E o curral da Mula, físico e virtual, está cada vez mais cheio de amor. Mais rico em vida e em pelos. Essencialmente em pelos. Ó roupa: rolos autocolantes a quanto obrigas!
Há quase duas semanas que abrimos portas a um novo membro, que cresceu muito, demasiado para o que estavam à espera e que por isso precisou de ser acolhido num novo lar. Abençoados aqueles que abrem as portas para acolher novos membros, essencialmente os de quatro patas.
Assim, já conhecem o Simba e a Kika e hoje apresento-vos o Hachi!
O Hachi tem 6 meses, 30 kg de pura gostosura e é do mais amoroso que há! Muito inteligente, obedece-me desde o primeiro dia, mas teimoso q.b. - acho que está na casa certa, tendo em conta que é uma casa de casmurros. Tem energia para dar e vender e bebe tanta ou mais água que um camelo - nem sei onde armazena tanta água! A cereja no topo do bolo é que não é fã nem de cães nem de gatos. E descobrimos que os nossos gatos também não são nada fãs de cães, ou pelo menos não são fãs do Hachi. Adivinham-se dias curiosos.
A reação do Hachi aos gatos - que os viu apenas por uma portinhola lá longe, muito longe... - foi de curiosidade, senti ali uma certa vontade de os cheirar de perto, quiçá dar-lhes umas mordidas de amor. A reação dos gatos ao Hachi foi de puro pânico. A Kika congelou, a cauda do Simba engordou, e sempre que o Hachi lá fora ladra, os gatos parece que se preparam para a terceira guerra mundial. E pronto é isto!
Estamos todos bem. Uma casa com animais é uma casa feliz! Por isso estamos todos bem.
Cliente tem uma intervenção numa viatura devido a um problema. Faço marcação para a intervenção da viatura para um dia e hora de preferência de cliente.
No final, o cliente faz-me uma pergunta de extrema pertinência:
Cliente: Diga-me uma coisa... Basta ir eu ou tenho de levar o carro?
Só para que não restem dúvidas, trabalho sector automóvel, não no da saúde! A intervenção era no carro, não no cliente... Não sei o que o cliente pretende realmente que eu lhe responda.
Tem dias que esvaziamos a alma e escrevemos mais do que devíamos ou queríamos. Porque estamos magoados, chateados, despeitados.
Tem dias que escrevemos com o coração e não com os dedos. Com a raiva e não com a mente. Com a impulsividade em vez da racionalidade. Tem dias que escrevemos porque precisamos, para nos aliviarmos, para ficarmos um pouco menos enfermos. Porque há palavras que moem de uma maneira cá dentro, que nos ferem aos poucos, até que nos matam. Eu escrevo para não morrer. Porque definhar a alma é morrer. Escrevo para me manter lúcida. Para me manter estável, para me manter sã. Porque como me disse a Nala ontem "A sensação de injustiça é como uma faca quente que nos espetam no estômago." E nada mais me dói que a injustiça, não me importo que me imputem responsabilidades do que fiz, mas nunca das que não tenho qualquer autoria.
Mas também há palavras que lidas e repetidas se tornam ainda maiores, e mais ferozes e mais devastadoras e por isso o texto de ontem regressou ao baú. Não é a primeira vez que retiro uma publicação por achar que já não vale a pena, que magoa mais do que faz bem, e certamente não será a última. Males de quem escreve com o orgulho e com o coração em vez da honra e racionalidade.
Não que o texto anterior tenha algo de mal, que não tem. Algo de mentira, que não tem. Algo de absurdo, que não tem. Mas limpou-me demasiado a alma e eu preciso de recuperar um pouco dessa alma, lê-lo e relê-lo não me faz bem.
Só para aqueles que não tiveram oportunidade de ler, falava-vos sobre mim, sobre o divórcio, sobre dor, e sobre uma maluca que decidiu perseguir-me até ao expoente da loucura e insultar-me aqui no blog, para de alguma maneira me tentar destabilizar e me tirar a calma. Alguém do lado dele, alguém que acha que eu sou algo de muito mau, muito podre e que mereço ser infeliz até ao final dos meus dias. Mas já não importa. A minha alma está limpa. E como muitos me disseram está na hora de seguir em frente e deixar de ter um passado que me atormente. E a verdade é que quanto menos pensamos nas coisas, mais pequenas as coisas se tornam e deixam de ser importantes.
