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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Esse espaço do demo: As áreas comuns

Áreas comuns. Tanto que se poderia falar das áreas comuns dos prédios, das garagens e afins e que cujo espaço tantos ocupam como se fosse seu.

 

Falei-vos aqui de que há quem ocupe com carros, hoje falo-vos de quem ocupa com bicicletas. Queríamos nós entrar, e estava pai e filho nesse espaço comum - que é de todos e não é de ninguém certo? - a arranjar uma bicicleta. Para variar, e porque adoram aquele cantinho, o local que ocupam é mesmo em frente ao meu lugar de estacionamento e cujo espaço nós necessitamos para manobrar, até porque não temos propriamente um smart, e a nossa carrinha é tudo menos pequena. Ali ficam os dois, como se estivessem na sua garagem de casa, impávidos e serenos enquanto nós aguardamos que se arrumem para podermos estacionar. Não se movem. Não se movem e ainda ficam a olhar com uma arrogância tal como se os estivéssemos realmente a incomodar num espaço que é deles, totalmente privado e pessoal. Fomo-nos aproximando devagarinho com a carrinha, e lá se decidiram a mover-se.

 

Acham que pediram desculpa? Que disseram boa tarde e pediram para aguardar?

 

Óbvio que não!

 

Uma nota: As áreas comuns são na realidade de ninguém, mas acabam por ser de todos, por isso haja bom senso... Mas acho que pedir bom senso nos dias de hoje é pedir demasiado! Mais depressa encontro uma nota de 500€ no chão do que bom senso nas pessoas!

 

Por isso deixo a questão: Meu espaço, minhas regras. Nosso espaço, regras de quem?

Há todo um mundo para além das câmaras

Não sou de ler revistas de famosos, nem Maria's nem afins, mas por vezes entre colegas e amigos é inevitável falar-se sobre pessoas que vemos diariamente na televisão, seja em novelas ou outros programas que tal. Entre estas conversas é habitual alguém já ter conhecido, ou ter-se cruzado, com alguém famoso e comentar o quão antipático era, o quão arrogante, ou pouco simpático apenas.

 

Não nos esqueçamos que há todo um mundo para além das câmaras. As pessoas, ainda que famosas, têm direito a ter uma vida, a terem problemas, a acordarem mal dispostas. 

 

Nós por vezes acordamos rabugentos, tentamos tomar café para ajudar e não ajuda, tentamos comer qualquer coisa doce e não nos adoçamos e vamos assim mesmo trabalhar: irritados, chatos e com uma falta de paciência que até mede dó. Só que muitos de nós conseguem esconder o mau feitio atrás de um ecrã de computador. Agora imaginem acordar num desses dias que não querem ver ninguém, porque acordaram assim, ou porque algo vos correu mal ao longo do dia, e ainda terem um monte de gente à vossa volta à espera que vocês sorriam, à espera que vocês digam qualquer coisa engraçada, à espera que vocês sejam algo que passaram a ideia que vocês seriam só que...

 

... Hoje não vos apetece!

 

Eu acho que não teria pachorra para ser famosa!

Escapadinha parte II - Bacalhôa Buddha Eden

Não estava esquecido, apenas estava sem tempo para vos falar sobre. Mas 'bora lá falar sobre um dos mais belos jardins de Portugal.

 

Se bem se lembram, para festejar o primeiro ano de casados fomos a Óbidos e aproveitamos que estávamos ali tão perto, fomos finalmente ao Bacalhôa Buddha Eden no Bombarral.

 

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O Buddha Eden é o maior jardim oriental da Europa, com mais de 700 estátuas ao longo de cerca de 35 hectares, na Quinta dos Loridos, no Bombarral. Pelo que percebi da visita, este jardim surgiu como homenagem à destruição dos Budas gigantes de Bamiyán no Afeganistão em 2001, por ordem do governo talibã, considerado um dos maiores atos de destruição cultural alguma vez visto. Assim nasce este jardim, também conhecido pelo Jardim da Paz, em 2006.

 

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Vejam logo à entrada, este enorme lago transmite uma tranquilidade incrível!

 

 

Apesar de ter como figuras principais os Budas, podemos ver muitos outros tipos de esculturas, algumas inclusive de autores portugueses como é da Joana Vasconcelos.

 

 

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Os castiçais de Joana Vasconcelos, construídos com garrafas de vidro. 

 

 

As diferentes esculturas estão agrupadas por tipo, como se de várias galerias de arte a céu aberto se tratasse, e de ano para ano o Buddha Eden Garden vai modificando as exposições, estando neste momento a ser ampliado. Pelo que a novidade é sempre uma boa desculpa para voltar. 

 

Existem duas formas de visitar este espaço, que podem ser combinadas: a pé ou de comboio próprio para o efeito. Nós, inocentes desta vida, desconhecendo a verdadeira extensão deste gigante espaço, optamos por ir a pé... Debaixo de 40º ao sol - sim, há na minha opinião poucas sombras que nos ajudem nos dias de verdadeiro terror meteorológico -, mas serviu para nos bronzearmos um pouco.

