Está uma pessoa descansada na praia, estendida na areia entre o limbo do babar a toalha e pensar em coisas importantes da vida, como voltar até cá e contar-vos coisas da vida quotidiana, que não interessam a ninguém, mas que a mim me divertem imenso, quando do nada ouve-se uma mulher indignada, com conteúdo gratuito para este curral cheio de pó. Quase pensei em mover este corpinho roliço e preguiçoso e dar uns trocados à mulher para pagar a gentileza, mas a preguiça, obviamente, falou mais alto.
Ora atentem com a vossa Mula.
Todo um silêncio na praia, um calor quase a roçar o insuportável, uma brisa praticamente inexistente e ouve-se:
"Hei! Que nojo! Estou cheia de areia nas pernas!"
Fiquei confusa, pensei que pudesse ter sido, nos entretantos, drogada e raptada e quiçá mudada de lugar, para um bem longe da praia, mas rapidamente conclui que estava no sitio certo, com areia nos pés e brisa do mar no rosto... E quando vos digo a palavra praia, refiro-me efetivamente às praias do norte, não àquelas estranhas estrangeiras que em vez do granulado fino, têm godos gordos que magoam os pés e implicam visita de sapatos...
Posto isto...
...Pergunto-me o que esperaria a senhora ter agarrada às pernas!
A vossa Mula fez anos no passado dia 15 de Abril. Trinta e cinco, diziam as velas. A senhora do restaurante decidiu brincar com os balões e colocou-os na ordem errada a perfazerem uns simpáticos 53... Sim, balões, que a vossa Mula já é crescida mas de idade mental não tanto assim. Soubesse a senhora o que me custa fazer anos, e não brincava desta forma com a idade da vossa Mula. Mas adiante...
Como uma amiga da Mula sabe o quanto eu gosto de desembrulhar, mais do que o valor das prendas em si, decidiu oferecer 35 prendas úteis - entre elas medicamentos e gotas para os olhos, que já não vou pra nova - e dessas 35, pelo menos umas 15 eram os meus chocolates favoritos - chocolate branco de todos os formatos e feitios! Não há nada mais útil que um chocolate, essencialmente quando a tristeza aperta.
Saí do restaurante, guardei tudo no carro num saco gigante e fui dormir a casa dessa amiga. Ela perguntou se iria deixar tudo no carro, se cabia na mala - só quem conhece o meu carro sabe a pertinência da questão - e como o saco coube na mala, fechei tudo e fui dormir. Depois de uma noitada, obviamente não acordei cedo. Acordei com um belo de um pequeno almoço na cama, fiz a minha vida normal, e já depois da hora do almoço saí para ir para a praia já que o dia estava muito simpático e o calor convidativo.
Quando entro no carro, sou atacada por um bafo quente do interior, o volante queimava... Ligo o carro e só depois me lembrei: Os chocolates!!!!
Pois é, os chocolates ficaram no carro com as restantes prendas e viraram chocolate quente branco...! Só me apetecia chorar! Pena que os medicamentos que me deram foi brufen, porque em bom rigor, deveria de ser algo forte para a memória, e quiçá para o juízo!
Contei esta história lá no trabalho, com a alma em frangalhos... No dia seguinte, tinha uma tablete de chocolate branco na minha secretária! 🖤
Vocês pediram e eu como obediente que sou, cumpro. Eis a segunda parte do Manual do Solteiro.
Já me perguntaram onde arranjar namorado... Apps onde conhecer pessoas... Coisas que devemos ou não fazer.... Vamos por partes.
Relativamente ao local onde arranjar namorado... Gostaria muito de ter uma resposta na ponta dos dedos para todas e todos vocês, mas devolvo-vos a pergunta e se souberem um local seguro e fidedigno, digam aqui à vossa Mula, que por aqui também não anda fácil. Ainda assim, acredito que para quem seja um bom comunicador e extrovertido, que a fila do pão ainda é o lugar mais fácil para se encontrar um namorado, até porque à partida come hidratos de carbono e é menos um problema nas vossas vidas. Como a Mula não vai ao pão... Deverá residir aí o problema! Por outro lado, se quiserem encontrar malucos para vos preencher os vazios das vossas vidas, eis-me aqui para vos ajudar, que esses locais conheço-os bem.
1. As apps
As apps que a vossa Mula já percorreu e correu - essencialmente para longe delas, que aquilo é um mundo estranho - são variadas. Instalem-nas se, se quiserem divertir, mas com moderação. O valor do maluco por metro quadrado aumenta, à medida que aumenta a popularidade de uma app, tenham isso em consideração.
- Tinder:
A aplicação de encontros mais popular do mundo. Deslizam o dedo para a direita ou para a esquerda, à medida que os moçoilos e moçoilas vos agradam, ou não, respetivamente. Basicamente é como estar na loja online da Zara, só que por vezes os modelos aparecem sem roupa.
- Happn:
Basicamente igual ao Tinder - mas com menos moços giros desnudados -, mas em vez de deslizarem para a esquerda ou para a direita, carregam numa cruz ou num coração - o que humaniza ligeiramente mais a coisa - à medida do agrado ou desagrado da pessoa. A vantagem da app, é que contrariamente ao Tinder, aparece-vos primeiro as pessoas que se cruzam convosco. Tem vantagens quando vocês viram um moçoilo ou uma moçoila jeitosa na vida real e a tentam procurar nesta app de alguns solteiros para tentarem a vossa sorte online se forem como a Mula e não se derem muito bem com o orgânico.
