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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Lutar contra o excesso de peso # Inspiração da Semana

A partilha desta semana é de uma menina que muitos de vós conhecem. O testemunho da luta contra o excesso de peso desta vez pertence à miss queer. E que luta! Vejam por vocês mesmos! Antes de mais, muito obrigada miss queer, por teres partilhado a tua história connosco, és uma verdadeira inspiração!

 

13 de abril de 2006.

 

Este foi o dia em que começou o meu pesadelo. O dia que ditou que tivesse de tomar cortisona durante cinco anos.

 

Já era uma menina ligeiramente acima do peso. Mas a cortisona levou a que este aumentasse... de 65 kg passei para mais de 80.

 

Solução? Ginásio. Todos os dias, 2 a 3 horas de cardio e musculação. Ganhei muito músculo. O peso aumentou, graças a isso. Mas como a cortisona se mantinha...

 

Fui para uma nutricionista dessas da moda. Obrigava-me a substituir refeições por barritas. Não me deixava comer fruta durante não sei quanto tempo. Eu só tinha 18 anos! Perdi peso, sim. Mas quando saí de lá e retomei a alimentação normal, o peso voltou... com mais alguns quilos de acréscimo.

 

Entrada na faculdade - em enfermagem -, o stress e o não me sentir feliz. Não era pelo peso. Não era por gozarem comigo. Apesar de tímida, sempre fui uma miúda popular, que aprendeu a mascarar a insegurança. Simplesmente tinha muito peso em cima. E não falo dos quilos. E não gostava do curso.

 

Fui a um endocrinologista que me queria obrigar a ter dois dias com apenas quatro refeições: só poderia comer iogurte, chá, sopa ou leite. E não poderia misturar. Não, doutor, nunca o pus em prática.

 

Fui a outra nutricionista... mas eu era uma miúda fraca. Com muita pena de mim. Aliado a ela também não se ter tentado adaptar à minha vida. «Ai que eu não tenho tempo para fazer esse lanche.» «Como tudo menos sopa.» Escusado será dizer que desisti.

 

A culpa foi minha, neste último caso. Era eu que só arranjava desculpas para não sair da minha zona de conforto.

 

Finalmente, em 2011, aos 22 anos, pude reduzir e, posteriormente, parar a cortisona. Decidi que ia ser naquele momento.

 

Falaram-me numa nutricionista e eu lá fui. 87 kg.

 

Fiz tudo como me mandou - e a R. teve sempre o cuidado de adaptar os planos à minha rotina, a trabalhar por turnos - e era ver o peso a baixar, semana após semana, umas vezes mais, outras menos. Não, não comia de 3 em 3 horas, a minha rotina não permitia. Nem bebia leite. Mas comi sopa ao almoço e ao jantar. Variava as receitas todas as semanas ou de duas em duas semanas – para o organismo não se habituar e não deixar de responder. Não comi só cozidos e grelhados. Aprendi muitas formas de cozinhar, muitas misturas de ingredientes... E despedi-me dela com menos 20 kg, um sorriso e um «devia ter-te tirado uma fotografia antes, para mostrar às minhas clientes! És uma inspiração».

 

Em 2014 a maldita cortisona voltou à minha vida. E o ponteiro da balança subiu 7 kg. Felizmente foi uma situação passageira!

 

Continuei sempre com a minha alimentação, tal qual a R. me tinha educado. Parei novamente a cortisona e o peso regressou ao normal. Ou seja, a alimentação é importante, sim, mas com a cortisona estou sempre fodida.

 

Até que descobri a alimentação paleo. Só como quando tenho fome. Às vezes não tomo pequeno-almoço (só bebo café – o turbinado!). Quando lancho, como panquecas, bolos da caneca ou só frutos secos.

 

Não ingiro glúten ou lactose.

 

E a balança, que teimava em não descer dos 67kg, foi descendo, descendo... E às vezes já desce para os 59.

 

Mas o melhor de tudo... É que já tive colesterol elevado e essas tretas todas... E agora? Nunca estive tão saudável! Larguei a medicação para prevenir enxaquecas e não tenho tido enxaquecas. Tenho SOP e ultimamente não preciso de qualquer medicação para ter a menstruação - quando já estive mais de um ano sem ter... 

