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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

O que custa é desfazer os laços

Quase trinta dias se passaram desde que vim para casa de um dia para o outro. Apesar de não contribuir ainda para as estatísticas, a verdade é que já estou mentalizada de que estou efetivamente desempregada, até porque esta situação não foi totalmente inesperada, apesar da forma como ocorreu sim. Foram meses e meses de perceção de que as coisas estavam muito mal, não foi de um ano para o outro. Se o primeiro ano da loja, foi um ano de boa faturação de muito movimento, de ano para ano as vendas foram descendo significativamente. Curioso como eu trabalhava com o turismo e como as vendas foram diminuindo à medida que o turismo aumentava na cidade.

 

A verdade é que as lojas de suvenires começaram a crescer como ervas daninhas, em excesso e descontroladamente, e por muito que se queira, os ovos não chegam para todos, porque não há assim tantas galinhas a pôr. Acho que aqui o estado deveria de pôr ordem. Há cafés porta sim, porta sim. Há cabeleireiros porta sim, porta sim. Há lojas de suvenires porta sim, porta sim. Há hostels, porta sim, porta sim. A concorrência é benéfica para os mercados, mas não pode ser assim, não deste jeito. Deveria de existir algum tipo de regulamentação.

 

Mas agora também pouco importa, já é tarde.

 

Há muito que as coisas estavam mal, e até pensava que a loja iria encerrar portas no ano passado. Se eu fosse patroa a loja tinha sido encerrada no ano passado. Mas pelo que percebo eu nunca poderia ser patroa... Tenho três coisa que pelos vistos os patrões não têm: coração, sensibilidade e bom senso. Mas adiante. Este ano só serviu para descer de faturação de 0, para -1, e cairmos em queda livre para o submundo da falência. Por isso, sim, não foi um choque quando o patrão disse "vou ter de fechar", e como tal não foi um choque não ter recebido aviso prévio. O aviso prévio foi chegando, com o decréscimo de vendas... Sou péssima a matemática, mas sei fazer contas de somar e subtrair. Foi o suficiente para perceber que mal dava para pagar a renda. Por isso não me custou muito a ideia de que iria ter de voltar a bater portas de currículo em punho, quando no início do mês de Dezembro fui mandada para casa.  Estava preparada para isso. Aliás, já estava à espera disso.

 

O que me entristece mais é a mudança brusca de rotinas, é a quebra total com os laços outrora criados. É os colegas que deixei de ver - "ah e tal ó Mula, mas podem continuar a ver-se!" Toda a gente sabe que não, que isso não vai acontecer - é as conversas com as meninas da frente que deixaram de existir, é o pequeno-almoço no café do costume, é... É toda uma rotina de três anos e meio que desaparece como se nunca tivesse existido. E isso sim, custa-me e entristece-me!

 

Odeio despedidas. Sempre odiei. Nunca fui ao meu último dia de trabalho, sempre faltei, mesmo quando me despedi por livre e espontânea vontade. É mau profissionalismo, bem sei. Mas odeio aquela sensação de, "ok é hoje, termina aqui!" vou ter de me despedir dos outros, vão existir abraços sentidos, beijos saudosos, e choraminguices. Odeio chorar em público. E tranquiliza-me sair de mansinho sem que ninguém perceba. Fico sempre com a sensação de quem nem deram, na realidade, pela minha falta.

 

Aqui, pela primeira vez, foi diferente. Aqui eu não fui e os outros ficaram. Aqui estávamos todos no mesmo barco, fomos todos embora, toda a gente se despediu com um até já e ninguém disse "tens de nos vir visitar!", a não ser as meninas da frente.

 

Sim, construir laços é fácil, leva tempo, mas é fácil... Difícil é puxar as fitas e os laços deixarem de o ser... Acho que nunca vou aprender a desenlaçar devidamente.

Há sons difíceis de explicar...

