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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Somos um aninal de hábitos

Aqui no trabalho temos duas portas para entrar no edifício. Uma está sempre fechada e só é utilizada em dias de eventos. Acontece que a porta que é habitualmente utilizada teve um problema, e até ser solucionado, mudamos a abertura das portas. Aquela que nunca era aberta é a que está a funcionar de momento.

 

Quando vos falo em duas portas, falo-vos de duas portas que se encontram uma ao lado da outra, praticamente. 

 

As pessoas já sabem que a outra - a habitual - não abre. Se não souberem, tem um letreiro na porta a avisar...

 

Ainda assim o que é que acontece o dia todo? O dia todo as pessoas tentam entrar e sair pela porta que não funciona, apesar de saberem que é a outra que está em funcionamento. A mesma pessoa inclusive no dia de ontem tocou duas vezes à campainha por ter a porta fechada - apesar do letreiro mesmo à frente dos olhos com uma seta vermelha enorme. Até eu, que fui quem alterou o sistema, tenho tendência a ir para o sítio errado...

 

Porque será tão difícil mudarmos as nossas rotinas?

 

É só uma porta... Agora imaginem nas outras áreas da nossa vida...

Lutar contra o excesso de peso #31

Logo a seguir à passagem de ano fui à nutricionista...

 

E a questão que se impõe: Quem é que vai à nutricionista logo a seguir aos maior banquete do ano? Enfim!

 

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Apesar de tudo as notícias foram boas. Apesar de ter deixado de conseguir ir ao ginásio - devido a ter de aguadar pelo certificado digital - voltei finalmente ao peso que tinha antes de ter voltado a engordar em 2019. Demorou mas alcancei finalmente o peso de 65kg, mais coisa menos coisa. Faltam apenas 5kg para o objetivo final já estabelecido em 2017.

 

Apesar das festas terem quase como objetivo maquiavélico, não obter resultados, o facto de ter consulta agendada para 4 dias após o ano novo e o facto de ter engordado nas últimas duas consultas - nem um 1kg, mas é igualmente mau -, fez com que me conseguisse controlar muito mais. É triste, mas preciso de grandes abanões na vida para atinar! Resultado: perdi 1,5kg e muitos centímetros em todo o corpo o que é um feito brutal, tendo em conta a época do ano em que estava e os treinos que foram inexistentes.

 

Sei que estamos novamente em lua minguante e que não deveremos de fazer grandes pedidos, mas quero presentear-me em Abril com 62kg e estou a lutar por isso. Quero entrar nos 34 com mais saúde e com o menor peso possível. Eu que não resisti depois do susto a voltar a fumar quero entrar nos 34 livre de fumo e a conseguir controlar a ansiedade de outra forma. Tem de existir outra forma.

 

A ansiedade tem-me tramado um pouco, confesso. Cada ano que passa parece que fico cada vez mais sujeita ao stress e amontoando-se as noites mal dormidas, dá cada vez mais vontade de comer e fumar. Não pode ser.

 

Não está fácil mas vou conseguir.

 

Quem mais está na luta?

Por que é que é tão difícil falarmos sobre nós?

Semana passada foi-me pedido que escrevesse um texto sobre mim e sobre as funções que desenvolvo diariamente para constar no site da empresa, e do grupo, juntamente com a minha fotografia e dados de contacto.

 

Vocês sabem... Para mim escrever não é, por norma, um problema - bem a valer pelo número de publicações dos últimos meses... Se calhar até é - mas falar sobre mim de uma forma positiva e cativante revelou-se um grande desafio.

 

Estive o dia quase todo a procrastinar. Meio da tarde perguntam-me se já estava feito e eu digo assim meia atrapalhada que ainda estava a rever. Ainda não tinha escrito nada na realidade, e a verdade é que já tinha olhado tantas vezes para a caixinha de texto em busca de alguma luz ou inspiração e nada surgia.

 

"Vender-me" é tão difícil que nem sei como ao longo da vida arranjei trabalho com relativa facilidade.

