Eu já fui tirar pontos e quem mos tirou foi um estagiário de enfermagem inexperiente. Ele não queria tirar, os pontos estavam muito apertados, ele sabia que me ia magoar, a enfermeira que o acompanhava obrigou-o... E quem sofreu, quem foi?
No fundo sofremos os dois: eu, cheia de dores, ele, por não me estar a conseguir ajudar. O olhar de desespero dele contrastava com os meus olhos arregalados... Bem sei que eles também têm de aprender mas...
Os pontos eram no lábio inferior, para vos sintonizar, e doía-me a falar, quanto mais com tal carnificina! Quando me lembro ainda sinto vontade de chorar...
Nem acredito que ela já chegou... Tão sexy, tão sedutora, tão amavel e generosa... Mas tão atrasada a danadinha. Tanto a esperei. Estou encantada! E que saudades eu tinha dela...
... Finalmente a sexta-feira chegou! Estava a ver que não!
O meu regresso ao trabalho está divido em vários sentimentos: o maior deles todos, a felicidade, quer por ter encontrado finalmente um emprego, quer por ter encontrado uma empresa que parece acreditar e apoiar os seus trabalhadores. Logo de seguida, o sentimento de cansaço extremo. Sinto-me completamente esgotada. E ainda só se passou semana e meia.
Tenho aprendido muito rápido, tenho evoluído bem, mas denoto em mim uma grande dificuldade de concentração, tenho precisado de fazer o dobro do esforço para ouvir, para fazer e para agir. Não sei se foi do tempo que estive parada, não sei se foi dos anos que passei na loja com acesso a luz solar e onde o cérebro poderia ficar em casa, não sei se é de acordar praticamente de madrugada e muito menos sei se é de ter sido enjaulada num escritório como tanto desejei, como sempre desejei. A verdade é que sempre fui uma pessoa noturna, sempre funcionei melhor de noite, e isto de acordar de madrugada não ajuda em nada, mas a verdade é que já trabalhei outras vezes de manhã e isto nunca me aconteceu. Neste momento o que sinto é que o meu Tico e o meu Teco fizeram malas e tiraram férias, sinto-me descoordenada, ao ponto de realizar uma tarefa e num momento a seguir já não me lembrar o que fiz, porque fiz, com quem fiz. A sorte é que disfarço bem... Acho eu. Às vezes tenho medo de falhar e de desiludir quem acreditou em mim. Tenho acima de tudo medo de me desiludir a mim mesma. Tenho mesmo muito medo. Dou por mim a berrar comigo internamente. Pára Mula. Pára. Respira. Bebe água. Bebe só mais um café. E tudo acalma e eu regresso a mim. Mas passado uns momentos tudo regressa.
Sinto-me tão feliz e tão amedrontada. Tão enérgica e tão cansada. É uma completa sinestesia.
Pareço doida, bem sei. Que há um montão de gente que queria estar no meu lugar, e não me interpretem mal. Já vos disse que estou feliz? Estou mesmo. Acho que apenas achei que iria ser mais fácil regressar, que o meu corpo iria se adaptar mais rapidamente à nova rotina, e assim não está a ser... Acho que me sinto desiludida por estar a ser mais difícil do que esperava, mais difícil do que estava preparada.
Acho que os 30, são os novos 50. Pelo menos os meus. Estou a um pequeno passo, a poucos dias de fazer 29 anos e não me sinto com a energia de alguém de vinte, apesar do corpo ser de vinte. Sinto-me tão mais esgotada que um corpo de 30... Sou tão jovem e já tão esgotada...
Preciso de ler, tenho saudades de ler perdidamente e não consigo. Preciso de ouvir música, tenho saudades de ouvir música, mas preciso de silêncio. Quando chego a casa tenho um montão de coisas para fazer mas só quero estar quieta, quero dormir, porque amanhã o despertador volta a tocar às 6h30. Quero fazer tanta coisa mas consigo fazer tão pouca coisa...
Não preciso de férias, que de férias já estive demasiado tempo. Mas preciso de me adaptar rapidamente sob pena de enlouquecer...
