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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Sabes que o mundo anda doido quando...

... No espaço de uma semana vês:

  • Uma senhora a benzer-se antes de atravessar a rua, após sucessivas tentativas falhadas, em que os carros não abrandavam. A senhora estava numa passadeira, importante referir.

  • Um carro a ziguezaguear na faixa até que atravessou totalmente o carro para impedir que dois ciclistas passassem, acusando-os de lhe terem tocado no carro. Eles iam à minha frente e não foi isso que eu vi, e se tivessem tocado era devido à constante provocação do carro perante os ciclistas.

  • Um carro a atirar-se literalmente para cima de mim numa rotunda que se não tivesse encontrado rapidamente a buzina me teria limpado a lateral que era um mimo...

 

Eu não sei o que vocês têm encontrado... Mas eu cá só tenho encontrado gente doida!

 

Será que a malta foi sempre assim, ou o confinamento fez pirar as pessoas de vez?

As pessoas dão um rim e um dedo mindinho por um bom escândalo

Semana passada parei na bomba de gasolina aqui da terrinha. É uma bomba pequenina mas com bastante movimento, habitualmente. Coloco o carro no posto, vou lá dentro pagar, tenho cerca de 6/7 pessoas à espera. Nada de anormal.

 

Entretanto, um carro coloca-se atrás do meu.

 

Apesar do movimento, não devo ter estado mais de cinco minutos na fila. Pago o que tenho de pagar, e dirijo-me para o carro. Diz-me a mulher que está no carro atrás do meu, à espera:

 

Mulher: O que é que se passa?

Mula: Como assim? Não estou a entender! - e nem quero imaginar a minha cara!

Mulher: Sim! O que é que se passa??! Tanto tempo??

Mula: Carros? Pessoas? Fila? Continuo sem entender a questão!

Mulher: Ai é só isso? - E ri-se!

 

Encolhi os ombros, entrei no carro e continuei sem entender a questão da mulher. A loja de conveniência fica em frente ao posto, vê-se a fila cá fora, vê-se as pessoas a entrar e a sair... A bomba carregada de carros! E a mulher queria o quê? Que eu lhe dissesse que tinha ficado raptada ali dentro na sequência de um assalto à mão armada?

 

Sou frequentemente acusada de ter fraca paciência, mas é necessário admitir que as pessoas não me facilitam a vida nem um pouco!

Coisas que se ouvem por cá... #27

 

Está uma pessoa descansada na praia, estendida na areia entre o limbo do babar a toalha e pensar em coisas importantes da vida, como voltar até cá e contar-vos coisas da vida quotidiana, que não interessam a ninguém, mas que a mim me divertem imenso, quando do nada ouve-se uma mulher indignada, com conteúdo gratuito para este curral cheio de pó. Quase pensei em mover este corpinho roliço e preguiçoso e dar uns trocados à mulher para pagar a gentileza, mas a preguiça, obviamente, falou mais alto.

 

Ora atentem com a vossa Mula.

 

Todo um silêncio na praia, um calor quase a roçar o insuportável, uma brisa praticamente inexistente e ouve-se:

 

"Hei! Que nojo! Estou cheia de areia nas pernas!"

 

Fiquei confusa, pensei que pudesse ter sido, nos entretantos, drogada e raptada e quiçá mudada de lugar, para um bem longe da praia, mas rapidamente conclui que estava no sitio certo, com areia nos pés e brisa do mar no rosto... E quando vos digo a palavra praia, refiro-me efetivamente às praias do norte, não àquelas estranhas estrangeiras que em vez do granulado fino, têm godos gordos que magoam os pés e implicam visita de sapatos...

 

Posto isto...

 

...Pergunto-me o que esperaria a senhora ter agarrada às pernas! 

 

Gente estranha esta!

Sobre pessoas com doses regradas de noção

imagem retirada daqui

 

Recordam-se desta pessoa? Pois que esta personagem voltou a cruzar-se na minha vida, desta vez não se ajuntou a mais eu no balneário, mas cruzou-se comigo na fila para Pilates.

