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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Depois do caos...

 

Quando saí de casa, saí num completo caos. Hoje, quase dois meses volvidos - como o tempo voa! Céus! - tenho outro tipo de calma, outro tipo de olhar sobre o que realmente aconteceu. Há vestígios do vendaval... Mas o coração está arrumado. Empoeirado... Mas arrumado!

 

Quando saí de casa saí com zero certezas. Saí com o cérebro de tal modo emaranhado que a única certeza que tinha era a de que me iria arrepender. A única certeza que tinha então, é a única dúvida que atualmente possuo. Hoje sei que tomei a melhor decisão. Não me arrependo. Estou certa, com a cabeça no lugar. Arrumei os cacos e apesar de ter a loiça toda colada e cheia de fendas, as coisas ganham forma, força e motivação. Não quer dizer que esse arrependimento ainda não possa realmente chegar, mas não agora. Acho que nunca estive tão certa, tão arrumada, tão segura. Confesso que acho este sentimento, esta segurança, assustadora, e até pouco normal, no entanto tem sido uma grande ajuda.

 

Não vos posso dizer que estou feliz. Ainda há um longo caminho a percorrer para ser feliz, mas estou, acima de tudo, em paz. Há dias bons e dias maus como sempre houveram dias bons e dias maus, só que agora sinto-me totalmente responsável por todos esses momentos. Sinto acima de tudo que é possível controlar a minha vida, os meus sentimentos. É bom sentir-me auto-suficiente, sentir que eu chego para mim, sem esperar que a paz, a tranquilidade e a felicidade dependam de outra pessoa, de uma palavra, de uma ação de outra pessoa. Acho que sempre foi este o meu grande problema: Eu nunca quis admitir, a minha capa de mulher segura não me permitia, mas... Era demasiado dependente. A minha tranquilidade dependia demasiado da tranquilidade da outra pessoa. Dependia demasiado de uma tranquilidade de uma pessoa muito pouco tranquila. Por isso sim, é bom saber com o que contar. É bom não esperar nada. Nunca pensei dizer isto, mas é bom não esperar nada, porque é bom por momentos saber com o que contar, assim, sem surpresas. Nem boas nem más. Sem surpresas. Saber que se chega a casa e não há nada... Nem zangas, nem discussões, nem expectativas.

 

Claro que é uma falsa "autossuficiência". Sem o apoio incondicional da mãe e dos amigos as coisas não estariam a correr tão facilmente. Sem eles provavelmente estaria encarcerada em casa deprimida e amarfanhada. Confesso que fiquei agradavelmente surpreendida com o apoio que tive. E posso dizer-vos que o apoio chegou até de onde menos esperava. Claro que também apanhei daquelas valentes desilusões de pessoas que eu considerava amigas e que nem uma palavra, nem uma tentativa de compreensão... Mas digamos que estou numa altura de limpeza e... Há que limpar bem a casa e todos aqueles que não interessam realmente, rua com eles. Estes acontecimentos dão ótimas limpezas... Tipo aqueles pratos com tudo o que está velho no frigorífico.

 

E é isto... Dizem que depois da tempestade vem a bonança e eu posso dizer-vos que depois do caos vem a ordem e cada dia que passa tenho a cabeça mais organizada...

 

... Agora só falta a coragem para ir buscar o que é meu a uma casa que já não é minha...!

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.