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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

E pronto, e fecharam a circulação entre concelhos...

Imagem retirada daqui

 

Chateia-me - e revolta-me! - que fechem as fronteiras do meu concelho, que me confinem a uma área sem que tenha voto na matéria ou direito a opinião. Chateia-me, essencialmente, que eu seja privada da minha liberdade devido à ignorância das pessoas. Isto do encerramento dos concelhos nesta altura, é o mesmo quando amarram os loucos em camisas de forças para que não se magoem a si próprios. Isto é, apenas, porque as pessoas são inconscientes e não têm bom senso nos seus actos.

 

Por mim, a solução passaria apenas por encerrar os cemitérios - podem ler a minha adoração ao Dia de Finados aqui - mas ao que parece não contentes por irem plantar luzinhas e flores na campa da pessoa que nem se lembram que existiu, ao longo do ano, as pessoas ainda se juntam em debandada em casa umas das outras, para brindar, quiçá ao morto. Mas depois fico confusa, porque permitiram as pessoas irem em debandada para o Avante, permitiram as pessoas irem em debandada para o Autódromo Internacional do Algarve, permitiram e permitem as pessoas andarem em debandada uma série de vezes, mas no entanto, eu não posso circular de concelho entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro. Eu, que não vou colocar luzinhas nas campas, nem faço festas clandestinas pró-covid. Já sei pelo pecador paga o justo mas...

 

No Natal a historia vai se repetir... Na páscoa, e por aí em diante.

 

Atinem pessoas!

 

Atinem porque estou farta de pagar pelas vossas parvoíces... e tenho pessoas que são importantes para mim fora do meu concelho, do outro lado do rio!

Desafio | Passa-Palavra #Cartas - Texto do Monteiro

E o texto sobre a palavra da semana, do Monteiro, esta semana é mais pesado que o normal. A temática é bem diferente e confesso que me amarfanhou o coração...

 

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Eram as cartas, eram as cartas. 
Pequenas e quadradas, maiores que um telegrama,
Alguém decidiu chamar aquilo de aerograma. 
Cartas que falavam do medrar das oliveiras,
Do estrumar da terra, do pão que enchia as masseiras. 

 

Eram as cartas, eram as cartas. 
Cartas em que se contava tudo o que se podia, 
Em que se media tudo o que se escrevia. 
Cartas destinadas aos defensores da soberania,
Numa guerra de que o mundo inteiro escarnecia. 

 

Pois eram as cartas, aquelas cartas; 
Que davam ao soldadinho, vindo da sua pequena aldeia,
A coragem que lhe faltava para combater em terra alheia. 
Poderia segurar na metralhadora, apontar o canhão, 
Ser faxina na cozinha, conduzir o camião. 

 

Pois foram as cartas, aquelas cartas;
Com palavras cheias de vazio e frieza,
Que anunciaram uma grande tristeza. 
Ao soldadinho fizeram um triste funeral,
O seu nome apareceu num parágrafo de jornal... 

 

Pois Ela guardou as cartas, num cantinho da memória!
Pelo caminho ficou um casamento por realizar,
Um coroar de um amor com uma bonita História! 
Foi antes, pouco antes do estalar da Revolução, 
Que trouxe a paz, a esperança, a liberdade,
Mas que não foi capaz de lhe aplacar a Saudade...

 

Foram as cartas, Senhor. Aquelas cartas!

 

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Desafio passa-palavra criado pela Mula e pela Mel. Todos os domingos e durante - para já - oito semanas, sairá uma palavra para vos inspirar a escrever sobre ela. Quem quiser é livre de se juntar a nós, sem compromissos ou prazos apertados. Escrevam, porque escrever liberta a alma. A quem participar nos seus blogs, aqui as meninas pedem apenas que nos identifiquem nas publicações, para podermos ir ler-vos e comentar-vos! Bom desafio a todos o que connosco embarcam.

Desafio | Passa-Palavra #Cartas

 

Adoro cartas de amor. De bilhetes. De mensagens no espelho. De papelinhos espalhados pela casa. Gosto. Gosto de atos românticos. Gosto de coisas feitas de amor. De histórias de amor, de filmes de amor, de músicas de amor...

