...Nos humanos e nos gatos! Igualdades de género à parte.
Basta olhar para o meu Simba, mesmo sem lhe tocar, basta só olhar, e ele desata a ronronar em alto e bom som como se o tivéssemos esborrachado de mimo...
Já a minha Kika... Temos de lhe dar muito mimo para ela ronronar, discretamente, num tom quase inaudível...
Nos gatos e nos humanos... Realmente nós mulheres não somos bichos fáceis de agradar!
Semana passada foi a festa de natal aqui da empresa, numa quinta toda pipi com animação e bar aberto. Logo no início da noite, ainda antes de beber e durante os canapés, fui à casa de banho...
Entro com duas amigas na casa de banho, tranquila, e eis que vejo algo que não era suposto. Estava lá um moço. Olho em volta confusa e como qualquer carneira que acha que está sempre certa achei que o moço estava enganado e que estava na casa de banho errada... Só estranhei ver os urinóis na casa de banho das mulheres...
... Estava definitivamente na casa de banho errada!
Saí em pânico, o moço nem para mim olhou - espero - porque era o DJ da noite, percebi umas horas mais tarde!
Quando estou a sair da casa de banho errada estava um colega meu que ia entrar para a casa de banho das mulheres - porque nós o induzimos em erro a sair da dos homens - que olhou com ar chocado, e provavelmente passei a ideia de depravada, ou de alcoolizada àquela hora tão temprana, da noite. E pronto, é isto que acontece nas festas de trabalho da empresa... Vergonha!
Por isso... Para quê beber, se já sóbria faço disparates?
E vocês, contem-me lá: Qual foi a pior situação que vos aconteceu numa festa da empresa?
Queria muito ter ido ao deserto. Há quem diga que ir a Marrocos e não ir ao deserto é como ir a Roma e não ir espreitar o Vaticano... Mas a viagem não foi assim tão longa para dar para tanta coisa e tivemos de fazer opções e tendo em conta o tempo, o calor imenso, optamos por ir às cascatas em vez de sermos cozinhadas no areal quente.
Por isso, escolhemos ir às Cascatas de Ouzoud no penúltimo dia. Apesar de nesse dia as temperaturas ultrapassarem os 40ºC, a verdade é que escolhemos o melhor dia porque o dia amanheceu cinzento e apesar do bafo quente, o sol não nos cozinhou, só nos derreteu...
A caminho de Ouzoud
Ouzoud fica a 3 horas de Marraquexe, numa viagem longa por estradas desertas por entre as montanhas que nos mostrou bastante a pobreza do país. Vi gente no meio das montanhas a dormir, vi crianças a caminharem sozinhas pelas estradas sem nenhuma vila nas proximidades. Vi crianças numa manifestação que mesmo não entendendo o que diziam pareciam lutar pelos seus direitos. Rapazes e raparigas unidos na luta pelos seus direitos. Vi muita gente sentada na beira da estrada sem ver uma única casa em muitos, mas muitos quilómetros... Vi camelos nas montanhas... ao longe... Vi muita miséria e o meu coração não ficou indiferente. Sem dúvida que vivo num país privilegiado, com acesso a bens e serviços que tomei ao longo da vida por adquiridos e por isso esta viagem, mais do que qualquer outra, foi uma bofetada de realidade, de uma dura realidade.
A manifestação
Após 3 horas, finalmente chegamos a Ouzoud - que significa azeitonas, em berbere, devido às imensas oliveiras que rodeiam a montanha - nas Montanhas do Atlas Médio. Passar de uma carrinha com ar condicionado fresquinho para um ambiente de mais de 40ºC é terrível. Senti que a minha alma me saiu do corpo naquele choque.
O cineasta Martin Scorcese gravou cenas do filme Kundun (1997) no Kasbah Du Toubkal, primeiro hotel local, inaugurado em 1995. Este hotel situa-se mesmo na entrada do trilho para as Cascatas de Ouzoud.
Praia fluvial antes de descer para as cascatas. Normalmente as águas são cristalinas, mas como tinha chovido bastante no dia anterior, as águas estavam lamacentas.
Interpretamos mal as excursões, e achamos - ou eu achei, vá, que fui eu que comprei, admito a culpa - que para podermos fazer a viagem de barco - não sei se barco será o termo correto... mas assumamos que era um barco - que teríamos de fazer a caminhada por entre os montes. Que grande burrice. Poderíamos ter ido à viagem de barco e visto os macacos sem termos de andar por entre montes ermos e escorregadios com zero proteção.
Entrada pelo trilho mais longo cuja única medida de proteção era esta correntinha...
Pelo trilho... Não vale tropeçar!
