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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Quem conta um conto #22 Cartas Soltas VIII

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A ti, que te julgas maduro, que dizes não gostar de catraias, e te comportas como um catraio mais catraio que tu. A ti, que dizes gostar de mulheres com atitude, mas cuja independência te assusta e te retrai, como criança assustada. A ti, que dizes gostar de ir devagar, mas aceleras nas curvas e nas retas, com a pressa de chegar.

 

A ti, que te julgas maduro mas que não sabes tomar uma atitude simples, como a de simplesmente admitires que não queres, por medo de te arrependeres e afinal já quereres. A ti, que foges e te escondes das tuas verdades.

 

A ti, que te julgas maduro e bem resolvido, mas com a vida mais caótica que uma folha de papel bem amarfanhada. A ti, que reclamas dos outros e te esqueces de perceber que tantas vezes és o problema. A ti, que achas que és tanto... e és tão pouco!

 

A mim, que disse e garanti não colocar pessoas como tu na minha vida, no meu coração, mas que ao primeiro deslize caio redonda no chão. A mim, que me julgo inteligente e coerente e que tantas vezes não articulo a ação com as palavras. A mim, que do alto do meu suposto coração de ferro me apego como criança assustada agarrada à saia da mãe.

 

A mim, que me julgo jogadora apesar do mau perder e que perco ainda antes de começar o jogo. A mim, que ergo o forte de mulher dura, e que sou incapaz de berrar basta e deixo que pessoas como tu me abram fissuras na armadura.

 

A mim, que procuro homens mas só encontro meninos. A mim, que procuro proteção e acabo a proteger sem ter ninguém que me proteja de volta. A mim, que busco a reciprocidade e só encontro egoísmo.

 

A mim, que me procuro e nos outros tento me encontrar.

 

A mim, que finalmente olho para ti e percebo que preciso de mais.

 

A ti que me perdeste.

 

A mim que me ganhei!

 

Finalmente: Basta!

Sobre pessoas com doses regradas de noção

imagem retirada daqui

 

Recordam-se desta pessoa? Pois que esta personagem voltou a cruzar-se na minha vida, desta vez não se ajuntou a mais eu no balneário, mas cruzou-se comigo na fila para Pilates.

 

Estou eu à espera para entrar na sala, tranquila da minha vida, provavelmente a rir-me para o telemóvel, quando de repente a mulher chega e diz assim para quem está na fila: "Então, quem vai dormir hoje?". Zero respostas. Estávamos umas 15 pessoas na fila e zero respostas. Todas a olharam com desdém, ninguém respondeu. Levanto os olhos do telemóvel para perceber o que quereria ela dizer e ela acrescenta: "Sim, quem é que vai dormir hoje na aula? É que esta aula é assim mais calminha, é assim mais para relaxar não é?"

 

Já não é a primeira vez que ouço este tipo de comentários sobre estas aulas, em todos os ginásios por onde passei a premissa de que pilates é para dormir era uma constante, e eu, como não poderia deixar de ser, parto sempre em sua defesa. Pensei em voltar a colocar os olhos no telemóvel, ignorar simplesmente, mas não consegui, foi mais forte que eu. Digo assim meia ríspida - espero que o revirar de olhos tenha sido apenas mental - "quem adormece em pilates é porque não está a fazer alguma coisa bem, pelo menos eu não consigo dormir enquanto estou em sofrimento!". A mulher ri-se, o professor chega, e entramos todos.

 

Não sei se o professor ouviu, se já era o que tinha planeado - as aulas com este PT são sempre bastante intensas - mas a verdade é que a aula foi toda ela muito dura. Muitas insistências, muito corpo em desequilíbrio, muitas isometrias. De repente, no silêncio da sala, a meio da aula ouve-se essa mulher a dizer "ai, que isto é muito difícil!", apeteceu-me dizer-lhe que era difícil porque se tinha esquecido do travesseiro em casa e que o chão era um pouco duro, mas ri-me apenas para dentro, de nervoso, e continuei, uma vez mais, ninguém respondeu.

