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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Cenas de preparação de um casamento #4 Noiva à beira de um ataque de nervos!

 

 

Isto de preparar um casamento tem muito que se lhe diga. E eu que pensava, inicialmente, que era só ir à conservatória, comprar um vestido, arranjar um espaço e... aparecer! Qual rainha de Hollywood! Confesso que apesar de sonhar desde sempre com o meu casamento, que dispensava esta trabalheira toda e tivesse eu dinheiro que alguém estaria a tratar desta organização!

 

Mas não... como o dinheiro é pouco, há que reduzir os custos e há que fazer o máximo de coisas possíveis em casa. É preciso fazer convites, fazer rótulos para as lembranças, pedir orçamentos (muitos) para tudo e mais alguma coisa, negociar (muito) para que o dinheiro estique mais um pouco, e desfrutar do pouco tempo que sobra das decisões tomadas, sempre com desconfiança se tomamos a decisão mais acertada.

 

Soubesse eu o que sei hoje, que me tinha deixado ficar assim como estou, sem casamentos, sem gastos exorbitantes, sem chatices, acima de tudo sem chatices. Ora se não vejamos:

 

Como sabem mudei de espaço a três meses do casamento, porque o espaço inicial foi o que foi - felizmente devolveram o sinal -quase morri quando tentava marcar a nova data no registo civil - é que isto de casar a um Domingo é uma chatice para os profissionais que casam pessoas -; quase não tinha sutiã para as minhas mamarocas irem mais confortáveis no vestido, para além de que as ditas incharam e estão dois autênticos balões dentro do mesmo

 

Acharam isto pouco? Calma que os problemas ainda não terminaram.

 

A mãe dele não vai, porque o pai dele vai - e eu que julgava que éramos todos crescidos... -; há pessoas que não sabem se vão porque "ah e tal o transporte? Não tenho transporte!" - ajuda se eu vos disser que me vou casar no Porto? Bem no coração do Porto? É capaz de ajudar... - vão pessoas que praticamente não conheço, e outras que não conheço mesmo - porque a família encarregou-se de convidar pessoas sem a nossa autorização -; a minha madrinha de casamento tem o cartão de cidadão caducado e não a deixam ser testemunha apenas com o passaporte - e o consulado só a recebe no dia 11 de Maio... -; eu quero ir dormir a um hotel para ficar longe do stress e ter uma noite descansada longe da família mas a minha mãe faz chantagem emocional comigo para eu ir lá para casa, para que os vizinhos me vejam - farta de saber que eu odeio estas coisas, e os vizinhos e bla bla bla pardais ao ninho - e para terminar - para já - tenho um DJ e o noivo recusa-se a dançar - ando a tentar endrominar um plano para abrir a pista de um modo não tradicional.

 

Entretanto surgiram outros problemas menores: o Mulo diz que não se sente confortável a escolher os pratos para a boda, porque diz que não sabe o que 60 pessoas vão querer comer - lá acabei por ser eu a decidir, escolhi os nomes mais pomposos, e prontus, tá chic tá munito -; os pratos têm todos um aspecto deliciosos, mas são tudo coisas que eu não sei pronunciar, e ainda... com alguns convites enviados de forma duvidosa - para a família dele - arriscámo-nos a não conseguir o número mínimo de pessoas estipulado pelo espaço!

 

A somar a todos estas chatices, o trabalho... Este fim de semana foi em grande.

 

Este fim-de-semana, terminamos a entrega dos convites de casamento; reuni-me com a cabeleireira para decidir-mos o tipo de penteado - preciso de uma banda de cabelo que me vai custar um balúrdio, estou mesmo a ver -; marcamos com a decoradora e com o DJ uma reunião; marcamos com o espaço a degustação dos pratos escolhidos e ainda desenhei o rótulo para os brindes do casamento! Para além de que era suposto estar de dieta para perder estes braços e estas mamarocas que estão a mais... e com este stress todo: comi... comi... comi... comi... - mas continuei a fazer exercício de braços e retomei o ginásio!

