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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Figos

e outras parvoíces sobre a vida.

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Passei anos a dizer que não gostava de figos (frescos), sem nunca ter provado. Um dia, já não sei porquê  decidi provar um bocadinho de um. Esse bocadinho deu origem a um inteiro e desse inteiro deu origem à mítica cara de pânico da minha nutricionista perante a minha alegria de ter descoberto uma fruta nova. O aspeto ainda hoje me arrepia um pouco mas hoje digo, com certeza, que figos frescos é das minhas frutas favoritas. A nutri arranjou coragem para me desencorajar a comer figos às molhadas como se o mundo fosse acabar nos minutos seguintes, mas... ainda assim é impossível resistir-lhes. Mas com tino. Porque saber comer também é saber parar de comer.

 

Tenho-me deliciado, e feito as minhas panquecas e bolos na caneca enfeitados com figos e fico a pensar porque raio toda a minha vida disse que não gostava , apesar de nunca ter provado.

 

Fico a pensar e isto é transversal a tantas coisas na vida...

 

Por nos habituarmos a um determinado estilo de vida, a uma determinada situação ou rotina, é fácil acharmos que não gostamos disto ou daquilo porque não experimentamos, não sabemos o que é e ao que sabe, e acima de tudo como nos deixa, como nos afeta. Por desconhecermos optamos tantas vezes por dizer que não gostamos, que não é o nosso estilo, que não nos preenche. E quando o desconhecido passa a ser conhecido e gostamos?

 

Lembro-me, na vida, de umas quantas coisas que desdenhei e que agora, por não ter, me faz falta... Tal como os figos vão fazer falta quando a acabar a época. Devemos morder a língua antes de dizermos que não gostamos de algo que desconhecemos...

 

... Eu já mordi a minha, e vocês?

Desafio | Passa-Palavra #2

Depois de escrevermos sobre a cor que nos aquece no verão, sobre o Amarelo, fazemos aqui um pequeno roteiro pelos cantinhos que participaram nesta primeira palavra por sugestão do José da Xã. Obrigada José pela ideia. Se alguém participou e não está aqui listado, que diga nos comentários porque aqui a vossa Mula não recebe notificações de quem identifica, e nós atualizamos. Se entretanto, e porque aqui não há qualquer obrigatoriedade de datas, alguém participar numa outra altura que se acuse também para reunirmos aqui todos os cantinhos com as publicações.

 

Bii Yue - Amarelo

Maria Flor - A cor da luz

Gaivotazul - Bateu a porta pela última vez

José da Xã - De amarelo me vesti...

Anita - Amarelo

ImSilva - O triciclo amarelo

Charneca em Flor - O casaco amarelo

Ana de Deus - Saudações amarelas e passa a palavra

Monteiro - Amarelo

Mel - Amarelo

Mula - Amarelo

 

E para esta semana temos uma nova palavra, um pouco mais densa, um pouco mais complexa, mas uma palavra muito nossa, muito portuguesa...

 

 

... Saudade!

 

Relembrando apenas as (poucas) regras que temos: O texto de até 400 palavras é totalmente livre e podem ou não utilizar a palavra no decorrer do texto ou apenas escrever sobre ela. Desafiamo-vos a escrever sobre esta palavra durante esta semana, mas escrevam quando decidirem e se decidirem. Identifiquem apenas a Mel e a Mula para depois no próximo domingo podermos listar-vos na publicação do desafio.s

 

Despedimo-nos com Vinicius de Moraes

 

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...

 

Vemo-nos na próxima palavra. Bom desafio! 

Quem diria...

... que eu iria ser como as outras, sofrer como as outras, duvidar do futuro incerto, como as outras, olhar para trás e arrepender-me, como as outras. Quem diria que eu iria ser como as outras. Como as outras, como as pessoas normais que erram e se arrependem. Pessoas que se sentem, essas outras. Que já foram únicas e que agora são apenas outras. Quem diria que eu iria ser como as outras.

 

Quem diria que eu iria ser como as outras, como aquelas outras pessoas normais que duvidam e têm medo ao descobrir que ao não estar claro o futuro quiçá traçado, que poderá ser partida do diabo e transformar em inferno o que era calmo. Quem diria que eu iria ser como as outras.

 

Quem diria que poderiam brincar com a minha alma, com o meu corpo e sentimentos como brincaram com as almas, corpos e sentimentos, das outras.  Aquelas outras que enxovalhei e gozei de tão inocentes que são por acreditarem. Eu também acreditei. Quem diria que eu iria ser como as outras.