 

Mas gosto de cartas de amor sinceras. De bilhetes sinceros. De mensagens no espelho sinceras. De papelinhos espalhados pela casa quando as palavras no dia-a-dia são poucas para descrever sobre os nossos sentimentos, quando as palavras são insuficientes para demonstrar os nossos sentimentos. Gosto de sinceridade. Antes a sua ausência do que palavras falsas num papel para parecer bonito, para parecer romântico, para parecer de amor.

 

Gosto do ser. Odeio parecer.

 

Sou das que escreve, mesmo a papel e caneta, à mão, cartas de amor. Gosto de colocar por palavras aquilo que sente o meu coração, já que sou tão má a expressar-me verbalmente o que me vai na alma. Sou intensa, e como tal sou confusa, debito tantas vezes palavras confusas para expressar sentimentos que creio que tantas vezes sou incompreendida. Escrevo melhor do que o que falo. Sou mais ponderada no que escrevo do que o que falo, porque não gosto de passar a limpo, gosto de escrever o que me vai no coração, mas sem rabiscar, por isso gosto de escrever com calma, devagar e a saborear, e ler vezes sem conta, para que entenda se está percetível aos olhos daqueles que não me leem a alma. As palavras verbais não. Não dá para rever palavras que já proferimos, tantas vezes erradamente. Sou impulsiva, as palavras saem-me tantas vezes sem controlo e sem filtro. Sou calma enquanto escrevo, mesmo quando as lágrimas caem a preceito demonstrando que é verdade o que sinto. Sou um turbilhão de emoções enquanto falo, um vulcão em erupção de palavras confusas e contraditórias enquanto falo.

 

Gosto de cartas de amor. Mesmo quando são ridículas, como escreveu Álvaro de Campos um dia "Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas." porque o amor é também ele ridículo, como tudo aquilo que nos vulnerabiliza. Porque poderia escrever sobre qualquer tipo de cartas, neste desafio, até sobre as cartas da luz e da água que me destabilizam mensalmente, mas... Sou ridícula, porque adoro cartas de amor ridículas mesmo não sendo a pessoa mais romântica deste mundo, gosto de acreditar que também eu sou feita de amor.

 

Gosto de cartas feitas de amor.

Amadurecer também é isto, certo?

 

Quem me conhece sabe, a paciência, que dizem ser uma virtude, não é uma virtude que eu possua em grande quantidade. Normalmente sou das que prefere fazer sozinha, do que explicar vezes sem conta. Gosto de ensinar, atenção, não me mal interpretem que eu adoro ensinar, só não tenho paciência para pessoas que fingem não entender para não terem o trabalho, no entanto, tenho muita paciência para quem quer verdadeiramente aprender, e até pode parecer às vezes que não, que me exalto um pouco e entro em desespero quando não me faço entender e começo a acelerar a fala e a hiperventilar um pouco, mas... Para as pessoas que querem verdadeiramente aprender eu explico o número de vezes que foram necessárias, ainda que pelo caminho faça umas quantas vezes sozinha para recuperar fôlego, mas só paro, quando efetivamente percebem. Algumas pessoas tentam desistir pelo caminho, mas no que depender de mim eu não desisto. Com aquelas que não querem, logo à partida, desisto eu antes delas. Tem tudo que ver com atitude!

 

Preciso de mudar isto em mim. Já perceberam que é um ponto fraco e aproveitam-se constantemente da minha fraqueza.

 

Estou a mudar de estratégia.

 

Até me posso corroer toda por dentro, ganhar cabelos brancos mas a partir de agora estou em fase de mudança. Não sabem fazer? Explicarei até que entendam e as pessoas irão fazer as tarefas sozinhas, não irei fazer por ninguém. Querem aprender? Boa! Não querem aprender? Lamento, mas terão de aprender e fazer contrariadas o que no fundo é uma chatice para ambas as partes, mas suponho que com o tempo consiga educar estas pessoas... Espero que a tempo para não ter um ataque cardíaco com os nervos!

 

E vocês? Contem-me sobre o vosso bolso da paciência... Essencialmente a nível laboral.