A todos os que me apoiaram e deixaram as palavras de apreço, peço desculpa não vos responder individualmente, não vos ignorei, li e assimilei cada palavra, cada comentário, e todos estão guardados junto da publicação privada, ela aqui continuará, apenas não estará visível, nem para vocês nem para mim.
Estou bem... É mais caco menos caco, e por isso relembro aqui um dos meus posts favoritos: O Colecionador de Cacos, se fosse hoje não o teria escrito de forma diferente e já la vão 3 anos e meio...
E hoje, vou-vos contar uma pequena peripécia que me aconteceu há uns tempos. Riam, chorem, eu certamente fiquei corada de vergonha. Só mais uma prova do nosso pudismo enraizado. Na realidade não tem qualquer maldade ou vergonha mas eu se tivesse um buraco provavelmente teria ficado lá até ao check out.
Fui para um hotel, relativamente chique, num pack todo XPTO com direito SPA e miminhos no quarto - que para quem não sabe engloba sempre coisas altamente calóricas e carregadas de hidratos de carbono. Como não fui sozinha, levei comigo alguns objetos sexuais para nos divertirmos durante a estadia - sim, sou a favor de apimentar as relações com outras coisas que não se restrinjam a pequenos almoços na cama e sofá e pipocas - Após algum divertimento, fomos jantar.
Quando regressamos ao quarto ali estava a nossa maravilhosa ceia - champanhe, bonbons e bolachas, pelo que me consigo lembrar - na mesinha do quarto, mesmo ao lado da mesinha de cabeceira onde abandonamos à sua sorte preservativos, lubrificantes, algemas, chicotes e outras cenas que tais enquanto fomos todos pimpões jantar.
Imagino uma funcionária divertidíssima a tirar fotografias do cenário para mostrar às colegas... E acho que ainda hoje coro só de imaginar. E porquê? Porque fui educada num sentido diferente daquele que eu sou na realidade.
E porque hoje se fala de sexo:
Contem aqui à Mula a vossa maior peripécia... Ou a vossa maior vergonha... Hoje escolhem vocês!
Conteúdo com bolinha vermelha. És menor, virgem ou apenas sensível... É melhor ires fazer qualquer outra coisa de útil com a tua vida. Alerta-se para conteúdo ou linguagem considerada chocante.
A dESarrumada lançou o movimento, e eu acompanho-a na luta com as restantes meninas. E sim, parece que hoje e ao longo desta semana, aqui no blog se vai falar de...
Claro que com o tempo, e à medida que fui ficando mais exposta no blog, o tema sexo acabou por ficar de parte. Por tabu? Por vergonha? Não vos sei responder, talvez um bocadinho pelos dois.
Apesar de defender que o sexo é um tema como outro qualquer, e de ter respondido recentemente à dESarrumada que sim, que uma mulher pode falar publicamente de sexo, seja num blog, entre amigos, ou em praça pública, a verdade é que o que lhe tem vindo a acontecer é prova de que ainda é um tema, não tabu, mas muito estigmatizado. Homem que fala de sexo é macho. Mulher que fala de sexo é puta. Simples. Está provado por A+B que é assim. Infelizmente.
Quem acha que uma mulher que fala abertamente de sexo está literalmente aberta para qualquer pila, ou para qualquer macho, é o mesmo tipo de pessoa que acha "muito bem feito, porque estava a pedi-las" que uma miúda seja violada por andar de saia curta na rua. Porque já se sabe, é do conhecimento público: uma mulher que ande mais arrojada, ou decotada, na rua, sozinha, é porque quer levar com uma pila de um estranho à bruta num beco qualquer. Ai não é assim? Perdão. Pensei que fosse assim. Assim sendo... Será que já posso guardar a coleção de burcas que comprei em saldos na coleção Primavera-Verão 2015? Parece que não, porque parece que as mentes retrógradas ainda minam este mundo.
Choquem-se todos, e porque o movimento é #sexosemculpa aqui vai: Sou gaja, ando de saia curta na rua e gosto de sexo - não necessáriamente por esta ordem - e não, não quero que um qualquer homem ou mulher interprete isso como um estou disponível agora e sempre e a qualquer hora, até porque aqui a Mula só vai para a cama com quem quer, e quando quer, e se quer.