 

Estou eu à espera para entrar na sala, tranquila da minha vida, provavelmente a rir-me para o telemóvel, quando de repente a mulher chega e diz assim para quem está na fila: "Então, quem vai dormir hoje?". Zero respostas. Estávamos umas 15 pessoas na fila e zero respostas. Todas a olharam com desdém, ninguém respondeu. Levanto os olhos do telemóvel para perceber o que quereria ela dizer e ela acrescenta: "Sim, quem é que vai dormir hoje na aula? É que esta aula é assim mais calminha, é assim mais para relaxar não é?"

 

Já não é a primeira vez que ouço este tipo de comentários sobre estas aulas, em todos os ginásios por onde passei a premissa de que pilates é para dormir era uma constante, e eu, como não poderia deixar de ser, parto sempre em sua defesa. Pensei em voltar a colocar os olhos no telemóvel, ignorar simplesmente, mas não consegui, foi mais forte que eu. Digo assim meia ríspida - espero que o revirar de olhos tenha sido apenas mental - "quem adormece em pilates é porque não está a fazer alguma coisa bem, pelo menos eu não consigo dormir enquanto estou em sofrimento!". A mulher ri-se, o professor chega, e entramos todos.

 

Não sei se o professor ouviu, se já era o que tinha planeado - as aulas com este PT são sempre bastante intensas - mas a verdade é que a aula foi toda ela muito dura. Muitas insistências, muito corpo em desequilíbrio, muitas isometrias. De repente, no silêncio da sala, a meio da aula ouve-se essa mulher a dizer "ai, que isto é muito difícil!", apeteceu-me dizer-lhe que era difícil porque se tinha esquecido do travesseiro em casa e que o chão era um pouco duro, mas ri-me apenas para dentro, de nervoso, e continuei, uma vez mais, ninguém respondeu.

 

Eu sei que o karma is only a bitch if you are, mas sejamos sinceros... As pessoas também não me ajudam, e se por cada revirar de olhos meus me cair um grão de areia em cima, não tarda estou enterrada!

Sobre a invisibilidade...

... A tal da invisibilidade no ginásio!

Disse algures por aqui num comentário, que uso e abuso de um manto de invisibilidade no ginásio, mesmo que não seja propositado. Se alguém vai para o ginásio meter conversa e conhecer malta gira e jeitosa -  ou não, que acharem que no ginásio é tudo giro e jeitoso é puro mito - a Mula não é essa pessoa. A Mula entra muda e sai calada, passa discretamente por entre os moçoilos - e as moçoilas, pelos vistos - e mal vê e mal é vista, até porque faço essencialmente aulas, por isso raramente desfilo a bunda por entre as máquinas e os corredores.

 

Mas atentem na minha teoria da invisibilidade, que semana passada concluí que é mais grave do que parecia.

 

Estou nos balneários a trocar-me para treinar. Balneários vazios. Estou eu numa ponta de todo um banco enorme de correr, e estão mais três bancos desses grandes lá solitários no ginásio que àquela hora não estava lá praticamente ninguém. E não é que vem uma senhora depositar as suas tralhas mesmo junto às minhas e eu ainda tive que arrastar o meu saco porque as coisas dela estavam a tocar nas minhas? 

 

Já vos disse que os balneários estavam vazios? Falta apenas dizer que naquele balneário cabem, à vontade e sem tocar em ninguém, umas 20 pessoas, e se apertarmos um pouco pelo menos umas 30, e a senhora no meio de todo aquele vácuo tinha de estar praticamente em cima de mim. Porquê? Porque tinha o casaco lá pendurado onde eu estava! Ou seja o casaquito deveria de conter tijolos nos bolsos que a senhora não poderia mudar de lugar e despir-se tranquilamente sem me apertar!

 

Continuo a dizer que tenho muita que tanta gente não tenha aprendido rigorosamente nada com o covid. Não sou invisível, porra!

Lido mal com gente parva...

 

A minha experiência nas novas funções não tem sido um processo fácil. Desde que a minha antiga chefia foi afastada que nada foi como antes... E eu e a minha antiga chefia estávamos incrivelmente alinhadas. Eu ajudava-a como sabia e podia e ela contribuía para a minha evolução dentro da empresa. Quando a afastaram, como se de uma macumba se tratasse, de um dia para o outro, após lhe terem feito a cama bem feitinha, fui anexada a outra personagem que quer tudo menos que eu cresça e que eu desenvolva devidamente as minhas funções. Logo eu que estou cá para fazer tudo, menos para tirar o lugar a alguém. Tudo o que eu quero é fazer o meu trabalho tranquilamente sem que ninguém me pregue rasteiras surpresa. Não que a atitude desta personagem tenha sido alguma surpresa para mim, porque mesmo quando éramos simples colegas, de igual para igual, já não nos dávamos propriamente bem, mas como o nosso trabalho não colida, foi sendo tranquilo.