Tinha saudades disto...

img.jpg

(imagem retirada daqui)

 

...De escrever diariamente, de sentir que tenho coisas para escrever, para vos contar ou simplesmente desabafar. Tinha saudades desta vontade, destas palavras que jorram umas atrás da outras de forma fluída e descontraída.Tinha saudades vossas também, das vossas visitas e de vos visitar. As virtuais ainda não nos foram proibidas, é altura de usarmos e abusarmos da nossa mobilidade digital.

 

Confesso que às vezes olho com nostalgia para este curral, que em tempos as publicações não falhavam um único dia. Há mais de dois anos que assim não é e não vos posso mentir, vezes sem conta pensei em desistir por completo, mas depois lembro-me do propósito: Escrever liberta a alma, e seja mais ou menos assídua é bom saber que este cantinho existe para quando eu preciso. Gostaria de vos dizer que andei afastada porque estava demasiado ocupada a viver a vida, mas na realidade não é isso. Na realidade é uma desinspiração tal que o síndrome da folha em branco levou a melhor durante muito tempo. E também, claro, cansaço generalizado. Quantas vezes me apetece escrever mas não me apetece mexer? Quantas vezes as palavras se formam umas atrás das outras na minha cabeça mas os meus dedos não se movem por cansaço? Depois, quando tenho disponibilidade a oportunidade passou, e sabemos que uma oportunidade passada é uma oportunidade perdida. Mas neste momento sinto-me motivada a escrever, sinto-me com esta necessidade, acho que o desafio #passapalavra ajudou a este empurrão, mas... Estava mesmo a precisar!

 

Não quero com isto fazer-vos promessas que não poderei cumprir, não vos direi que é desta que serei mais assídua, quer no meu, quer nos vossos, mas estou numa de aproveitar esta onda, e tal como nas ondas, deixo o meu corpo mole e ela que me leve para onde quiser!

 

Seja como for, é bom andar por cá!

 

P.s.: Sapinho tenho andado distante mas não distraída, obrigada por todos os destaques dos últimos tempos, bem sei que é uma forma de me motivares a estar por cá mais vezes... Vou fazer por merecer!

Desafio | Passa-Palavra #6

Esta semana falamos sobre a palavra almofada. E quem não gosta de deitar a cabecinha na almofada e descansar tranquilamente? Listamos de seguida os cantinhos onde se escreveu sobre esta palavra tão simples e tão importante no dia-a-dia, ou não fosse o nosso descanso tão importante quanto o ar que respiramos.

 

Gaivotazul - Ela encerra um pouo de Ti

Bii Yue - Almofada

Charneca em flor - Taras e manias

A Introvertida - Conversa de Travesseiro

Alice Barcellos - A Almofada

Maria Araújo - Almofada

Maria Flor - Almofada

ImSilva - Almofada

José da Xã - De almofada me vesti

Maria - Almofada

Ti* - Palavra Almofada

Monteiro - Se ela falasse...

Ana de Deus - Almofada

Mel - Almofada

Mula - Diz tanto a almofada de nós...

 

 

E a palavrinha desta semana é...

 

... Cartas!

 

Relembrando apenas as (poucas) regras que temos: O texto de até 400 palavras é totalmente livre e podem ou não utilizar a palavra no decorrer do texto ou apenas escrever sobre ela. Desafiamo-vos a escrever sobre esta palavra durante esta semana, mas escrevam quando decidirem e se decidirem. Identifiquem apenas a Mel e a Mula para depois no próximo domingo podermos listar-vos na publicação do desafio.

 

Despedimo-nos com Álvaro de Campos:

 

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

 

Vemo-nos na próxima palavra. Bom desafio! 

Desafio | Passa-Palavra #Almofada

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Diz tanto a almofada de nós...

 

Deito a cabeça na tua almofada
Para te sentir perto de mim.
Gosto de me deitar mesmo assim,
Com a forma que lhe deixaste, amarfanhada,
E que ainda tem o teu calor...
Sinto-me perto de ti.
Preciso de ti mais perto de mim!

 

Diz tanto a almofada de nós...

 

Se perto da minha,
Signfica que me procuraste de noite,
Que te quiseste aquecer e aninhar
Na forma contorcida do meu corpo.
Se afastada, que procuraste espaço.
Espaço teu, não meu,
Deixando um espaço de ninguém.

