só prazer não deverias de escrever por obrigação!" dizem vocês que eu bem vos oiço. Acreditem ou não, eu não escrevo por uma obrigação negativa, por obrigação verdadeira. Escrevo diariamente por ritual, por rotina, porque é algo que me faz bem. Digamos que é como aquelas pessoas que vão ao ginásio num dia de preguiça, num dia que não lhes apetece, mas que vão, vão e saem de lá felizes por terem ido. É assim que funciona a escrita comigo. Eu escrevo diariamente porque isso me revigora, porque no dia em que não escrever outros dias se seguirão, e outros... E outros... E isso não pode acontecer. Por mim, isso não pode acontecer.

 

É incrível como até para o que gostamos temos de nos forçar. Mas assim é a vida. Temos de nos esforçar num dia para que noutro nos seja mais fácil, deve ser aí que nos equilibramos porque mal de mim se me excedesse sempre. Que canseira seria.

 

A bipolaridade dos dias tem realmente muito que se lhe diga... 

 

Também sentem o mesmo? 

Detox forçado da vida lá fora

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Fui trabalhar e deixei o telemóvel em casa. Voltei atrás, tentei procurá-lo mas não o encontrei e como estava atrasada decidi deixar assim, também um dia sem telemóvel não deveria de ser assim tão mau, pensei.

 

Efetivamente um dia sem telemóvel não foi mau, foi simplesmente horrível! O dia de trabalho foi demasiado calmo o que deu para repetir para mim várias vezes que o bicho tinha ficado em casa. Eu no computador de trabalho não tenho acesso "ao mundo lá fora" a internet está bloqueada e não dá para aceder a nada que não precisemos para trabalhar - e às vezes nem acedemos ao que precisamos efetivamente - e passei o dia todo numa ansiedade que só visto. Tudo me levava para o bicho: "Preciso de ver o meu saldo! Ah bolas, não tenho o telemóvel comigo!"; "Tenho de responder à X, preciso de saber como ela está! Ah bolas ficou em casa" posso dizer-vos que há muitos anos que isto não me acontecia e nunca imaginei que fosse esta a minha reação. Cheguei ao ponto de pedir um telemóvel emprestado porque precisava de ver uma receita para comprar os legumes quando saísse do trabalho. Vergonhoso.

 

Sabem lá vocês a quantidade de vezes que fui com a mão ao bolso... que senti o bicho vibrar, que parecia que o ouvia tocar...

 

Pelos vistos sou mesmo uma techno-dependente, não sei viver desligada. Isto é grave. Eu considero isto bastante grave porque causou-me ansiedade, irritação como se de uma droga se tratasse efetivamente. Falando com as minhas colegas as reações foram semelhantes "como te esqueceste do telemóvel? Ai eu não conseguia..."

 

Já vos aconteceu algo semelhante? Acham que conseguem sobreviver a um dia sem acesso à vida lá fora?

Curtas do dia #798

Esta semana falei com uma senhora que trabalha na Segurança Social. Acusou a  empresa onde trabalho de ser complicada por pedir UMA situação específica - muito simples.

 

A sério? Alguém da Segurança Social sente-se mesmo com coragem para acusar os outros de complicados e burocráticos?

 

Mesmo a sério? A ideia é quê, medir forças?

 

Não tivesse eu acompanhada que a senhora levava uma resposta à altura... Assim só fiquei com uma indigestão do sapo que tive de engolir! 

Ai o amor, como é lindo o amor!

Vamos jogar um jogo?

 

Inventei-o agora mesmo, chama-se Where's Love? - ao estilo do Where's Wally? estão a perceber a cena? - e consiste em encontrar essa pequena pérola que é o amor nas duas situações que vos vou apresentar, totalmente reais - ainda que com uma certa dose de interpretação mulaniana - e que aconteceram por estes dias e que felizmente - ou infelizmente, dirão vocês - tive o prazer de assistir, de borla, sem filas nem discussões.

 

Situação 1:

Moço e Moça unidos num só num lambe-lambe de loucura, enquanto um amigo espera por ele entretido a olhar para o telemóvel - provavelmente para não enjoar, tal é o mel. 

 

Moço vira costas e segue viagem descontraído com o seu amigo e eis que, já separados por uns 4 ou 5 metros e alguns segundos desde o descolar turbulento de línguas, a Moça já desesperadamente carregada de saudades, grita: "Amo-te". Moço retribui com igual entusiasmo e diz-lhe "eu também" mas como estava de costas para - quiçá - esconder tal sentimento louco, a Moça não ouviu. Eis que sentindo-se ignorada a Moça berra-lhe chateada pela ausência de resposta e volta-lhe a gritar os seus sentimentos entre insultos e outras palavras bonitas. Eis que o seu amante se vira, qual Romeu louco pela sua Julieta e diz - já separados por um montão de metros, e por isso aos berros - "Fodasse outra vez? Ouvisses, que eu já disse!" vira costas e prossegue viagem com o seu amigo que não consegue disfarçar o riso. E é assim que a Moça encolhe os ombros, vira costas e segue o seu caminho deslumbrada com o romantismo do seu apaixonado. 

 

Situação 2:

Moço - outro Moço, para que não restem dúvidas - entra no Metro e vai direitinho para a janela contrária à porta, com um olhar desesperado e posto no metro que estava na outra linha. Percebe-se pelo rebolar da cabeça de um lado para o outro que busca com ansiedade alguém: a Moça, pois claro, que há minutos atrás o acompanhava. Moço começa a bater no vidro, a fazer gestos, a abanar-se todo qual palhaço no trapézio para chamar a atenção do povo. Mas a Moça, apesar de estar igualmente junto à janela, mas no outro metro, não o viu - eu cá acho que fez de conta que não o viu porque ela olhou na sua direção e rapidamente desviou o olhar, mas também não quero estar aqui a levantar falsos testemunhos - e o Moço, perante o arrancar dos dois metros em sentido contrário, separando assim estas duas vidas irremediavelmente por horas - até ao dia seguinte de manhã provavelmente - o Moço vira-se com um olhar desiludido e pega de imediato no telemóvel, provavelmente para lhe escrever uma mensagem de como já se esvai de dor pelas saudades.

 

 

E sabem o que é pior nisto tudo? É que eu também já fui assim...

Semana 42 - Desafio 365 Fotos

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Foto 1- Um jantar diferente: tabule, que é um prato libanês. No fundo é uma salada com bulgur muito saborosa.

 

Foto 2- Uma foto antiga de uma visto a Óbidos. Adoro experiências com luz solar.

 

Foto 3- Eu bem pedi à Nossa Senhora das Dietas que me perdoasse porque caí em tentação... Mas mesmo assim ela castigou-me com uma valente indisposição.

 

Foto 4- Adoro arte urbana. E com mensagens ainda melhor.

 

Foto 5- Um almoço saboroso, rápido e minimamente saudável.

 

Foto 6- Estação de metro de Zona Industrial, na Maia.

 

Foto 7- E porque uma semana fotográfica tem de ter gatos,aqui está mais um belo exemplar. 

 

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.