Não! Não vou já começar a reclamar que anoitece cedo e que era melhor que a hora nem mudasse - ainda que seja a favor da hora não mudar. Não é nada disso.
Não estou a conseguir perceber como se acerta a hora no meu carro... E estou em dúvida: Espero que a hora volte a mudar para ficar certo? [Faltam apenas alguns meses, não é verdade?] Ou perco tempo e ganho cabelos brancos a tentar ler no manual do carro...?
Coisas que apoquentam, e muito, a Mula à quarta-feira:
A garantia do meu portátil termina dia 28/12/2019. Tenho de me preparar que ele tem pouco tempo de vida, certo? Isto tem algures por aqui uma espécie de detonador e está previsto avariar dia 29/12/2019, não é?...
A Mula foi ver a Maléfica mais maléfica do cinema, que não é tão maléfica assim.
Digam-me só uma coisa, quem já viu: A sério que é um filme pra crianças? É que a mim pareceu-me... Como dizer... Desadequado.
Mas adiante...
A Maléfica regressou ao cinema para uma nova batalha. Aurora foi pedida em casamento pelo príncipe Philip e aí tudo se complica.A mãe de Philip tem um plano maquiavélico para destruir o Reino de Moors, enquanto Philip e o Rei apenas pretendem unir os dois povos para que possam viver em paz.
É um filme da Disney mas é um filme bastante violento para as crianças, cheio de traições, vinganças, guerras e destruições. É um filme que coloca em causa da família e de como não importa como é a nossa família, mas sim como ela nos trata e nos acolhe.
Tal como já tínhamos percebido no anterior filme, Maléfica não é tão má assim, tem apenas um espírito de defesa da família e do seu reino bastante apurado e apenas tem noção da maldade que os humanos conseguem infligir a outros, mesmo a seus semelhantes. É um filme que denuncia a falta de escrúpulos.
É um filme recheado de efeitos secundários que nos encantam. E é também um filme que nos comove pelas atrocidades a que são submetidas as criaturas aladas, as fadas e afins.
A Rainha fez-me muito lembrar a raínha da A Branca de Neve e o Caçador e por isso olhei logo para ela de lado e com a certeza de que ela é que era a grande vilã da história e por isso acabou por não ter o efeito surpresa que imagino ser suposto ter.
Gostei do filme. Tem bastante ação. É dinâmico, ainda que uma vez mais a princesa é colocada de forma doce, inocente, muito manipulável o que me irrita um pouco, acho que já estava na hora de as princesas da Disney de ganharem outro tipo de atitude. Mas gostei do filme, foi bom para uma tarde de domingo cinzenta.
Quando me disseram que tal ia acontecer comecei a panicar, não nego. Nem o skype tinha instalado... Mas pronto, os computadores não me assustam e lá criei conta e testei o dito o melhor que consegui para garantir que nada iria falhar.
De repente percebi uma coisa: A minha casa tem péssima luz. Toca a improvisar, levar o computador para o melhor local da casa e com o melhor fundo possível.
Entretanto percebi outra coisa: Estava com cara de zombie, que as noites não têm sido grande coisa. Toca a maquilhar-me devidamente. Base com alta cobertura, o que implica fazer contorno e afins. Queria estar bonita, mas não queria estar artificial. Consegui. Deu trabalho mas consegui.
E sento-me em frente ao PC à espera, como quem espera pelos números do euromilhões. A chamada chegou 30 minutos depois do previsto - não imaginam os meus nervos... - e era só e apenas uma chamada em conferência. Zero imagem. Podia ter estado de pijama, confortável, com as minhas olheiras e o meu quarto mal iluminado... Mas não seria a mesma coisa não é verdade?
Estava a trabalhar. Recebo uma chamada de um número desconhecido e atendo. Óbvio, era de uma entidade qualquer de crédito a querer "oferecer-me" uma proposta fantástica e maravilhosa de um seguro de proteção para tudo e mais um par de botas.
