É desta que sou expulsa do desafio por mau comportamento cinéfilo. Parece mesmo mentira, mas eu nunca vi - e até quero ver - o Avatar e adianto, desde já, que não adianta falarem-me das maravilhas do filme que eu até acredito, mas na altura não consegui convencer o Mulo a ir ver o filme comigo, e entretanto também não surgiu essa oportunidade. Está na lista, mas como acho que existe uma grande possibilidade de não gostar, vou adiando.
A Mula viu o pior filme de sempre, e ainda está meia abananada com isso... Bem, não por ser o pior filme de sempre - com uma excelente pontuação no IMDb - mas porque a forma de filmagem a deixou enjoada.
Acho que ainda vejo tudo a andar à roda...
Não entendo, ainda não entendo como é que um filme destes está no cinema, sério que não entendo, mas também tenho de ser sincera: a estúpida sou eu, que me atrevo a ver filmes sem saber nada sobre eles.
Passo a explicar. Eu e o Mulo queríamos ir ao cinema, o filme que queríamos ver - para não variar muito - não tinha sessões à tarde, e fomos ler algumas sinopses dos filmes que estavam em cartaz e houve uma sinopse que nos chamou a atenção.
Henry não tem quaisquer memórias. Após ter sido morto, foi ressuscitado no corpo de um ciborgue. Apesar da confusão mental em que se encontra e de pouco conhecer a realidade à sua volta, ele sabe que tem de resgatar Estelle, sua companheira no passado e responsável pelo seu regresso à vida, que foi raptada pelo terrível Akan e o seu "gang" de mercenários. Os raptores têm um plano em mente: usar os conhecimentos dela para criar um exército de super-soldados cibernéticos. Nas perigosas ruas de Moscovo (Rússia), Henry procura pistas sobre o paradeiro de Estelle, ao mesmo tempo que tenta descobrir a sua verdadeira identidade e o que motivou a sua morte.
Estreia na realização de Ilya Naishuller, um filme repleto de acção que se inspira no género FPS ("First Person Shooter"), em que o participante percebe os acontecimentos a partir do ponto de vista do protagonista.
Burros, burros, burros mas porque raio em pleno século XXI, ambos com smartphones - e com capacidades para os usar - nos metemos à besta numa sala de cinema sem ver uma imagem do trailer? Bem, mas não querendo ser spoiler sem explicar os motivos, passo já de seguida à pseudo review deste pseudo filme.
O filme ainda não tinha começado, e eu já desconfiava da realização de origem duvidosa do mesmo, só pelas estranhas letras e banda sonora que antecedia o dito, mas já era tarde demais para recuar. Pois bastaram 5 minutos de filme, para ter a certeza que este filme era ao estilo do Balas e Bolinhos - arriscaria quase a dizer que era mais ao estilo do Ninja das Caldas, mas poucos de vós, certamente conhecerão... - mas em estilo sangrento.
Fazendo um pequeno resumo... o filme conta a história de Henry que é ressuscitado - em forma de robot - pela sua bela esposa Estelle. Henry não possui qualquer memória do passado e tudo o que lhe é dito é que deverá fugir de alguém que o persegue - cuja identidade ou motivo, desconhece. Entretanto, o processo de criação de Henry é interrompido e a sua esposa é raptada. Henry não possui voz, como tal não consegue comunicar com ninguém e deve descobrir e salvar Estelle, enquanto tenta despistar e proteger-se dos homens que o atacam. No entanto, com o tempo, Henry percebe que nem tudo é o que parece, e que a sua situação é mais complicada do que aparentava ser.
A forma de filmagem do filme é... Diferente, diria, e barata também. Todo o filme é gravado pelos olhos de Henry, por isso suponho que tenha sido utilizada exclusivamente uma câmara GoPro. Ou seja, o personagem principal nunca aparece, a não ser as suas mãos, ou os seus pés, era como se estivéssemos dentro dos seus olhos. Nunca outra perspectiva aparece. Isto foi para mim o maior problema, por diversas vezes tive de fechar os olhos para ver se não vomitava, não pelas imagens demasiado violentas - que são violentíssimas, mas também algo cómicas, ainda que nojentas -, mas porque a imagem não é estável, porque se o sujeito se move, a câmara move-se e então todo o filme se assemelha a uma viagem de carro em alta velocidade num "caminho de cabras", e isso deixou-me zonza e enjoada.
O filme apesar de ser para maiores de 18 anos, pretende prender públicos mais jovens, provavelmente dos 14 aos 18. Quem já jogou Counter-Strike? Quem já jogou, então conhece a perspectiva do filme - vemos uma arma que aponta aos restantes que aparecem trucidados rapidamente. O Robot mata pessoas atrás de pessoas de todas as maneiras e mais algumas - desde espetar facas em olhos, a decapitar pessoas, ... - e vemos sempre tudo, tudinho. Vemos por isso sangue do início ao fim do filme. Lembram-se do que eu disse aqui sobre a violência gratuita? Pois bem, violência gratuita é tudo o que este filme é, pois não há grandes explicações sobre os motivos de tal chacinaria, e tudo o que Henry acredita, é falso.
Não mete medo, não assusta, só é altamente nojento, nada mais. Passamos por isso de um filme que julgávamos ser de acção - "ah e tal, um rapto ele vai salvar a donzela, vai dar uns tiros e pouco mais", apesar de estranharmos o aviso de maiores de 18 - para um filme altamente parvo onde só se vê sangue e peças corporais soltas...
Só vos digo uma coisa: Antes ver toda a saga do Harry Potter e do Senhor dos Anéis a rever tal tonteria cinematográfica.
Resumo da ocupação do cinema ao longo do filme:
- 4 em 20 saíram da sala nos primeiros 20 minutos de filme;
- Outros tantos não regressaram após o intervalo;
- Os restantes riam-se nas cenas mais macabras;
- Os mais novos - estavam várias crianças com 10/12 anos na sala - estavam em delírio - acho que há pais que realmente não têm a noção dos limites...
Teoria do Mulo: Perdi o jeito para escolher filmes...
E tem razão, os últimos não foram grandes escolhas mas... caramba... será mesmo suposto um filme tão amador e parvo ir parar ao cinema, só porque os putos hoje em dia só sabem jogar coisas deste género no computador?
Pedinte: Ó minha senhor ajude-me, que só me faltam 30 cents...
Senhora: Olhe, e a mim faltam-me 50... que são mais 20!
(risos, muitos risos)
Nestas alturas, não consigo evitar sentir-me muito má pessoa, porque também eu ri com tal situação, mas sabendo, que faltam sempre 30 cents para qualquer coisa para esse mesmo pedinte... acho que a minha consciência fica aliviada.