Descobri que o Mulo é daltónico, e o pior é que ele quer-me levar a crer que eu, mulher possuidora de milhões de cones nos olhos, é que sou.
Esta semana pedi-lhe para me chegar uma taça de plástico branca que estava num armário ao qual eu não chego. Sou pequenina tá? Ao qual ele prontamente me responde: "Mas não há aqui nenhuma taça branca. Tens aqui duas: uma cinza e uma cor de rosa."
São as duas brancas, vos garanto que são.
O branco que ele chamou cinza ainda admito essa possibilidade que ele é assim meio sarapintado e como é velho, já está descolorado e então admito que possa ser mais cinza que branco - ainda que seja originalmente branco. O outro, não é rosa, vos garanto que não é. Certo que já não é branco puro como originalmente era, também já não é muito novo, mas que continua branco... Mas ele lá insistiu que não, que era cor-de-rosa e que até ia arranjar não sei o quê na Internet para me provar que aquilo era rosa.
Até equacionei publicar foto na Internet para perguntar à galera a cor do recipiciente e voltar a dividir os comentadores, mas acho que o mundo já está suficientemente dividido, e não fosse existir uns tantos daltónicos que lhe dessem razão o melhor é continuar-mos assim. Encolhi os ombros e segui com a minha vida. Mas vos garanto, aquilo é branco, quase que podia chamar o moço da TIDE e provar que branco mais branco não há.
Toda a minha vida sonhei em trabalhar num local quente, num local que precisasse de pouca roupa. Temos de ter cuidado com o que sonhamos: Sem contar passei a trabalhar num local efetivamente quente. Na sala do café chego a sentir-me no Alentejo em pleno verão, ao ponto de suar em bica!
Fui fazer a manicura à Jean Louis David, pela primeira e última vez. Não gostei nem um pouco.
Já tinha ido às boutiques da baixa e não gostei, agora fui ao cabeleireiro pseudo-chique e ainda pior. Efetivamente não dou para dondoca, não me dou em locais pseudo-chiques. Mas vamos por partes, que já vos explico porquê.
Recordam-se que adiei a minha manicura? Pois é, para além de ter esmurrado as unhas logo de seguida, também falhei a nova marcação por ter começado a trabalhar. Estava com as minhas unhas num verdadeiro horror. Imaginem, eu que costumo fazer de 3 em 3 semanas, na pior das hipóteses de 4 em 4, já estava há 6 semanas sem arranjar as ditas. Estava por isso com elas enormes - que não me dava jeito para fazer nada -, e todas esmurradas. Sorte a minha que estava com francesa e não se notava muito e acredito que à vista desarmada até parecessem estar bem. Só que não estavam nada bem.
Tentei marcar novamente com a minha manicura, mas ela não tinha vaga para quando eu podia. Eis que tive de meter os pés ao caminho e ir a outro local fazer. Como estou a trabalhar perto do Norteshopping, decidi ir à Nails4'Us arranjar, que já ouvi falar bem do serviço. No entanto, as meninas estavam ocupadas, eu estava com um pouco de pressa, e vi que a Jean Louis David também tinha serviço de unhas e lá fui eu.
Primeiro, o ar de enjoado das funcionárias tirou-me do sério, mas com isso eu já contava. Passei à frente, ultrapassei a coisa. Perguntei se era possível ser atendida naquele preciso momento e arranjaram-me uma manicura para me arranjar as unhas. E aqui começou o verdadeiro horror.
O lugar onde fazem as unhas é super desconfortável, o método é completamente arcaico. Cobram como se prestassem um serviço de excelência, quando na realidade prestam um serviço terrível e terrivelmente demorado. Se tivesse sido a minha primeira experiência com o gelinho, podem crer que nunca teria repetido o processo.
Para terem uma noção das diferenças, a "minha" Ana - a menina que mas enfeita - trabalha de frente para mim. Eu estou confortavelmente sentada com as mãos apoiadas numa mesa com uma almofadinha e ela está a trabalhar ali confortavelmente - quer para ela, quer para mim. Tem dois aparelhos de luz UV - um de cada lado, um para cada mão -, remove o gelinho com lixa elétrica, e o serviço demora entre 40 a 60 minutos, é algo relativamente rápido.