 

Para além de odiar gente parva, odeio gente que me tome por burra e odeio ainda mais quem se faz de burra.

 

Atentem:

 

A personagem pediu-me para eu lhe criar um determinado perfil numa aplicação porque queria testar como funcionava com os nossos parceiros. Expliquei-lhe que não iria perceber porque necessitaria de mais membros associados, que não daria para explorar aquilo de forma isolada, uma vez que a funcionalidade é para vários membros e não apenas para um.

 

Insistiu. Fui resistindo e voltava-lhe a explicar que não iria funcionar. Tanto fez birra, que lhe criei, só para deixar de me chagar as orelhas. Diz-me no fim "ah não dá para fazer nada...!", ao que eu lhe respondi "o que é que eu te tinha dito?" tudo para ele rematar com um "pronto, assim já sei, podes desativar!"

 

O programa é do outro, mas agora sou eu que o digo:

 

Isto é gozar com quem trabalha!

 

Pedem-me diariamente paciência para lidar com esta personagem. Paciência! Logo eu que não tenho a paciência no dicionário. Esta semana denunciei várias situações de abuso de poder, e de bullying ao meu CEO - já fui chamada de inutil, diz que não vê o meu valor na empresa, ... -, que me pediu, uma vez mais, paciência, com promessa de que isto vai mudar e que tudo o que precisar para falar diretamente com ele e ignorar o meu chefe... Mas fácil é falar... Como ignorar a pessoa que transforma os meus dias num inferno? Como lidar com maldade pura? Se ainda fosse só comigo acharia que a perseguição era algo quase pessoal, mas ele está a fazer isto com toda a gente que pertencia à equipa da minha antiga chefia, o que torna a coisa, nada, mesmo nada pessoal. Puramente profissional. Maldade pura de alguém que não tem valor profissional e que tenta aumentar-se diminuindo o mais que pode os outros.

 

Uma só palavra para tudo isto: Nojo!

 

Felizmente trabalho com outras pessoas que reconhecem o meu valor, que gostam de mim e do meu trabalho, que me erguem nos momentos difícies, e mesmo o meu CEO está satisfeito com o meu trabalho e isso basta-me - ou tem de bastar, é o que tenho de momento -, cada vez me dá acesso a mais informação e ferramentas, que demonstra acima de tudo confiança em mim, ainda assim dá-me nervos, porque uma só pessoa está a destruir toda a minha motivação.

Cenas da vida de um animal encartado

Já disse algumas vezes por aqui que sou um animal encartado. Paciência no trânsito não é comigo... Paciência no geral não é comigo, na realidade, mas neste contexto só piora. Que fazer? Odeio chicos espertos! Odeio pessoas que se acham mais espertas e ágeis que os outros. Odeio pessoas que não sinalizam manobras, que sabem que a faixa de rodagem deles acabou mas que ainda assim continuam a par daqueles que têm prioridade. Odeio pessoas que se acham donas da estrada. Sinalizam as manobras, esperam no sítio certo? Sou a primeira pessoa a ceder passagem! Tentam armar-se em espertos? Têm de ir à volta porque por ali não passam! Literalmente. 

 

Mas tentei relaxar. Tentei ser zen. Tentei ajudar as pessoas e tornar-me numa querida ao volante. Ser boa pessoa no matter what. Sabem que mais? Não resultou! 

 

Ontem, aproveitei que até estava a chover, para ir mais devagar e colocar em prática esta resolução de ano novo para aí de 2015! Só as minhas entranhas sabem o que me remoeu a alma ser uma fofinha para os chicos espertos!

 

Mas... 

 

...Mas não dá mais!

 

Dos 10 ou 12 carros que "ajudei", que facilitei mesmo sabendo que se estavam a armar em espertos, APENAS DOIS agradeceram a gentileza!

 

Ora porra.

 

#modobitchonagain

 

Tentei!

Quando as pessoas não se tocam...

Ando a passar por uma situação de assédio no trabalho. Assédio talvez seja uma palavra muito forte, mas é a que me ocorre, derivada do nojo que sinto de toda a situação.