 

Eu sei que o karma is only a bitch if you are, mas sejamos sinceros... As pessoas também não me ajudam, e se por cada revirar de olhos meus me cair um grão de areia em cima, não tarda estou enterrada!

Solteirices #6

Manual do Solteiro

Às vezes sinto que faz falta a muita gente uma espécie de Manual do Solteiro, com dicas importantes sobre o que fazer e essencialmente sobre o que não fazer. Contra mim falo, atenção, mas a verdade é que há determinadas situações que são tão óbvias para uns... Mas claramente pouco óbvias para outros, pelo jeito.

 

Como certamente todos sabem, há umas aplicações, dessas com perfis para solteiros - e alguns casados... demasiados até! - que avaliamos as pessoas por duas ou três fotos e tentamos perceber o nível de (a)normalidade com base nessas mesmas fotografias e quiçá um texto poético - ou não - sobre a pessoa - ou não - e é através do pouco - ou nada - que vemos, que nos faz - eventualmente, na realidade na maioria das vez não faz - ter vontade de falar com a pessoa, de conhecer a pessoa. O fantástico mundo moderno até porque como já vos tinha dito aqui, o orgânico já não existe.

 

Assim, pegando na minha vasta experiência em aplicações - uh! quanta mestria - decidi desenvolver uma espécie da Manual do Solteiro, para homens, que em alguns casos poderá ser aplicado às mulheres, mas que por razões óbvias me faltam dados concretos para essa constatação. 

 

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1. Erros ortográficos.

Entremos logo a pés juntos neste manual. Meus fofuxos da Mula, se querem impressionar uma mulher usem mais cérebro e menos corpo. Para mim, erros ortográficos - não falo de gralhas de escrita que todos podemos dar, falo de erros ortográficos crassos e impossíveis de ignorar - é dos maiores turn-offs quando estamos a conhecer alguém e mais grave se torna quando está no vosso texto de apresentação. O Google é vosso amigo, se têm uma dúvida a escrever alguma palavra pesquisem, vão ao dicionário online, é como quiserem, mas vão! Eu também tenho dúvidas a escrever certas palavras... Procuro um sinónimo que eu saiba escrever ou então vou pesquisar. Não usem os vossos telemóveis apenas para engatar moçoilas, invistam no vosso desenvolvimento diário.

 

A par de erros ortográficos, e com o mesmo nível de arrepio na espinha - mas em mau - estão aqueles que dizem "a gente vamos...", "prontos", e outros que tais. Já agora, aproveitando o lanço por favor libertem-se do "escola da vida", um pirilampo morre por cada "escola da vida" que eu encontro e não tarda os pirilampos entram em extinção.

 

2. Fotos com bicos de pato.

Entendo que esta moda veio para ficar. O que não entendo é como é que os homens aderiram a ela. Para quem não sabe os "bicos de pato" são aquelas fotos a fazer beicinho, que toda a gente já tirou, eu inclusive não vou mentir, popular entre os jovens e adolescentes, mas que em homens de quase 40 anos fica só bizarro. Já me aconteceu estar a apreciar um determinado perfil e do nada vislumbrar tal obra prima e fechar logo a aplicação tal é a urticária que me causa.

 

3. Mensagens repetidas ou sem nexo

Há mais de um ano que recebo - diria que mensalmente - a mesma mensagem, vinda da mesma pessoa. Nunca aceitei o perfil, nunca respondi, e a pessoa continua a enviar constantemente a mesma mensagem, denotando falta de memória, falta de seleção - é que é tudo a eito, de certeza - e pior, falta de bom senso. Dá inclusive um ar de desespero e de louco. Arrisquem tudo, se encontram alguém que apreciam, querem chamar a atenção, sejam loucos, enviem algo que chame a atenção da pessoa, mas sejam seletivos, façam com que aquela pessoa se sinta especial e não deixem transparecer que enviam a mesma mensagem para todas as pessoas, vezes e vezes sem conta.

 

Alerta: Não enviem "🔥🔥🔥", "que gata!", e outros que tais como primeira mensagem. Dá-vos um ar de psicopatas e de loucos, temperados com desespero e falta de noção. A mim, pelo menos, causa-me refluxo gástrico e certamente que as restantes mulheres desta vida agradecem que não o façam.