Há dois anos que me mudei para a casa onde atualmente vivo, e por isso, há dois anos que a minha sala não tem cortinados. Ontem chegaram, finalmente, os cortinados que encomendei há um mês, e pela primeira vez a minha sala soube o que era ter algo a cobrir as janelas.

 

Pois que a minha sala não parece a minha sala. De zero cortinados passei para seis. De um som disperso e frio passou para um som curto, silencioso. A minha sala não é a mesma. O som da minha sala não é o mesmo. E eu não sei explicar. Sinto-a estranha. Mais bela, mas estranha!

 

Como uma só peça - neste caso, seis - faz tanta diferença... 

 

É isso e eu ser um pouco avessa a mudanças... 

Desafio | A minha vida é um livro!

 

Quando o Crónicas de um café mal tirado desafiou a Mula para contar uma história utilizando todos os livros lidos em 2016, não tinha consciência do número de livros que li este ano, e tenho a confessar-vos que nunca li tantos livros em tão pouco tempo. Catorze livros no total. Para muitos um número pequeno, brincadeira de crianças, para a Mula é um grande número. Sempre gostei de ler, mas com a escola, e depois com a faculdade, nunca sobrava grande tempo para tal, e então lia uns dois ou três livros por ano, não... catorze. Catorze e uns pozinhos, que tenho dois ou três livros começados e não terminados, entre eles o atual, o derradeiro, o apaixonante: Labirinto dos Espíritos! ^_^

 

O Desafio consiste em:

Eis a minha história:

 

Uma Mulher Não Chora, dizem aqueles que nunca viram o seu coração partido por um malandro qualquer de cabelos loiros e olhos azuis. Maria, após chorar dias e dias a fio por um malandro que não a merece, é aconselhada pela amiga Rita a ler um Guia Astrológico para corações partidos que encontrara num café, na sua romântica Lua-de-Mel em Paris. Rita sempre fora apaixonada por Paris, tinha criado até um plano, ao qual chamava de O Plano Infinito, para viver com o seu marido naquela cidade. Mas João não estava muito para aí virado, sempre fora O Navegador Solitário, aquele que preferia viver isolado nas montanhas, longe da confusão, e Paris era demasiado confuso e com demasiadas gentes. João não gostava, quem o tirava das montanhas tirava-lhe a alma e a vontade de viver. Dizia que a cidade não tinha  A Sombra do Vento, que era tudo negro e sem vida, que as flores eram falsas que para serem verdadeiras não poderiam ser criadas em estufas, trancadas, como se d' Os Sete Últimos Meses de Anne Frank se tratasse. João dizia que as plantas mereciam ser livres, terem acesso ao vento, ao sol e à água naturalmente, longe das mãos dos homens.

 

Maria nunca gostou muito do campo, preferia a cidade, tal como Rita, mas como estava deprimida desde que fora abandonada pelo seu amante, e com saudades da sua amiga, decidiu visitar Rita e João nas montanhas. Seria uma viagem com volta no próprio dia, mas uma tempestade a impediu de regressar, tempestade essa que fez com que o casal ficasse sem luz na sua residência, obrigando-os a colocar velas em todas as divisões. Só que como se sabe, As velas ardem até ao fim e não tardaram em ficar às escuras. Maria sempre teve medo do escuro e aquele momento fazia-lhe lembrar O Jogo do Anjo que brincava em miúda, em que todas as luzes se apagavam e um miúdo previamente nomeado precisava de encontrar a outra criança que tinha a lanterna - como que um anjo - para os ajudar a encontrar os restantes meninos, que entretanto se tinham escondido longe dos olhares de todos. Maria tropeçara, e magoara-se. Como os pais eram contra que Maria brincasse a esse jogo ficou de castigo e ao longo de todo o verão fora obrigada a ler O Novíssimo Testamento, "para aprender a ser uma boa menina", dizia a mãe.  Durante todo o verão, As Gémeas do Gelo que viviam no andar de baixo, tentaram convencer a mãe de Maria a tirar-lhe o castigo para brincarem todas juntas, mas a mãe insistia que a filha precisava de encontrar A Luz que tinha dentro de si, para se portar bem e ser uma boa menina, mas a menina não encontrava essa tal luz e apenas se sentia como O Prisioneiro do Céu, na torre da sua casa, qual Rapunzel.