 

Apesar de tudo isto, a cabeleireira, deu-me imensa confiança - acho que afinal já não vou com um aspecto todo lambido para o meu casamento - os convites que EU fiz ficaram lindos e mereceram um montão de elogios "muitos profissionais" disseram-me; os rótulos para os brindes também ficaram fofos. E... Já nos decidimos relativamente à lua de mel. E é isto...

 

UFA! Estou cansada! 

Cenas de preparação de um casamento #3 A Mula na Dama de Copas

Que a Mula vai casar, já todos sabem, que a Mula vai levar vestido sem alças, poucos saberão. Ficam assim a saber que o vestido maravilhoso, lindo e perfeito com que a Mula se vai pavonear no dia do seu casamento é cai-cai. Como tal, precisa de um segura mamas - vulgo sutiã - sem alças também. Só que a Mula não usa sutiãs cai-cai normalmente até porque as ditas não são a coisa mais leve do mundo e o dito, costuma cair mesmo. No entanto o vestido tem corpete coiso e tal e tal e coiso e vai deixar tudo no sitio.

 

Bem, adiante.

 

A Mula foi à Dama de Copas, que fazem copas grandes - dizem - próprias para vestidos de noiva. Pois... lá fui. Vi um, feio e caro, específico de noivas, mas já resignada, queria ir experimentar a ver se o dito cujo cumpria o que prometia. Farta de correr as lojas, já estava por tudo. 

 

Experimentar sutiãs na Dama de Copas? Desafio-vos a experimentar um sutiã na Dama de Copas! Aquilo não é para os fracos... só os fortes sobrevivem naquela loja. E eu sou tão fraquinha... 

 

A miúda com ar de sabichona que me atendeu, explicou-me que não sabemos usar correctamente os sutiãs, e que até ela tinha dificuldades em encontrar (se calhar, aqui é melhor abrir um parênteses... é que a miúda não tinha mamas, como pode ter dificuldades em encontrar sutiã,  quando ela na realidade nem precisa de um? Bem, deve ter sido o que lhe disseram na formação,  para dizer aos clientes... adiante) e que usar um sutiã adaptado ao nosso corpo era de extrema importância e o blá blá blá do costume. Pergunto se posso experimentar.

 

A miúda com ar de sabichona: Sim, claro, mesmo que não o compre já, fica já com uma ideia do que temos.

A Mula com ar entediado: Muito bem, onde são os provadores?

A miúda com ar de sabichona: Ah, mas espere, que como é a primeira vez que cá vem, vamos fazer-lhe uma avaliação e blá blá blá, é grátis, e blá blá blá, precisamos de, no mínimo, 40 minutos. 

 

Pára tudo!

 

Quarenta minutos, no mínimo? É verdade que tinha a tarde toda livre, mas não, eu não iria estar dentro de uma loja a experimentar sutiãs durante 40 minutos, no mínimo!

 

"Fique lá com o sutiã, que eu não tenho 40 minutos para desperdiçar na minha vida assim desta maneira", foi o que eu pensei. Educadamente rejeitei tal avaliação, agradeci, e saí da loja... Depois fui a várias lojas no Porto, mais antigas, que não tinham o que eu procurava, mas que tinham uma inimizade comum para com a Dama de Copas, pois ao que parece, para além do tempo exigido, dos preços praticados e das meninas sabichonas, é normal pisarem as pessoas nessa "avaliação" para além de que são várias as pessoas que se queixam dos tamanhos anormais dos ditos que depois acabam por magoar as pessoas... Nomeadamente nas axilas. 

 

E pronto, após algumas horas de busca, lá encontrei um sutiã por um terço do preço que a Dama de Copas pedia, bem mais bonito, e de boa qualidade. Viva à Triumph que me salvou a vida... Aliás, as mamas! E viva às meninas simpáticas que lá trabalham.

Cenas de preparação de um casamento #2 O Registo Civil

Ontem fui, finalmente, ao registo civil marcar o casamento, quase que morria. Só vos digo isto: quase que morria.

 

Chego ao registo civil, olhamos para a máquina das senhas, não percebemos qual a senha que deveríamos tirar e pedimos ajuda a um funcionário.

 

Funcionário: Ah isso não é aqui. Fica no topo da rua... no outro registo.

