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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

São apenas quatro os passos para controlar a ansiedade...

... de acordo com a bíblia e um site todo modernizado da bíblia.

 

(imagem retirada daqui)

 

Já podiam ter avisado há mais tempo. É que a minha avó dizia que no tempo dela não existiam estes problemas e então achei que na altura em que escreveram a Bíblia também não existiriam... Então não sabia que nela se encontravam as respostas. 

 

Não sou de fazer paródia, não sou de falar de religião até porque toda a gente tem direito a acreditar no que quiser. A sério que acredito mesmo nisto que estou a dizer. Aliás, eu acredito em Deus. Não num Deus de cabelo comprido, mãos e pés esburacados e espinhos na cabeça (e nem este era Deus, ó céus que não estou mesmo bem da cabeça), mas acredito num Deus à minha maneira, que mais não é que uma espécie de energia positiva que nos poderá ajudar nas horas más, porque acreditar é meio caminho andado para o sucesso. Acredito também que as pessoas quando deixam a terra deixam uma energia que também poderá ser usada a nosso favor ou contra nós.  Mas vá, não é para falar sobre crenças nem sobre religiões que perdi a preguiça e acedi ao blog e carreguei ali no botãozinho de Novo Post, por isso adiante. Vamos lá saber como controlar a ansiedade de uma vez por todas.

 

Ontem, quando procurava uma imagem para ilustrar o post onde vos falava sobre a minha ansiedade encontrei um artigo: 4 Soluções da Bíblia para controlar a ansiedade, certo. Um ponto positivo para a palavra "controlar" e não "curar" mas ainda assim atentemos nas soluções fáceis e rápidas para praticarmos quando estivermos a ter um ataque de ansiedade.

 

Ora a primeira é óbvia, esta até eu sabia antes de abrir o artigo: Rezar. Ou seja, estão numa multidão, entram em ansiedade porque estão a ver muita gente à vossa volta? Estão num exame importante para terminarem a licenciatura e dá-vos uma branca e entram em pânico? Rezem. Rezem que tudo passa. Olhem que eu um dia rezei para um teste de matemática e a coisa resultou! Palavra de Mula! Se vos der um ataque destes para os lados de Alepo é que se calhar é melhor não irem por este caminho... Só um conselho parvo da Mula.

 

Segunda solução: Dar a ansiedade para Deus. Confesso que esta é a que mais me agrada, e com a qual eu mais concordo. Aliás se algum dia tiver oportunidade de privar com Deus, vou entregar-lhe a minha ansiedade como prenda, a parte chata aqui, é que ele é extremamente ocupado e então é complicado - ainda por cima numa altura de crise que mal articulamos palavras - andar por aí a perguntar onde é que anda Deus, se alguém viu Deus... A coisa pode não ser fácil e entregar encomendas por outras pessoas não costuma dar bom resultado. Pior. Imaginem uma pessoa a ter um ataque de ansiedade, com a típica cara de perdido no mundo e ainda por cima a perguntar onde é que anda Deus. É possível que venham uns senhores de camisa branca ter com essa pessoa e levá-la para um sítio onde tudo é branco. Por isso cuidado com esta, apesar de ser, para mim atenção, a melhor se fosse possível claro, porque pelo menos assim resolvíamos a questão de uma vez.

 

Terceira solução: Confiar em Deus. Esta não será, neste caso, possível porque se ele não aparece para lhe dar-mos a ansiedade como é que podemos confiar nele?... Não é, como explicar... Compatível. É mais ou menos como uma empresa: se existe um funcionário que nunca aparece, ninguém pode confiar nele para o trabalho ser feito. Certo? Pois, é só e apenas por aí.

 

Quarta e última solução: Procurar encorajamento. Entendo. Aliás, esta é aquela que menos me agrada - por fazer mal à carteira - mas é a que me parece mais viável. Deus não aparece para lhe entregarmos a ansiedade por isso não lha podemos confiar. Rezam... se forem como eu sabem muito poucas orações e aquelas que sei não me devem levar a lado nenhum. Só nos resta procurar um encorajamento que é como quem diz um psicólogo. Na ausência de Deus, os psicólogos são de certa forma seus secretários, seus substitutos.

 

O artigo termina da seguinte maneira: "Com a ajuda de Deus, você pode controlar a ansiedade!"

 

Na volta Deus está a dar consultas no Serviço Nacional de Saúde, e na volta é como tratar um problema tipo o meu da rinite crónica. Estamos inscritos, UM DIA vamos ser atendidas, UM DIA um médico da área vai falar connosco, mas esse dia ainda não chegou, temos de esperar. Com Deus será certamente assim também. Tenhamos esperança no futuro.

 

Assim como assim, depois deste artigo Deus já não vai querer falar comigo por isso é melhor saltar logo para o psicólogo - não que esteja associar a psicologia ao inferno ok? - para não perdermos mais tempo.