 

No final o texto até ficou engraçado, acho eu, simples, directo e até dei ilusão de ser maior porque por falta de inspiração chapei lá os princípios e cultura da empresa que foi um mimo, e assim parece um grande texto, mas sobre mim efetivamente tem apenas meia dúzia de frases. 

 

E é isto... Para escrever sobre mim preciso de artimanhas. 

 

O que mais me revolta, no fundo, é que se me pedissem para escrever um texto para algum colega, provavelmente as palavras soltar-se-iam e fluiriam sem qualquer dificuldade. Eu deveria de ser a pessoa que mais bem deveria de falar sobre mim...

 

...Mas não é isto que acontece, normalmente! 

O dia em que praticamente fui expulsa de um restaurante...

Dizem que o covid afetou muitos sectores... E que um dos sectores mais afetados foi o sector da restauração...

 

... Posto isto fico confusa!

 

Há uns meses fui com duas amigas almoçar ao restaurante Box 208 Italian Food, um restaurante que eu adorava e que tantas vezes recomendei... E a situação foi tão insólita que ainda hoje tenho dificuldades em crer que realmente aconteceu!

 

Marcamos mesa para as 13h, atrasei-me um pouco mas nada de especial e as amigas já lá estavam - alguém tem de ser pontual nesta vida para fazer ver aos outros. Mesmo em plena hora de ponta de almoço, e tendo em conta que era fim-de-semana, o restaurante estava praticamente vazio.

 

Pedimos entradas... Falamos... Afinal de contas era um almoço de amigas, não uma rapidinha de hora de almoço a meio do dia de trabalho.

 

Pedimos os pratos principais... Falamos. Afinal estávamos a viver uma pandemia, e uma delas eu já não via há bastante tempo, estávamos a colocar a conversa em dia.

 

Eis que chegou a hora de nos perguntarem se queríamos sobremesa. Que almoço de amigas gulosas não tem sobremesa? Queríamos pois! E foi aqui que todo um almoço agradável começou a descambar.

 

Perante resposta afirmativa a moça pouco contente com a nossa vontade de satisfazer o pecado da gula, olhou arrogantemente para o relógio e concluiu com um "com certeza!". Deveria de ter sido um alerta de que algo errado não estava certo, mas com a conversa animada, confesso que esta situação nos passou um pouco despercebida. Dois minutos depois regressa à mesa a perguntar se já sabíamos o que queríamos e a verdade é que ainda não nos tínhamos decidido, até porque queríamos partilhar. Pedimos mais uns minutos para decidir. A rapariga revirou os olhos e só aqui percebemos que realmente alguma coisa não estaria certa. Eram 14h30 - mais minuto menos minuto - e decidimos ir à internet perceber a que horas fechava o restaurante, já que a atitude da moça estava bastante estranha e realmente o restaurante já estava vazio - ainda que nunca tivesse estado cheio. Encerrava às 15h. Ok, tudo certo! Trinta minutos seria mais do que suficiente para comermos a sobremesa.

 

Chegam as sobremesas e com elas a conta! Assim, logo, TAU! Dois em um que é para as sobremesas nos saberem que nem ginjas! Como se as gramas a mais na balança fosse o maior dos meus problemas. Sim, o restaurante não é dos mais baratos onde se pode ir comer com amigas, mas a verdade é que realmente valia a pena - valia, leram bem.

 

Pousa as sobremesas na mesa e acrescenta "vou-vos pedir para pagar já porque estamos a fechar, mas podem estar tranquilas e comer com calma, é só para fecharmos a caixa, se não desejarem mais nada". Eu até queria café, mas perante tal atitude nem me atrevi, o que não faltam são sítios agradáveis para tomar café em Matosinhos. Faltavam 30 minutos para encerrarem e queriam que pagássemos já para adiantarem serviço, por mim tudo bem, de imediato pousei o cartão multibanco em cima da mesa para pagar, o mesmo fizeram as duas meninas que estavam comigo. Gostei da parte de que poderíamos comer com calma, e prosseguimos com a nossa vida complicada de nos lambuzarmos em chocolate  e gelado.