Vejamos... Também gosto de comer - toda a gente sabe que eu adooooro comer - , e não vou ao indiano manhoso ali da esquina. Nem como comida que cai no chão - bem aqui confesso que depende de muitos factores, inclusive de quem é o chão e do que cai efetivamente no chão e de quantos segundos... Mas adiante! -, nem como do lixo - nada contra quem o faz - nem comida roubada, nem vou a restaurantes que à partida têm mais lixo na panela do que eu no chão da garagem lá de casa. E no entanto, eu gosto mesmo muito de comer. Tanto como de fazer sexo - taco a taco, mesmo! - e no entanto não gosto de todas as comidas deste mundo, e apesar de parecer que não é bem assim, nem me apetece comer a todas as horas e até recuso comida.
Pelo mesmo motivo... Gosto de homens, e gosto de sexo, mas não faço sexo com todos os gajos que vejo, só porque são gajos e estão aparentemente disponíveis. Pensem comigo: Colocaram-nos alguns neurónios no crânio para nos distinguirmos um pouco dos cães, dos gatos e dos macacos.
Posto isto, não é por gostarmos de algo, que temos de ser selvagens e achar que esta vida são dois dias e o mundo é um buffet livre.
Agora não me fodam: Se é bom, a gente gosta, e como me disseram uma vez: se até os animaizinhos gostam, como não haveríamos nós de gostar? E por isso confesso que me choca um pouco algo tão bom ser tão problemático. Porque não temos problemas em mostrar os fantásticos pregos deliciosos com que nos lambuzamos, mas temos problemas em falar sobre as nossas fantasias sexuais, sobre as nossas aventuras e experiências, essencialmente quando somos mulheres, porque isso faz de nós desavergonhadas, putas, pouco sérias.
Lamento informar a todos os pudicos que o sexo é das coisas mais importantes do nosso mundo. Porque para além das espécies terem continuidade graças ao sexo, quando bem fodidos os nossos chefes fodem-nos muito menos a cabeça, porque quanto mais bem fodidos andam, mas felizes andam. E todo mundo sabe: chefes felizes e desestressados tratam melhor os seus funcionários, e é o que nós queremos!
Por isso só vos posso desejar: Tenham muito e bom sexo.
A Mula é gulosa e comilona, não é novidade para ninguém. A Mula não é esquisita a comer, isso também não é novidade para ninguém, mas vamos aqui deixar claro, que do que é banal a Mula não fala - a não ser para falar mal - mas do que é excecional a Mula não gosta de deixar passar.
E assim a Mula apaixonou-se pela Pregaria de Guimarães, bem ali no centro e é incrível como um espaço tão minúsculo tem uns pregos tão grandes e deliciosos. Mas já vamos lá.
Babem-se!
A originalidade dos nomes da ementa captou logo a minha atenção. O que vende, ou deve vender uma pregaria? Pregos, pois claro. Por isso os nomes dos produtos estão relacionados com ferragens e com materiais de construção. Curiosos? Vamos lá conhecer os melhores pregos do berço da Nação.
Enquanto nos decidíamos pelos pregos, porque aviso-vos já que o difícil é escolher, tratamos de pedir umas entradas. Dois folhados de alheira e cogumelos, que vinham com a massa estaladiça no ponto e com um tempero ótimo e uns jalapeños panados com recheio de queijo cheddar que vieram acompanhados com três molhos: barbacoa, caril - caril do bom! - e maionese.
Aviso desde já: Jalapenos 1 - Mula 0, que os ditos cujos vinham tão quentes que me queimei.
Tudo estava tão bom quanto parece e se vos parecer pouco, acrescentem mais uns quantos pontos, porque realmente merece. O atendimento é bom, apesar de um pouco lento, e a malta é simpática. Os preços... São os normais para restaurantes do género.
Para almoçar, entre parafusos, martelos, brocas, espetos e anilhas, optamos pelo telheiro - para mim - e pela porca - para ele. As batatas, uma vez mais vêm acompanhadas pelos três molhos - barbacoa, caril e maionese - e vêm cortadas em gomos grandes e são super estaladiças por fora e cremosas por dentro, tal como se quer uma batata frita.