 

Entretanto nas montanhas, a luz voltou para alegria de todos e finalmente surge João do escuro de joelhos, carregando cuidadosamente nas suas mãos A pérola mais bela que alguém alguma vez já vira, abraçando a sua amada enquanto lhe dizia baixinho ao ouvido: Vamos viver para Paris!

 

 

E eu que sou conhecida por ter histórias com finais trágicos, começo assim 2017 com uma história com final feliz, tomem lá esta, suas más línguas, tomem!

 

E os nomeados são:

- Desculpa Magda, sei que te vai dar um trabalho desgraçado, coragem m'lher! [Acho que não faz mal se fizeres uma seleção prévia!]

- Pandorinha, não podes faltar a este desafio, escrita criativa e livros que mais podias desejar para começar bem o ano?

- Cumékeé Maria, temos palavras e livros, conto contigo?

- FatiaMor, como estivemos de leituras em 2016? 'Bora lá, bem sei que não fazes reviwes dos livros, desenrasca-te com os links para a wook!

- Inês, quão trabalhoso é fazer uma tira, ou uma banda desenhada inteira, com uma história?

 

Boas histórias a todos e que 2017 seja um ano de muitas e boas leituras!

Os 10 Mandamentos dos Blogs para 2017

O ano passado, quando o blog fez um ano, criei uma lista de dicas que considerava - e ainda considero - importantes para os novos bloggers que diariamente se juntam a esta grande comunidade. Agora que um novo blogo-ano começou - benze-te Mula, benze-te - e como tenho a mania que já cá ando há pouco algum tempo, e que sei umas coisas - apesar de não saber efetivamente nada - venho por este meio difundir, irmãos, os 10 Mandamentos dos Blogs para uma convivência saudável entre todos, no novo ano que amanhece.

 

Irmãos, destes 10 mandamentos depende, não o sucesso do vosso blog, mas a convivência agradável entre publicadores e seguidores, e seguidores e publicadores - mas não é tudo a mesma coisa? puff, óbvio que não! - e assim alcançar a paz entre todos. Se a vossa blogo-vida tiver em conta estes 10 pequenos enormes detalhes, verão como a vossa blog-vida será bastante mais feliz. Não digo que terão mais destaques, nem mais seguidores, mas pode ser que aumentem o respeito daqueles que já vos seguem e vos apreciam, ou talvez não, na realidade nunca se sabe.

 

Ora então.

 

10 mandamentos blog.png

 

 

1 - Amarás o Sapo sobre todas as coisas.

O Sapo é a nossa casa, é a minha pelo menos, e apesar de não concordar com algumas fórmulas atualmente existentes, não devemos cuspir na mão que nos acolhe e nos alimenta o ego de quando em vez. Não ameacem por isso constantemente irem para outras plataformas, se quiserem mudar, mudem, mas façam-nos com consciência e não por birra.

 

2 - Não usarás o nome de outros blogs em vão.

Há por aí uma certa atração em criar conflitos e atacar outros blogs e bloggers em troca de comentários e novos seguidores, ainda que esses novos comentários e novos seguidores sejam adoradores do diabo. Já se sabe, quem é que não gosta de uma boa cusquice e muita má língua? No entanto é inegável que esse movimento durará apenas o tempo do post, ou seja, um dia ou dois. Pensem bem se querem um blog para fazer pactos com o diabo e viverem para atacarem os outros, pensem bem no propósito do vosso blog e cumpram-no.

 

3 - Não farás spam em blogs alheios.