 

Cinco minutos depois, volta a moça toda chateada a dizer que já nos tinha dito que teríamos de pagar e que não estávamos a cumprir. Aí meus amores fofinhos da Mula, se até àquele momento eu estava zen, de repente o Buda que estava em mim desapareceu e deu lugar a um qualquer monstrinho tirado de um qualquer filme de terror. A mulher tirou-me do sério. Ainda assim, educadamente disse-lhe que desde que tinha colocado a conta na mesa que nem um minuto depois os cartões ali estavam a aguardar que ela trouxesse o terminal de multibanco e que se ainda não o tinha feito nada tinha a ver com nosso incumprimento. Não sei que olhar lhe deitamos, mas a moça pediu desculpa - não me pareceu sincero, mas deixei passar - e lá procedemos ao pagamento entre uma garfada no gelado crocante e uma dentada no tiramisu. 

 

Feita a sua vontade, virou costas e continuamos a comer tranquilamente, como ela nos chegou a indicar ser possível. A modos que pelos vistos o tranquilo era irónico - entendemos uns minutos mais tarde - e ainda a meio, desligou música e luzes! Basicamente ficamos num ambiente super romântico as três - #sóquenão - e com um senhor que estava numa outra mesa apenas a tomar café.

 

Estivemos a fazer sala? Não! Estávamos a comer, já sabíamos que o restaurante encerrava às 15h e estávamos a fazer os possíveis para cumprir, apesar de não compreendermos como é que um restaurante junto à doca de Matosinhos encerra às 15h num sábado, depois de uma pandemia dura, que trucidou a economia da restauração, dizem!

 

Às 15h10 estávamos a sair do restaurante. Apenas 10 minutos após o seu suposto encerramento. Parece que estivemos lá até à meia noite, eu sei, mas não aconteceu.

 

Eu adorava o restaurante? Adorava! Agora? Enquanto me lembrar disto - ou seja, para todo o sempre - não voltarei lá! Nunca fui tratada assim em tascos, por isso não admito que seja assim tratada em sítios onde quase deixei um rim para almoçar. A verdade é que agora também entendo o motivo de estar vazio quando já lá fui noutra época - antes da pandemia parece uma outra vida - e estava cheio e essencialmente quando já passei pela experiência de sair à noite, depois da hora - e aí sim, bastante depois da hora - por o empregado nos estar sempre a atestar o copo de limoncelo como se fosse a noite ainda uma criança - e no fundo era.

 

Simplesmente pré e pós pandemia parece um restaurante totalmente diferente... E isso deixou-me triste!

 

E assim se perdem 3 clientes...

Málaga: Caminito del Rey

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Onde é que nós íamos mesmo? Antes de eu ficar doente depois ter levado com ela - com a vacina, pois claro! - e mais outras quantas avalanches no trabalho e de ter interrompido aqui a escrita no curral? Ah sim, há uns meses íamos em Málaga...

 

 

Hoje vou falar-vos de uma das melhores partes da viagem a Málaga: o Caminito del Rey.

 

O Caminito del Rey situa-se no Desfiladero de los Gaitanes, também conhecido por "Garganta de El Chorro" e já foi considerado um dos mais perigosos trilhos do mundo. Imaginem a minha alegria ao saber isto, eu cagufas como sou - toda eu vertigens e cenas várias do género - ainda que atualmente está reabilitado e é um trilho de cerca de 8km totalmente seguro, ainda que a cerca de 100m de altitude.

 

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O percurso deste desfiladeiro foi construído, no início do seculo XX pela Sociedad Hidroeléctrica del Chorro aquando da construção dos reservatórios de suporte à central hidroelétrica que iria finalmente fornecer eletricidade  aos habitantes da zona. Assim, para facilitar o acesso dos trabalhadores, foi iniciada a construção de diversas passagens nas paredes do Desfiladero. Tendo em conta o antigo cenário, nem quero imaginar a quantidade de pessoas que ali morreram... Mas adiante.

 

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Apesar do percurso dos trabalhadores ser mais extenso, o Caminito del Rey diz apenas respeito à parte do percurso percorrido pelo Rei Afonso XIII no desfiladeiro para inaugurar a obra, em 1921. Apesar de perigoso, devido aos encantos da paisagem, o interesse por parte da população e viajantes no trilho aumentou - loucos! só loucos! -, pelo que entretanto foi tornado de acesso público.

