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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Do melhor e do pior. Da entrega.

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Não sou das que beija, abraça e diz coisas bonitas. Não sou das que elogia, das que bajula. Não sou das que diz que tem saudades. Nunca fui. Nunca abracei porque sim, nunca pedi um beijo por estar carente, nunca liguei a meio da noite para a mãe por estar triste ou sozinha. E muito menos para as amigas. Com o Mulo era diferente. Tudo era fácil e natural. Eu abraçava quando queria, quando precisava, ou quando ele queria e necessitava. Com ele eu podia ser, e era, do tipo carente. Das que elogiava, das que bajulava, das que abraçava e dizia coisas bonitas. Com ele eu era romântica, sempre fui. Entreguei-me sempre sem reservas, podia atirar-me sem nunca temer bater com o nariz no chão. Despertou sempre o melhor de mim.

 

Também despertava o pior. Foi com ele que tive as piores discussões, foi a ele que eu disse as coisas mais atrozes. Foi com ele que fiz as birras mais violentas e foi com ele e por ele que eu mais chorei algum dia. Ele sempre teve a capacidade de me fazer chorar por tudo e por nada. 

 

Ele conseguia despertar o meu melhor e o meu pior.

 

Acho que um dia mais tarde vai ser fácil alguém voltar a despertar o meu pior. Sou mau feitio por natureza, rebento com a mesma facilidade que um balão rebenta na presença de uma agulha. No entanto, não acho que vá ser fácil entregar-me novamente a alguém sem reservas. Não vai ser fácil alguém voltar a despertar o melhor de mim. Não vai ser fácil amar alguém e reconhecer a esse alguém que é amado. Não vai ser fácil beijar alguém com carência e abraçar enquanto admito que tenho saudades. Não vai ser fácil mostrar o melhor de mim baixando a defesa, recolhendo a guarda. Não vai ser fácil confiar ou voltar a ser carente. Descobri que a carência assusta as pessoas. Descobri que as pessoas têm medo de ter algo demasiado importante, demasiado valioso, demasiado frágil nas mãos. Têm medo que se parta... E por medo, deixam cair e acaba mesmo por partir...

 

Temo voltar a não conseguir ser eu sem reservas... Será que é possível ser-se feliz sem se ser inteiro?

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.