Se publicarem com o vosso login, é só carregar no vosso nome e vamos direitinhos para os vossos blogs, sejam do sapo ou não. Não é necessário escreverem o link do vosso blog sempre que comentarem alguém. Tornará a comunicação muito mais limpa e menos irritante.

 

4 - Honrarás todos os teus seguidores, mesmo os que te odeiam.

Como já disse outras vezes, não há melhores ou piores seguidores. Há seguidores. Ponto final, parágrafo. Se uns são mais comunicativos que outros, é discutível, mas quando escrevemos num blog deve ser essencialmente para que nos leiam, não propriamente para que nos comentem porque nem sempre as pessoas poderão ter vontade, disponibilidade, e poderão até não vir a acrescentar nada do que dissemos. Acho que é mais relevante que nos leiam, que nos reconheçam mérito, que gostem do que por cá aparece escrito e acima de tudo, que voltem! Mesmo os haters, se perderam tempo em nos odiar é porque até para eles despertamos atenção. Por isso nunca pensem: "mas ela comentou aquela e não me comentou a mim, já não vou ao blog dela!" A sério, respeitem todos os vossos seguidores por igual e não por aquilo que fazem ou escrevem nos outros.

 

5 - Não matarás publicações alheias.

Alguém escreveu algo que parece belíssimo, inovador, fantástico, com imensa piada, e vocês vão lá e dizem "Puff já escrevi sobre isto!" Podem dizê-lo se sentirem essa necessidade, mas...

 

6 - Não acometerás sobre a língua materna, normalmente, o português.

Toda a gente tem direito a errar, até porque como alguém um dia escreveu "herrar é umano", eu dou erros e ninguém é suficientemente perfeito para não os dar, no entanto, quando em cada 5 palavras, quatro estão erradas e até na quinta a vírgula está mal colocada, algo vai mal, algo vai muito mal... Ali em cima existe um corretor ortográfico, já disse isto e volto a dizer: usem e abusem do corretor ortográfico.

 

7 - Não roubarás publicações alheias, nem acometerás sobre a propriedade intelectual de outrem.

Não vale a pena, se for plágio vai sempre perceber-se independentemente do tempo que passar, porque uma coisa é duas pessoas escreverem sobre o mesmo assunto: aí será sempre diferente, porque são duas pessoas diferentes a fazê-lo, com opiniões diferentes, com questões diferentes e até muitas das vezes, com pontos de vista diferentes. Outra coisa totalmente distinta, é escrever o mesmo que a outra pessoa escreveu apenas por outras palavras, porque até teve recetividade, e "'bora lá ver se ninguém percebe que isto foi tirado ali do blog ao lado".

 

8 - Não levantarás falsos testemunhos sobre as histórias contadas por outrem.

Cada pessoa tem o direito a contar o que bem quiser e bem lhe apetecer. Quantas pessoas inventam no facebook vidas perfeitas que não o são efetivamente? Como disse em cima, cada pessoa cria o blog com o propósito que lhe for conveniente e o importante é sentir-se satisfeita com o resultado e divertir os outros, que no fundo lemos os blogs dos outros para nos divertirmos um bocadinho, não é verdade?

 

9 - Não publicarás com vista exclusiva às parcerias.

Publiquem o que vos vai na alma. Publiquem aquilo que vos deixa confortáveis, falem sobre o que vocês gostam, e como gostam e porque gostam. Não publiquem apenas com vista a tentarem parcerias, não se deixem dominar pelo que os outros conseguem e que vocês também possam querer. Por isso sejam sinceros nas vossas reviews, escrevam verdadeiramente o que acham e sentem e assim os outros voltarão para procurar a nossa verdade e não a verdade das marcas.

 

10 - Não cobiçarás sucessos alheios.

Só porque a inveja pura e dura é muito feia.

 

 

Que 2017 seja um blogo-ano fantástico para todos vós!

 

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.