 

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Após 5 mortes entre 1999 e 2000 o trilho foi encerrado para remodelação, reabrindo em 2015 totalmente modernizado e seguro, com todas as medidas de controlo que garantem a pessoas como a Mula sentirem-se seguras em todo o percurso.

 

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Como vêm o percurso está devidamente protegido para evitar acidentes.

 

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Olhem aqui a vossa Mula toda pimpona... E devidamente protegida!

 

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O percurso é todo ele incrível, digno de postais! 

 

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Mais uma da emplastra!

 

Não vos minto... Tem escadas... Muitas escadas - ainda assim não tantas quanto os Passadiços do Paiva, por isso não acho que seja um percurso muito difícil para fazer. 

 

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O percurso é simplesmente fantástico, de cortar a respiração e apesar de ser medrosa e de sentir um friozinho na barriga, à medida que as horas de realizar o percurso se aproximavam, a verdade é que iria novamente.

 

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Algo de que tenho pena que o percurso não contemple, é a passagem pelo outro lado do trilho, pela linha de comboio que parece também ela incrível, cheia de túneis e encantos.

 

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E é chegando a este ponto que o coração dói... E as pernas... É que achamos que já andamos muito, já estamos cansados e percebemos que afinal só andamos um pequeno pedaço do trilho! Confesso-vos que o percurso me pareceu muito maior do que na realidade é.

 

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Digamos que não escolhi o melhor dia das férias para fazer o trilho... Estava imenso calor, mais do que esperado, e foi um dos dias mais quentes da estadia mas ainda assim estava agradável o suficiente. 

 

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Depois de lá estar, o percurso não é assim tão assustador. Primeiro, porque fomos em grupo, segundo, porque realmente o trilho tem um ar seguro - pode ser só ar, mas convenceu-me. Sem dúvida que é de passagem obrigatória a quem passar por Málaga, ou lá perto porque a paisagem é de arrepiar - também - no bom sentido.

 

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Numa das partes finais do trilho passamos por uma cascata enorme cujo o vento fazia voar a água fazendo brilhar vários arco-íris incríveis. Nunca tinha visto algo assim.

 

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Ainda deu para bronzear um pouco!

 

Esta é a ponte mais assustadora de todo o percurso. Com o vento que fazia voar a água da cascata, fazia também voar os nossos objetos pessoais e foi nos aconselhado guardarmos tudo o que levássemos na mão, óculos de sol, telemóveis,... 

 

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Vejam bem a violência com que a água "voa". Agora imaginem o vento que estava neste ponto do trilho. 

 

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Se me perguntarem quão cansativo é... Respondo-vos apenas que era suposto ir descansar para a praia, e fui direta - quase direta que ainda houve direito a Dunkin' Dounuts - para a cama! 

 

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Seja como for vale mesmo muito a pena. Já viram bem estas paisagens? 

 

Uma opinião pessoal: Se fosse hoje, não voltaria a fazer a visita com guia. Se por um lado a história é muito interessante e temos uma outra perspetiva sobre o local, a verdade é que todo o percurso é feito a um ritmo muito mais acelerado. Eu ficava sempre para trás - não gente, não é só porque não tenho rasgo nas pernas, mas porque tiro muitas fotografias e gosto de apreciar o momento e a paisagem sem relógio - e estava constantemente a perder conexão com o aparelho por onde o guia nos contava a história. Para além do mais, a pausa para lanche não chegou nem a 10 minutos porque outro grupo chegou ao mesmo ponto que nós, pelo que foi tudo feito demasiado a correr e a Mula gosta de degustar devagar.

 

De qualquer das formas, confiem na Mula, com ou sem guia, façam este trilho. Para os mais medrosos, acreditem, se eu consegui, vocês também conseguem, só não pensem muito no assunto e depois de lá estarem não têm outra hipótese se não concluir que o trilho tem apenas um sentido - pelo menos agora com o covid.

 

Quem desse lado já teve o prazer de palmilhar o Caminito del Rey?

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.