 

4. Sejam coerentes

Eu sei que é típico destas aplicações as pessoas darem sinais contraditórios para confundir de alguma forma os outros mas... colocar no perfil que procuram um relacionamento sério, e 4 das 5 fotografias que publicam ter os vossos abdominais e peitoral, não deixa pessoas como eu confortáveis, e claramente não procuram a mãe dos vossos futuros filhos. Digo como eu, que eu não procuro ramboia louca nas aplicações, porque caso contrário haveriam ali alguns que não me escapariam, certamente, apesar de provavelmente perguntarem "gostastes?" e não saberem a diferença entre o "à" e o "há", para o caso não interessaria. Mas sejam sinceros, se procuram apenas algo casual, digam-no abertamente, certamente que encontrarão alguém que pretende exatamente o mesmo e não estão a iludir ninguém.

 

5. Não publiquem fotos com os vossos amigos, filhos, esposas, etc.

No caso dos amigos, não o façam porque, primeiro provavelmente os vossos amigos nem sabem que estão lá, e isso é violar a imagem de outra pessoa, segundo, a maioria das vezes os vossos amigos são mais bonitos que vocês e tantas vezes só serve para nós percebermos que mesmo que acertemos o ninho, erramos no passarinho e perdemos a vontade - não venham com histórias que a beleza interior é que é, que numa app de encontros isso vale zero, que não dá para avaliar por aí -; quanto a fotos com os vossos filhos... Espero que tenham noção que numa aplicação, os doidos aumentam significativamente por m2. No caso das esposas, a menos que seja para um trio, a razão parece-me óbvia, e não coloquem fotos cortadas, em que se percebe que estavam naquela foto com a vossa ex - ou atual - e fica só esquisito. De certeza que têm muitas outras fotos que podem utilizar, ou então peçam a alguém que vos tire alguma decente. Digam o que disserem, ali estamos a vender a nossa imagem, como se de um produto se tratasse.

 

Ainda na parte das fotos, duas ou três notas: escolham bem a fotografia que colocam na apresentação, uma que estejam a comer massa bolonhesa todos sujos, se calhar não é uma boa foto para dar nas vistas - pela positiva -; se têm quase 40 anos, não coloquem fotografias de quando ainda tinham cabelo e andavam de skate, apesar de já serem mais sedentários que o meu gato e metade do cabelo já ter ido embora. Aceitem a vossa idade, não queiram parecer miúdos.

 

E prontos meus queridos, por hoje é tudo, se gostaram, eu vou continuar a fazer prospeção de mercado e trago-vos parte II - agora parecia a malta do tiktok... perdoem-me! - se não apreciaram é uma questão de seguirem com a vossa vida, se gostaram mas quiserem ficar por aqui... Não prometo que não exista segunda parte sobre o mesmo tema.

 

Já agora, solteiros e solteiras desse lado: O que vos causa urticária neste mundo das apps, dates e seus semelhantes?

Sobre a invisibilidade...

... A tal da invisibilidade no ginásio!

Disse algures por aqui num comentário, que uso e abuso de um manto de invisibilidade no ginásio, mesmo que não seja propositado. Se alguém vai para o ginásio meter conversa e conhecer malta gira e jeitosa -  ou não, que acharem que no ginásio é tudo giro e jeitoso é puro mito - a Mula não é essa pessoa. A Mula entra muda e sai calada, passa discretamente por entre os moçoilos - e as moçoilas, pelos vistos - e mal vê e mal é vista, até porque faço essencialmente aulas, por isso raramente desfilo a bunda por entre as máquinas e os corredores.

 

Mas atentem na minha teoria da invisibilidade, que semana passada concluí que é mais grave do que parecia.

 

Estou nos balneários a trocar-me para treinar. Balneários vazios. Estou eu numa ponta de todo um banco enorme de correr, e estão mais três bancos desses grandes lá solitários no ginásio que àquela hora não estava lá praticamente ninguém. E não é que vem uma senhora depositar as suas tralhas mesmo junto às minhas e eu ainda tive que arrastar o meu saco porque as coisas dela estavam a tocar nas minhas? 