 

Não sou magra. Fininha. Nem quero. Gosto de mim assim e o meu corpo também gosta de mim assim.

 

É impossível não concordar que os profissionais nesta luta são de extrema importância. Não é preciso ir a um médico, a um nutricionista ou dietista para seguir uma qualquer dieta parva, que pode resultar ou não e que tanto mal nos pode fazer física e psicologicamente. É importante que encontremos pessoas na nossa vida que estejam dispostos verdadeiramente a ajudar-nos, a orientar-nos e não apenas a prescrever-nos um plano aleatório que já prescreveram a centenas de outras pessoas tão diferentes. Somos todos diferentes, e por isso temos necessidades diferentes e por isso as "dietas" são também diferentes. Acima de tudo precisamos de encontrar alguém que nos ajude a aprender a comer, porque essa é umas das principais razões da elevada percentagem de obesidade em Portugal. Não sabemos comer. Continuamos a comer como se trabalhássemos no campo de sol a sol, quando uma grande parte de nós trabalha é sentado e sem grande exigência física. Precisamos de alguém que nos ensine a comer tendo em conta as nossas necessidades. Felizmente a miss queer encontrou o seu caminho, encontrou essa pessoa, e eu também já compreendi que não é preciso só comer cozidos e grelhados, que se pode comer com sabor, com qualidade e ser feliz.

 

Muitos parabéns miss queer, espero daqui a uns tempos também poder contar a minha história com um final feliz, para já só conto uma história sem fim, ainda que pessoas como nós com tendência ao excesso de peso, nunca contem uma história destas com um fim!

 

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Partilhem a vossa história comigo. Enviem-me os vossos testemunhos por email para desabafosdamula@hotmail.com e aqui a Mula em altura oportuna partilha os vossos testemunhos aqui no blog. Testemunhos esses que poderão ajudar tanta gente na mesma luta. E se não quiserem que a vossa identidade seja revelada não há problema e que não seja esse o motivo da não partilha, digam-me, e o testemunho será publicado de modo totalmente anónimo. Vamos ajudar as pessoas a serem mais saudáveis?

 

Sexismo? Sim, não ou talvez?

Peço-vos ajuda para reflectirem comigo.

 

Tenho um colega - homem para não existir equívocos - que pelos vistos tem medo do escuro. A história poderia acabar aqui todos nos ríamos - vá  talvez não todos - e continuavamos a nossa insignificante vida. Mas não é isso. Não é bem isso para ser mais precisa.

 

Esta semana esse colega ia a uma casa de banho que fica numa ponta do edifício e  que para lá chegar tem de percorrer várias divisões que durante o dia são iluminadas através de luz natural. Mas estava de noite. À noite aquela parte do edifício fica apenas iluminada com umas luzes de presença - é possível acender a luz mas nunca sabemos do comando! - e ele regressa em poucos segundos e diz.

 

"Vou à do primeiro piso! Ali dentro está escuro... Prefiro não ir."

 

Ri-me!

 

Quem me conhece sabe que tenho medo do escuro. Tenho,  para ser mais precisa, muito medo do escuro! Mas mesmo àquela hora eu vou lá. Tem luz suficiente. Vê-se perfeitamente o que está em redor e mais além. Mas o moço tem medo. Pronto.

 

Não consigo evitar de pensar: mas este moço é um homem ou é um rato? Não querendo ofender ninguém, mas já ofendendo um bocadinho, para mim é um rato! Eu nunca seria capaz de estar com um homem que tivesse medo do escuro, até porque uma, das muitas representações que tenho dos homens é a da protecção.

 

Será sexismo do puro conceber a mulher como um ser a quem é permitido ter mais medos, e o homem como um ser a quem não é permitido possuir determinados medos só porque dá jeito às mulheres que os homens não os tenham?

 

Claro que eu como mulher posso escolher - como escolhi - de acordo com os meus ideais, mas será que criticar um homem por ter medo do escuro é o mesmo que dizer que o lugar do homem é lá fora a trabalhar e o da mulher é na cozinha a cozinhar?

