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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Quem conta um conto... #10 Pequeno conto de amor...

Felizes.pt pediu à Mula para falar sobre o Dia dos Namorados na Viuvez... pois a Mula sabe muito pouco sobre isso, e então decidiu escrever um conto que poderá ilustrar dicas e até mesmo uma opinião, sem ser em forma de opinião... Espero que gostem.

 

Pequeno conto.jpg

 

José acordou atordoado, e até meio agoniado sem saber porquê. Levantou-se, vestiu-se e foi ao café de sempre, tomar o pequeno-almoço de sempre, na mesma mesa e lugar de sempre. Fora sempre assim desde que Ana o deixara naquela tarde de Verão. Desde então o olhar de José ficara vazio e distante, companheiro do seu sorriso menos caloroso, menos feliz.

 

**

 

Não existia um único dia que José não recordasse Ana. As recordações preenchiam-lhe o coração, faziam-no sorrir, ainda que com alguma amargura. Sentia saudades. Saudades dela, do que outrora foram, dos momentos que passaram juntos. Recordava essencialmente as últimas férias que tinham passado. Lembrava-se do desejo que Ana tinha de ir aos Açores e do quão feliz ela ficou quando ele a surpreendeu com as viagens de avião, a boca de Ana era pequena demais para conseguir sorrir o suficiente que o seu coração sentia. Foram verdadeiramente felizes nos Açores, nessas últimas férias que passaram juntos. Depois Ana deixou-o... Sem aviso prévio, sem que nada o fizesse prever e José nunca mais fora o mesmo.

 

José recorda bem esse dia e essas recordações fazem-no chorar... queria ao menos ter-se despedido, queria ao menos ter sido preparado, mas Ana preferiu não o fazer. Sempre respeitou a sua decisão, ainda que nunca a tivesse compreendido realmente. José recorda bem esse fatídico dia, que chegou a casa e Ana não estava lá, sentada no sofá como sempre à sua espera. Lembra-se bem do toque do telefone às 18h daquele dia. Lembra-se bem do seu coração ter parado, sentindo que algo não estava bem, estranhando a ausência da sua amada.

 

José foi ao hospital, mas já era tarde demais. Ana já tinha partido, o cancro que ocultara de todos, de si, dos seus filhos, tinha-a levado e José sentiu-se tão estúpido, tão perdido. José odiou até um bocadinho Ana naquele dia, porque não compreendia o seu egoísmo, não compreendia como tinha sido ela capaz de lhe ter ocultado a sua doença. "Ana sofria de cancro do pâncreas, e lutava contra ele já há 6 meses..." explicou a José, a médica que desde essa altura a acompanhava. Recorda bem as palavras da médica a explicar-lhe que Ana nunca quis contar à família porque não queria que a olhassem de modo diferente. Não queria que a olhassem com medo, com pena, e recusara a quimioterapia, para não se denunciar. "No entanto fizemos tudo o que estava ao nosso alcance Sr. José".

 

Ana nunca deixara de sorrir, nunca houve um só momento de desconfiança. José nunca lhe vira uma única lágrima, nunca a vira abatida, nunca a vira em sofrimento. Lentamente deixou de a odiar, e o ódio deu lugar a um orgulho desmesurável: Ana tinha sofrido 6 meses sozinha, em silêncio e nunca existiu um único dia que não tivesse cuidado de José. Quando José se viu sozinho, de um dia para o outro, percebeu que teria de continuar a história de modo mais solitário. Os filhos ainda lhe propuseram que se mudasse para uma das casas deles, mas José não quis. Saberia que Ana desaprovaria que ele desistisse da sua independência e passasse a viver sob outro tecto que não fosse o seu. E José também não queria deixar a casa que outrora fora cheia de gargalhadas ruidosas de Ana, e carregada do seu perfume com travo a alfazema. Com o tempo fora criando novas rotinas e encontrara novas formas de ocupar o tempo. As refeições foram uma das rotinas que se alteraram. Era-lhe menos penoso sentar-se à mesa de um café ou restaurante, em vez de se sentar à mesa que outrora Ana também se tinha sentado, com os seus deliciosos cozinhados. Mas aos poucos, José foi compreendendo que a ideia não era esquecer Ana, mas aprender a viver com a ausência física desta, mas com a sua presença constante em pensamento. Já cozinhava, já se sentava à mesa para jantar, para almoçar... Só o pequeno-almoço ainda era tomado fora de casa, porque era a altura do dia que mais lhe custava. Era de manhã, quando acordava, que se lembrava que Ana já não o acompanhava, essencialmente quando essas manhas eram precedidas de sonhos fantásticos a dois.

