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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Telegrama #8 Quarentena

7º dia de quarentena.

Já comi 3 pacotes de bolachas e um de pipocas, 3 gelados e duas ou três taças de mousse de chocolate. Treinei 2 vezes. Duas péssimas vezes para a porcaria toda que tenho andado a comer. Estive a sufocar com as alergias - isto de estar enclausurada com os maiores  alergénios não é fácil - mas acho que o meu corpo está a encontrar maneiras de conviver com o pelo de gato. Tenho melhorado. Encontrei umas novas séries que me estão a prender ao ecrã, a solidão aguça a necessidade de nos ocuparmos. Voltei a ler. Todos os dias, religiosamente, antes de deitar, leio o capítulo do livro que há meses está na mesinha de cabeceira. Continuo em contacto de quem gosto. Mas tão longe, tão longe... Tenho centenas de fotos dos meus gatos tiradas diariamente. Fotos e videos do meu cão. Deixei de seguir as notícias. Já não consigo ouvir mais falar sobre o vírus e de como nos vai atacar a todos. Acho que até então não sabia como sou uma Mula de pessoas. As pessoas têm-me feito falta. Não de lhes ouvir as vozes, que continuo a ouvi-las, mas de me rir diariamente com elas, de lhes tocar, de saber que são reais e que estão logo ali. Achava eu que era uma Mula isolada... Descobri que não sou. Dizem que é em tempos de crise que nos conhecemos melhor... Já vi toda a primeira temporada de Killing Eve, estou a caminho da segunda e quero ver Chernobil, mas dizem-me que não é o momento ideal. Devo mudar para séries de comédia? O isolamento tornar-me-á doida como o Jack Torrance? Falam em não saber o que fazer com o tempo livre. Por aqui trabalha-se e tenta-se cumprir as mesmas rotinas: pausas no mesmo horário, almoço no mesmo horário, ... para que tudo pareça o mais normal possível apesar de tudo ocorrer dentro do mesmo edifício mas em divisões diferentes. Às vezes sinto-me no Big Brother e imagino-me assim com um montão de desconhecidos irritantes. Eu seria o Marco da minha temporada. Corria tudo à paulada. Tenho o desafio dos pássaros em atraso. Sou uma vergonha mas confesso que a vontade de escrever tem sido zero, ou... próxima de zero. Apeteceu-me este telegrama, estava a precisar de desabafar apesar de não ter nada de jeito para dizer...

 

E é isto... Espero que não se note muito que estou a pirar um bocadinho...

Telegrama #7 e um minuto de silêncio pelo fim das férias

E como não deu nada para reparar, a vossa Mula esteve de férias.

Peço-vos por isso um minuto de silêncio pelo final do dolce far niente...

Confesso que já me sinto deprimida. Depressão pós-férias não dá direito a baixa? Oxalá desse!

 

Telegrama #7 Resumo das férias

Conheci finalmente a minha afilhada, e batizei-a - salvo seja, que os pecados da Mula não lhe permitem ir para padre. Terminei de ler mais um livro e comecei um outro - parece que estou a começar, finalmente, a ganhar novos hábitos de leitura. Comi porcarias - muitas. Não fui ao ginásio durante mais de uma semana. Fiz uma aula de zumba, como há muito não fazia. Nadei, Saltei para a piscina como sempre tive medo de fazer. Magoei um pé a fazer o mesmo para o rio. Apanhei sol. Bronzeei como nunca tinha bronzeado na vida. Ri muito. Abracei muito. Beijei muito. Bebi muito. Suei muito. Passei tempo com a família. Brinquei com o meu cão, dei mimos aos meus gatos. Vivi. Fui feliz e vivi despreocupada.

 

Hoje já não me sinto assim...

 

Hoje é o fim da vida despreocupada, dos risos fora de horas, dos abraços a qualquer hora do dia e da noite. Hoje é o fim dos almoços e jantares tardios, mas felizes. Hoje é o fim das férias...

 

Até para o ano!

 

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E entretanto estive aqui a pensar... Este ano conheci algumas belas praias fluviais -  umas mais que outras, obviamente - que fui divulgando no instagram. Têm interesse? Querem uma publicação com estes pequenos paraísos? Se sim, deixem o vosso comentário que preparo uma publicação especial praias fluviais portuguesas.

