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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Coisas que não entendo...

 

Tenho um grande respeito na estrada, especialmente pelos ciclistas e motociclistas, mas há coisas que por mais que tente não entendo.

 

Não entendo o motivo de muitos ciclistas não respeitarem o código da estrada.

 

Se entendo que não andem em linha reta e possam fazer ziguezagues - já que o código da estrada é claro e temos de os ultrapassar através da mudança de faixa como se de um automóvel se tratasse  - não entendo quando eles não param em stops, semáforos e afins - como tenho assistido regularmente. É crime, é perigoso para os outros e para eles, e por isso não entendo como facilitam tanto...

 

Gente: o código da estrada é para cumprir por todos os que nela permanecem, seja a pé, seja de carro, de veículos de três rodas ou de duas!

Coisas que me encanitam os nervos...

Já abriram o agendamento para a vacina a maiores de 18 anos...

 

 ... E eu com 33, ainda não fui contactada para marcar a dita. Já me registei umas duas ou três vezes no site para o agendamento. Dizem que se no prazo de 5 dias não me agendarem a bicha que me cancelam o registo e posso escolher outro centro... Nunca aconteceu. Ao fim dos 5 dias, e já esperei mais de uma semana para o fazer, volto ao site para fazer o pedido, não me deixam escolher porra nenhuma e dizem novamente que se não me contactarem em 5 dias que fico cancelada e andamos nesta brincadeira há quase 3 semanas!

 

Se calhar - mas só se calhar, que não percebo nada disto - dever-se-iam preocupar em vacinar as pessoas da idade já autorizada em vez de continuarem a abrir às restantes idades e não terem vagas para ninguém!

 

Apelo e campanhas pro-vacinação? Discursos de merda por estas internets fora a consciencializar as pessoas para a vacinação? Pra quê? Se as pessoas que se querem voluntariar para levar com uma pica de origem praticamente desconhecida, são tratadas deste jeito? Já liguei para a saúde 24 e disseram que nada podiam fazer... A casa aberta é só a partir dos 35...

 

Sabem que mais? Aposto que é o meu anjo da guarda a proteger aqui a Mula e não vou insistir mais...

 

Sinceramente... #fuckvacine

 

Tentei!

Solteirices #3

Relacionamentos - pouco - sérios

Nas aplicações há de tudo como na farmácia. E quando digo de tudo, é mesmo de tudo, desde casados à procura de atividades extras, até a casados à procura de atividades em casal... Ainda recordo com alguma ternura - #sóquenão - o primeiro casal que encontrei à procura de uma moça marota para se juntar... Nada contra, atenção, mas confesso que me chocou um pouco e ainda fiquei ali alguns segundos a tentar perceber por que é que estava a ver duas pessoas numa foto e não apenas uma como habitual...

 

Mas há realmente de tudo... Há boas pessoas e más pessoas. Há pessoas à procura de relacionamentos sérios e pessoas que claramente têm um objetivo específico e que não passa por um relacionamento e muito menos sério.

 

Hoje falo-vos das pessoas que procuram o lado menos sério da coisa.

 

Uma vez mais, nada contra, logo que de acordo entre as duas pessoas, mas há abordagens algo assustadoras. Já tive de olhar uma segunda vez para a app e por momentos quase achei que tinha instalado por engano - sei lá, é pouco provável mas não digo que seja impossível - uma daquelas apps de sexo casual imediato. Basicamente recebi um "Olá, tudo bem? Estás a trabalhar neste momento?" confesso que fiquei algo apreensiva com a pergunta, demorei a responder e é possível que entre a demora e a minha resposta não satisfatória que o moço perdeu as vontades porque basicamente deixou de responder... Moço apessoado, cheio de pressas. Uma pena. Bloqueado.

 

Uma outra vez fiquei confusa com o discurso do moço. Perguntou-me o que andava por ali a fazer - ao fim de alguns dedos de conversa, vá - expliquei-lhe que andava basicamente a ver montras sem grande interesse de comprar, e ele disse-me os seus interesses, algo baralhados. Explicou-me que não tinha interesse num relacionamento, mas que também não queria algo de uma noite mas que procurava algo mais físico. Baralhados? Eu também. Fiquei com a ideia que queria uma fuck buddie mas também não quis explanar o assunto. Continuamos a falar. Fiquei também confusa quanto à continuação da conversa, banal, sem saber se achava que me converteria, ou se apenas não tinha aparecido mais ninguém para falar naquele momento e entre ter nada e nada mais um, que pronto, nada mais um era melhor que nada...

