Desde pequena que me ensinaram a distinguir o bem do mal, e que deveria ser com base nessas definições que deveria fazer as várias escolhas na minha vida. Nunca tentaram impingir-me um mundo perfeito e inexistente, porque na realidade toda a gente mente, ou já teve de mentir em alguma situação. Nunca me tentaram atirar areia para os olhos.
Várias vezes a minha mãe me dizia para não dizer onde tínhamos estado, onde íamos, e porquê que íamos. Me dizia para dizer outra coisa qualquer, se me perguntassem. Não creio que isso tenha influenciado, de forma nenhuma, na minha maneira de ver a vida, ou alterado negativamente a minha ética e moral. Não me tornei numa mentirosa compulsiva, nem em ninguém em quem não se pode confiar, sou aliás, totalmente o contrário, porque sempre me ensinaram, que "prejudicar os outros é que é pecado" e que "as pessoas más vão para o inferno".
Não concordam? Ora vejamos:
O "não posso" não raras vezes é utilizado em vez do "não me apetece" ou do "não quero". O "apanhei trânsito/acidente" vem muitas vezes em vez do "adormeci" e o "estou doente" é utilizado ao expoente da loucura em tantas e diferentes situações.
A verdade é que é mais fácil, por vezes, atribuirmos ao acaso, ao destino, à vida, as nossas responsabilidades, do que atribuirmos a nós, às nossas vontades. Dizer "não me apetece" vai magoar o outro. Expressar vontades, magoa muitas vezes os outros. Por isso, quantas vezes desmarquei encontros, porque "teria de ir trabalhar, afinal" quando simplesmente não me apetecia sair de casa? Quantas vezes disse "só comi coisas saudáveis hoje" quando comi um gelado à sobremesa? Quantas vezes digo às senhoras dos peditórios "não tenho dinheiro comigo" com a carteira cheia de trocos?
Pois é... Hoje é o Dia das Mentiras, mas todos os dias, são dias de mentira.
Feliz Dia das Mentiras, e aproveitem hoje para não mentirem com todos os dentes que têm na boca!
Sinto-me defraudada... Atentem na seguinte imagem:
Leram o slogan? Leram bem, o slogan? Pois bem, tenho-vos a dizer que é mentira... não têm os livros que eu há mais de 10 anos procuro... É que nem caros, nem baratos, simplesmente não têm, nunca tiveram, e nunca ouviram falar!
A minha última esperança esfumou-se! Até qualquer dia, que vou ali suicidar-me um pouco e já volto!
Hoje venho falar-vos de um flagelo que atormenta várias mulheres, e certamente, também alguns homens : os espelhos.
De acordo com o dicionário da lingua portuguesa, um espelho é um "objecto de vidro ou de metal polido que reproduz nitidamente as imagens que o defrontam". E assim sendo, e tendo por base esta definição - sim, porque não sou eu que estou a dizer, mas sim o dicionário - um espelho, deveria assim, reproduzir fielmente as imagens que lá se colocam à frente. Deste modo, todos os espelhos deveriam de reproduzir igualmente a mesma imagem, correcto? ERRADO! TÃO ERRADO!
Demonstrar-vos-ei de seguida, como os espelhos nunca reproduzem igualmente as mesmas imagens, e como nós em casa, temos (quase) sempre os piores espelhos:
Os espelhos dos cabeleireiros vs os espelhos de casa
Quando pintamos o cabelo no cabeleireiro, ou quando fazemos um penteado mais arrojado, achamos sempre que estamos lindas, com uma cor perfeita. Quando chegamos a casa, e olhamos nos nossos espelhos, parece que aquele loiro, não é bem loiro, e tomba um bocado para o esverdeado; e parece que aquele penteado outrora fantástico afinal nos faz a cara demasiado esquisita... enfim, os nossos espelhos, face aos dos cabeleireiros, fazem-nos despertar inúmeros insultos a quem nos penteou.
