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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Cruzeiro do Porto até à Capital do Douro

Quando há um casamento é dito e sabido que os noivos preferem dinheiro, porque há fotógrafos para pagar, catering para sustentar e outras contas para desesperar. No entanto, o dinheiro é algo malandro, é algo que se esvai por entre os dedos, e acima de tudo, pouco fala. Se me perguntarem quanto é que a pessoa X nos deu, não faço a mais pequena ideia, sei apenas que nos deu um grande jeito na hora de soldar dívidas.

 

No entanto recordo-me bem quem me ofereceu um voucher especial: um cruzeiro no rio Douro até à Régua, num dia à nossa escolha. Esta prenda vai-me ficar eternamente na memória, e por isso agradeço a oferta de coração cheio e com a alma cheia de belas imagens.

 

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O dia escolhido foi o Domingo passado, dia 2 de Outubro.

 

Preferimos utilizar o voucher no início de Outubro para fugir da grande confusão que é o verão, e acho que apesar do frio que se fez sentir logo de manhã, que tivemos sorte no dia escolhido. O dia brindou-nos com um sol fantástico e perfeito para um passeio a dois abraçados pelas fantásticas paisagens do Douro.

 

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Não sei se muitos de vocês saberão mas... eu tenho uma ou outra costela transmontana, uma grande parte da minha infância foi passada numa pequena aldeia perdida - praticamente esquecida - no interior do Douro e talvez por isso olhe para aquele imenso verde com uns olhos saudosos e de coração apertado carregado de recordações, talvez por isso o idolatre e o respeite tanto, e talvez por isso me custe tanto a construção da barragem do Tua... Mas isso... isso são outras discussões. Adiante, falar do que é importante e do que vale realmente a pena.

 

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Pudemos escolher se queríamos subir de barco e descer de autocarro ou vice-versa. Preferimos a primeira opção, e por isso às 8h já estávamos a embarcar. O dia amanheceu envergonhado, com nevoeiro e com um calor siberiano esquisito. Fui toda pimpona de saia e camisinha fina a querer parecer chic, e olhem morri de frio nas primeiras horas da viagem. Mas nem por isso me armei em esquisita e fiz toda a viagem - excetuando na altura das refeições - no exterior do barco a levar com o ventinho na tromba e que bem que soube. Estava tanto a precisar...

 

Assim que embarcamos o pequeno-almoço foi servido. Um pequeno-almoço simples, mas bastante agradável: pão, croissant, manteiga, compotas, sumo e café. E depois do pequeno-almoço fomos aproveitar o ar puro da viagem no roof top - só porque a palavra está na moda - do barco.

 

 

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Eis que chega um dos primeiros pontos altos da viagem: a subida da barragem de Crestuma-Lever. É também um dos momentos mais assustadores. Nunca tinha subido ou descido uma barragem e a ideia de entrar num buraco gigante onde vão colocar água para nos fazer subir 14m confesso que me deixou por um lado curiosa, mas por outro com o coração apertado.

 

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Após 15 minutos na barragem de Crestuma-Lever seguimos viagem, e o sol começou a aquecer os meus pés gelados. E ao prosseguir viagem encontramos imensas garças. Esta é uma das minhas fotos favoritas, apesar da falta de resolução, porque ela estava realmente longe.

 

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E continuar viagem significa também continuar rodeados de belas paisagens, ou não tivesse o Douro uma das mais bonitas e encantadoras paisagens de Portugal.

 

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Entretanto a fotógrafa do barco veio-nos convidar para tirarmos uma fotografia na proa do barco e deixou-nos lá ficar o resto da viagem até ao almoço, e se a viagem estava a ser muito boa, passou a ser espetacular. Sem mais nada no nosso campo de visão a não ser o Douro!

 

 

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Como a hora do almoço estava a aproximar-se, serviram entretanto o aperitivo: um vinho do porto branco fresquinho.

 

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E momentos depois estávamos a chegar à barragem do Carrapatelo.

 

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Se a barragem de Crestuma-Lever já mete respeito, a do Carrapatelo então promete colocar em pânico o mais corajoso dos claustrofóbicos, com o seu desnível de 35 metros. Mais 15 minutos fechados na barragem, e lá seguimos viagem, mas agora sentados à mesa, que estava na hora do almoço.

 

O almoço passou a voar, a comida era razoavelmente boa, o serviço considerei-o fraco. Não existe espaço para o catering servir, para servir e para recolher têm de ser os clientes que se encontram mais próximos do corredor a chegarem os pratos dos restantes companheiros de mesa, e considero isto o grande ponto negativo do serviço. Como sopa serviram um creme de legumes, e para almoço serviram uma vitela estufada com batata assada e legumes. Para empurrar vinhos do Douro e para sobremesa: cheescake de frutos vermelhos. Considero outro ponto negativo o facto de não existirem opções. E se eu fosse vegetariana? E se eu fosse alérgica a algum elemento constituinte do prato? Só a sobremesa tinha uma outra opção: fruta, mas só para aqueles que não quisessem comer o cheescake. Compreendo a dificuldade de cozinhar no barco para umas 100 pessoas, mas acho que tendo em conta os preços praticados que poderiam dar outro tipo de opções. Porque não terem dois pratos à escolha? Poderiam perguntar ao pequeno-almoço o que cada um pretenderia e assim já não produziam comida a mais, desnecessariamente. Há por isso alguma falta de acompanhamento da realidade das pessoas, falta de evolução. Falta de tato para este tipo de pormenores.

 

Terminado o almoço, fomos aproveitar os últimos raios de sol a bordo, já que estávamos bastante próximos da Régua.

 

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E quando demos por ela já víamos a Régua a aproximar-se, com muita pena nossa, porque isso significava que a viagem estava a terminar.

 

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E entretanto chegamos.

 

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Já na Régua fomos distribuídos por dois autocarros e fomos visitar a Quinta do Castelinho e aqui é que a viagem descambou totalmente. A visita guiada à quinta não foi dividida, o grupo era gigante, contando ainda com um outro autocarro que vinha da Figueira da Foz, e não se percebia nada na visita, que fez lembrar bastante as visitas de estudo da escola. Pessoas a falar para o lado, gente a fazer asneiras - até uma mão de um boneco que lá estava apareceu partida - e se eu vos disser que não iam crianças na viagem, a coisa torna-se ainda mais chocante não é verdade? Houve uma grande falta de organização porque está visto que as pessoas, mesmo adultas, não podem ser deixadas sozinhas que acabam a comportar-se pior que as crianças, lamentável. Creio que se os grupos fossem mais pequenos isto já não aconteceria, sendo, por isso, mais proveitoso para toda a gente.

 

No final da visita tivemos ainda direito a mais uma prova de vinhos do Porto branco.

 

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Terminada a visita regressamos ao Porto de autocarro. 

 

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E aí ficamos a planear a nossa próxima viagem, ou a sonhar com ela. Talvez num navio hotel, com direito a uma caminha para esticar as pernas e namorar sozinhos com o Douro em fundo. Ou até quem sabe numa próxima irmos até Barca D'alva e ver o verdadeiro Douro Vinhateiro.

 

Bem, gostei bastante deste cruzeiro até à Régua e aconselho-o sem reservas. Acho que é fácil de nos apaixonar-mos. Se este for um valor que não possam pagar, façam pelo menos o Cruzeiro das 6 Pontes no rio Douro, no Porto, que também já fiz e gostei bastante. Do Rio o Porto ganha outras cores, outros contornos.

 

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E para quem já está a reservar esta fantástica viagem, só posso desejar...

 

Uma Boa Viagem!

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.