 

Já encontrei também moçoilos que dizem que não procuram essas badalhoquices modernas, provavelmente porque disse primeiro que não era o que eu queria, mas que depois claramente procuram essas badalhoquices modernas. Ai a falta de transparência... Acabaram bloqueados também.

 

Percebem por que é que estou sozinha e por que é que não me aparece ninguém na App? Claramente eu não sou a melhor cliente e posso acabar a avaliar negativamente a dita... Assim levam-me a desistir por livre e espontânea vontade. 

 

Depois há um outro problema, que eu julgava ser um problema meu mas falando com uma amiga percebi que afinal sou mais normal do que aparento. Recuso quer moços pouco bonitos - não querendo dizer feios mas já dizendo... julgamentos em 3...2...1...-, mas também não faço like a moços demasiado bonitos, que o meu esteriótipo leva-me logo para a ideia de que "se é bonito é mal intencionado!" e "se a coisa a avança, vou-me lixar!" É pensar demais? É... Mas sempre ouvi dizer que o seguro morreu de velho... e mais vale precaução... Mas a verdade é que sobram muito poucas opções, e tendo eu já poucas opções na verdade...

 

E a modos que é isto...

 

#foreveralone

 

 

 

P.s.: Isto não está fácil, até numa operação stop com polícias jeitosos, mandaram parar TODOS os carros que iam à minha frente... Todos menos o meu... Nem a polícia quer nada comigo... e eu que já ia toda lançada para dizer "prenda-me, prenda-me e faça-me maldades que eu sou uma má menina e portei-me mal", mas nem eles... nem eles...

Coisas que se ouvem por cá... #25

Uma das minhas muitas funções é cálculo de comissões de consultores, então algo que ouço com frequência é:

 

"Mas é aquilo que me enviaste?"

Não. Enviei só porque me apeteceu avajardar e brincar com o teu bolso. Sou tola, envio emails aleatórios para pessoas aleatórias com contas totalmente aleatórias. Claro que se envio algo para alguém e a pessoa não recebe de seguida um "ignora, seguiu por lapso" - que já aconteceu... - é porque efectivamente "é aquilo" que eu enviei.

 

"Aquilo está bem?"

Óbivo que não. Sou eu que estou a fazer e não percebo nada daquilo apesar de já fazer isto diariamente há mais de 4 meses... Vá lá, até pode não estar - sempre ouvi dizer que só não erra quem não faz -, mas acho que não iria fazer mal de propósito por isso se não estiver bem, a minha resposta também não irá ser "claro que não está nada bem!" a minha resposta é sempre "mas pareceu-te alguma coisa errada?" sendo que obtenho sempre um "não" como resposta. Por isso se eu faço as coisas, vejo e revejo um montão de vezes, calculo pela calculadora para confrontar com o excel e depois envio um email com as contas todas por extenso... Acho que sim, que "aquilo" está bem, se não estiver digam-me o motivo de não estar para eu ver o que poderei ter, eventualmente, feito errado.

 

No vosso trabalho também vos fazem perguntas parvas?

Silêncio...

 

Procuro-te no silêncio mas o silêncio apenas silêncio me devolve. Procuro-te na ausência, mas apenas o vazio encontro. O vazio das prateleiras cujas fotografias já não carrega. O vazio dos momentos que já não sei se alguma vez existiram. Procuro-te e não te encontro, apenas nas memórias, o que me leva acreditar que és apenas isso, uma memória, e talvez uma memória construída que nem nunca existiu realmente. Exististe algum dia sem ser em mim? Exististe algum dia sem ser nos meus ideais? Exististe para além da forma com que te construi e imaginei?

 

Pergunto ao silêncio na esperança de uma resposta. Nem ele sabe, nem ele responde. Silêncio. 

 

Procuro-te no silêncio do meu coração, ali existes mas não estás em silêncio, nem o meu coração está em silêncio. O batimento acelerado que dia após dia me turva os pensamentos e as emoções. Aqui é que deveria encontrar o silêncio e o vazio. Encontrar uma calmaria que ele desconhece. Talvez por isso aqui dentro seja só barulho. O meu coração desconhece o silêncio.

 

Como eu queria encontrar apenas o silêncio. Mas um silêncio tranquilizador, calmante e reconfortante. Não este silêncio que me destrói, qual bola de demolição.

 

Queria um silêncio que fosse silêncio. Mas só encontro este silêncio ensurdecedor. O silêncio que berra. O silêncio que corrói. Até que um dia só restará só isso mesmo, silêncio. Sem barulho, sem destruição. E aí já nada mais sobrará. Silêncio.