 

**

 

"O mesmo de sempre, Sr. José?" pergunta a menina do café. "O mesmo de sempre, menina!" Só que desta vez, sorriu mais que o habitual. Ver o café redecorado de vermelho e corações pendurados fê-lo sorrir.

 

- Que dia é hoje, menina? - pergunta desconfiado.

- Hoje é dia 14 de Fevereiro, Sr. José... - Diz, a menina com algum receio de o entristecer.

- Hoje é portanto, o que vocês jovens chamam de o Dia dos Namorados... não é? - reforça.

- É sim... para quem tem namorado. Para quem não tem é só mais um dia Sr. José. - Diz-lhe piscando-lhe o olho.

 

José recorda que Ana sempre o atormentava com o dia dos namorados, que ele nunca recordava. Sempre fora péssimo com datas, e achava que a mimava diariamente sem qualquer necessidade de a mimar em algum dia especial. No entanto, Ana, desde a juventude muito romântica, sempre reclamara que queria algo especial neste dia e José nada mais que fazia, se não levar Ana a jantar fora, por insistência desta. 

 

Decidiu que este ano iria ser diferente, decidiu este ano festejar o dia dos namorados com a sua iniciativa, como forma de homenagear a mulher que tanto amava. Fez um jantar especial. José aprendera a cozinhar à pouco tempo com as suas noras e filhos e já lhe elogiavam os cozinhados. Convidou assim, os seus filhos, a jantar em sua casa, estes ajudaram-no a encher a casa de corações, para deleite dos netos, e jantaram animadamente à luz das velas, com uma bela música clássica em fundo. Viram depois um dos filmes preferidos do casal. José percebeu assim que "namorada" é só um título para alguém que se ama, que este dia, não é nada mais que uma ode ao amor, e como a sua eterna namorada não o poderia acompanhar fisicamente, passou a noite com quem verdadeiramente amava: a sua família. Os filhos, para o surpreenderem, trocaram presentes. Um presente especial fizeram cair as lágrimas de José. José iria voltar aos Açores e reviver os locais onde outrora fora feliz. José, que agora sentira capaz de viver sozinho, aceitando a ausência da sua amada.

 

Partiu assim no dia seguinte para os Açores, sem viagem de volta. Arranjou uma casa pequena, onde decidiu recomeçar a sua nova vida, onde se sentia mais perto das suas recordações. Ali, José foi feliz!

Curta do dia #184

Dicas para o Dia dos Namorados. Porque os filmes não nos dizem toda a verdade:

 

Não escrevam no espelho da casa de banho com batom... a menos que não gostem e não tencionem voltar a usá-lo, é que os filmes esquecem-se de dizer que isso estraga o batom... E os bons batons não são assim tão baratos! Querem usar o espelho? Optem por post it's!

 

E assim, terminam as dicas da Mula para o Dia dos Namorados, espero que tenham gostado e que prossigam com este dia com toda a cautela.

Curtas do dia #183

Dicas para o Dia dos Namorados. Porque os filmes não nos dizem toda a verdade:

 

Cuidado com o açúcar! Não façam um banquete de Natal - que é habitualmente para toda a família - para vocês os dois. Não encham a mesa de: Cupcakes, bolos de chocolate, pastéis de Nata, ... Nem lhes levem à cama chocolates quentes, caramelos, e afins... É que isso não vai fazer com que eles ou elas vos amem mais, mas pode fazer com que fiquem diabéticos.

