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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

C-A-O-S

 

Pelos vistos os 30 são os novos 40 e não os novos 20 como me quis convencer. Talvez por ter saído demasiado cedo de casa, talvez por ter começado a namorar demasiado jovem, talvez por ter crescido demasiado depressa. Demasiado depressa... 

 

Hoje com 30 anos não me conheço. Sinto-me totalmente em crise. Estou um verdadeiro caos. Sinto-me num barquinho pequenino no meio do oceano, perdida, sem saber qual é o norte ou sul, sem saber se vivo ou se morro. Tenho tanto medo de voltar a este buraco... Sinto-me a cair lentamente... lentamente... lentamente...

 

Mas eu disse que o tempo estava a terminar... Ao longo deste último ano, talvez dois, eu sentia o tic tac na minha cabeça. Tic tac... Tic tac... Silênciei-o durante meses, consegui viver feliz durante meses e agora a bolha rebentou.

 

Saí de casa. Regressei a casa da mãe e estou a viver uma realidade paralela como se tivesse voltado a ter 15 anos, como se voltasse a ser menina pequenina, menina da mamã. Voltei ao meu quarto de miúda, e a ter a minha mãe a descascar-me a fruta...

 

Sim... Saí de casa. Abandonei o homem que amo, a casa que eu cuidei ao longo destes últimos 4 anos, o meu piolho, e as minhas coisas. Saí com meia dúzia de peças de roupa numa mala e alguns pertences essenciais. Deve ser o karma: Sempre brinquei que a Carolina Deslandes um dia teria de explicar que não foi para a vida toda e afinal o meu Happily ever after! é que não aconteceu.

 

Mas aconteceu alguma coisa? Neste momento? Nada! Não aconteceu nada... Não nos chateamos nem nos traímos. Nada! Estranhamente estávamos a passar por uma das melhores fases da nossa vida - que sucedeu uma das piores fases de sempre da nossa vida - e um dia eu acordei e simplesmente achei que não era isto que queria para mim, ou simplesmente deixei de saber se é isto que quero para mim. Como é irónica esta merda desta vida. Um dia temos certezas de tudo e um dia acordamos e não há certezas de nada... De rigorosamente nada. Um dia temos uma vida estável, um sofá e uma mesa pronta para sentar, e noutro dia temos tudo baralhado e quando olhamos em frente só vemos dor, mágoa e sofrimento. Não foi isto que imaginei para mim...

 

Estou em sofrimento. Dirão vocês que fui eu que escolhi isto e que deveria de estar feliz mas não estou. Eu na realidade não escolhi nada disto, não sei como aconteceu, e de repente só vi os pés a fugir-me do chão.

 

Estou um caco, tenho a minha cabeça numa grande confusão: Uma parte de mim quer voltar, outra parte de mim não se quer mover. Parece que de repente me fixei em tudo o que ele fez de mal, em tudo o que ele não me compreendeu ou respeitou. Parece que de repente me fixei em tudo o que ele me magoou, quando ele sempre me fez mais bem que mal... E depois quando o vejo... Só me apetece abraçá-lo e esborrachá-lo contra o meu peito... Mas ainda assim não quero voltar... Sinto que queremos, e sempre quisemos, coisas muito diferentes. Acho que de repente as diferenças começaram a sobressair demasiado. Simplesmente não consigo voltar... Não agora...

 

E sei - e apetece tanto bater-me por isso - que quando souber o que quero e que quero voltar, que terei a porta fechada e aí espero ter-vos desse lado a dizerem-me porque eu vou merecer: Bem feita!

 

Só gostava de acordar deste pesadelo... provocado por este novo eu que eu desconheço quem seja.

 

Procura-se Mula... Dá-se recompensa a quem a encontrar...

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.