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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Pequena história de desamor

Ele queria o que toda a gente quer, quando se ama. Ela queria algo diferente. Ele dizia o que toda a gente diz, quando ama. Ela ria. Dizia coisas diferentes.

 

Um dia ele virou costas e partiu. 

 

Ela ainda tentou dizer aquilo que toda a gente diz, quando se ama. Mas ele já não ouviu. Ela ainda tentou fazer aquilo que toda a gente faz, quando amam. Mas ele já não sentiu.

 

Um dia ele virou costas e partiu. 

Livro: A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert de Joël Dicker

Este foi o último livro lido de 2020. É a prova como este estranho ano também teve coisas boas. Agora aguardo ansiosa que a série chegue ao Netflix para a devorar como devorei o livro. Li que entra para o Netflix em finais de Janeiro, vamos ver se é verdade, que também já li que seria em Dezembro e até à data nada...

 

 

A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert conta a história de Nola Kellergan, uma jovem de 15 anos que vive um romance proibido com um escritor mais velho que chegou recentemente a Aurora. Nola desaparece misteriosamente e o jovem escritor Harry Quebert, é preso e acusado de assassinar Nola. Acreditando na inocência de Harry, Marcus - amigo e ex-aluno de Harry - desloca-se para Aurora e investigar o que aconteceu, registando em livro que no futuro contará a verdade sobre o seu amigo. Quem matou Nola Kellergan? Será Henry realmente inocente?

 

Antes de mais dizer-vos que gostei mesmo muito do livro. Confesso que não foi um livro que me prendeu de imediato - como de resto quase todos os livros que amei - mas a uma certa altura foi impossível de o largar. Ao longo do livro percebemos que ninguém é o que parece, que várias pessoas têm um motivo para matar Nola e que todos escondem segredos sombrios.

 

É um livro sobre um amor proibido e a forma como o amor nos pode libertar ou destruir. É um livro sobre sucesso e desgraçada, sobre a importância que as pessoas dão às aparências, e ao que gostassem que fosse, mesmo que não seja. É um livro sobre um livro que promete contar a verdade mas que poderá não ser bem assim. É um livro que nos faz questionar sobre o significado da verdade. É verdade se acreditarmos que é? E se há várias verdades mediante perspetivas qual é a mais fiel?

 

Gostei bastante da forma como a história se foi desenvolvendo, dos volte-faces constantes, da forma que o autor nos coloca na história e nos vai tecendo a teia que nos prende ao livro. Começar a ler este livro é um caminho sem volta, queremos sempre saber mais, o que vai acontecer, e temos sempre tantas questões... É emocionante e emotivo.

 

Recomendo.

 

E vocês já leram? O que acharam?

Às vezes acho que não vivemos no mesmo mundo...

... E definitivamente não temos todos acesso à mesma informação.

 

Participei, em videoconferência, numa sessão do centro de emprego por ser atualmente beneficiária do subsídio de desemprego. Falaram, como habitual, dos nossos direitos e deveres, e das várias formas de procurar emprego.

 

Vendo que uma das formas de procura de emprego não foi enunciada uma moça pergunta: "Mas podemos procurar porta-a-porta certo?"

 

Como assim? Estamos no meio de uma pandemia, muitas das empresas estão fechadas e estamos com instruções de permanecer no domicílio. Como assim aquela alminha quer ir recolher carimbos porta-a-porta?

 

A mediadora da sessão ficou atrapalhada, notou-se, e esclareceu: "Poder pode, mas não me parece que seja aconselhável, até porque nem tem assim tanta empresa aberta que lhe permita tal, fique em casa, procure em casa por favor." a moça encolheu os ombros.

 

Livro: Enseada de Cristal de Maria Lizard

Descobri o talento para a escrita da Maria com o desafio #passapalavra e entretanto, email puxa email, tive o prazer de ler e de me deliciar com a Enseada de Cristal, escrita pela própria.

 

Este livro foi publicado na Leyaonline e está disponível gratuitamente a todos que o quiserem ler. Acedam aqui e deliciem-se.