Os espelhos dos provadores vs os espelhos de casa
Não acredito que seja a única pessoa que adora as roupas nas lojas, e nos provadores das lojas, e as detesta em casa. Não acredito que tenha sido a única a ir devolver artigos que experimentei, que achei que me ficavam fantásticos e que depois nos espelhos lá de casa percebi o quão horrível ficava... Nos espelhos dos provadores, parecemos sempre mais magras e mais altas, fazem-nos sentir fantásticas, que se calhar até já poderíamos parar com a dieta - tirando naquelas situações, em que com ou sem espelhos, nada nos serve, está claro! - mas depois, quando chegamos a casa, percebemos o quanto aquelas calças nos fazem gorda, o quanto aquele top evidencia a nossa barriga nada tonificada... Mas nos outros espelhos, não se via nada daquilo! Ainda acham que os espelhos são todos iguais?
Os espelhos de casa vs os espelhos dos carros da rua
Quem nunca saíu de casa a achar que está super arranjadinha, com um cabelo perfeitamente liso, ou perfeitamente cacheado e depois olhou de esgelha para um carro estacionado - só para se admirar um bocadinho, que um pouco de presunção nunca fez mal a ninguém - e reparou como o cabelo está todo no ar, todo despenteado, a maquiagem afinal evidencia as nossas grandes olheiras... Enfim... O suficiente para nos estragar o dia!
E não me venham falar em luz, posição dos espelhos e essas tretas... Os espelhos são uma treta!
Só não os parto todos, porque preciso de ver neles o quão linda sou!
Sorrir. Chorar. Amar. Odiar. Beijar. Sofrer. Compreender. Não compreender. Acreditar. Estupidez de acreditar. Sofrer! Sofrer muito!
Tudo é efémero e constante. Inconstante! Tudo é incertamente certo! Verdade. Mentira.
A verdade da mentira é que ela é doce, sempre amargamente doce. Amada, desejada, esperada! Mas sempre amargamente doce. Vale mais a mentira que a verdade, toda a gente a adora, toda a gente a venera e espera. Espera sempre! Espera… até ao dia que a longa espera passe e a verdade a alcance!
Verdade… Sofrida a verdade! Largas horas de sofrimento, tão certo e incerto a cada pensamento!
Que sei eu da verdade? Que sabes tu? Verdade é apenas o indesejado! Tudo o que é indesejado é verdadeiro! Tudo o que é terrificamente mau é verdadeiro! Tudo o que faz sofrer é verdadeiro! Tudo o que faz doer é verdadeiro! E eu? O que sou eu? No que penso eu? Que digo eu?
Este é um texto, que apesar de já ter sido escrito há vários anos, continua bastante actual, porque continuo a pensar exactamente da mesma maneira.
Creio que todos nós somos uma cambada de hipócritas que andamos a fingir, a fingir, a fingir. É comum ouvirmos: "- Diz-me a verdade, eu não gosto que me mintam!"
Não gosta que lhe mintam? Eu não gosto é que me façam mal, eu não gosto é de sofrer, e com a verdade sofre-se bem mais do que com a mentira. Porque na realidade as pessoas não querem a verdade, quando esta é dolorosa, ninguém a quer, o que as pessoas não gostam na mentira é de um dia poderem descobrir a verdade, porque se a verdade nunca for reposta, nunca haverá problema e a pessoa será feliz. Isto acontece, porque o ser humano é - saudavelmente, ou não - egoísta.
A verdade, quando dolorosa, implica mudanças, tomadas de atitude e sabemos que o ser humano é um bicho de hábitos, não gosta de mudar, não gosta de ser obrigado a tomar decisões, mas quando somos confrontados com questões que magoam somos obrigados a reagir. E ninguém gosta de reagir. Eu não gosto de reagir.
Agora, claro que ninguém gosta de ser enganado, mas o que não gostamos é da atitude que levou ao engano, que levou à mentira. Tudo o resto, só serve para amenizar o nosso sofrimento.
Convenhamos que, mentira só é mentira, se for descoberta e até lá podemos ser estúpidos mas vivemos felizes.
Ou tudo isto é verdade, ou sou apenas uma lunática a viver dentro de uma bolha.
Hoje partilho convosco, um texto que apesar de já ser antigo se encontra muito atual. Fala sobre uma felicidade estranha, sobre vazios e derrotas, mas também fala de como é nossa culpa nos sentirmos assim, pela nossa impassividade, e pela nossa capacidade de cruzar-mos os braços muito facilmente.