Pronto, já começaram as críticas, pensam vocês. Mas a verdade é que o caminho é perigoso, pessoas caíram - eu só não queria ser a primeira, mas depois dos ingleses terem caído já estava por tudo - e o caminho tinha zero vedação ou amparo, e um passo em falso poderia levar-nos para mais perto de Alá e Maomé. O guia ficava muitas vezes entre nós e a falésia para nos proteger, apoiando-se apenas num ou outro rochedo. Não li relatos de alguém ali ter morrido nalguma excursão, mas se tivesse lido a verdade é que não me chocaria, porque estranho é que nunca tenha acontecido nenhum acidente.
As vistas em todo o percurso são de cortar a respiração. É incrível!
Como tinha chovido no dia anterior as cascatas estavam lamacentas, mas diversas fotos por essa internet fora provam que as águas normalmente têm um aspeto cristalino, convidativo a banhos. Não foi o caso, tivemos azar, ou talvez não tenha escolhido assim tão bem o dia, poderíamos ter sol e águas cristalinas para molharmos os pezinhos e refrescarmos a nuca, mas não se pode ter tudo.
As cascatas de Ouzoud têm uma altitude e 110m e são as segundas maiores cascatas de África, ficando apenas atrás das Victoria Falls no Zimbábue. Demoramos cerca de 1 hora, 1 hora e pouco até chegarmos à base das cascatas para o passeio de barco, já incluindo com a pausa para um belo sumo de romã, natural, espremido na hora.
Bendito sumo fresquinho de romã
Depois da pausa para o suminho fantástico, continuamos a descer... Desce, desce Mula! Descemos até à base das cascatas para um passeio de barco diferente para apreciarmos de perto... Bem de perto... As Cascatas!
O barco
O belo do passeio, onde o guia quase nos enfia debaixo da queda de água que parecia pouco macia - no sentido de doer, provavelmente, se levássemos com ela em cima directamente!
Depois do passeio alucinante de barco, onde ninguém permaneceu seco, por opção e diversão do próprio guia, fomos encaminhados para o restaurante onde poderíamos degustar couscous, tangine ou então - o que eu escolhi - as típicas espetadas de frango com batata frita.
O almoço nas montanhas
Depois do almoço, comigo a temer ter de subir tudo novamente - porque já se sabe, que quando se desce, tem de se subir... - descobrimos que existia um atalho bem menos ermo, alcatroado, com degraus, comércio e... macacos! Se lá voltar, claramente será o curso que escolherei, apesar de se perder imensa perceção da altitude, mas digamos que é uma experiência para uma vez na vida.
Ólha ó passarinho, macaquinho!
Sempre curiosos...
Tranquilos no meio dos humanos.
Os macacos pareceram dóceis, ainda que nos tenham avisado que se eles nos abraçassem para não o fazermos de volta porque poderíamos ser surpreendidos com uma dentada de pouco amor. Os macacos estavam completamente livres, andavam soltos pela montanha e eram atraídos pelos guias e pelos visitantes com amendoins, que claramente adoravam. Quem me conhece sabe que eu tenho medo de macacos, por isso fui-me mantendo afastada e admirando-os à distância, e deliciei-me com a interação entre eles e os humanos, tão amistosa. Uma senhora inclusive caiu nas graças de um e o seu escalpe não escapou de ser catado.
Sempre a aguardar por mais um amendoim...
Aqui, em Ouzoud, os comerciantes são totalmente diferentes dos comerciantes da Medina de Marraquexe. Podíamos ver os produtos à vontade, não nos bombardeavam com perguntas, e pudemos ver produtos típicos com toda a tranquilidade, o que obviamente me agradou bastante.
Terminada a excursão... Mais 3 horas até à Medina...
Nesse dia caí na cama e não me lembro se quer de sonhar!
A conta do Instagram da Mula foi eliminada. Não por mim, mas pelo próprio Instagram, com a indicação de que a vossa Mula violou as regras. Logo eu, que apenas publico o que é meu, e que não chateio ninguém.
Não sei se alguém denunciou a conta por algum motivo que me tenha escapado, não sei se é apenas parvoíce do próprio Instagram, sei apenas que fiz tudo o que me foi solicitado e que de nada adiantou e que a conta se esfumou para todo o sempre. Sete anos de memórias esfumaram-se para todo o sempre. Zero explicações. O Instagram limitou-se a eliminar sete anos com leviendade e com zero explicações!
E quanto valem as nossas memórias? Muito, demasiado, e nem assim foi suficiente. Contrarei um hacker que garantia a recuperação de conta por uma quantia nada simpática, e que garantia ainda mais a devolução do valor caso não fosse possível... Acho que já perceberam que nem conta nem dinheiro, nem uma única luz ao fundo do túnel de esperança de recuperar sete anos das minha vida, da minha história.
Estou devastada... Ando a protelar a criação de uma nova conta, pela incapacidade de me desligar do que aconteceu e não consigo. Sete anos da minha vida eliminados assim. Logo eu que sou uma colecionadora de memórias...