 

 

A Enseada de Cristal conta a história de uma jovem forte e irreverente, Matilda Tompson, que recusa os padrões de mulher ideal na Europa do século XIX. Órfã, vive com os tios que a criam e a amam como uma filha e lhe gerem a riqueza até completar 21 anos. Até lá, Matilda deve casar e aí deverá criar família e só depois gerir a herança deixada pelos pais. Mas Matilda não quer casar e quer retornar, sozinha, às plantações de cana-de-açúcar nos Barbados onde viveu quando pequena, com os pais. Apesar de os tios a quererem casar, Matilda recusa a corte de todos os pretendentes apresentados, no entanto é quando conhece o mulherengo Lord Hemingsworth que tudo muda, apesar de querer ficar, Matilda sabe que tem de partir.

 

Quem me conhece sabe que não sou a maior apreciadora de romances, no entanto este apaixonou-me. É pequeno, de escrita cativante, que nos envolve na história, que tanto nos revolta mas que tanto nos faz apaixonar. É fácil de perceber as dores de Matilda e apesar de ser muito jovem, faz-nos desejar ter a sua força e determinação para alcançar um objetivo. É um livro sobre costumes, mas sobre determinação e sobre ser diferente. Ao longo das páginas vamos encontrando alguma comédia, muito erotismo e sensualisade. É uma história, tal como falei na altura com a Maria, que me recorda muito um dos meus casais favoritos de sempre da ficção brasileira: Diana Bullock e Ben Silver, da novela Bang Bang e como tal este livro tem uma coisa má... Acaba!

 

Gostei mesmo muito do livro e recomendo que o leiam, vão passar, como eu, uma tarde bem passada.

 

Boas leituras!

Mimalhices e gatices

O meu Simba nunca foi um gato muito mimalho. Nunca gostou de colo, não gostava de mimos em excesso e sempre fugia quando chegávamos a casa. Pegar-lhe era simplesmente impossível. Todos os dias era necessário um período de adaptação à nossa presença em casa porque mal chegávamos ele fugia de nós. Nunca entendemos o motivo, veio muito pequenino cá para casa, cabia na nossa mão, e não era vadio. Não acreditamos que tenha sido maltratado ou algo do género. É só a personalidade dele. Cada gato com a sua, não é verdade?

 

Já a Kika sempre foi mais dada, adora pessoas, apesar de também não ser fã de excesso de mimo, sempre tomou a iniciativa de o pedir quando assim o entendia. A Kika continua igual. Ele não.

 

O comportamento do meu pimpolho mudou com a pandemia.

 

Passamos mais tempo em casa, passamos temporadas inteiras sem sair de casa. Apegou-se bastante, parece-me. Agora é vê-lo sempre atrás de nós, a pedir mimo e até vem para o nosso colo, quando ele quer e assim o decide, ele manda, mas já é mais fácil pegar-lhe, mesmo quando ele não quer. Corto-lhe finamente as unhas com alguma facilidade e está um gato muito meloso, atualmente.

 

Isto deixa-me a pensar no que acontecerá quando voltarmos a trabalhar fora de casa, quando a casa voltar a estar vazia novamente durante o dia, durante horas. Nós facilmente nos adaptaremos à nova rotina, e eles? O que pensarão quando voltarmos e nos afastarmos? Sentir-se-ão abandonados? 

 

Há muitas coisas que eles não compreendem... Mas sentem mais do que imaginamos.

 

E os vossos animais? Como acham que reagirão os vossos animais?

Quando 1+1 não é igual a 2

Nunca me entendi muito bem com a matemática. Apesar de sempre ter seguido pela via das ciências sou mais ligada a línguas. Talvez por isso, isto não me esteja a fazer sentido. Não sei fazer contas. Talvez seja isso.

 

Com a pandemia passamos demasiado tempo em casa, não era viável utilizar, como em anos anteriores, o aquecedor, porque caso contrário mais valia casar-me com o CEO da EDP a ver se conseguia uma abébia jeitosa no final do mês quando chegasse a fatura da luz.

 

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Pois que decidimos, pela primeira vez, comprar lenha à tonelada em vez dos habituais briquetes que comprávamos em anos anteriores uma vez que só acendíamos a salamandra ao fim-de-semana. Compramos assim, em meados de novembro, meia tonelada na inocência de ser muita lenha. Há uma coisa que a matemática me ensinou e que nunca esqueci: meia tonelada são 500kg! É muito quilo de lenha. Na nossa inocência iria dar-nos para alguns meses.

 

[Pausa para rir frenética e nervosamente.]

 

[Bem, estou restabelecida.]

