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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Uma espécie de Review de alguém que não percebe nada disto: Sou Sexy, Eu Sei!

Assim que vi o trailer fiquei curiosa, não sabia, no entanto, o que esperar propriamente. Adianto-vos já, para quem quiser já ir embora, que gostei muito e é um filme que passa uma mensagem incrível sobre a ditadura da imagem que quer homens quer mulheres vivem diariamente.

 

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Sou Sexy, Eu Sei! relata a história de Renee que devido a uns quilos a mais é bastante insegura e até amargurada apesar de tentar camuflar esses sentimentos. Vemos neste filme, que ser mulher num corpo de gorda nem sempre é fácil. Não é fácil encontrar roupa, ou pessoas que queiram vender roupa em determinadas marcas, as saídas de grupo podem revelar-se também frustradas na hora de tentar arranjar um companheiro, entre outras situações que extravasam bastante a ficção, que são reais, que acontecem diariamente.

 

O que o filme demonstra é que tantas vezes é assim, devido a uma falta de confiança e autoestima e que tantas outras vezes importa mais a nossa atitude do que a nossa aparência. No filme Renee cai de uma bicicleta numa aula de cycling - numa tentativa vã de emagrecer - e passa a ver-se de forma diferente. Desde aquele dia que se acha diferente, mais bonita, mais magra, mais sexy e passa a viver e a ser em função daquilo que acha ser. Essa mudança de atitude traz-lhe um namorado que adora, traz-lhe o seu emprego de sonho e muita diversão, no entanto Renee continua a ser Renee mesmo não sabendo e todo o filme se desenrola à volta do ser e não ser sobre si mesma.

 

Este é um filme de comédia que embora não nos roube gargalhadas do início o fim - por não ser um filme tolo! - nos deixa a pensar bastante sobre nós. É um filme que prova que realmente a forma como os outros nos vêm é importante e que temos de saber marcar a nossa posição e as nossas vontades neste mundo para conseguirmos o que queremos.

 

À parte da mensagem, é um filme que flui muito rapidamente, sem pontos mortos e por isso é um filme divertido que nos promete fazer passar uma tarde divertida.

 

Quem é que já viu? Gostaram?

Naked Attraction

Conhecem?

Já ouviram falar?

 

 

Para quem não conhece, uma breve descrição deste programa que dá na Sic Radical: É uma espécie de Tinder televisivo, ou seja, alguém procura homem ou mulher tendo por base as impressões a nu. Inicialmente só aparecerem as partes baixas das pessoas até aos genitais, e esse alguém vai ter de excluir um elemento tendo por base o pouco que vê - que às vezes não é tão pouco assim -; numa segunda fase, a cortina sobe para mostrar o tronco, e uma nova pessoa é eliminada tendo em conta exclusivamente o físico, e só quando restam apenas 4 elementos que a cara é mostrada permitindo uma nova avaliação. No final, os elementos falam, a pessoa que está a escolher fica também a nu e decide com quem vai sair para se conhecerem melhor e ver se o amor - ou tudo o resto! - surge.

 

Ó pá o programa é tão estúpido... Mas adoro ver! Nunca gostei de - nem vejo! -  Stories Secretas, nem de Loves no Topo nem de outros que tais, mas este acho-o muito engraçado e do ponto de vista social, dá para retirar imensas conclusões.

 

Gosto do facto de o programa não se limitar ao básico: Homens à procura de mulheres e mulheres à procura de homem. Há homens à procura de homens e mulheres à procura de mulheres, e aqui percebemos que a forma de caçar para uma queca procurar a alma gémea é diferente.

 

Retiro deste programa que as mulheres são claramente mais exigentes e picuinhas do que os homens, o que é curioso. Durante anos - e ainda nos dias de hoje - sempre se associou a mulher à pureza, à delicadeza, a uma pessoa apaixonada, e que por sua vez os homens olhavam para as mulheres como mercadoria, como objetos, e aqui vemos tanto o oposto... São mais as mulheres que olham para os homens como objetos. Para terem noção em alguns programas há mulheres que até os dentes dos homens foram avaliar - não é assim que se escolhem os cavalos? - e até o sotaque é motivo de exclusão. Já os homens acabam a parecer mais envergonhados e menos críticos no que toca ao físico do mulherio. Já as lésbicas não me parecem tão exigentes com os corpos femininos, ou tão picuinhas, mas os gays já me parecem muito mais exigentes tendo por base homens a avaliar mulheres e homens a avaliar homens.

 

O que mais me faz rir neste programa é quando as caras são reveladas. Tantas vezes os corpos nada têm que ver com as caras. Belos corpos carregam tantas vezes caras menos atrativas, e tantas vezes corpos mais desproporcionais que são no início eliminados correspondem a belíssimas caras e pessoas mais atrativas. E depois quando os vemos vestidos? Ai tantas vezes não têm nada que ver.

 

É curioso ver como há tantos corpos,  neste caso femininos, tão diferentes e por serem tão diferentes dos nossos nos faz olhar para nós e perceber que afinal o nosso peito não é tão grande, ou tão desproporcional, que afinal a nossa barriga até nem é má e que nem sempre umas pernas torneadas implicam um rabo jeitoso. Gosto também de perceber que nem sempre os corpos mais jeitosos são os escolhidos, que há outros pormenores que homens e mulheres dão valor para além de um corpo torneado e bronzeado.