 

Uma das exposições que podemos ver, e um dos mais bonitos para mim, é o Jardim das Estátuas Africanas, em homenagem ao ao povo de Shona do Zimbabué, que há mais de 1000 anos esculpe com as próprias mãos a pedra para formar estátuas. Este povo mantem a crença que cada pedra tem um espírito vivo e que ao esculpir dá-se liberdade a essa espírito mas que influencia o resultado final.

 

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Apesar de nos terem dado um mapa logo à entrada, achei os percursos um pouco confusos, e por diversas vezes tivemos de andar para trás para ver uma exposição que tinha ficado esquecida algures. Acho que poderiam colocar placas - já que as exposições têm número associados - com as direções a seguir em cada trilho, já que uma boa parte do jardim é labiríntico, cheio de caminhos e percursos alternativos.

 

Gostei que esse jardim tivesse imensa água. Há imensos lagos por todo o lado, e alguns com pequenas cascatas. Adorei, torna o parque muito mais respirável. E o melhor de tudo é que são lagos com vida, com imensos peixes e tartarugas.

 

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Logo após as estátuas africanas temos o famoso Exército de Terracota constituído por cerca de 700 estátuas, todas pintadas à mão e todas diferentes. 

 

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E depois entramos oficialmente na terra dos Budas e são Budas por todo o lado.

 

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Já agora uma curiosidade. Durante muitos anos, os Budas que as pessoas tinham em casa - para dar sorte, dizem - era um Buda muito diferente do atual. Se bem se recordam, era aquele que está ali em dourado, o gordinho. Durante muito tempo achava-se que esse é que era o símbolo do budismo, mas é errado. Esta figura do Buda gordo surgiu durante a dinastia Sung (de 960 até 1275) na China, no entanto este gordinho era na realidade um budista chinês, também conhecido por Maitreya, cuja simbologia passa pela futura reencarnação de Sidarta Gautama - fundador do budismo e verdadeiro Buda - para que os ensinamentos nunca sejam esquecidos. A explicação de que Sidarta Gautama é magro - e daí o verdadeiro símbolo dever ser representado por um Buda magro - é de que não comia para procurar o seu Nirvana.

 

Bem, mas deixemo-nos de explicações e passemos para o que realmente importa.

 

Um das parte mais belas, para mim claro, deste jardim é o Lago do Pagode.

 

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É um lago que nos transmite tanta calma... E entrando no coreto do lago é um momento quase mágico, silencioso... Ficamos totalmente em paz. 

 

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Vistas do coreto

 

Junto ao coreto, tem uma fonte onde nos podemos refrescar. Acreditem, se forem lá no verão vão dar imensa importância a esta fonte. Apesar de ser proibido fazer piqueniques no parque tem uma cafetaria com preços acessíveis onde podemos beber e comer, com uma boa esplanada com sombra.

 

A minha grande crítica desta visita vai para as pessoas. Há muita falta de respeito. Ficam séculos coladas às estátuas para tirarem fotografias, sem se importarem se há pessoas a querer tirar fotos sem que elas estejam à frente, fazem muito barulho, correm e berram, e acho que neste jardim deveria de ser totalmente o oposto. Não peço que as pessoas o visitem em tom de meditação, mas acho que deveria de existir um maior respeito pelos demais.

 

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No final, na despedida ainda passamos pela loja de vinhos e deram-nos a provar o novo espumante azul que a Bacalhôa agora tem, e que vos posso dizer que é bom, bom, bom, bom, fresquinho é mesmo tudo de bom!

 

Estava mesmo muito calor, confesso-vos que a visita foi um tanto sofrida, mas tenciono voltar, com uma temperatura mais agradável para poder aproveitar muito mais do que o espaço oferece, de preferência em época baixa com poucas pessoas a visitar para conseguir tirar fotografias em condições ao que realmente importa.

 

E vocês já conhecem o Bacalhôa Buddha Eden?

Semana 29 - Desafio 365 Fotos

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Porque adoro flores, e nesta altura as flores estão tão bonitas, foi uma semana cheia de flores!

 

Foto 1- Não sei como isto se chama, mas sempre achei bonito, parece nenufares da terra!

Foto 2- Mensagem de café na própria chávena dos armazéns do café: "É mais fácil trocar de religião do que de café" de Georges Courteline.

Foto 3- Já vos disse que estou a adora o livro Para onde vão os guarda-chuvas? É que estou a adorar mesmo!

Foto 4- O fim-de-semana tem de ter sushi se não fico desconsolada. Sushi Night!

Foto 5- Esta é já uma foto antiga, foi tirada em Cuba do nosso Alentejo. Já vos disse que adoro girassóis não já?

Foto 6- Um gatito que encontrei no meu caminho por estes dias.

Foto 7- Um nenúfar, adooooro nenúfares. Esta foi tirada no Buddah Eden, que vos vou falar amanhã. Fiquem desse lado, vão adorar este jardim.

 

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Petiscar ou não petiscar eis a questão, mas fomos à Petiscaria, pelo sim e pelo não.