Eu Dory, prazer!

A memória não é o meu forte. Pelo menos aquelas memórias assim do dia-a-dia, tipo caras, nomes, e afins. Então com nomes...

 

Isto é o meu dia-a-dia, e por mais que tente não estou a conseguir dar a volta:

 

Pessoa X: Bom dia, precisava de falar com o Sr. Z.

Mula: Com certeza, acompanhe-me por favor. Diga-me entretanto só o seu nome para eu o anunciar... - nem sei para que é que pergunto, sou-vos sincera...

Pessoa X: Sou a Pessoa X.

 

Uns segundos mais tarde.

 

Mula: Senhor Z, tem aqui um senhor para si.

Senhor Z: Quem é?

 

Silêncio... 

 

Às vezes até se ouvem grilos...

 

Mula: Pois... eu perguntei... A sério que perguntei... Mas sinceramente...

Senhor Z: Já não se lembra, certo? - Diz a rir-se! - não tem problema, mande entrar.

 

Coro envergonhada, mando entrar a pessoa cujo nome já soube mas cujo nome desconheço... E é assim o meu dia-a-dia. Às vezes vou dizendo o nome baixinho para mim e corre bem, mas às vezes nem com essa tática, porque se entretanto falarem comigo, já se perdeu para todo o sempre no meu inconsciente.

 

A verdade é que já não é defeito é feitio. Sou muito competente para umas coisas - e eu sei que estão muito satisfeitos com o meu trabalho - mas há estes pormenores que me fazem sentir uma total tola a trabalhar, mas felizmente as pessoas por aqui já me começam a conhecer. Podem até não acreditar, mas não é distração... Não é!

 

No fundo é só porque sou um pouco Dory, prazer!

 

 

P.s.: O mais parvo, é que se me disserem referências de negócios, eu sei perfeitamente quais são, de quem são, se já estão pagos ou faturados e até sei quando foi pedido e a quem... Se entrar em discussões, sei palavra por palavra do que foi dito, com que entoação, quando e a que horas... Mas suponho que não se pode ter tudo e por isso continuo a dizer 50 vezes bom dia às mesmas pessoas - por não me lembrar se já as vi hoje ou não -, a esquecer-me de nomes e a confundir pessoas... E é isto!

Aos poucos...

Aos poucos cada dia é mais fácil.

 

Cada dia que passa é menos uma lágrima derramada, menos desespero e agonia e aos poucos a normalidade instala-se. Não que queira cometer os mesmos erros mas tenho saído, tenho evitado estar em casa, aos fins de semana, para evitar cair na depressão da solidão. Aos fins de semana eu nunca estava em casa, estava sempre com ele e por isso os fins-de-semana são os dias mais dolorosos. Não estou a enfiar a cabeça na areia, não desta vez, não estou porque não há nada mais que eu possa fazer, e o que não tem solução, solucionado está. Por isso resta-me espairecer, distrair-me, curar-me. Sol e mar nunca fizeram mal a ninguém. A paz ajuda-me a colocar a cabeça no lugar, as conversas longas com os amigos ajudam-me a ter um dia menos cinzento, menos doloroso. Aos poucos junto os meus cacos.

 

Ainda há dias muito difíceis, dias em que me apetece largar tudo e recomeçar num outro qualquer lugar longe... Aliás recebi uma proposta para sair do país e não a coloquei totalmente de parte. Sei que não resolveria nada mas... Quem muda Deus ajuda, certo? Acho que preciso que Deus me ajude...

 

Saio essencialmente desta relação com a consciência que fiz tudo o que podia, tarde é certo, mas fiz tudo o que podia e até o que não devia - quando colocamos de lado o nosso amor próprio nunca é bom - para salvar um amor defunto. Chorei, implorei, desesperei. Não imploro mais. Nunca mais. Eu primeiro, tem de ser assim agora e sempre. Eu primeiro.

 

O moço quis decidir por mim. Diz que não é por ausência de sentimentos, mas que eu mereço que ele sentisse e fizesse mais. Que mereço alguém diferente, uma relação diferente. Tretas. Muitas tretas, e eu odeio que decidam por mim.

 

E aos poucos ganho a consciência de, porra, eu até sou uma mulher bonita, interessante e comunicativa. Alguém me irá aparecer e cativar. Não nas aplicações, que já as desinstalei... Não são definitivamente para mim e toda a gente acabou bloqueada. Mas alguém aparecerá para me arrebatar, não para me preencher, que não tenciono cometer o mesmo erro de me esvaziar por alguém, mas para me arrebatar e caminhar ao meu lado. Alguém que não queira decidir por mim.