Telegrama #6 Fim-de-semana

Há fins de semana tão estúpidos que nem sabemos o que fazemos com o tempo. Este não foi um deles. Foi um fim-de-semana tão ocupado que até pareceu um fim-de-semana prolongado. 'Bora lá ao telegrama da semana?

 

Acordei cedo os dois dias, apesar de um deles ter sido de noitada. Fui finalmente à manicura. Ia escolher nudes, acabei nos vermelhos. Ia fazer gel, acabei no gelinho. Perdi-me no caminho. Encontrei novamente o caminho. Passei na mesma rua pelo menos umas três vezes. Passei a tarde de sábado toda no cabeleireiro. Não sou madame chique-bem mas sou amante de um cabelo liso sem "ses" e como tal fui reforçar o meu alisamento. Falei muito. Ri muito. Fui ao centro comercial reforçar o meu arsenal de bijuteria. Descobri que não há anéis para os meus dedos, que apesar de parecerem gordos, são muito finos. Fui a um aniversário. Fomos jantar a um restaurante de tapas que não serve tapas, mas que tem uns pimentos padrón de entrada deliciosos. Comi açorda. Acho que ganhei uma pedra no rim... Toda a salina de Aveiro estava enfiada na açorda. É possível que o facto de eu cozinhar sem sal não tenha sido uma ajuda. Fomos comer crepes. Ouvimos a malta da gelataria discutir por causa dos ditos. Não me irritei. Diverti-me. Ri muito. Choquei-me ainda mais. Desabafei. Quase chorei. Ri depois de tudo. No dia seguinte fui comer mais porcarias. Tentamos ir fazer uma caminhada junto à praia. Quase congelei. Desistimos da caminhada. Fomos comer mais porcarias. Tentamos fazer outra caminhada junto a outra praia, voltamos quase a congelar. Desistimos novamente. Comemos mais porcarias para compensar. 

 

Devo ter engordado uns 2kg mas... Vivi, ri e rejuvenesci! Agora sim, estou preparada para enfrentar o Carnaval, que como sabem... não gosto nada!

 

Boa semana!

Telegrama #5 Resumo da semana de regresso

Tenho estado ausente. Isto de achar que regressar ao trabalho após estar 15 dias de baixa, seria o mesmo que regressar de umas férias, é um pensamento totalmente errado. Regressei abananada. Continuo com dores. Descobri que os ares condicionados são os maiores inimigos de um nariz recém operado. Descobri que o frio incomoda. Descobri que o calor também incomoda. Descobri que o problema sou eu e não as temperaturas. Tentei recuperar o tempo que passei encafuada em casa e por isso foram mais os dias em que pus o pé em casa só para dormir, do que aqueles em que me sentei no sofá. A mãe não gostou e reclamou. Cortei o cabelo. Fiz franja. Continuo com dores e com o nariz a repuxar. Tive vários jantares, muitos cafés, muitas conversas diretas e paralelas. Surpreendi-me com algumas pessoas. Desiludi-me com tantas outras. Irritei-me. Perdoei. Voltei a jurar que não. Voltei a ceder. Nada de novo até aqui. Ri muito. Chorei outro tanto. Chorei a rir. Chorei por comoção. Descobri que rir continua a ser doloroso, mas que apesar de tudo o meu sorriso belo e amarelo está de volta. Já não me sinto a noiva feia do Spock. Descobri que chorar é igualmente desconfortável porque cria ranho e não me posso assoar. Levantei-me 50 vezes para hidratar o nariz. Arrependi-me de ter cortado o cabelo. Arrependi-me da franja. Tentei deixar de fumar. Ainda não consegui deixar de fumar. Tentei beber mais água. Continuo sem beber a água devida. Ainda não regressei ao ginásio. Ainda não posso regressar ao ginásio. O vento continua a fazer-me doer o nariz. O sol continua a fazer-me doer o nariz. O problema continua a ser meu e não da meteorologia. Beijei mais do que contei. Abracei mais do que contei. Desabafei mais do que contei. Conheci pessoas novas. Subi pela primeira vez a um palco de karaoke. Pulei, dancei e diverti-me sem pensar no que os outros poderiam pensar de mim. Dei vários passos em frente, e outros tantos para trás. Bebi demasiado. Comi demasiado. Continuo sem conseguir deixar de comer doces. Continuo com o mesmo peso. Nenhuma novidade até aqui. Continuo a não saber amar, mas continuo com fé no futuro. Juízo ainda não tenho. Continuo sem tempo para o blog, mas tenho tido tempo para mim. O tempo voa, mas tenho voado com o tempo. Sinto-me feliz mas continuo pobre e por isso continuo a ter de trabalhar e por isso continuo sem tempo.

