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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

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Livro Secreto #4 O Navegador Solitário de João Aguiar

Lido e pronto a entregar, O Navegador Solitário foi a maior surpresa até agora, dos livros que recebi do Livro Secreto. O título não me chamava nada atenção, a capa é, na minha opinião, horrível, o autor, não me dizia nada, no entanto, o conteúdo... ai o conteúdo!

 

 

O livro O Navegador Solitário conta, em forma de diário, a transformação de Solitão Fernandes de Giestal de Frades, filho de gente humilde e pouco carinhosa. Dividido em cinco partes, a personagem vai sofrendo grandes alterações na forma de escrever, na forma de pensar, na forma de ver a vida e na forma como se aceita a si próprio e à sua família. O autor tenta ainda fazer um paralelismo entre a evolução do jovem e marcos históricos portugueses, como a derrota na batalha de Alcácer-Quibir, mas como não percebo nada de história, este paralelismo, confesso, passou-me completamente ao lado. Foi muito devido a este paralelismo que imaginava um livro completamente diferente, mais histórico, mais formal, e acima de tudo, mais aborrecido. Revelou-se completamente o oposto.

 

O livro inicia-se com Solitão na fase jovem, que se vê obrigado pelo espírito do seu avô a escrever um diário, cujo propósito desconhecia. Pouco habituado a escrever e a ler, Solitão inicia o diário um tanto contrariado, com uma escrita informal e carregada de erros ortográficos. Erros como "piçarvativos" a "varredores da cultura", encontra-se de tudo um pouco, o que torna a primeira parte do livro hilariante, garanto-vos que fui às lágrimas algumas vezes, e o livro fez-me passar, por isso mesmo, alguma vergonha em público. No entanto, Solitão começa ambicionar ser alguém melhor na vida, mais culto, mais informado, e após envolver-se com a sua professora de português inicia esse processo, e no segundo capítulo encontramos um Solitão com uma escrita mais cuidada, ainda bastante informal, mas já sem erros e já com algumas virgulas, que afinal não davam assim tanto trabalho. Entretanto, Solitão entra para a faculdade de direito e é sempre a evoluir, e o terceiro e o quarto capítulos são capítulos sérios, com pensamentos sobre a vida e sobre si bastante profundos. A grande reviravolta dá-se no quinto capítulo, onde Solitão finalmente percebe quem é e o que quer realmente da vida.

 

É um livro que se lê sem dificuldades, bastante ligeiro apesar de tratar questões bastante sérias como a prostituição infantil masculina, o suicídio, o vício da droga, os abusos de poder e a corrupção. É uma história que dá conta de como a descoberta sexual é também uma forma de aprofundamento a outros níveis.

 

Confesso que a ambição meia desgovernada de Solitão me fez desejar-lhe um fim trágico, mas a reviravolta que ele deu à sua vida me fez voltar a apaixonar pela personagem e desejar-lhe o melhor.

 

No final, confesso... soube-me a pouco e como tal, passou de um livro que eu nem pegaria numa livraria, tão pouco para ler a sinopse, para ser um livro que adorei!

 

Venha o próximo!

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