 

Diz tanto a almodafa de nós...

 

Diz até se estamos juntos, ou sós,
Se a noite foi alegre ou solitária,
Do teu calor em luta com o meu,
Ou do meu corpo em luta sozinho
Com o frio que o quarto se faz notar,
E me faz sentir a tua ausência,
E meu corpo apequenar.

Diz tanto a almodafa de nós...


Se perfeitamente colocada e alinhada,
Se desajeitada e com vincos,
Explica tanto os dias e as noites,
Das muitas ou poucas vontades,
Se estamos perto, ou longe e por isso,
Diz tanto sobre ti, e sobre mim,
Diz tanto sobre as nossas saudades...

 

Diz tanto a almodafa de nós...

Parcerias, amizades e trabalho

 

Confúcio um dia disse:

 

"Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida".

 

Os dias de hoje são muito diferentes dos dias de Confúcio - ainda que também tenha dúvidas que na altura de Confúcio as pessoas tivessem condições para serem felizes no trabalho mas... - , nos dias que correm não é fácil fazer-se o que se gosta, ou apenas o que se gosta, e as empresas hoje em dia também nem sempre proporcionam as melhores condições para se vestir a camisola desta forma, e talvez por isso cada vez mais haja rotatividade de pessoal, enquanto nos tempos dos nossos pais e avós - calma, eu sei que Confúcio não foi conterrâneo da minha avó, tá? - trabalhava-se quase toda a vida no mesmo sítio. Não falamos apenas de condições laborais, obviamente, falamos de pensamento crítico. Hoje em dia as pessoas não se conformam, desejam evoluir, desejam progressão de carreia e de conhecimentos e por isso existe também uma constante ambição de se ter mais e melhor, e talvez por isso, nunca seja suficiente. Considero isto algo positivo. Sou contra a conformação.

 

Mas adiante, que não é sobre isto que pretendo dissertar.

 

Confúcio disse então "Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida" mas eu Mula, corrijo e adapto aos tempos modernos:

 

Trabalha com quem gostas, e não te custará trabalhar um único dia na tua vida.

 

Nunca fui apologista de fazer amizades no trabalho, caí neste erro crasso no meu primeiro trabalho e correu terrivelmente mal e disse para mim que não voltaria a cair neste erro. Consegui manter esta máxima durante muito tempo, fui criando afinidades, claro, sou das que se dá bem com toda a gente mas sempre evitei que as pessoas entrassem demasiado na minha esfera pessoal. No entanto, na empresa onde trabalho atualmente deixei cair por diversas vezes a armadura e criei algumas amizades sólidas, daquelas com quem se pode desabafar do furúnculo que nasceu no dedo mindinho e da chatice que se arranjou com o namorado sem julgamentos ou olhares de soslaio. Nesta empresa criei algumas amizades que quero acreditar que são para vida. Aqui conheci aquela que é a minha melhor amiga, a irmã mais nova que a vida não me deu. Sempre que trabalhávamos as duas correu bem, ia trabalhar feliz, ia trabalhar animada e apesar de poder ter chatices - inerentes à função - ela estava ali para aliviar a carga emocional das chatices. E claramente, eu estava ali para ela.

 

Há quase um ano, na altura do Natal, mudei de departamento. Custou-me imenso deixá-la mas era uma oportunidade muito boa para mim e lá fui. Claro que as nossas rotinas se tornaram diferentes, mas nem por isso deixou de ter o papel que tem na minha vida e o facto de continuarmos a ver-nos e a falar diariamente ajudou que o impacto não fosse tão assombroso. Apenas deixei de trabalhar diretamente com ela.

 

Quando mudei de departamento conheci a nossa querida Mel, e aos poucos foi ocupando uma parte cada vez  mais importante nos meus dias. Começou por ser minha formadora, passou para minha colega, a nossa união cresceu para amizade e tornou-se mesmo numa confidente - e coitada... levava diariamente com os meus dramas! - e incrivelmente - e ao contrário do que se poderia prever - esta quarentena aproximou-nos ainda mais. Não me custava acordar para ir trabalhar, e mesmo naqueles dias em que bufava e pensava "ai que o dia nunca mais acaba" ou "nunca mais é sexta" a verdade é que reclamava de barriga cheia porque nunca tive dias verdadeiramente longos, porque trabalhar com a Mel é pôr o tempo do relógio a contar ao dobro da velocidade, os dias voam. Foi um prazer trabalhar com ela.