Como podem ver o pão é rústico o que dá um outro encanto aos pregos e porcas desta casa. E a quem interessar, dispõe de uma carta interessante de cervejas para acompanhar. E basicamente é isto... E é nestas alturas que eu gostava a globalização do UberEats e poder comer os melhores pregos de Guimarães... no Porto!
Mas porque nem tudo nesta vida pode ser perfeito... Vamos a críticas? Até os melhores pregos de Guimarães têm críticas. A carta é demasiado extensa. Se me diverti com cada nome, a verdade é que têm demasiados pregos, demasiado parecidos o que dificulta imenso a escolha. Fiquei com a sensação de vários pregos serem iguais modificando apenas um ingrediente, e isso acho que facilitaria se colocassem uma lista de ingredientes extra que as pessoas pudessem acrescentar, caso desejassem, a determinada sande base. Mas é só a minha opinião e vale o que vale, porque acho que excesso de escolha atrapalha mais do que ajuda.
Apesar disto, escolhemos bastante bem, os dois pregos estavam realmente deliciosos não deixando, tão pouco, espaço para sobremesa. É sem dúvida para repetir!
E daqui, contem-me tudo, quem é que conhece os fantásticos pregos da Pregaria de Guimarães? Conhecem espaços semelhantes noutras cidades? Contem-me tudo!
Quase um ano depois... Finalmente terminei de ler o Stalker de Lars Kepler. Eu disse que até ao final do mês o arrumava. E como canta o Rui Veloso: Prometido é devido.
Stalker é o quinto livro da saga de Joona Linna - e o segundo que leio desta dupla de autores - e conta a história de um assassino em série que ameaça mulheres em Estocolmo. A história começa quando o Departamento da Polícia Criminal começa a receber vídeos de mulheres na sua intimidade e horas mais tarde essas mulheres aparecem mortas. É impossível anteverem e protegerem as suas vítimas, pois as suas identidades são totalmente desconhecidas e não parece existir qualquer ligação entre elas. Erik Maria Bark é trazido novamente à trama, desta vez para hipnotizar o marido de uma das vítimas que está em estado de choque com a violência do crime, mas acaba como fugitivo e acusado de vários crimes. Será que Erik é culpado? Será que vai conseguir escapar? Quem é o Stalker de Estocolmo? Todas as respostas no livro.
O livro é bom, eu demorei imenso tempo a ler, mas o livro é bom. O meu erro foi nivelar-me pelo Hipnotista, porque o Hipnotista é realmente um livro muito, muito, bom e está lá bem em cima em destaque. Este tem uma trama boa mas não é comparável.
É um livro que cativauma vez mais pelo macabro e pelo suspense, pela forma bruta e direta como nos é contada a história. Gosto do facto de ter capítulos curtos e escrita fluida, sendo um livro com bastante movimento e com poucos momentos de estagnação, no entanto, pareceu-me um livro que dá demasiadas voltas para ir parar constantemente a becos sem saída e isso enervou-me e levou-me a pousar mais vezes o livro do que o desejado. O final apesar de completamente inesperado pareceu-me pouco credível e isso desiludiu-me. O final é realmente surpreendente, a verdade é que - e não querendo, mas já sendo um pouco spoiler - o assassino é alguém que está realmente sempre presente mas que nunca associamos como assassino mas a verdade é que também não me fez qualquer sentido. Uma vez mais, fazendo uma ponte com o Hipnotista, este último parece-me mais credível, mais coeso, mais coerente.
É possível que tendo demorado tanto tempo a ler que me tenha feito perder alguns pormenores que neste momento me pudessem servir como ponte de ligação. É possível também que o facto de me faltarem 3 livros pelo meio me possa ter dificultado a compreensão... Não sei. Sinceramente não sei, mas a verdade é que não me convenceu.
Pontos que considero importantes no livro:
Não podemos confiar em ninguém, e mesmo a nossa memória pode atraiçoar-nos.É fácil estarmos no sítio errado e à hora errada, difícil é provarmos que estamos inocentes. O livro foca-se muito num pormenor importante que acontece no dia-a-dia: É mais fácil acreditar-mos numa mentira com uma solução à vista, do que admitir que estamos errados e que não detemos o controlo de nada e que por isso a situação não tem solução à vista e neste sentido o livro alerta para a quantidade de presos inocentes que existirão porque é mais fácil prender um "culpado" que está identificado do que procurar o verdadeiro culpado que é desconhecido. O livro mostra também a forma como determinadas pessoas influenciam o decurso da nossa vida de forma permanente e de modo irreversível.