 

Aos poucos...

 

Aos poucos reestruturo-me!

Regressei ao ginásio...

...E saí da primeira aula - de Cycling - sem saber o meu nome, a minha idade, de onde vim e para onde ia... sem contar as dores no rabo do dia seguinte.

 

 

Estava a contar regressar ao ginásio apenas quando fosse vacinada, mas concluí que mais depressa apanho covid onde trabalho do que no ginásio. Abriu um novo perto de minha casa e não pensei duas vezes, fui lá conhecer as instalações, pareceu-me ter segurança e condições de higiene e acabei a inscrever-me no próprio dia. No dia seguinte já estava a treinar, e ainda por cima ofereceram-me 15 dias de treino, o que foi motivador. Lá fui eu.

 

Queria começar devagarinho... A ideia era ir fazer uma aula de pilates, mas não consegui vaga, acabei assim na aula de cycling na ideia de fazer uma aula de GAP logo de seguida...

 

[Pausa para rir nervosamente]

 

GAP após a primeira aula de cycling dizia eu... Esqueçam! Saí de lá com as pernas tão bambas que fui direta para o banho e foquei na direção de casa sem olhar para trás. Nem parecia que treinava há meses em casa, parecia é que não treinava há anos.

Amnésia seletiva

Às vezes acho que sofro de amnésia seletiva. Tenho tendência para apagar da memória tudo o que é mau e guardar num local quentinho do coração o que é muito bom. Os intermédios vão-se perdendo.

 

Eu que nunca me dei bem com o meu pai, tenho tendência desde a sua morte, a esquecer tudo aquilo que nos afastava e a reter o pouco que existia de bom entre nós. Às vezes dou por mim a pensar que fui demasiado cruel - quando não fui - por me esquecer do mau, de tudo o que me fez passar e sentir.

 

Não que seja mau relevar o que não interessa, mas às vezes também me tolda a visão e faz-me viver no passado, agarrada às memórias, que às vezes conseguem ser bem dolorosas.

 

Ao reler a publicação sobre o fim da minha relação - obrigada Sapinho, desde já, pelo destaque - fiquei com a sensação de que transmiti que correu mais mal que bem e isso não é verdade. Houve uma altura em que estivemos muito bem, pela minha optica pelo menos, não sei se perguntando ao moço ele concorda, mas acho que sim, e dou por mim a relembrar os tempos em que ele aparecia por 5 minutos num dia em que não havia tempo para mais... Ou quando vinha com o carro dele seguindo o meu até eu chegar a casa segura. Lembro-me bem de cada bilhetinho que me deixava de manhã a desejar-me um bom dia e de quando me levava sempre atrás, mesmo quando saía com os amigos. Claramente ele gostava da minha presença e fazia questão de passar o seu tempo livre a meu lado. Com o tempo isso perdeu-se. Essencialmente porque eu tanto reclamava que precisava do meu espaço e do meu tempo. Tanto reclamei que ele mo deu, mesmo quando eu já não o queria. Fomos nos afastando... Aos poucos. Quando dei por isso... Já não havia muito mais a fazer. Tentei lutar, tentei-lhe demonstrar que estava seguro do meu lado. Que estava bem, que me fazia feliz... Mas acho que nunca acreditou realmente e relembrava-me constantemente tudo o que de mau lhe tinha feito, e dito, apesar de querer que essas palavras e atitudes ficassem lá atrás... No passado. Mas ele foi sempre trazendo para o presente. Isso nunca é bom sinal.

 

Colocando tudo em perspectiva sei que abdiquei de muito para podermos seguir juntos e acho que isso ele nunca valorizou realmente... Talvez como eu, lá atrás, no passado, não tenha valorizado inteiramente tudo o que de bem ele me fazia.

 

Dizem que quando uma relação não resulta é sempre culpa das duas partes e disso não tenho dúvidas: remamos os dois para que este barco não andasse, primeiro eu, depois ele, e quando se rema sozinho o barco não sai do lugar e só anda às voltas sem terra à vista.

 

Quando penso na vida - agora tenho bastante tempo para isso - consigo apontar as falhas de cada remada, mas nas memórias do dia-a-dia, naquelas inconscientes e incontroláveis, só me lembro do bem, do amor que tanto tentámos construir apesar de falharmos. 

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.