 

Boa semana a todos!

In or Out

 

 

Tenho estado ausente. Muito ausente, acho que têm percebido. Tenho estado cá, mas não estado cá. Tenho algumas, poucas, publicações quase escritas a ferros, mas nem tenho conseguido responder aos comentários. Não sei se é falta de tempo, falta de vontade ou inspiração, mas posso garantir-vos que é falta de alguma coisa. Fui de férias, vim de férias e já estou a precisar de férias novamente. Férias de mim. Férias da vida, quiçá. Tenho trabalhado muito, vivido pouco e sentido tudo e mais alguma coisa.

 

Ando desinspirada... É possível que as publicações deixem de ser tão regulares, é possível que as curtas do dia tenham os dias contados, é possível que o blog termine ou continue, neste momento sinto que qualquer hipótese é possível, mas por agora vai continuando a ser arrastado por mim, como eu também me tenho arrastado. 

 

Regressei ao ginásio, mas ainda não regressei em grande e com força como desejaria. Tenho saudades de TRX, tenho saudades de sair morta do ginásio, porque sair morta do ginásio faz-me sentir viva. Tenho saudades de vos ler e de escrever como se não houvesse amanhã.

 

Tenho saudades de dormir uma noite seguida e como uma pedra, a minha alergia tem atacado em grande e não consigo respirar... Acho que é isto que me está a fazer tanto mal: as noites mal dormidas, o descanso que não se repõe, o cérebro que não para.

 

Parece que estou a tentar estar In... Mas na realidade estou Out!

Telegrama #4 A precisar de férias

Estou com uma falta de tempo como há algum tempo não se via. Tenho tentado manter a minha casa arrumada mas não tem sido fácil. Andei a selecionar roupa que já não me servia e enchi dois sacos de 50L com roupa para dar. Tive toda a minha roupa durante mais de uma semana espalhada em cima da cama porque no dia que iniciei o processo não o consegui terminar e nunca mais tive tempo. É estranho tirar uma peça à sorte do molhe de roupa e vestir. Serviu durante esta última semana. Aqui no trabalho com a  RGPD - Regulamento Geral de Proteção de Dados está o caos. Nada funciona, o sistema não funciona, os colegas mal funcionam, e até os clientes não funcionam - mas isso já não é novidade. O Mulo arranjou outro trabalho. Agora quase não o vejo. O nosso tempo anda curto. Ando com alguns problemas de saúde, nada de grave mas coisas que moem. Moem essencialmente a paciência. Ando com sono, à custa das alergias passo a noite no vira e revira. Tenho tentado arranjar tempo para ir para o ginásio. Agora com as rotinas todas trocadas estou toda trocada no que toca a horários e tem sido difícil orientar-me. Semana passada já comi mais porcarias do que no ano todo. Definitivamente não fui feita para trocar de rotinas. Sinto-me abalada. Cansada. Abatida. Desgastada! Tentei ir a um leilão para arranjar uns arrumos para a minha casa já que não tenho grandes arrumações em casa. Tive de "faltar" ao trabalho e foi pura perda de tempo porque os investidores fazem destes leilões uma palhaçada. 21 lotes todos comprados pela mesma pessoa. Não tenho tido tempo para mim, mas tenho tentado aproveitar o pouco tempo que me sobra para estar com quem gosto: com a mãe, com amigos com os filhos das amigas. Não tenho tido tempo para o blog, nem para o meu nem para os outros. Tenho tido muito pouco tempo para ler, mesmo as horas de almoço estão encurtadas e não tenho tido tempo para ler. Preciso tanto de hibernar durante horas, sem ver pessoas, sem ouvir pessoas, sem sentir pessoas. 

 

Sorte a minha que daqui a três semanas estou de férias! Ou isso ou num manicómio qualquer!

Telegrama #3 Segunda-Feira Negra

Então Mula como foi a tua segunda-feira?

