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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

O hábito faz o monge

E porque hoje estamos a falar de carros...

 

Não gosto de conduzir. Nunca gostei. Tirei a carta porque dá jeito e apesar de nunca me arrepender de a ter tirado, a verdade é que fujo a sete pés do posto de condução, sempre que possível. Sempre fui assim. Sou das que prefere ir ao lado com os olhos postos na paisagem.

 

Quando tenho de conduzir não o faço com grande naturalidade, fico muito tensa, fico muito alerta, e isso sente-se nos meus músculos da cara, e nos ombros, essencialmente nos ombros. Tensos que doem. Se tenho de ir a um local que conheço bem não há grande problema, se tenho de ir a um local diferente causa-me alguma ansiedade, e fico logo a pensar "onde raio vou colocar o carro?" , "e se me perder?..." e outras questões altamente stressantes para a minha alma.

 

Apesar de tudo não me considero má condutora. Apesar de não conduzir a grande velocidade também não sou das que vai a 50km/hora na autoestrada, gosto de cumprir os limites, e só por distração - ou por impaciência - os excedo - a sério, gente do norte, vocês compreendem, é impossível circular a 50km/h na circunvalação, é simplesmente im-po-ssí-vel, não é compatível com o perfil da estrada, vocês compreendem, não compreendem?

 

Quem olhar para mim, até acho que passo a mensagem de que sou experiente e confiante ao volante. Não sou. Tenho carta há quase 9 anos, levo o carro para qualquer lado se tiver de ser, não faço grandes figurinhas, salvo raras exceções, mas acho que o facto de ser altamente impaciente - sou infelizmente um animal encartado - me prejudica, apesar de em situações extremas até conseguir manter o sangue frio. Já perdi o controlo do carro por duas ou três vezes devido a óleo na estrada e consegui manter o sangue frio para voltar a assumir o controlo do bicho, depois... Depois quando tomo consciência do que aconteceu é que é o problema, e parece que deixo de saber conduzir com tanto tique e tremelique.

 

Agora com o Mulo neste estado, não há outra forma, sou eu que ando com o carro para aqui e para ali, porque é mais prático, porque é mais rápido, ou apenas mais confortável. Verdade é que agora lhe começo a tomar o gosto, parece que conduzo mais confortável, com outra confiança.

 

Quanto tínhamos dois carros e eu conduzia com mais regularidade, fazia-o de modo mais descontraída, essencialmente se ia sozinha - não sei porquê adoro conduzir sem companhia - e levava o meu bolinhas para qualquer lado sem medo, até porque me dava a sensação de que o poderia quase colocar no bolso se precisasse. Agora com a carrinha a situação é diferente, ela é gigante, fico sempre com a sensação de que não vai caber nos lugares de estacionamento e que não vai virar em condições se for preciso fazer alguma inversão de marcha. Mas a verdade é que 6 dias seguidos a conduzi-la por obrigação me deu uma outra perspetiva e estranhamente estou a gostar de a conduzir, e não o faço por obrigação. No Domingo até fui para o trabalho de carro quando podia ir, como sempre, de comboio!...

 

Parece que sim, que sou só avessa a coisas novas e que depois de me habituar já não há problema. Mas atenção, continuo a não gostar de ir por locais que desconheço, ainda que o GPS embutido e sempre disponível, me dá uma sensação de tranquilidade do caraças! E odeio que me buzinem aos ouvidos enquanto conduzo... Ó se odeio!

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.