Sou delicada. Digo que não estou interessada
Continua a insistir, que me poderia ligar noutra altura. Volto a ser fófinha e digo uma vez mais que não estou interessada. Mas a mulher não desiste e utiliza o seu último trunfo:
"Como pode não estar interessada se não me deixa falar e só diz que não está interessada?"
Digo-lhe que estou a trabalhar que não tenho tempo. Passa para a chantagem emocional: "Pois eu também só estou a tentar fazer o meu trabalho e a não me está a deixar!" digo-lhe mais uma vez que não estou interessada, que não vou mudar de ideias, e que está a perder o seu tempo. Tenta mais uma vez "Não estou a perder o meu tempo". Remato com um "agradeço o tempo dispensado, mas como já lhe disse não tenho interesse" e a moça continuou a falar. Porque sou uma pessoa educada - tem dias, estava a trabalhar e não me apetecia ser mal educada - desejo-lhe um bom trabalho e um bom fim-de-semana e desligo. Incrivelmente a senhora continuou a falar e a dizer coisas que já não ouvi.
Desliguei.
Obviamente desliguei.
Compreendo que as pessoas estão a tentar ganhar o seu para pagar contas mas... Na minha terra, um não é um não, qual é a dificuldade em respeitar um não? Que a senhora ainda tentasse insistir uma vez parece-me bem, podia ser das que cedia, mas para quê entrar em conflito com o cliente? Como é que alguém acha que vai conseguir vender o que quer que seja entrando em conflito com o cliente?
A minha vontade era deixá-la fazer o seu trabalho todo até ao fim e no final dizer-lhe simplesmente: "Eu já lhe dei a resposta, como lhe disse desde o início, não estou interessada. Obrigada!" Mas eu como não gosto que me façam perder tempo, também não gosto de fazer perder o tempo dos outros. Limitei-me a desligar, pelos vistos abruptamente apesar de me ter despedido, e logo a seguir colocar o número na lista negra.
É inexplicável a náusea e o ódio que sinto sempre que vejo uma notícia ou imagem de maus tratos a animais. É inexplicável a revolta e o aperto no coração que senti ao ver aqueles macacos amarrados e enjaulados lá no laboratório alemão. Recusei-me a ver mais, ou qualquer tipo de vídeo. Falavam também em cães e gatos. Não vi. Não quero ver. Há coisas que sinceramente, prefiro ficar na ignorância. É inexplicável e imensurável a forma como sofro perante o sofrimento de um animal.
Pergunto-me como conseguirá alguém infligir, diariamente, tamanho sofrimento a uma criatura, seja ela qual for - porra, até quando mato insectos, faço por ser rápida eficaz, tento não causar mais sofrimento que o necessário - e chegar a casa e comer, e dormir, e deitar a cabeça na almofada como se nada estivesse realmente a acontecer.
Eu só de imaginar - imaginar apenas! - o choro, daqueles animais me arrepia a espinha e a alma e fico com a lágrima a querer verter, imagino estar num espaço destes. Não dá. Quem é capaz de infligir este tipo de dor num ser vivo - volto a referir, seja ele qual for! - é um monstro! Um monstro!
Há coisas que por mais anos que viva, que nunca vou conseguir entender.
Não sei se se recordam, no início do ano fui operada ao nariz. Passei mais de 8 anos a inalar cortisona para poder respirar e já nos últimos meses, muitas noites em claro, devido aos corticoides terem deixado de fazer efeito. Em Janeiro de 2019 foi altura de abrir as vias e o nariz dizer Olá Mundo!A coisa foi dolorosa, diria até horrível, mas superou-se. Passei meses fantásticos, asseguro-vos Este nariz não inalou mais líquidos com cortisona até agora e passei noites de sono verdadeiramente fantásticas. O que um nariz mais "aberto faz pelas noites de uma pessoa. Nem vos digo! Só quem passou pelo mesmo compreende a minha dor.
Mas porque a vida não me iria ser assim tão facilitada...