 

Em introspetiva: Eu não seria capaz de participar, essencialmente pelo tipo de exposição, mas a verdade é que é o nosso corpo e não deve ser vergonha ou tabu mostrarmos o nosso corpo, ainda que na televisão. Os animais andam nus, e nós somos apenas mais um tipo de animal que talvez por termos bastante menos pelo, sentimos necessidade de nos cobrirmos. Inicialmente, claro, cobrimo-nos para nos protegermos do frio, mas atualmente é uma questão que ultrapassa muito a situação de calor ou frio. Mostrar determinadas partes do corpo é exibição, é vergonhoso. Certo, vivemos numa sociedade que assim o exige, mas parece-me também que vivemos numa sociedade que sexualiza demasiado os corpos e este tipo de programas - há outros, como o Adão e Eva e o Dating Naked - vêm tentar alterar um bocadinho as peças do jogo e quiçá alterar um pouco as mentalidades. Gosto de acreditar que sim.

 

À parte de tudo, e mesmo que não altere nada, sempre vemos - por vezes - umas pilinhas engraçadas caras interessantes.

 

Quem é que já viu o Naked Attraction, qual a vossa opinião?

Estou numa de escárnio e maldizer #5

E está visto que hoje em dia os anúncios de publicidade têm muito que se lhe diga, e estão a passar - a meu ver - informações muito diferentes das pretendidas.

 

Ora atentem no último anúncio feito pelo Ronaldo:

 

 

 

 

Já sei que sou suspeita para falar porque nunca fui fã do Ronaldo - porque não sou fã de vedetas - ainda que lhe tire o chapéu que é um bom jogador, e que está a elevar o nosso país lá fora, porque as pessoas começam a conhecer Portugal muito por causa dele, mas pronto, não gosto dele. Mas ainda assim, a forma como vejo este anúncio nada tem que ver com a opinião que tenho dele, mas pela mensagem errada que passa.

 

Mas poderíamos fazer aquilo que ele faz, realmente? Alguém poderia não se separar da sua bagagem num aeroporto como o anúncio assim demonstra? 

 

É que a mensagem que me passa não é "o melhor de viajar é o que trazemos de volta!" mas sim "porque aquele gajo é o melhor do mundo pode fazer o que bem lhe apetecer e fazer as exigências que lhe der na real gana!"

 

Vá lá criativos! Sejam um pouco mais específicos nas vossas mensagens porque quanto a mim vocês começam a divagar demasiado...

Não sei fazer nada

Semana passada fui a casa da mãe e em frente à casa da mãe tem um café. Não uma pastelaria, não uma confeitaria. Um café. Daqueles que as pessoas vão e ficam lá horas de cerveja na mão. Um café essencialmente para trabalhadores e moradores ali da zona.

 

Quando ali cheguei estavam dois senhores sentados cá fora na zona da esplanada. Estavam sentados só a olhar para nada. Não estavam a falar - nem sei se se conheciam - não estavam a ler, não estavam a fumar. Nada. Simplesmente sentados na esplanada a olhar - de fora? - para o mundo.

 

Estacionei, entrei e fui fazer o que tinha a fazer e ainda devo ter demorado 1 hora ou 1 hora e meia. Quando regresso para me ir embora aqueles dois senhores ainda ali estavam. Exatamente no mesmo sítio. Arriscar-me-ia até a dizer que ainda estavam na mesma posição. Ali, sentados a olhar - de fora? - para o mundo! Deu-me um certo arrepio.

 

Eu já não sei estar assim. Eu já não sei não fazer nada. Eu se estou quieta num sítio tenho de estar ou de telemóvel ou de livro na mão. Ou a conversar ou a comer... ou a beber. No meu trabalho quando não há trabalho - é raro, mas por vezes acontece durante uns minutos - eu fico com um comportamento altamente ansioso que é, começar a abrir e a fechar abas no computador, ou então pego no telemóvel e o problema termina. Quando estou à espera em algum serviço, tenho de levar qualquer coisa para fazer ou para ler porque eu não sei simplesmente estar quieta, sentada e a olhar para mundo, quer esteja dentro ou fora dele.

 

Por isso concluo que não sei fazer nada. Existindo apenas um único sítio onde isto pode acontecer, se estiver calor - mas tem de estar bastante calor - que é na praia. Aí sim, consigo estar simplesmente sentada ou deitada a torrar - a arder mesmo, que as torradas ficam castanhas e eu só fico vermelha! -, mas parece-me que é o único sítio. Mesmo quando estou a conduzir e paro num sinal vermelho durante algum tempo o meu comportamento é começar a cantar e a dançar - se já não o estiver a fazer!

 

E agora que penso nisto, isto é uma espécie de bichos carpinteiros que a minha mãe dizia que eu tinha... Isto até deveria de ser sintomas de um metabolismo acelerado não? É que não é...

 

E vocês? Ainda têm a capacidade de fazer nada? De estarem simplesmente sentadas e quietas a olhar a vida?

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.