 

Já vos disse que os balneários estavam vazios? Falta apenas dizer que naquele balneário cabem, à vontade e sem tocar em ninguém, umas 20 pessoas, e se apertarmos um pouco pelo menos umas 30, e a senhora no meio de todo aquele vácuo tinha de estar praticamente em cima de mim. Porquê? Porque tinha o casaco lá pendurado onde eu estava! Ou seja o casaquito deveria de conter tijolos nos bolsos que a senhora não poderia mudar de lugar e despir-se tranquilamente sem me apertar!

 

Continuo a dizer que tenho muita que tanta gente não tenha aprendido rigorosamente nada com o covid. Não sou invisível, porra!

Sobre o S. Valentim...

Sim, bem sei que parece retardada esta publicação, mas estive aqui no vai ou não vai, se deveria de escrever sobre isto, mas eu preciso de expiar as minhas mágoas. E nem de mágoas se trata, mas adiante...

 

Estive sozinha no dia mais meloso do ano -  que isto de ser solteira tens as suas vantagens e desvantagens, como qualquer outro estado civil, não é verdade? - porque, a modos que sair com o moço que ando a conhecer, nesta altura, ficava assim um pouco esquisito e dava azos a comprometimentos que não se deseja. Há que jogar pelo seguro. Eu sou uma Mula que gosta de manter as expectativas baixas, sejam as minhas, sejam as deles. Como ia passar a noite sozinha, decidi, por pura brincadeira, aderir à brincadeira proposta pela Delta Q

 

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Para quem não sabe, a Delta Q basicamente armou-se em casamenteira, e através da premissa "se não tens par, tens com quem falar" criou um quiz, onde os inscritos falavam sobre si e sobre o seu gosto pelo café, onde posteriormente a Delta Q após analisar as ditas candidaturas, agruparia as pessoas duas a duas, com características e gostos semelhantes, para falaram num chat moderado pela Delta durante 5 minutos, num horário que seria informado por sms. "Os casais" teriam apenas direito a 5 minutos, e no final, se quisessem conhecer-se melhor, teriam de se adicionarem no instagram por sua própria conta e risco. É assim, digamos que o Tinder já teve melhores dias e estas iniciativas são super engraçadas...

 

Ou seriam...

 

Já que nem a Delta Q me conseguiu encontrar um par! Nada! Nem um e-mail com um pedido de desculpas... A Delta Q no fundo fez-me o que tantos já me fizeram... Ghosting

 

É aqui que sabemos que batemos no fundo e que não temos solução possível: nem um algoritmo nos consegue ajudar a encontrar um par!

 

Voltar ao burgo e às madrugadas...

... Sim, porque para mim acordar às 6:30h é acordar de madrugada. Ainda não verifiquei mas aposto que ainda é de noite e tudo!

 

 

Mas adiante...

 

Após três semanas de férias e de rotinas tardias, regresso ao trabalho. A um trabalho que desconheço, a um trabalho que me assusta, a todo um conjunto de pessoas e de tarefas que desconheço.

 

Quem me conhece sabe que sou ansiosa e por isso este pânico inicial faz parte, a verdade é que já me deveria de ter habituado a ele mas ainda não aconteceu. Quando mudo de trabalho, ou quando me envolvo num novo desafio, passo sempre por quatro fases: pela fase do desespero - quando acho que não vou conseguir! -, da aceitação - quando percebo que se os outros conseguem, eu se der tempo ao tempo também irei conseguir -, do orgulho - quando finalmente entendo as tarefas e as executo com o mínimo de auxílio - e finalmente a fase da satisfação - quando me torno autónoma.

