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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

A justiça às vezes é justa

Tudo se começa a resolver, porque tudo nesta vida se resolve!

 

O meu percurso em tribunal contra a entidade patronal não estava simplificado.

 

Puseram-me a chorar, infelizmente não uma, mas duas vezes. Senti que a justiça que deveria de ser justa não me estava a ajudar. Os advogados matreiros do outro lado estavam a conseguir a simpatia de quem me queria ajudar. Na primeira tentativa de reconciliação nem me deixaram falar, não me deixaram explicar, ninguém quis saber o meu ponto de vista, o que tinha a dizer sobre o assunto, limitei-me a ouvir e a calar e ainda a passar por mal educada, de certa forma. Comecei a ver que a minha situação não se iria resolver facilmente. Coloquei-lhe uma sentença negativa logo à partida. O que aconteceu depois também não ajudou à minha simpatia pela dita justiça. Nada estava a colaborar, tinha literalmente o peso do mundo nas minhas costas e ninguém estava a querer colaborar. Mas já tinha começado a guerra, e sabem como eu sou teimosa. Até poderia perder, até poderia ficar sem um cêntimo e ainda arcar com as custas judiciais, mas já era uma questão de orgulho. Soubessem as vezes em que pensei desistir... Mas logo me lembrava do que me tinham feito! Logo me lembrava do quanto me tinham tramado e tentado atrofiar a vida, e subia por mim acima uma raiva... Eu simplesmente não podia desistir!

 

Até que parece que a nuvem negra que sobre mim sobrevoava se afastou. Outros ventos surgiram.

 

Do nada, e sem que nada o fizesse prever, o Procurador do Ministério Público quis-me ouvir, só a mim, sem gritarias, sem advogados matreiros. Só o meu testemunho, só as minhas palavras, só as minhas explicações. Algo deve ter feito um click talvez. Aquelas pessoas que me tinham sido bruscas desencorajando-me a seguir com o que eu pretendia, dizendo-me tantas vezes que não ia dar em nada e que eu não iria receber um cêntimo, finalmente pareciam estar a ficar mais simpáticas comigo. Fui ouvida, fui compreendida.

 

Nova audiência.

 

E pela primeira vez fui defendida como até agora nunca tinha acontecido. Houve, de um momento para o outro e sem aviso prévio uma mudança daquele que estava ao meu lado, que passou a estar efetivamente do meu lado, tomou as minhas dores, e pela primeira vez não se deixou cativar pelos advogados que do outro lado se opunham e me tentaram desacreditar.

 

Na primeira audiência saí de lá com os olhos rasos de água e com a alma desfeita em frangalhos, desta vez saí de lá com um sorriso rasgado no rosto e com o sentimento de dever cumprido.

 

Afinal ainda se faz justiça em Portugal. Diz-se que a justiça tarda mas não falha. Efetivamente tardou, mas não falhou.

 

Por tudo isto vos digo: Mesmo quando vos dizem para não lutarem porque não têm hipóteses, lutem! Mesmo quando vos pedem para se calarem porque a vossa voz incomoda, gritem! Mesmo quando vos pedem para desistir porque à partida está perdido: NUNCA DESISTAM!

 

Palavra de Mula!

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.