Eis que após me submeter a esta operação horrível, em que ainda hoje, 9 meses depois me dói partes do nariz, as minhas alergias pioram significativamente. E vivo novamente o terror das noites em claro, do querer respirar e não conseguir. Agora não respiro devidamente nem pelo nariz, nem pela boca e passo dias a sentir a sensação de peito apertado. À noite, em noites de crise, parece que tenho um gato dentro de mim a chiar, de dia, em dias de crise, parece que tenho um tórax demasiado pequeno para os meus pulmões e no ginásio... Não falemos no ginásio que já tive de vir embora por não aguentar sequer o sutiã de desporto, que até isso me impedia de respirar devidamente.
Asma alérgica. Diz a médica.
Estou medicada, para as alergias e para a asma. Comecei agora a tomar umas vacinas, que são umas gotas sublinguais caríssimas, não comparticipadas, e que demoram 2 meses a chegar e que tenho de tomar durante um ano. Em Janeiro tenho nova consulta para ver evolução - ou regressão, espero eu!
Antes de avançarmos para a vacina:
Alergologista: Dar os gatos não é uma opção?
Mula: Dar os gatos não é uma opção!
E é isto. Estou a fazer os possíveis e os possíveis para mudar a história mas... Parece que nesta vida estou condenada a respirar mal.
E sabem o que no meio disto tudo ainda me revolta mais? É que há pessoas que abandonam os animais porque roem coisas... Porque ladram, ou miam muito!...
Ana e Rui viviam lá longe, bem longe da civilização. Viam muitas vezes o Rui, mas nunca ninguém vira Ana. Ainda assim, dizia-se lá na terra que eram um casal muito apaixonado, que Ana vivia para Rui e Rui só tinha olhos para Ana. Mas a civilização nunca vira Ana.
Rui trabalhava num pequeno café apenas algumas horas por semana, era homem de poucas palavras, não dava grande confiança às pessoas, mas sempre falava de Ana com muito amor, com paixão. Eram o casal perfeito. Viviam um para o outro, e Rui trabalhava pouco para poder ter todo o tempo para Ana. O mínimo para aconchegarem os seus estômagos.
Dizia-se que viviam numa cabana lá longe, na floresta, quase junto à falésia. Ana não trabalhava porque não precisava. A cabana não tinha luz, não tinha água, não tinha Internet nem condomínio, precisavam de pouco, apenas o suficiente para se alimentarem. Alimentavam-se essencialmente do amor um do outro, dizia Rui. Era o amor perfeito, o idílico dos livros, o das canções de amor e o dos poemas dos enamorados. Muitos diziam que Ana não existia. Rui jurava que sim, e que um dia a apresentaria à clientela.
Um dia uns caçadores ao passarem próximo da cabana da Ana e do Rui sentiram um cheiro nauseabundo. Apreensivos, desaceleraram o passo e aproximaram-se da cabana. E o cheiro pestilento cada vez mais intenso. Entraram.
E ali encontraram o que não queriam encontrar. E viram o que não queriam ver. Ana, pele e osso, acorrentada às paredes da cabana, já morta. Rui dava-lhe muito pouco para comer, e desta vez ela não conseguiu aguentar. Mantinha-a assim há vários anos. Ana nunca gostou de Rui e Rui nunca se conformou. Assim achou que iria ter Ana para sempre.
E eis que entra Rui de rompante, percebendo intrusos na cabana, pergunta aos caçadores o que estão ali a fazer. Os caçadores não deveriam de ali estar.
- Seguimos o cheiro, senhor! - Disseram os caçadores revoltados e chocados com o que acabaram de encontrar.
- Peço desculpa senhores, é que não tenho frigorífico para a guardar. - Disse Rui, estranhamente tranquilo.
Rui fechou a porta atrás de si e até hoje mais ninguém viu os caçadores. Rui continuou a trabalhar tranquilamente no café algumas horas por semana e a falar do seu amor perfeito.
Fim.
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Espero que não se tenha notado muito a minha TPM neste texto!