 

Certo. Saímos, estacionamos o carro novamente, mas alguns metros mais à frente, e lá tiramos uma senha singela que dizia: Atendimento geral. Rapidamente chamaram por nós e lá fomos, felizes e contentes pedir, literalmente pedir, para casar.

 

Nós: Queríamos marcar um casamento.

Ela: Com certeza, qual é a data?

Nós: 19 de Junho. - Dizemos nós sorridentes.

 

Fez-se um silêncio constrangedor.

 

Ela: Isso é um domingo... 

Nós (já com o sorriso amarfanhado): É sim...

Ela: Não sei como vai ser... então. Mas esperem um bocado.

 

Neste momento eu já só pensava: "oh céus, quinta sinalizada, fotógrafos sinalizados, convites impressos e enviados... isto não vai dar para casar... ai... aii... aiiiiiiii!!!!"

 

Mulo: Tem calma... podemos ir a outra conservatória.

Eu: [calada que nem uma Mula está claro... em pânico!]

 

Ela (berrando para uma colega): Oh X! Estes jovens querem-se casar dia 19 de Junho e é um Domingo, eu estou de férias, tu não podes... como é que se vai fazer?

 

Neste momento eu já não via bem, a minha visão entrou em túnel, tudo desfocado, fiquei apenas de olhos postos e fixos na boca da mulher e via-a a palrar coisas que me desagradavam imenso, e só pensava "lá se vai o meu casamento de sonho... já não há casamento para ninguém..."

 

A colega: Liga para a Z que ela de certeza que os casa no Domingo.

Ela: Vou ver então, vou ligar-lhe.

 

Ela liga para a Sra. Z, que era de outra conservatória, e após conversa de circunstância, onde disse que A estava bem, B também, e perguntou como estava C. Onde referiu o que fez o fim-de-semana, onde ia nas férias e o que ia comer logo a noite, lá voltou à nossa mesa. Eu nesta altura já estava com um sorriso parvo, percebendo que a Sra. Z tinha aceite casar-nos na data que estava impressa nos nossos convites, ganhei uma adorável simpatia por essa senhora. Pelo discurso d'Ela, a Sra. Z pareceu-me solteira, sem grandes afazeres nem fins-de-semana muito ocupados, possivelmente rodeada por gatos... centenas de gatos.

 

E assim ressuscitei. Depois disso perguntaram-nos se éramos familiares (wft?), se éramos adoptados (hein?), se éramos casados (não convinha, realmente) e pronto, marcaram a data.

 

É oficial, vai haver casamento! Obrigada Sra. Z, estou ansiosa por conhecê-la!

Cenas de preparação de um casamento #1 O Espaço Perfeito

 

No final desta publicação, muitos de vós provavelmente me chamarão de chanfrada, maluca, inconsequente... Mas a verdade é que nunca é tarde para seguirmos os nossos sonhos.

 

Esta é também, a publicação que justifica a Curta do dia #216. No fundo, é a história comovente - tal como a saracasticamente sugeriu - para vos extorquir dinheiro como se não houvesse amanhã. Obvio que não. É só para vos pôr um bocadinho a par da minha vida...

 

Em Abril do ano passado ocorreu a seguinte conversa com a minha mãe:

 

     Mãe: Vou dar-te este dinheiro, para que te cases!

 

Confetis, risos, muitas parvoíces, coiso e tal, pedi o moço em casamento e... "Vamos casar-nos!". Uma semana depois, eu e a minha mãe voltamos à conversa.

 

     Mãe: Então já definiram uma data?

     Mula: Ainda não... talvez Abril ou Junho do ano que vem.

     Mãe: Do ano que vem? Porque não se casam já em Agosto, deste ano?

     Mula: Em Agosto deste ano? Faltam menos de 4 meses... Não se prepara um casamento em 4 meses...

     Mãe: Ok. Vocês é que sabem.

 

Combinamos assim casar-nos no dia 18 de Junho de 2016, dia em que faremos 13 anos de namoro. Com um ano e dois meses de preparação pela frente, procuramos vários fornecedores e encontramos um local que estava dentro do nosso orçamento, sinalizamos esse mesmo local, e eis que a menos de meio ano do casamento começamos a ter problemas com esse local.