 

Pois que não, também é verdade que abusamos alguns dias, mas a verdade é que deu apenas para mês e meio. Assim no final de Dezembro acabou a lenha e na impossibilidade de nos trazerem mais, optamos por comprar alguma lenha a saco no supermercado para nos aguentarmos até ao novo carregamento.

 

Como o vendedor anterior só tinha disponibilidade para dali a três semanas, encontrei um outro fornecedor, mais barato até. No início de janeiro adquirimos assim uma tonelada de lenha. Se meia tonelada deu para mês e meio, pelas minhas contas uma tonelada deveria de dar para três meses. Ou seja comprei em Janeiro, a lenha deveria acabar apenas em março com a chegada da primavera. Parecia-me muito bem. A partir de março os dias são mais quentinhos, ficaríamos bem. Ora, na minha matemática, que é medíocre, uma tonelada é o dobro de meia, certo? Ou seja, por esta lógica eu deveria de receber o dobro da lenha que recebi em novembro certo? Errado! Afinal não é só a minha matemática que é má, lamento informar-vos que a vossa também é péssima.

 

Não, eu não recebi o dobro da lenha. Era realmente mais que a anterior, mas não era o dobro, tanto que ficou exatamente no mesmo sítio apesar de ter andado a arranjar mais espaço noutros locais porque na minha ilusão ela não caberia no mesmo sítio.

 

Ainda dei o benefício da dúvida. A lenha vinha mais pequena, era até mais jeitosa que a outra e fiquei com a ideia de que era apenas uma questão de encaixe da lenha uma na outra. Primeira experiência: A lenha parecia-me húmida. Hmm... Foi só nesse dia, nos restantes dias a lenha ardeu bem. Concluímos que deveria de estar seca, que apenas alguma deveria de estar húmida e que tínhamos tido azar naquela que trouxemos para cima.

 

Só que agora, concluo com toda a certeza que não recebi uma tonelada de lenha. A que tenho não chegará nem a meio de fevereiro, quanto mais chegar a março. E como é que se reclama disto? Que provas tenho que não comi pinho ao pequeno almoço e carvalho ao jantar e que a lenha se evaporou por obra de magia apesar de já não a ligar ao início do dia como chegou a acontecer com a outra...?

 

Estou chateada! Estou mesmo chateada! Que faço para a próxima? Compro uma balança industrial para pesar todo o camião ou pego na balança da cozinha e peso cada toro para depois me lançar ao colarinho do homem e o chamar de bandido? É que de certeza que não foi o da meia tonelada que me deu lenha a mais... Certamente foi o da tonelada que me deu lenha a menos. Demasiada lenha a menos.

 

Já sei que o barato sai caro, mas aqui falamos de honestidade. Até podia ser uma lenha de péssima qualidade - que não é - mas vir o peso que eu comprei. Isto assim é que não. Falando com os meus padrinhos, este ano queixaram-se do mesmo. Que compraram 2 toneladas no início do inverno, como sempre, e que veio menos que nos anos anteriores.

 

Concluí que será mais fácil ir comprando meia tonelada de cada vez, que será mais difícil de nos roubarem, mas ainda assim... Porque tem de ser assim? Por que é que anda sempre meio mundo a prejudicar meio mundo?

 

Estou chateada...  Esta Mula não se dá bem com o frio...

 

Já agora, malta do Porto: Recomendam alguém sério para me venderem lenha da boa?

Compreendo mas...

Imagem retirada daqui

 

Compreendo que as pessoas estejam fartas do que se passa atualmente. Que sintam que precisam de algo novo, diferente talvez. Que estejam fartas de medidas e medidinhas, de confinamentos e de proibições disto e daquilo. Ainda que sou da opinião que ainda que ingratas, são necessárias. E tudo isto é mesmo culpa de quem? Nossa! O que não compreendo é como podem apoiar alguém que coloca em risco a nossa liberdade - de modo permanente -, a nossa democracia, a nossa sociedade tal como a conhecemos e que tanto demoramos para a conseguir e quando temos tanto ainda para conquistar.

 

Não vivi durante a ditadura, sou demasiado nova, mas não é preciso ter vivido para perceber que não quero viver num ambiente de repressão, onde não me possa expressar livremente e onde as pessoas, independentemente das suas origens e capacidades físicas e financeiras não possam ser tratadas dignamente e com respeito.