 

Quem diria que eu, tão objetiva e com uma mente tão clara iria ver nada, parede no fim da linha, bater com o comboio no terminal por não ter caminho traçado nem freio carregado e preparado. Quem diria que iria bater com a cabeça como as outras, com a mesma intensidade e desvelo com que as outras bateram.

 

Quem diria que eu não seria diferente e iria sentir solidão. Quem diria que eu seria tão fraca ao ponto de me afogar no meu próprio não. Quem diria que eu seria só mais uma entre outras e tantas e demasiadas... outras!

 

Quem diria!

 

Desafio | Passa-Palavra #Amarelo - Texto do Monteiro

O Monteiro não tem um blog mas quis participar aqui no desafio da Mula e da Mel e como tal a vossa Mula que é um amor - tem dias, como vocês já sabem - disponibilizou aqui um cantinho no curral para publicação dos seus textos. Espero que gostem. A meu ver - ainda que seja suspeita, que sou fã de poesia - já começamos bem.

 

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Amarelo

Amarelo
Cor do sol e da praia
Do calor de Verão 
Que a alguns olhos é tão belo 

Amarelo
Amarelinho
Lá vai o eléctrico 
Encaixado nos carris 
A seguir o seu caminho 

Amarelo 
Amarelão 
Estampado na tua roupa 
Ou no teu bikini de praia
Convidativo ao teu escaldão! 

Amarelo
Só amarelo 
Cor da banana 
Fruta tão deliciosa 
Como o "derby" da Choupana 

Amarelo 
Mais do que uma cor 
É um estado de alma 
Que pode ser de Amor 
Ou de uma vida sem vivalma.

 

Por: Monteiro

 

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Desafio passa-palavra criado pela Mula e pela Mel. Todos os domingos e durante - para já - oito semanas, sairá uma palavra para vos inspirar a escrever sobre ela. Quem quiser é livre de se juntar a nós, sem compromissos ou prazos apertados. Escrevam, porque escrever liberta a alma. A quem participar nos seus blogs, aqui as meninas pedem apenas que nos indentifiquem nas publicações, para podermos ir ler-vos e comentar-vos! Bom desafio a todos o que connoso embarcam.

Desafio | Passa-Palavra #Amarelo

 

Às vezes gostava de ser alentejana para nos dias de neura ir para os campos de girassóis e ficar apenas a admirar.  Em silêncio, quieta, apenas a admirar. Quem me segue há algum tempo sabe a paixão imensa que eu tenho por esta flor. Amarela. Grande. Carregada de significado. Todos nós deveríamos ser como girassóis: De costas para o escuro, de frente para a luz, para essa grande bola de fogo amarela, que é o sol. Sol é vida, é luz, é caminho. É calor!

 

Amarelo é verão, é alegria, é risos, é folia e por isso é uma cor que acima de tudo me transmite tranquilidade. Aqui, no Porto, posso não ter o amarelo dos campos de girassóis e o azul do céu para os dias de neura, mas tenho o azul do mar e o amarelo da areia. Que mais poderia desejar? É incrível como estas duas cores são tão apaziguadoras da alma.

 

E por falar em alma... Hoje a minha alma despedaça-se um bocadinho. Inicia-se, hoje, a despedida deste conjunto de cores. Hoje, celebramos o Equinócio de Outono. Aos poucos, o amarelo vai ficando em tons mais carregados e dá lugar aos castanhos e aos laranjas das folhas secas no chão. Aos poucos o céu vai perdendo o fervor azul e vai ficando mais pálido, e até o sol fica com um aspeto mais frio e sentimos na pele que já não nos aquece. E assim o amarelo e o azul vão dando lugar a outros conjuntos de cores que nos arrefece a alma e os pés.

 

Se pudesse parar o tempo pararia-o no verão... Como não posso, aproveito os últimos dias de calor para aproveitar os tops coloridos que em breve se encerrarão nos armários; para beijar à luz do dia enquanto o sol ainda queima o pescoço; para sair ao final do dia com os últimos raios de luz. Em breve as tardes confundir-se-ão com as noites e o frio convidará às sessões de cinema em casa debaixo das mantas. Mas não quero pensar no outono, muito menos no inverno. Quero aproveitar os últimos raios de sol do amarelo sol, e ser feliz. Costumo ser feliz no verão!

 

Quem mais irá aproveitar os últimos dias de verão, que já não o são?