 

Foi optima! Mandei o carro para o mecânico, em risco eminente de fazer caboumm. Estive o dia todo sem acentuação ou qualquer pontuação no meu computador do trabalho, e sempre que precisava de enviar e-mails tinha de ir ao google resgatar símbolos. Dormi pessimamente porque não conseguia respirar. Conclusão: acordei ainda mais cansada do que quando me deitei. Tratei de gente chata. Desliguei mil e uma vezes o computador a ver se já funcionava. Mas não funcionava. Queria ler na minha pausa mas doía-me a cabeça. Toda a gente andava em alvoroço porque estávamos com problemas no servidor. As nossas aplicações não funcionavam. Precisava de silêncio porque me doía a cabeça, mas as pessoas com o stress ainda falavam mais alto. Ajudei um colega que acha que eu faço milagres. Conclusão: Descobriu que não faço milagres. Reclamou da vida. Eu ouvi, concordei e apaguei. Cheguei a casa duas horas depois do normal. Não jantei. Escrevi esta publicação e fui dormir.

 

Sabem qual é a melhor parte desta segunda-feira negra?

É que felizmente, já terminou!

Telegrama #2 Não sou menina de bem

Não me sento direita. Falo mais do que devo. Bebo cerveja da garrafa. Não uso sapato de salto. Não uso o cabelo perfeitamente apanhado, nem saia pelo joelho. Caminho sempre apressada e digo palavrões. Falo alto e bocejo tantas vezes sem pôr a mão. Bebo álcool em público e só não fumo porque não me apetece. Faço o que me apetece. Digo o que quero, não meço palavras. Discuto em público e exponho-me ao ridículo. Bem como aos outros. Vejo filmes impróprios a meninas de bem e ouço músicas que em nada dignificam as mulheres. Isso faz-me rir. Rio alto, para quem queira ouvir. Não sou discreta. Adoro humor que me exponha como mulher. Gosto de ser criticada para ter motivo de discussão. Falo sobre política sem perceber. Opino sobre tantos assuntos que não me dizem respeito. Não sou recatada e uso decotes. Falo dos vizinhos. Critico os vizinhos e ridicularizo-os em privado. Como como um homem, não como menina de bem. Aborreço-me de conversas femininas. Ando sempre no meio de homens. Maquilho-me para disfarçar as imperfeições exteriores e pinto o cabelo para esconder o envelhecimento.  Mudo de passeio para não ter de cumprimentar gentes. Coloco-me offline para não ter de falar com outras gentes. Falo de mim com à vontade. Não tenho medo de ser criticada, sou a primeira a criticar-me. Odeio perder e amuo. Sou ciumenta e amuo. Passo horas em frente à televisão. Não passo a ferro. Não faço xaropes caseiros nem chás medicinais. E ignoro o telemóvel que tanto toca fingindo não ouvir.

 

Valho o que valho. Mas quando quero bem, acreditem que valho muito.

 

Não falto com a minha palavra. Tenho as contas pagas e organizadas. Não devo dinheiro nem ao gato. Defendo quem amo de unhas e dentes, dou o corpo à bala se for preciso. Dou conselhos sinceros, não apenas para parecer bem. Ajudo quem me pede ajuda, ajudo até com o que não tenho. Sou sincera.

 

Como vêm sou mais defeituosa que bem feita. Valho o que valho. Cada um escolhe o valor que tenho que eu darei a face correspondente.

Telegrama #1 Atualização de Estado

... Ou será de estados?

 

Trabalho das 9h às 18h de segunda a sexta-feira, mas saio de casa às 8h e só regresso às 21h. Voltei a tentar ler o livro do Murakami que há quase um ano atrás comecei, mas acho que ainda não é desta. Perguntam-me se não gostas porque insistes? Respondo que não sou das que desiste. Já engordei um quilo desde que comecei a trabalhar sentada. Entretanto também já o perdi. Já fiquei doente e já faltei um dia ao trabalho por ter perdido a minha ferramenta de trabalho:  A minha voz. Andei durante quase 1 mês a comer sundaes de chocolate diariamente. Já não. Deixei de me maquilhar porque ando com crises de alergia e ando sempre a coçar a cara e a assoar-me. Já viajei e já regressei a casa. Tenho andado com uma paciência incrivelmente grande. Tenho continuado a fazer compras online, e tenho acertado nos tamanhos... Mas não nos timmings para receber as encomendas. Voltei a mudar a cor do cabelo. Conheci muita gente nova. Perdi o contacto com tanta gente que estimava. Este ano já li 9 livros e já vou a caminho do décimo. Continuo a perder-me nas letras e a querer comprar mais do que posso ler. Recentemente chorei. Rir, rio todos os dias.

 

Por ora, é tudo. Que canseira esta vida.

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.