 

Será que por eu criticar o facto de um homem ter medo do escuro e/ou dar gritinhos por ver uma aranha faz de mim uma sexista? 

 

Vá, homens e mulheres - que eu sou a favor da igualdade em algumas causas - desta blogoesfera, reflitam comigo.

Contrariedades

 

Não gosto de ser contrariada de um modo geral. Não digo com isto que não tolere outras opiniões e que sou irredutível, porque não é verdade, mas de um modo geral não gosto de ser contrariada. Aceito no entanto que as pessoas tenham outras perspetivas, outras maneiras de ver as coisas e que não concordem comigo. Aliás, adoro uma boa discussão, uma boa partilha de ideias, que tantas vezes levam a boas reflexões e outras tantas me levam a mudar a minha maneira de ver as coisas. Mas é preciso saber dizer as coisas, é preciso demonstrar que é uma opinião e não uma coação. Quando me contrariam sinto-me coagida a mudar de opinião. Não gosto.

 

O que eu não suporto, no fundo, é o absolutismo das contrariedades. Ou seja: "fazes mal isto, porque eu faço diferente!" ou "estás errada, porque eu já fiz isso e não fiz assim!" Não, não são assim que as coisas funcionam. Não é porque fazemos diferente, porque fazemos à nossa maneira, porque pensamos tendo em conta a nossa experiência que estamos errados. Não, não e não. Há tantas maneiras diferentes de percorrer o mesmo caminho. Há tantas maneiras diferentes de alcançar os mesmos objetivos. Há tantas maneiras diferentes de fazer as coisas e fazer bem!

 

Por isso não gosto de ser contrariada. Não gosto quando me dizem que eu estou errada só porque não sigo os mesmos pressupostos, quando eu sei que também estou certa, que também posso fazer bem, ainda que escolha outra maneira, ainda que não siga os carneirinhos, ainda que seja no fundo um pouco ovelha negra. Ou Mula negra, como quiserem.

 

Por isso o "porque não!" tira-me do sério. Por isso quando quiserem dizer-me que estou errada arranjem bons argumentos, mas daqueles verdadeiramente válidos, dos incontestáveis ou de outra forma irei irritar-me apenas. "Porque eu não faço assim e faço bem" não é argumento!

 

Ainda esta semana no trabalho ouvi o melhor argumento de todos "Eu é que estou certa, porque sempre fiz assim e nunca me disseram que eu estava errada!" e a outra pessoa também disse "mas eu também sempre fiz desta maneira [diferente da da primeira] e também nunca me disseram que fazia mal..." e a discussão fluiu sem que alguém concluísse o que era certo ou errado. O pior? O pior é que a primeira pessoa estava completamente errada - provado por a+b - e não muda a sua maneira de fazer porque "nunca foi chamada a atenção!"

 

Como tudo isto me tira do sério... ó se tira!

Curtas do dia #921

Quando achamos que já vimos tudo nesta vida... Encontramos um gajo de leggins no ginásio!

 

 

 

Estão a ver aquelas moçoilas a quem se vê umas pequenas - ou grandes, vá, depende! - lombas entre as pernas nas fantásticas leggins quando são demasiado justas e o pano de péssima qualidade? Pronto, agora imaginem essas mesmas leggins demasiado justas e com pano de péssima qualidade num gajo - pior, eu tenho a certeza que aquilo era legging que gaja! Três palavras: HO-RRÍ-VEL!

Desafio de Cinema | 52 filmes em 52 semanas

#8 Melhor filme lançado em 2015

Aqui teríamos uma repetição. Acho que um dos melhores filmes de 2015 foi o de animação: Divertida Mente. Mas só porque o último capítulo dos Jogos de Fome também estreou neste ano e porque sou fã da saga, e porque não quero repetições, escolho então o The Hunger Games: A Revolta - Parte 2. Não acho que tenha sido o melhor filme da saga, mas um grande final é sempre um grande final!

 

 

Quem daqui é fã da saga?

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