 

Ontem foi o último dia da Mel na empresa, e hoje lembro-me de um dos motivos pelos quais não gosto de fazer amizades no trabalho. Bem sei que ela vai continuar na minha vida, porque acima de colegas somos amigas mas... Ela não mora já ali ao virar da esquina e tenho noção de que o afastamento é sempre inevitável. Hoje o dia custará a passar, não acordei motivada, e acho até que gosto um pouquinho menos do que faço.

 

Trabalha com quem gostas, e não te custará trabalhar um único dia na tua vida. Perde a tua melhor colega e passarás a perceber o tempo que 8h de trabalho tem.

 

Tenho pena quando as empresas não sabem aproveitar os seus verdadeiros recursos e que percam funcionários como a Mel mas já se sabe, o lixo de uns, o luxo de outros, e espero sinceramente que a nova empresa lhe dê o mérito que ela merece, porque ela verdadeiramente merece! 

 

 

 

Ps.: Porra que éramos uma equipa do caralho!

Desafio | Passa-Palavra #Almofada- Texto da Maria

A Maria tem um blog recheado de petiscos deliciosos que eu já sigo há muitos anos, provavelmente desde que criei o blog - ou mais coisa menos coisa - por isso 'bora lá visitar o Belita, a Rainha dos Couratos para vos abrir um pouco o apetite.

 

Como a Maria tem um blog de culinária pediu-me um espacinho aqui no Curral para também participar connosco no desafio e claramente que cedi o meu espaço, com todo o gosto. O que eu quero vocês sabem: é que participem, se divirtam e que escrevam, que escrevam muito!

 

Vamos espreitar a Almofada da Maria? 'Bora lá!

 

Deixe-me só dizer-vos que adorei o conto, e que sim, que deveremos todos ter com quem partilhar as nossas almofadas!

 

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Recostou-se na almofada de penas de ganso. Teria que avisar o intendente do castelo que os criados estavam a falhar nos seus deveres.

Será que não viam, sem ser necessário apontar-lhes o óbvio, que usar as penas grandes e rijas dos gansos, patos e cisnes para almofadas e mantas era um disparate? Para isso existiam as penas pequeninas, mais uns flocos de pelo do que penas na realidade. Essas sim deixavam as almofadas macias, tão balofas que quando pousávamos a cabeça em cima delas parecíamos afundar numa nuvem.

O que lhe fazia falta era uma mulher para tratar disso, dessas coisas do castelo, das ementas, das limpezas, das roupas. E para partilhar a macieza das boas almofadas.

No entanto, passava tanto tempo em batalhas que acabava por não poder apreciar nem almofada nem mulher. Primeiro porque nos acampamentos onde dormia eram normalmente pedras onde pousava a cabeça  para descansar (quando não era sentado em cima do cavalo). Depois porque as mulheres com quem tinha estado eram meretrizes que apenas serviam para descarregar a adrenalina das batalhas, ou alguma criada mais roliça e que não desdenhava o senhor do castelo numa sortida rápida e de alívio imediato, mecânico. Mas essas nunca franqueavam o seu quarto, esse lugar era sagrado.

Com um suspiro pensou que da próxima vez que fosse à presença do rei lhe pediria que lhe arranjasse casamento com alguma dama. Afinal era o campeão das suas batalhas e já lhe tinha granjeado mais riquezas que todos aqueles pomposos que viviam às suas custas no palácio.

Sim, estava decidido, aquelas almofadas precisavam de ser partilhadas.

 

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Desafio passa-palavra criado pela Mula e pela Mel. Todos os domingos e durante - para já - oito semanas, sairá uma palavra para vos inspirar a escrever sobre ela. Quem quiser é livre de se juntar a nós, sem compromissos ou prazos apertados. Escrevam, porque escrever liberta a alma. A quem participar nos seus blogs, aqui as meninas pedem apenas que nos identifiquem nas publicações, para podermos ir ler-vos e comentar-vos! Bom desafio a todos o que connosco embarcam.

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.