 

Vá, agora venham queixar-se à Mula que andam ansiosos, que levam logo com este link para verem como são as coisas! Quem é amiga, quem é?

 

 

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P.S.: Confesso que estou curiosa para ver quantos seguidores é que vou perder à custa desta brincadeira!

Padeço de uma ridícula ansiedade

(imagem retirada daqui)

 

Não sei bem o que quero, mas sei que quero já!

 

Dizem que esta frase é um dos lemas das pessoas do signo carneiro. Não sei se é verdade, mas de facto é um dos meus lemas/defeitos/o que lhe quiserem chamar e sou do signo carneiro mas pode efetivamente ser pura coincidência. 

 

Sofro de um nível estúpido de ansiedade. Duma ansiedade dispensável - e não serão todas? - e que tantas vezes me tira o sono. Tenho um grave problema: quando coloco uma ideia na cabeça não descanso até concretizar. Seja uma mudança em casa, uma compra de algum produto, uma conversa, o que seja. E quando digo que não descanso é mesmo porque mentalmente não consigo deixar de pensar.

 

Ainda por estes dias não conseguia dormir porque queria colocar uns cortinados no quarto de arrumos. Simplesmente lembrei-me onde estavam os suportes para aplicar o varão e por mim levantava-me da cama naquele preciso momento - eram apenas 4 horas da manhã... - e ia aplicar os cortinados, mas depois lembrei-me que precisava de um escadote porque não chegava aos furos e comecei a enervar-me porque queria mesmo muito, às quatro da manhã colocar os cortinados num quarto que só serve para guardar a minha roupa... E serve também para estender roupa quando não dá para pôr lá fora, e ainda serve para, ter lá uma série de arcas de arrumos que não cabem em mais nenhum lugar da casa. Muito importante colocar os cortinados naquele dia, àquela hora, naquele preciso local, certo? Certo, para mim era e nessa noite não consegui dormir.

 

Em tempos cismei porque cismei que tinha de remodelar um móvel que serve de mesa de apoio aqui em casa. Fui de imediato ao chinês comprar vinil para aplicar. Enquanto fui passeei, vi mundo, arejei e a ânsia passou. Ainda hoje o vinil está fechado no seu invólucro algures na despensa e até já sobreviveu a uma mudança de casa. É assim. É só parvo.

 

Quando o Mulo me pergunta se tenho fome e eu fico a pensar se tenho e não tenho e decido que até tenho, ele tem pouco tempo até encontrar um local para comermos caso contrário fico rabugenta quase a roçar o insuportável. Até àquele momento eu não me tinha apercebido que tinha fome, mas de um momento para o outro essa passou a ser a minha prioridade. À custa disto, ele goza comigo, obviamente, e quando vamos sair de casa lá começa ele: "tens fome? Não tens fome? Então e agora? E agora, já tens fome?" [tudo de enfiada, sem pausas pelo meio] no meu estado normal eu rio-me com a situação, digo que ele está a exagerar e brinco com o que ele diz. Quando estou a viver a ansiedade de querer comer "já!" acreditem tenho tudo menos vontade de rir.

 

Se tenho um texto para escrever para o blog e não tenho como o escrever naquele momento começo a entrar em stress. Começo a dizer e a re-dizer mentalmente o texto para de alguma forma se entranhar na minha memória de passarinho. É só um texto. Às vezes nem é bom, e tantas vezes não passa dos rascunhos. Mas ainda assim... É mais forte que eu. Não é algo que eu consiga controlar.

 

Consequências disto? Se estiver na cama perco totalmente o sono, como se me invadisse uma dose enorme de adrenalina. Se estiver no trabalho perco a concentração. Se estiver sozinha como compulsivamente. Se estiver acompanhada torno-me mal humorada. Em suma: Nada bom! Nada bom! 

 

Agora imaginem quando tenho problemas graves, daqueles a sério, como quando andei em tribunal com o meu antigo patrão. Soubessem vocês as noites que passei em branco sem sono e no dia seguinte fresca que nem uma alface como se tivesse dormido mais de oito horas. É uma estranha adrenalina que se me injeta no corpo e me corrompe.

 

Depois passa e quando passa, eu volto a ser eu, novamente: paz, amor e calmaria. Felizmente este tipo de "ataques" têm diminuído a frequência, mas de quando em vez lá dão o ar da sua graça, sem terem graça alguma.

 

Não sei se há alguém desse lado que me compreenda, que saiba que merda é esta de ansiedade parva que me mói a alma, me faz acelerar o coração, roer os lábios, agitar o pé, bater com as unhas nas mesas e olhar para o relógio a cada 2 minutos. Não sei se alguém sabe o que é viver assim, nesta ânsia desesperada de precisar de algo "já", no "agora" no "momento". É cansativo. Posso garantir-vos que é muito cansativo. Mais do que cansativo... É desgastante.

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.