 

Basicamente segunda-feira passei o dia todo na fase do desespero e a achar que se calhar não foi boa ideia mudar de emprego, que tudo era demasiado complexo... Basicamente passei toda a segunda-feira a duvidar das minhas capacidades. Odeio esta fase. Não ajudou o facto de as tarefas serem minuciosas e complexas e vir para casa ter formação online porque o escritório está em obras. Tenho em mente que em regime e-learning não se aprende com tanta velocidade como em regime presencial, a atenção e a dedicação - de parte a parte - não é a mesma. Terça-feira, já em casa, começo a perceber que se calhar vou encaixar as coisas melhor do que estava à espera, fase da aceitação, e já começo a entender o que estava a fazer. Respiro de alívio. Abandono a ideia de que me vão despedir ainda na fase experimental. Quarta-feira, ontem, entrei felizmente na fase do orgulho, em que percebo que a moça tinha mais um ou dois dias previstos para a minha formação e agora anda a encher chouriços porque diz que já não tem mais nada para me ensinar e a próxima pessoa que vai continuar a dar-me formação ainda não está disponível, ou seja, eu que ainda deveria de ver apenas o que faz, já a estou a ajudar no trabalho dela. Tranquilizo o meu ansioso coração. Ansiosa pela fase da satisfação, mas antevejo que não vai tardar.

 

A equipa parece muito porreira, acessível, as regalias da empresa são muito atrativas, espanta-me até que não as tenham referido na entrevista, mas foi uma excelente surpresa, a chefia também parece super flexível e... Acho, mesmo, que aqui posso ser feliz!

 

Abraço apertado às novas rotinas, que o entusiasmo está todo cá! 

 

Quem mais desse lado está em fase de mudança?

Rejuvenesci das vistinhas

Nos últimos meses não conseguia estar ao PC, a trabalhar, sem óculos. Nos últimos meses não conseguia conduzir sem óculos. Nos últimos meses, os óculos estavam sempre presentes nas minhas fuças, porque estar sem eles já não era uma opção, como em tempos já foi. Como agora é, no fundo.

 

Desde que me despedi que nunca mais usei óculos e só por estes dias reparei que estava a conduzir sem óculos e que estava a ver perfeitamente bem sem desfocar. Achei incrível! Eu que estava super preocupada que tinha de regressar ao oftalmologista, ajustar a graduação, porque considerava que mesmo as lentes já não eram as adequadas, rejuvenesci das vistinhas...

 

Realmente trabalhar mata... E nem baseado na minha saúde me sai o euromilhões...

Uma espécie de Review de alguém que não percebe nada disto: Um Homem Chamado Otto

Nunca um filme mexeu tão abruptamente com as minhas emoções como este filme. Confesso que inicialmente estava bastante relutante, já que é uma adaptação do sueco Um Homem Chamado Ove e (que li, mas não vi o filme original) e quando percebi que até o nome do homem tinham mudado, fiquei com medo de não gostar. Mas não foi o que aconteceu.

 

Um Homem Chamado Otto conta a história de Otto, um homem recém viuvo, muito rabugento, com pouca paciência para pessoas no geral, e que após a morte da mulher mergulha numa profunda depressão, perdendo o entusiasmo de viver, até que com a chegada dos novos vizinhos, a vida de Otto muda radicalmente. 

 

Este é daqueles filmes que não sabemos se queremos rir ou se queremos chorar, se estamos a chorar de tanto rir, ou a rir de tanto chorar. É toda uma explosão de sentimentos e emoções que colidem entre si, cena após cena. Digamos que é um filme emocionalmente confuso. Adorei!

 

A prestação do Tom Hanks, é a que já estamos habituados: Incrível! A atenção é captada desde os primeiros momentos até aos últimos e quando acabou fiquei apenas triste porque não me queria despedir da histórias e dos seus personagens. Não é nada maçador e nem damos pelo tempo passar.

 

O filme destaca várias temáticas sociais importantes: O luto, a viuvez na terceira idade, a forma como a sociedade tenta descartar os mais idosos, e a importância da inclusão dos idosos na comunidade, assim como a importância da criação de estruturas de apoio comunitário com os mais jovens. Todo o filme é uma grande aprendizagem, a par com uma história de amor de nos amarfanhar o coração até ao último minuto.

 

Recomendo!

 

Já viram? O que acharam?

E quando a minha mãe achou que eu era lésbica...

... e infiel e sem pingo de moral?