 

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Desafio passa-palavra criado pela Mula e pela Mel. Todos os domingos e durante - para já - oito semanas, sairá uma palavra para vos inspirar a escrever sobre ela. Quem quiser é livre de se juntar a nós, sem compromissos ou prazos apertados. Escrevam, porque escrever liberta a alma. A quem participar nos seus blogs, aqui as meninas pedem apenas que nos identifiquem nas publicações, para podermos ir ler-vos e comentar-vos! Bom desafio a todos o que connosco embarcam.

Desafio | Passa-Palavra #1

E dia 20 de Setembro chegou e com ele a divulgação da primeira palavra do desafio.

 

E a Mula e a Mel desafiam então a blogosfera a escrever sobre a palavra...

 

 

...Amarelo!

 

 

O texto é, como já vos indicado, totalmente livre, podem ou não utilizar a palavra no decorrer do texto. Aquilo que nós queremos é apenas que se divirtam connosco, e nos divirtam também a nós. Bora desanuviar desta nuvem negra que nos assola e escrever sobre coisas bonitas e amarelas?

 

Terminamos, para vos inspirar, com um poema de Cecília Meireles:

 

 

A bela bola
rola:
a bela bola do Raul.
Bola amarela,
a da Arabela.
A do Raul,
azul.

Rola a Amarela
e pula a azul.
A bola é mole,
é mole e rola.
A bola é bela,
é bela e pula.
É bela, rola e pula,
é mole, amarela, azul.
A de Raul é de Arabela,
e a de Arabela é de Raul.

 

Vemo-nos na próxima palavra! Bom desafio!

Desafio | Passa-Palavra - porque uma palavra não vem só.

A Mula e a Mel juntaram-se para desafiar toda a blogosfera a participar naquele que será o melhor desafio de todos os tempos. 
 
 
Estão preparados? Então aqui vai.
 
 
Numa altura em que estamos todos entupidos e fartos deste vírus, que teima em não nos largar, tivemos a ideia de vos fazer pensar e escrever sobre tudo aquilo que vos vai na alma. Claro que isto também é uma maneira de obrigar a Mel e a Mula a escrever para vocês.
 
 
Ora, então a ideia é a seguinte:
 
 
Durante 8 semanas, todos os domingos às 10h, vamos lançar uma palavra completamente aleatória e queremos que vocês escrevam sobre ela. A ideia é escrever uma publicação ao longo dessa semana com essa palavra num dia e numa hora completamente à vossa escolha. E regras? Perguntam vocês. Vai ser uma coisa simples: máximo de 400 palavras, podem escrever tanto em prosa como poesia [podem escolher, depois digam que não somos vossas amigas, tá?] e só têm de identificar aqui a Mula e a Mel na vossa publicação do desafio. Simples, não é verdade? A primeira palavra sairá no domingo dia 20 de setembro.
 
 
Para participarem connosco neste desafio mega brutal, devem utilizar a tag  #passapalavra para que possamos ir dar uma vista de olhos ao que escreveram e claro, dar aquela palavrinha.
 
 
E como somos super espetaculares, vamos ter uma imagem para este desafio. Se quiserem embelezar o vosso cantinho, podem usá-la completamente à vontade nas vossas publicações!
 
 
 

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Temos ainda uma novidade para vocês. Durante as 8 semanas, queremos desafiar-vos a pensar numa palavra, para que numa segunda temporada (de muitas), as vossas palavras sejam usadas. 
 
 
Acima de tudo queremos que façam parte deste nosso desafio que pensamos com todo o carinho (também não é assim tanto carinho, mas pronto).
 
 
Como é? Alinham connosco?
 
 
P.S. Hey, não estamos aqui para vos obrigar a nada, até porque não somos polícias. Podem escrever sobre uma palavra ou então, escrevam sobre as palavras que vos apetecer. O  importante acima de tudo é que escrevam, e aqui a Mula, como sabem, anda meia que desinspirada e meia que afastada aqui do curral e precisa de um empurrão.
 
 
Uma coisa temos a certeza, depois de começarmos não vamos querer parar!

Balanço de uma Mula crente...

Ontem disse-vos que era crente... Hoje demonstro-vos como sou inocente.