Ali na Jean Louis David não tinham nada disto, uma hora foi só para removerem o verniz das minhas unhas. Então, já já de seguida:
Oito razões para nunca mais fazer manicura na Jean Louis David:
Primeira: Implicou com o verniz gel que trazia colocado, e levaram-me mais pela remoção sem me avisarem dessa questão. "Ai que este verniz é tão espesso, não sei se vai sair, não sei se conseguimos tirar isto!" Então, mas se cobram 20€ por uma manicura não deveriam de ter material que se adaptasse a diferentes realidades? Não acho normal... A "minha" Ana cobra-me menos 10€ e tem um serviço de excelência.
Segunda: Não trabalham de frente para os clientes, não têm uma mesa de trabalho, trabalham naqueles banquinhos com rodas como antigamente havia nos cabeleireiros, e trabalhou ao meu lado, sem um local onde eu pudesse apoiar os braços. Já vos disse que a "minha" Ana tem uma mesa de trabalho? Pois já...
Terceira: Não têm lixa elétrica, removeram-me com algodão embebido numa espécie de acetona, colocaram-me pratas nas unhas, colocaram-me o aparelho de luz UV no colo (¿¿ WHAT ??), enfiei as duas mãos ali dentro - felizmente tenho mãos pequenas se não duvido que ali coubessem - e ali fiquei imenso tempo à espera. Depois lixaram-me as unhas manualmente, com uma lima de unhas e o processo é imensamente demorado. Já vos disse que a "minha" Ana, que é baratinha tem uma lixa elétrica e que me remove o verniz em 10/15 minutos? Pois, pois já...
Quarta: Como não têm uma mesa de trabalho, e como só têm um aparelho de luz UV, obrigava-me a cruzar os braços, a manter um no ar, e outro ali cruzado enfiado dentro do aparelho todo torto, enquanto ela pintava as unhas. Já vos disse que a "minha" Ana tem uma maquineta de cada lado para não me obrigar a fazer ginástica? Pois, pois já...
Quinta: Pena que só tenha visto em casa, que caso contrário teria reclamado, as unhas não estão propriamente direitas estão completamente mal limadas, irregulares e tortas... A "minha" Ana deixa-me sempre as unhas impecavelmente perfeitas.
Sexta: As lâmpadas UV queimavam-me e por várias vezes tive de tirar as unhas de lá do aparelho. Questionada a rapariga diz ser normal. Quando lhe explico que faço gelinho há 9 meses e tal nunca tinha acontecido, diz que as lâmpadas são diferentes mas para eu não me preocupar. Nunca a "minha" Ana me queimou ou magoou.
Sétima: A menina não posso dizer que fosse propriamente antipática, mas tinha uma falta de ética profissional que nem vos digo nem vos conto: "ai aposto que a sua manicura não usa este anti-bacteriano!" "ai aposto que a sua manicura não lhe limpa o gel" "ai aposto que a sua manicura isto e aquilo".
Oitava: Para além da falta de ética, tinha ainda falta de bom senso. Eu levava manicura francesa e ela atreveu-se a fazer o comentário de que não gostava nada de ver manicura francesa, que não achava nada bonito. Hmm... Atentar contra o bom gosto dos clientes não deveria de ser considerado crime? A "minha" Ana acreditem, nunca comentou as minhas opções, limita-se a pintar e não a opinar. Achei de tão mau tom...
Verdade, a "minha" Ana não me coloca um verniz pós fungos - felizmente não tenho esses problemas - e também é verdade que ela não passa um paninho após limpar o gel, mas a verdade é que a "minha" Ana sabe limar as unhas em condições, usa luvas e máscara - coisa que esta senhora desconhece - deixa-me confortável e deixa-me com as minhas unhas lindas perfeitas e maravilhosas. Esta rapariga só me deixou com as unhas arranjadas e felizmente dentro de 15 dias volto à "minha" Ana que me fez tanta falta!
E já agora, aqui têm o contacto para quem for desta zona e quiser experimentar. Porque se a Jean Louis David merece um puxão de orelhas pelo péssimo serviço, a "minha" Ana merece uma ovação em pé!