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Desabafos da Mula

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Livro Secreto II #11 Um Castigo Exemplar de Júlia Pinheiro

E o 11º livro do Livro Secreto já chegou e já está pronto para visitar outra casa. Foi uma caixinha de surpresas, confesso que me deixou de queixo caído. Adorei totalmente sem contar. Talvez tenha adorado porque estava com as expectativas bem lá em baixo, ou talvez tenha adorado porque o livro é mesmo bom, não sei, leiam e tirem as vossas conclusões, mas eu fiquei mesmo muito surpreendida com a escrita da Júlia Pinheiro, diria até que escolheu erradamente ao escolher a carreira de apresentadora/moderadora/whatever.

 

 

Um Castigo Exemplar de Júlia Pinheiro conta a história de como Amélia Novaes, uma menina burguesa filha de um juiz desembargador, casa com Henrique Bettancourt Vasconcelos, filho do visconde De Lara contra a família deste, uma vez que não era bem visto um elemento da aristocracia constituir família com a burguesia por estes últimos serem considerados inferiores socialmente. Amélia casou-se apaixonada mas Henrique nunca retribuiu e a família deste nunca a aceitou, e o facto de não engravidar não ajudou à união do casal sendo que ele acaba por ir para o estrangeiro durante vários anos com a suposta finalidade de expandir os seus negócios. Assim, Amélia vê-se abandonada durante vários anos achando que o marido estava numa viagem de negócios, até que descobre que era mentira, e que toda a sua vida foi uma farsa, descobrindo assim as verdadeiras intenções de Henrique ao casar-se consigo. Amélia decide assim delinear um plano de vingança, achando ela que estava a criar um castigo exemplar para ser recordado posteriormente, enquanto se foi deixando contaminar pelo ódio que a consumiu. Será que Henrique terá um castigo à sua medida? Como ficará Amélia nesta história de mentira?

 

Li um dia algures que não há nada pior que uma mulher despeitada, e Um Castigo Exemplar fala exatamente disso, do que é uma mulher capaz por amor e por ódio, dos limites da moral e do emocional, do que somos capazes de fazer quando nos ferem a alma e o corpo e nos traem. É fácil - ou para mim foi - colocarmo-nos no papel de Amélia mesmo quando esta tem atitudes moralmente condenáveis. É fácil porque lhe conhecemos a dor, sabemos pelo que passou, as humilhações que sofreu, no entanto ao criarmos um distanciamento percebemos facilmente que Amélia ultrapassa claramente os limites do chamado "bom senso" por agir sob efeito de um ódio incontrolável, apesar de a compreendermos é fácil julgá-la e condená-la.

 

Algo que temos de ter em atenção quando lemos este livro, é a época em que ele se insere. Nos dias que correm onde o divórcio é aceite e praticado esta história seria exacerbada, mas tendo em conta que falamos de uma época em que o divórcio era mal visto para a mulher, que falamos de uma altura em que era considerado normal o homem cometer adultério e que era esperado da mulher que o perdoasse, que aceitasse tudo e o recebesse em casa sem mas nem porquês, que esta história poderia ter sido a história real de muitas mulheres da época, de mulheres com garra e corajosas claro está. Amélia vai-nos mostrar que as mentalidades mudam quando também nós mudamos e que é preciso fazer diferente para que no futuro possa ser diferente, mas também nos ensina que é preciso sofrer as consequências no final. A história de Amélia mostra-nos também a evolução das pessoas face aos acontecimentos e no início encontramos uma Amélia frágil, inocente e submissa que não se sabe comportar em sociedade nem enfrentar a família de Henrique, sendo constantemente humilhada pela família deste, para se transformar numa mulher adulta que nada teme, capaz de gerir as emoções e de delinear um plano a longo prazo que engloba toda a família. É incrível como os factos nos moldam à sua medida.

 

O que mais me surpreendeu no livro, foi a escrita de Júlia Pinheiro, a forma de encadeamento da história. Gostei bastante da forma como está redigido, gostei da forma como ela nos mostra os acontecimentos e como nos transporta através das páginas em direção ao grande final. E o final é algo inesperado. Gostei da forma como foi capaz de me prender ao livro gerando uma curiosidade quase incontrolável pelo que vinha a seguir.

 

Podem concluir pela minha opinião que adorei o livro e o recomendo.

 

Quem é que daqui já leu este livro?

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