Sabem que eu gosto de livros que me façam pensar, para além da história em si, e este realmente fez-me questionar algumas coisas... E já por aí sobe pontos na minha consideração.
Quem é que já leu? Opiniões?
[Quem já leu aprochegue-se aqui de mansinho à Mula e sem levantar grandes véus diga-me lá: O assassino fez-vos algum sentido?]
Então Mula, o que tens a dizer sobre a greve dos camionistas?
Tenho a dizer que na outra greve, por necessidade, ainda me apanharam numa fila interminável de carros numa bomba que normalmente não se vê vivalma, mas que desta vez não me apanham em filas nem em desesperos.
Recebi um email com várias dicas sobre como cuidar dos fatos de banho, biquinis e afins. Até aqui tudo bem.
Sei perfeitamente que os estupores para perderem a cor é um instante...
... Dizem aqui que é devido ao sol.
Mas vamos lá ver uma coisa. Um biquíni é para ir pra praia - ou piscina, vá - certo? Certo! Normalmente vamos para a praia ou piscina quando? No verão! E no verão vamos para a praia porquê? Porque está calor! E está calor porquê? Porque está... SOL!
Então não deveriam os biquínis serem resistentes quer ao sol, ao sal do mar, e ao cloro da piscina?
No ginásio é aquele sítio em que eu deixo à porta toda a minha dignidade. É simplesmente aquele sítio em que eu ponho de parte todo o glamour e chiqueza que me caracteriza - façamos de conta que é verdade - e deixo que venha ao de cima a verdadeira Mula que há em mim: Desgrenhada, malcheirosa e com um aspeto lastimável. Só não estou coberta de lama e de bichezas porque o ginásio onde ando é limpinho, caso contrário confesso-vos que não sei não.
Então vejamos porquê:
Menos de 10 minutos depois de ter começado o aquecimento já pareço a miss t'shirt molhada, mas em mau. Toda molhada, mas sem a parte sexy da coisa. É só suor, sensualidade zero.
Menos de 20 minutos depois, já o meu cabelo está meio apanhado meio por apanhar e é uma coisa esquisita entre um miúdo punk com o cabelo no ar - mas sem o gel - e uma gaja que caiu num estábulo qualquer e foi lambida avidamente por uma vaca carinhosa.
Menos de 30 minutos depois eu já estou com um ar miserável, típico de alguém que sofreu algum tipo de acidente - grave - e que está a caminhar em direção à Luz - às vezes até acho que ouço a Melinda a chamar-me algures! - e estou meia que a andar, meia que a arrastar-me, quando falam comigo já demoro um pouco mais a responder como se tivesse levado uma pancada na cabeça e estivesse confusa.
Ao fim de 40 minutos já sou completamente um pequeno monstro rabugento, qual criança com birra de sono: "Quero ir embora", "estou demasiado cansada", "não devia ter ido àquela aula!", "tenho fome", "mas este tempo não avança? Já não sinto as pernas!", "quero comer". E sou assim até basicamente o final do treino, que é entre uma hora e uma hora e meia.
Agora imaginem neste fantástico cenário encontrar alguém conhecido! Eu tento mentir, dizer que não sou eu, que devo ser só alguém muito parecido - esperando até estar bastante diferente, porque se eu parecer com aquilo no dia-a-dia a coisa é mais grave do que eu penso que é - mas não resulta. Claro que esta última parte é mentira, faço apenas um sorriso nervoso e cumprimento as pessoas educadamente como a minha mamã me ensinou.
E... como é que se cumprimenta alguém no ginásio?
É tipo "oi" de braço no ar em sinal de "estou aqui, já te vi, mas não quero contacto físico" ou dá-se dois beijinhos ou um aperto de mão suado... Nojento e cheio de toxinas? Dá-se uma palmadinha nas costas de alguém que provavelmente tem a t'shirt ensopada em suor? Pois eu cá não sei, eu cá prefiro tipo... Fugir das pessoas, fazer de conta que não as vejo para evitar este grande dilema e depois quiçá depois do banho, já penteada, cheirosa, novamente com a dignidade na alma dizer "Oh! Por aqui? Nem te vi!"