 

Poderá haver coisas que esse senhor diga com que eu possa concordar. Há. Concordo com a prisão perpétua e penas mais pesadas para crimes hediondos, como a pedofilia por exemplo. Também concordo que deva ser dada mais autonomia às forças policiais. Mas não sou cega ao ponto de não ver tudo o resto. Sou educadora social! Acredito em políticas inclusivas, na igualdade e no respeito entre cores, cidadanias, credos e géneros. Esse senhor que já demonstrou por várias vezes diminuir mulheres e raças, que divide pessoas em pessoas de primeira e de segunda não pode ter o tempo de antena que lhe dão! Choca-me o apoio que tem obtido. Choca-me essencialmente ver uma colega de faculdade, nas redes sociais, a fazer campanha de apoio a esse senhor. Como é possível? Temos o mesmo curso, tivemos os mesmos professores, ouvimos os mesmos testemunhos. Que educadora social é esta? Como pode uma educadora social fazer campanha contra pobres e ciganos, contra mulheres e troianos?

 

Choca-me, entristece-me e acima de tudo temo, temo pela saúde do país, da nossa liberdade, e pela quantidade de alminhas desinformadas que poderão votar neste senhor.

 

Chega. Eu digo realmente chega. Mas é chega de Chega que antes se deveria de chamar chaga!

 

E amanhã estarei nas urnas a gritar como me é permitido: A votar!

Comecei a correr...

Devagarinho, quase a passo, mas comecei.

Imagem retirada daqui

 

O moço corre. Já corre há algum tempo e já consegue ao equivalente à meia maratona, e aqui a preguiçosa de serviço tentou acompanhá-lo. Claro que isto dito assim, parece que estou a caminho de me tornar na próxima Rosa Mota. Não. Nada disso. Esta lontra de sofá cansa-se no caminho entre o sofá e o frigorífico, quanto mais... O meu objetivo é conseguir correr no final do ano 5km, sem pausa para caminhada.

 

Não vos vou negar: odeio correr. Correr é para mim contra-natura. Tudo dói, tudo arde, tudo sufoca. O-dei-o.

 

"Então corres porquê, Mula?"

Olhem, porque sou parva. Não. A verdade é que reconheço os benefícios da corrida e gosto da ideia de me superar, como já vos tinha dito aqui. Em tempos, corria para o autocarro - já nem me lembro de apanhar um autocarro... - e abafava, transpirava em bica e a vontade era regressar de imediato a casa para uma bela banhoca. Neste momento já consigo correr 2km seguidos. Não sempre, não todos os dias, mas se estiver no meu melhor, consigo correr 2km ainda que a morrer como se fossem 20!

 

No final do ano passado estava a correr cerca de 500m, depois alcancei o 1km e agora dupliquei. Comecei com caminhadas. No ano de 2020 caminhei muito. Também comecei gradualmente, 5km, depois 10 e até houve um dia de doideira que caminhei 20km! Fiquei sem pernas confesso. No final de 2020 tentei incluir alguma corrida nas caminhadas, intercalando entre o coração ofegante e o descanso ativo. Aos poucos, é assim que deve de ser.

 

Principais dificuldades? Respirar! Oh como algo tão primário se torna tão difícil... Parece simples: inspirar pelo nariz, expirar lentamente pela boca e dito assim é simples, mas não é. Quando dou por mim, ou não respiro, ou respiro demasiado rápido, ou tropeço entre o inspirar e o expirar. Desaprendo rapidamente algo que aprendi quando nasci. Têm dicas para se aprender a respirar enquanto se corre? Devo, sei lá, começar a frequentar aulas de preparação pré-parto? Lá aprende-se a respirar certo? Mães desta blogosfera?

 

Outra grande dificuldade é a dor nas pernas. Até consigo começar com uma velocidade relativamente aceitável, mas logo logo as pernas parecem chumbo. Parece que de repente coloquei caneleiras de 10kg em cada perna e isso torna-me lenta e torna tudo um verdadeiro martírio.

 

A parte boa é que o moço é paciente, e corre devagar a meu lado, e puxa por mim. Sei que sou rabugenta, que quero constantemente desistir, mas ele ali está a lixar-me a cabeça para eu não desistir, normalmente chateio-me, fico enraivecida e lá continuo até ao meu limite. Digamos que funciono na base da raiva... Mais alguém?