 

Fiquem atentos, amanhã há mais Dicas da Mula para este dia tão especial.

Curtas do dia #182

Dicas para o Dia dos Namorados. Porque os filmes não nos dizem toda a verdade:

 

Cuidado com os peluches que oferecem, a menos que saibam que é para sempre. Caso contrário, e após um eventual término da relação o boneco pode ser alvo de vudu e depois acontecem-vos coisas que não conseguem explicar. Optem por canecas - que num acto de raiva partir-se-ão - ou chocolates - que dificilmente chegam intactos ao dia seguinte. Lingerie e maquilhagem são também boas opções sem grandes riscos.

 

Fiquem atentos, amanhã há mais Dicas da Mula para este dia tão especial.

Curtas do dia #181

Dicas para o Dia dos Namorados. Porque os filmes não nos dizem toda a verdade:

 

Tenham atenção às jóias que oferecem - caso ofereçam -  e adicionem sempre um bilhete a salvaguardar que o vosso amor é muito mais valioso que o valor da jóia que estão oferecer. Só pelo sim e pelo não, para não serem apanhados de surpresa com perguntas matreiras.

 

Fiquem atentos, amanhã há mais Dicas da Mula para este dia tão especial.

Curtas do dia #180

Dicas para o Dia dos Namorados. Porque os filmes não nos dizem toda a verdade:

 

Esta é a primeira dica, e atentem, porque é de todas a mais importante. Mesmo que o vosso namorado ou namorada diga que não considere o dia importante, façam um gesto minimamente carinhoso nesse dia, para mostrarem pelo menos que sabem que dia é. Se a pessoa não for de valorizar o dia, não a encham de excessos românticos para não a enjoarem, mas também não ignorem completamente, caso não pretendam ser acusados eternamente de insensibilidade e desmazelo. 

 

Fiquem atentos, amanhã há mais Dicas da Mula para este dia tão especial.

Curtas do dia #179

Entramos na semana do Dia dos Namorados, na semana da correria às provas de amor e comprovativos de afecto efectivo. Como tal, nos próximos dias, e até dia 14 de Fevereiro, as #Curtas do Dia, serão dicas importantíssimas para uma celebração tranquila deste dia tãoo apaixonado. Fiquem atentos porque... Uma dica por dia, nem sabe o bem que lhe fazia.

 

Hoje pergunto-vos apenas... Costumam celebrar este dia?

O que é que acontece ao Dia dos Namorados...

... Depois de casar-mos?

 

Como muitos de vós saberão, caso-me em Junho deste ano, pelo que o próximo Dia dos Namorados é o último Dia dos Namorados que passo enquanto solteira.

 

Então, e depois?

 

Já não posso comprar coraçõezinhos, canecas com gatos, com corações e pétalas vermelhas para decorar a mesa? Ou o dia 14 de Fevereiro, estende-se a todos os apaixonados, casados, namorados, amigos coloridos, amantes, ... ou seja, a todas as pessoas com algum tipo de ligação amorosa?

 

Pensando que o Dia dos Namorados implica a inexistência de um papel, poderei concluir que após o casamento acaba o romance? A conquista? A proximidade e a cumplicidade? Os ctuxi-cutxi? O sexo apaixonado? O beijo de despedida matinal? Os presentes tão desejadamente ridículos, que fazem os amigos do casal rirem até à exaustão?

 

Ou significa apenas que já existe segurança suficiente para não ser necessário um dia para recordar que se ama, que se está apaixonado e que se quer oferecer presentes melosos e pseudo-fofos? E que todos os dias, passam a ser dias de romance, de conquista, de proximidade e cumplicidade, de cutxi-cutxi, de sexo apaixonado, de beijo de despedida matinal, e de oferecer presentes fofinhos, peludos e vermelhos?

 

Oh Céus! Então e agora? Digam-me rápido que ainda vou a tempo de cancelar a cerimonia, em prol desta festividade tão glico-doce e que tão infeliz faz, quem não tem a seu lado companheiro para a festividade!

 

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.