 

Em Março quando vim para casa em teletrabalho pensei cá para com os meus botões - e acho até que o disse em voz alta a várias pessoas - "ah e tal isto finais de Abril, inícios de Maio já passou!" Chegamos a Maio e com ele a inevitabilidade da deceção. Depois pensei cá para com os meus botões - e acho que aí já não me arrisquei a dizer em voz alta - "vá, mais um mês... Em julho! Em julho o vírus foi à vidinha dele!" E chegou julho e passou o agosto, e chega setembro. E eu que tinha adiado uma viagem para Janeiro porque "obviamente em Janeiro já nem memória do vírus!" agora percebo que se calhar antes de 2022 não largamos as máscaras das fuças. Os números continuam a aumentar e o inverno está à porta e nem quero imaginar novamente o caos, porque um espirro pode ser covid, porque uma amigdalite pode ser covid, porque uma espinha entalada na garganta que dá tosse pode ser covid. No inverno tudo poderá ser covid e eu não estou preparada psicologicamente para esta montanha russa que novamente se aproxima.

 

Sei que o cansaço é geral... É só mais um desabafo entre mil mas... Estou farta!

 

Mas falemos de coisas animadas...

 

E a Festa do Avante, hein?

 

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Ainda acredito em finais felizes

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Não sou a maior fã de romances literários. Prefiro ler um bom thriller ou uma boa comédia - sou de extremos - mas no que toca a cinema, sou das que consegue passar uma tarde a ver filmes lamechas e românticos, preferencialmente com finais felizes, sem grandes margens para dúvidas ou interpretações. Sou fã de clichés nos romances cinematográficos. Na vida não sou muito diferente.

 

Não sou a pessoa mais lamechas que poderão conhecer. Não sou de grandes mimimis ou de olhar pormenorizadamente aos detalhes, mas gosto de surpresas. O cliché é como um vestido preto, digam o que disser, cai sempre bem. Por isso considero-me uma romântica camuflada: com uma casca dura por fora, mas por dentro manteiga derretida em pleno dia de verão. Gosto de ser mimada - ainda que não em excesso -, gosto de ser surpreendida - em bom, claro! -, gosto que me digam que gostam de mim - se for verdade! - e gosto acima de tudo de perceber que sou notada, que faço falta, cuja ausência se sente. Gosto que me digam que tiveram saudades minhas. Gosto de palavras, ou nao tivesse eu um blog. Mimimis à maneira da Mula, por assim dizer, porque nem todos os mimimis têm de vir num coração de pelúcia ou numa caneca a dizer "Amo-te!". Podia agora dizer-vos que é muito mais romântico um anel de diamantes ou um colar de pérolas, mas a verdade é que também não sou materialista - mas se alguém me quiser oferecer também não me faço de rogada, tá?

 

Apesar de todo o meu percurso e história, não me tornei numa divorciada com mau feitio - tirando aquele mau feitio que já me acompanha desde o berço. Não sou descrente. Tenho fé no futuro e ainda acredito no amor e em finais felizes, mesmo que até possa não ter o meu, ainda me comovo com pedidos de casamento românticos, em histórias de amor eterno e delicio-me quando ouço histórias reais de pessoas reais que me provam que é possível amar-se para sempre. Seja o sempre, enquanto durar e enquanto os dois forem felizes. Ainda olho para casais felizes com a mesma alegria e comoção de quem vê uma ninhada de gatos bebes fofinhos. Não digo "isso passa!" mas penso "é isto que quero para mim!" de sorriso estampado no rosto.

 

Compreendo que muita gente não seja como eu, compreendo aquelas pessoas que se tornam contra os casamentos após o seu ter falhado e que deixam de acreditar no amor, no amor sincero de alguém, quando a vida só deu porrada e indicou à viva força que nada disso é verdadeiro e sentido, mas para mim uma vida sem amor será uma vida vazia e uma vida sem acreditar que o amor existe então nem é viver. Porque o amor pode não ser tudo, mas é muita coisa. E não me refiro só ao amor romântico, mas o amor no geral. O amor pela família, pelos amigos, pelos animais. Posso estar completamente errada mas para mim desacreditar um tipo de amor pode levar à descrença dos restantes, acima de tudo o nosso próprio amor, ao amor próprio. Creio que aquelas pessoas que criaram uma memória negra do amor e que se invocam contra ele que criaram uma capa tão dura entre o cérebro e o coração que achando que se estão a proteger só se estarão a magoar ainda mais... Mas isto é apenas o que eu acho... E que sei eu da vida?

 

Não sei o que o futuro me reserva, não sei se voltarei a casar ou concretizar o meu sonho de ser mãe e ter uma família feliz. Mas não quero saber, da mesma forma que não leio o fim do livro antes de lá chegar, e até posso não ter a mesma tampa a vida toda e não viver o meu amor romântico e eterno como nos filmes mas peço apenas um desejo:

 

Que a vida me permita continuar a acreditar em finais felizes.

 

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.