A minha melhor amiga é bissexual e tem, atualmente, um relacionamento com uma mulher. Estou, obviamente, super confortável e à vontade com a situação mas a minha mãe - que é de outro tempo, apesar de graças à ficção estar mais evoluída - ainda não lida, de forma muito confortável, com o tema. Aos poucos, ela chega lá!

 

Numa sexta-feira, estou eu, a minha amiga, a minha mãe e outra amiga a jantar em minha casa, tranquilamente a falar sobre o divórcio dessa outra amiga que estava presente, e não sei como - aconteceu tudo tão rápido - a minha melhor amiga muda radicalmente de tema conta à minha mãe que é bi e que namora com uma mulher. A minha mãe meia atónita, meia sem compreender, deseja-lhe que seja feliz, obviamente, mas acaba por mudar de assunto. Assunto mudado, sigo com a minha vida e nunca mais me lembrei do assunto. 

 

No dia seguinte, sábado, fui com uma amiga - outra amiga! - para um hotel com spa. Spa, jacuzzi, massagens, foi um fim-de-semana de verdadeiro restauro mental e físico. Na altura publiquei imensas fotos do fim-de-semana incrível no instagram e a minha mãe foi acompanhando.

 

Domingo à noite chego a casa, relaxada, com a história de sexta-feira arrumada num espaço remoto da minha mente, muito longe... muito longe... e eis que sou bombardeada com perguntas. No fundo, basicamente, ela achava que eu era a namorada da minha melhor amiga e pior que isso: é que eu estava a traí-la com outra amiga porque ela não achava normal eu namorar com uma e andar em spas e massagens com outra!

 

 

A minha mãe estava a falar bastante a sério, mas eu ri! Ri tanto... Mas tanto, mas tanto!!! Que ainda hoje rio muito sempre que me lembro da cara dela indignada que tinha uma filha sem valores nem respeito pelos outros!

 

Expliquei-lhe que infelizmente sou hetero, que faço parte de uma grande percentagem de mulheres que sofre por homens parvos e sem coração e que não fazem ideia do que significa respeito pelo próximo e muito menos pelas mulheres. Expliquei-lhe que se fosse uma escolha, que provavelmente escolheria gostar de mulheres, que talvez seria mais feliz - se não apanhasse pelo caminho uma como eu, claramente -, mas que infelizmente não é algo que se escolhe e que como tal teria de carregar a minha cruz de gostar de homens indecentes e vagabundos, normalmente tatuados e com braços fortes - ai que já estou a divagar, perdoem-me - e que não, não estava a enganar a minha melhor amiga, e irmã! 

 

Apesar de tudo, fiquei bastante feliz quando a minha mãe me disse que me aceitava como eu fosse, que só queria que eu fosse feliz mas que não queria que andasse por aí a magoar ninguém, só fiquei chocada com o facto de por momentos lhe ter passado pela cabeça que a sua filha era uma vagabunda sem coração!

 

Coisas que só a mim... #12

imagem retirada daqui

 

 

A mãe pede-me para ir ao supermercado e dá-me uma listinha em papel. Guardo a listinha de papel no porta-moedas para me focar no que vou comprar. Chego ao supermercado, pego na lista e entro no supermercado com a lista na mão e rapidamente percebo que aquele, em específico, não tinha o que eu precisava pelo que me desloco para a saída.

 

Antes de sair, percebo que estou com fome, volto para trás e decido ir buscar um bolito para matar a fome. Vou buscar o bolito, guardo-o no saco e decido perceber - já que ia ficar na fila para pagar o bolo - se há alguma coisa da lista que ali pudesse comprar. 

 

A lista? Onde está a lista? Pois que percebo que a lista não está mais na minha mão, não está nos bolsos, não está na carteira, nem em lado nenhum!

 

É que só eu, é que entro com uma coisa na mão, de um momento para o outro essa coisa já não está na minha mão e eu nem sei em que momento é que deixou de estar!

 

Claro está que tive de ligar com a minha mãe e pedir-lhe que me escrevesse tudo o que precisava por mensagem, já que não sou responsável por SEGURAR um simples papel num supermercado!

 

Depois surpreendo-me de ainda estar solteira...!

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.