 

Há muita coisa que eu odeio e que me irrita, mas a falta de clareza e transparência e a falta de organização é uma coisa que ultrapassa a irritação, o ódio e a urticária, e a verdade é que o espaço onde decidimos realizar a nossa cerimónia, e hipotecar as nossas poupanças, estava a ser extremamente desonesto connosco - barrando-nos informação, descobrimos que os preços finais não seriam os indicados, nunca se lembravam de nós, nem que nos iríamos casar lá, apesar dos inúmeros contactos, entre muitas outras situações desesperantes.

 

Eis que... a 3 meses do casamento, decidimos preparar tudo de novo. Voltar à estaca zero - é certo que não é bem estaca 0, mas que é quase, é. Recomeçamos a procura de um novo espaço, algumas negas, mais orçamentos exorbitantes, muitos espaços que se recusavam a fazer casamentos tão pequenos como o nosso coiso e tal. Mas com o tempo a apertar, decidimos começar a ceder. E assim surge um espaço próximo dos sonhos da Mula, um pouco bastante acima do orçamento, com disponibilidade para o dia 19 de Junho - e não no dia 18 como inicialmente programado -, mas com pessoal transparente, muito acessível, que nos deram toda a confiança para a realização do casamento perfeito. Trataram-nos com todo o profissionalismo, deram-nos várias indicações... e... ao contrário do que começava a julgar, vou ter o casamento de princesa com que sempre sonhei.

 

Só que como tudo na vida, nada é perfeito, e este novo espaço ultrapassa em larga escala o orçamento que tínhamos previsto e o dinheiro que temos disponível está longe de ser suficiente e vamos a acabar a fazer aquilo que temíamos, pedir empréstimo para as despesas extras, cortar - ainda mais -  na lista de convidados, e eliminar da lista pequenos luxos para reduzir ao máximo o orçamento. A passo disto, ainda nos arriscamos a não ter dinheirinho para a lua-de-mel, porque tenho sérias dúvidas que as prendas sejam suficientes para cobrir o rombo da conta bancária.

 

Casar não é fácil, mas nunca ninguém disse que o seria, e já se sabe... Viver não é fácil. E a verdade é que não é só um casamento, é o concretizar de um sonho de menina que tinha há muitos anos... e como não tenciono casar segunda vez, há que fazer os possíveis para este ir de encontro ao esperado. E... entre pagar bastante e ter um casamento que deixa a desejar, e pagar bastante - na mesma - e ter um casamento para mais tarde recordar com um sorriso, escolho a segunda opção.

 

Pronto... agora sim, estejam à vontade para me insultar, que eu vou ali refazer os convites e já venho.

O que é que acontece ao Dia dos Namorados...

... Depois de casar-mos?

 

Como muitos de vós saberão, caso-me em Junho deste ano, pelo que o próximo Dia dos Namorados é o último Dia dos Namorados que passo enquanto solteira.

 

Então, e depois?

 

Já não posso comprar coraçõezinhos, canecas com gatos, com corações e pétalas vermelhas para decorar a mesa? Ou o dia 14 de Fevereiro, estende-se a todos os apaixonados, casados, namorados, amigos coloridos, amantes, ... ou seja, a todas as pessoas com algum tipo de ligação amorosa?

 

Pensando que o Dia dos Namorados implica a inexistência de um papel, poderei concluir que após o casamento acaba o romance? A conquista? A proximidade e a cumplicidade? Os ctuxi-cutxi? O sexo apaixonado? O beijo de despedida matinal? Os presentes tão desejadamente ridículos, que fazem os amigos do casal rirem até à exaustão?

 

Ou significa apenas que já existe segurança suficiente para não ser necessário um dia para recordar que se ama, que se está apaixonado e que se quer oferecer presentes melosos e pseudo-fofos? E que todos os dias, passam a ser dias de romance, de conquista, de proximidade e cumplicidade, de cutxi-cutxi, de sexo apaixonado, de beijo de despedida matinal, e de oferecer presentes fofinhos, peludos e vermelhos?

 

Oh Céus! Então e agora? Digam-me rápido que ainda vou a tempo de cancelar a cerimonia, em prol desta festividade tão glico-doce e que tão infeliz faz, quem não tem a seu lado companheiro para a festividade!

 

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.