Como tem sido habitual ultimamente, sexta-feira é dia de opinião de algum restaurante que experimentamos por estes dias. Assim vou falar-vos da Petiscaria Santo António, que ainda com os seus quês de bom, que tinha tudo para correr bem, mas que não foi uma experiência tão agradável assim, o que na minha humilde opinião - que vale o que vale - é uma grande pena, porque tinha tudo para dar certo.

 

(imagem retirada daqui)

 

Fomos à Petiscaria Santo António na baixa do Porto por puro acaso. A ideia era ir comer uma sande de pernil e umas tábuas de queijos e enchidos ao Lareira, mas estava fechado por ser domingo e acabamos então nesta petisqueira.

 

O espaço é visualmente agradável: tem uma pequena esplanada cá fora, o interior também está muito mimoso e apesar de ser bastante pequeno está muito bem organizado. Tem ainda um grande espelho a todo o comprimento que dá a sensação de ser bastante maior. A esplanada estava cheia quando fomos, acabamos por ficar no interior. Sozinhos. Zero música ambiente, primeiro ponto negativo, o que originou que ouvíssemos as discussões entre o patrão - suponho! - e os funcionários, segundo ponto negativo. Mal nos sentamos referiram-nos que o multibanco estava avariado mas que poderíamos levantar dinheiro logo ao lado - a dois passos do restaurante - por isso não foi problemático.

 

Começamos a ver a carta.

 

A carta está muito bem desenvolvida e ficamos com vontade de experimentar tudo o que nela contem. Primeiro grande ponto positivo. De entre tudo o que vimos, e tendo em conta que eu agora tenho um estômago de passarinho, optamos por duas entradas e um prato a partilhar - ainda assim pagamos mais de 20€, como podem ver barato não é. Para beber, cerveja artesanal da casa que vos posso dizer que é realmente boa apesar que deveria de estar mais fresca, tendo em conta que era de pressão, mas era realmente muito saborosa.

 

Pedimos as entradas e nos entretantos trouxeram-nos o couvert, que apenas comemos o pão - muito bom! - e as azeitonas - duras, saborosas, mais um ponto positivo - dispensamos as cenouras à algarvia - que já como cenouras suficientes no meu dia-a-dia - e os tremoços que não me pareceram vir salgados - que é como gostamos deles, bem salgadinhos.

 

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Estávamos sossegados, entretidos com as azeitonas até que ouvimos um......... PLIM! "Hmmm..." pensei. Mas desvalorizei, mas eis que chegam as nossas entradas:

 

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- Duas pataniscas de bacalhau que apesar de não chegarem a ser más, bacalhau não encontrei, por isso, digamos que o pastelito frito não era mau, que chamar áquilo patanisca de ba-ca-lhau é capaz de insultar as pataniscas do meu sogro - tão boas, tão boas, tão boas - e não queremos isso. Ah a fotografia só chegou a tempo da segunda patanisca, perdão por isso.

 

- E ovos mexidos com farinheira. Estavam muito bons, a verdade é essa. Apesar de pelo que percebi terem sido reaquecidos, a verdade é que se não tivesse ouvido o plim do microondas nunca diria que eram reaquecidas. As tostas, eram mázinhas porque vieram frias, mas aqueles ovos com o pão que veio anteriormente foi delicioso.

 

[Vêm a importância de música ambiente? Para além de não termos ouvido as pessoas a discutir, também não ouviríamos o plim do microondas]

 

Chegou assim que terminamos as entradas e após mais alguns Plim! Plim! Plim! o nosso prato principal: Alheira com puré de maçã e esparregado.

 

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Da batata palha nem me vou pronunciar, porque há efetivamente quem goste - não é o meu caso - e nem tão pouco estava na descrição do prato por isso vi-a como um extra e não me pronuncio. No geral, estava satisfatório mas, alheira que se prese - ou não tivesse eu crescido a comer alheiras de Trás-os-Montes - tem de vir com a pele estaladiça - mas claro que isso no microondas não se consegue - e esta vinha mole, e por isso acabei por não a comer. O esparregado não sabia a esparregado, sabia apenas a caldos knorr - ou outra marca da mesma espécie -  salva-se o puré de maçã que estava bom, porque realmente as maçãs no microondas ficam boas e por isso não há nada a apontar.

 

Quanto aos funcionários: O que nos atendeu era simpático, outro que por lá andava nem simpático nem competente, uma vez que pedimos mais uma cerveja, e apesar de não estar a fazer rigorosamente nada disse que não era com ele que tinha de ser com o colega, e em vez de chamar o colega, encostou-se ao balcão.

 

Não posso dizer que odiei, porque não é verdade, no geral estava bom, e se fosse serviço ali na esquina por 10€ estaria muito bem. Mas para um restaurante todo pipi que se apresenta como sendo uma petiscaria e que nos cobra por tudo isto vinte e dois euros e meio, acho absurdo e mau, porque para comer comida aquecida, já me basta ao almoço durante os dias de trabalho.

 

Com muita pena, chumbo este restaurante e não tenciono lá voltar.

 

Alguém já conhecia este espaço, que tenha uma opinião diferente?

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.