 

E é isto, agora com o confinamento - já cá faltava a conversa do confinamento, não é verdade? - não sei como será, porque ainda não tenho motivação para correr sozinha e o local aqui na terra onde corria está proibida a sua circulação, mas a verdade é que quero, até 31 de Dezembro de 2021 correr 5km sem parecer que fui atropelada pelo caminho por um comboio de mercadorias.

 

E por aí, mais alguém nesta luta? Dicas?

Sobre a rotina dos dias

(Em novo confinamento)

Imagem retirada daqui

 

Desde que fiquei desempregada que me tenho mantido ocupada, comecei a correr - amanhã falar-vos-ei sobre isso -, tenho treinado em casa, tenho visto séries várias, tenho mantido a casa limpa e arrumada e os passeios do cão em dia. Tenho tentado manter a cabeça ocupada. Quando está sol, passo os meus dias lá fora para me aquecer - os dias frios deixam-me sem vontade de fazer nada - porque não há tonelada de lenha que se aguente, se a acender sempre que tiver frio.

 

Não tenho tido vontade de estar ao computador, por isso tenho estado novamente ausente. Sinto que tenho tanto para escrever... Tenho tido algumas ideias mas a vontade de ligar o computador e deixar os dedos fluírem não tem surgido. Deixo-me ir. Sempre que a vontade surge, cá estou. Como hoje. Mas não deixa de ser curioso. Sabem aquilo que dizem de: Quanto menos se faz menos se quer fazer? Eu que sempre passei a minha vida ao computador, mesmo nos meus tempos livres passava-os ao computador. Agora que não utilizo o computador no dia-a-dia, passo semanas sem o ligar. Pensei que, se fosse algo que me faltasse, que me iria causar algum constrangimento, mas pelos vistos não. Julguei-o indispensável mas pelos vistos não. Claro que é útil, e há coisas que apesar de poder fazer através do telemóvel que não dispenso fazer no computador, mas ainda assim a minha relação com este bicho está muito diferente. 

 

Aproveito para vos dizer que vi duas minisséries incríveis: Unorthodox - sobre o papel da mulher na cultura ortodoxa e sobre a superação de uma dessas mulheres que recusa e deixa para trás a sua cultura - e A desordem que deixas - sobre a vida e a morte, sobre uma mulher que tenta descobrir o motivo da morte de outra quando ela própria é também colocada em risco. A primeira com apenas 4 episódios e a segunda com 8. Gostei muito, recomendo. São as duas diferentes, mas com capacidade de nos prender ao ecrã.

 

Antes de se instalar o novo confinamento dividia-me entre a minha casa e a casa do moço. Durante a semana com a mãe, a organizar a casa, a ver séries e a comer chocolates no sofá. Ao fim-de-semana com o moço, onde corríamos de manhã e preguiçávamos no sofá durante a tarde a ver séries e documentários. Agora, estou novamente confinada às minhas quatros paredes, uma vez mais longe de tantas pessoas que amo e que me fazem falta. Tenho tentado não pensar muito nisso. Mas não é por isso que me custa menos. Custa sempre.

 

Não sei quando a rotina será diferente, tento não desesperar com isso. Um dia de cada vez não é verdade? Para já é isto, amanhã logo se vê.

Sobre as coisas...

 

Deveria de ter começado a trabalhar na sexta-feira passada. Fui atropelada por um confinamento meio que inesperado mas inevitável. É incrível que o país vá parar durante meses tudo por causa de um dia! Um dia, gente! Um dia... Maldito Natal. Era apenas um Natal diferente, não era necessário terem socializado como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. Agora vamos todos pagar, mesmo aqueles que se contiveram... Triste.

 

Adiante.

 

Era suposto ter começado a trabalhar, continuo em casa desempregada. Garantiram-me que no final do confinamento o trabalho é meu, mas cada notícia que avança na TV desespera-me um pouco. Falaram-me que iria começar em Fevereiro mas... E se prolongarem o inferno até março ou até abril? Esperarão quanto tempo? Quantos meses são necessários para uma empresa repensar toda a estratégia e perceber que não é possível a criação de mais um posto de trabalho?

 

Ainda assim, e apesar de ter supostamente trabalho garantido - que vamos ver se será - tenho de continuar a procurar trabalho. Tenho obrigações para com a segurança social. Vontade? Motivação para continuar a procurar? Zero.

 

Sinto a minha vida de pernas para o ar. 2021 prometeu-me devolver o que 2020 me tirou mas...

 

Quando?

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.