 

Há um sujeito, que não tendo o dobro da minha idade, tem mais do que suficiente para poder ser meu pai, não me larga. Nem a mim, nem a nenhuma mulher mais jovem que ande pelo edifício. Dispara em todas as direcções, mas é certo que com as da sua idade não se mete ele. A coisa começou devagarinho. Uma piada aqui, um convite disfarçado de piada ali, e eu fui sempre sendo políticamente correcta mas declinando todas e quaisquer tentativas de aproximação, inclusive bloquear nas redes sociais. Podia até estar a ser injusta. Mas começou a ser cada vez mais regular, não só comigo mas com outras pessoas da minha idade e mais novas, ao ponto de as pessoas o verem e desaparecerem, para evitar que venha falar...

 

O verniz estalou quando semana passada, no mesmo dia, conseguiu convidar e insistir 4 vezes comigo. A primeira vez recusei educadamente, a segunda vez recusei educadamente mas já não tão educadamente como a primeira vez, a terceira vez já demonstrei mais as garras mas ainda consegui ser politicamente correta e à quarta simplesmente ficou a falar sozinho, virei costas e ignorei. Isto para tentar não me chatear. Ainda ficou ofendido e a mandar bocas aborrecido para o ar. 

 

O problema não está comigo, particularmente. Não me é novidade, não me choca propriamente porque trabalhei muitos anos com homens e em ambiente de oficina. Eu aguento. Chateia-me, obviamente, mas eu consigo-o pôr no lugar e não tarda falará comigo apenas do estritamente necessário porque eu também sei ser desagradável quando necessário. Estou a evitar, estou a tentar estar descontraída, peace and love e está tudo bem, somos todos irmãos. O que me chateia e me enoja, mesmo, é que se começou também a tentar meter com uma estagiária muito novinha, que lá temos e com quem eu simpatizo muito. Claro que a miúda anda a ficar aborrecida e isto vai acabar por ter de ser denunciado... A questão é que, conhecendo a minha empresa como a conheço, essa pessoa será muito provavelmente posta na rua e também não acho que seja caso para tanto porque apesar de tudo não me parece má pessoa. Parece-me só alguém que claramente não tem noção de limites. Estou a tentar evitar danos maiores, e estou aqui no meio a tentar gerir tudo isto com o mínimo de mossa para todos. Mas isto não é fácil. 

 

Mas estas pessoas não se tocam? Não entendem que são desagradáveis ou simplesmente não querem saber? Um não é um não. Qual é a dificuldade de se entender um não? Mas esta gente pensa que vence os outros pelo cansaço? Claramente não conhecem a Mula... E desconhecem o facto desta Mula se chatear mais depressa pelos seus do que por si própria.

Xenofobia

Não lido bem com a xenofobia. Posso até não compreender certas culturas mas se tenho de lidar com alguém de outro país, cultura ou etnia, trato essa pessoa com respeito e não desacredito ninguém sem conhecer. Depois de conhecer faço os meus julgamentos, independentemente da cor, sexo, raça ou país.

 

Semana passada ligou para a agência um cliente que queria colocar um imóvel à venda. Encaminhei o pedido para um colega, que estava de escala, e que é brasileiro. Passados uns minutos, o senhor aparece aqui presencialmente e vem todo rude perguntar-me por que é que lhe passei a chamada a um colega brasileiro e o que é que ele percebia do mercado português.

 

Passei-me com o homem!

 

Mas o que é que o senhor sabe da vida do colega? Sabe há quanto tempo está em Portugal? Sabe da formação do colega? Conhece o seu empenho? A sua vontade?

 

Que mania feia essa de algumas pessoas se considerarem superiores a outras...

Gente parva

Aqui na minha terra havia uma rua estreita que dava ligação a uma rua principal e onde, por só passar um carro, existia a constante necessidade de se fazer marcha-atrás, para o carro que já estava no estreito, passar. Já ali bati - quando tinha carta há pouco tempo - a fazer marcha-atrás, acabei por bater num carro que estava atrás de mim e que eu estupidamente não vi.

 

Há uns anos alargaram a rua para ser possível passar dois carros e evitar manobras desnecessárias.

 

Adivinhem o que fazem agora nesse local?

 

Isso mesmo... estacionam!

 

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.