- Bumble:
Semelhante aos dois anteriores mas com um pormenor, que a meu ver não faz diferença, que pelo menos pela minha experiência, os homens ficam sempre à espera que sejamos nós a falar. No Bumble as mulheres fazem o primeiro movimento, ou seja, se houver uma correspondência, cabe à mulher enviar a primeira mensagem. Já experimentei esta app, mas comigo não funciona, até porque só temos 24 horas - creio - para mandar uma mensagem e eu dou tanta importância que me esqueço e perco as correspondências, porque me esqueci de ir lá ver o que está a acontecer. Eu prefiro jogar com a regra do: Se dei match eu inicio a conversa, se deu o outro, o outro que inicie, se não eu desfaço o match e acabou a brincadeira. Até aqui tenho mau feitio... Depois queixo-me que estou solteira.
- Facebook dating:
Utiliza-se a partir do Facebook, semelhante às outras, mas com funções que nas outras aplicações são premium e que teriam de pagar à parte, como ver quem gostou de vocês, voltar a ver um perfil que passaram e que querem voltar a ver, entre outras funcionalidades. Aqui o número de casados aumenta significativamente já que muita gente não entende que a aplicação vai buscar fotografias que publicamos no Facebook para apresentarem aos outros utilizadores e só se não as quisermos usar é que as apagamos... Muita gente - demasiada até - não as apagam. Aqui nesta aplicação qualquer pessoa pode mandar mensagem sem dar correspondência - e as mensagens são igualmente desanimadoras - e podemos ainda ver os amigos em comum no Facebook, o que pode ajudar a perceber junto dessas nossas pessoas de confiança o grau de anormalidade dessa pessoa.
Sei que há muitas mais aplicações de encontros, mas foram estas que a vossa Mula já explorou e das quais retirou imensas aprendizagens. Não vou negar, já conheci algumas pessoas pelas aplicações - tirando o Bumble, que nunca troquei mais de duas palavras antes da pessoa sumir para todo o sempre por eu ter ultrapassado o tempo de resposta - e já conheci pessoas boas e pessoas más. Pessoas normais e outras nem tanto. Pessoas com as quais quis voltar a estar e outras nem tanto. Ou seja, no fundo as aplicações são como as farmácias: têm de tudo.
Agora que conhecem as aplicações algumas considerações que devem ter em atenção antes de criarem um perfil, ou após, se cometeram estes erros ainda vão a tempo de os corrigir:
2. Fotos com a mãe, pai, irmãos...
Estendível a todos os membros da família.
Sabemos que é importante, essencialmente se procuram um relacionamento sério, dar um ar de pessoa séria e de família, mas num perfil, não é o momento certo para o fazeres. Aproveita, quando deres match, para expressar essa parte importante para ti, e posteriormente - mas muuuuito posteriormente, ok? - envias quando trocarem whatsapp ou redes sociais, uma foto do jantar de família com todos a dizer cheese.
3. Deste match com a moçoila e agora?
Por favor, mas por favor, nem que te corroas todo por dentro, mas não comeces com um "olá gata/gostosa/..." e outros sinónimos, sei que já o tinha dito no outro manual mas nunca será demais relembrar. Podes sempre iniciar a conversa com algo que viste numa fotografia ou sobre algo que a pessoa escreveu, ainda que comigo um "olá, tudo bem?" nunca passa de moda. Entretanto, a conversa fluiu normalmente, passaram das apresentações, ainda falaram mais alguns dias e chega a altura de trocar redes sociais ou números de telemóvel... Não sei se sabes, mas funciona da mesma maneira, dá para escrever as mesmas coisas e tudo!
Aqui confesso que acontece algo que nunca consegui entender, tendo em conta que as fotografias que coloco nas aplicações são bastante fieis de mim e sem filtros. Mas a verdade é que não raras vezes - na realidade é a maioria - quando trocamos de aplicação para uma rede social as pessoas deixam de me falar...
Aqui um grande conselho: Deixaste de falar com a moça e cruzaste-te com ela novamente numa aplicação de encontros? Não lhe voltes a deixar like - isto acontece imenso, e eu sei porque tive uma oferta de 3 meses de Tinder Gold que dava para ver quem gostava de mim - , sabes onde a encontrar, é só voltar a iniciar uma conversa, será menos estranho do que voltarem a dar match. Se voltares a dizer "olá!" ao fim de 3 meses de puro silêncio é estranho... Quiçá um vídeo quebra gelo do reals ou do Tik Tok com gatos fofos a fazer asneiras, resulte. Quem resiste mesmo a gatinhos fofinhos, não é verdade? Sejam mais desenvoltos!
4. Descrição nas aplicações
Anda por aí uma moda bizarra, em que mais de 50% dos perfis dos homens têm a mesma frase de descrição! Eu sei que vocês não sabem, porque não vêm os perfis dos outros, mas lamento informar-vos, é isso que acontece quando vão ao Google tirar uma descrição. Aproveitem este grande ensinamento gratuito: As mulheres gostam de pessoas genuínas, com mais ou menos criatividade, mas acima de tudo de genuinidade. Mais vale não escreverem nada... Já que é opcional!
5. Signos
Sou gaja. Dou importância aos signos. Há tantas muitas outras mulheres como eu. Por isso um conselho, segues se quiseres, obviamente. Queres um compromisso sério, és do signo aquário? Se calhar dizes o signo só quando derem match...e quiçá só depois da moçoila já conhecer as tuas qualidades, é que ninguém no seu perfeito juízo, que se quer casar e ter filhos, dá match com um moçoilo de aquário que é mais provável que lhe parta o coração e desapareça de um dia para o outro do que terminem um happily ever after. Nada contra aquários atenção... Mas é inegável que são os mais frios do zodíaco. Se apenas quiseres dar uma trancadita, de momento, não tem problema nenhum, o signo até pode ser um ponto positivo.
E pronto, é possível que tenha de existir parte 3 que esta já foi bastante longa... Que lacunas sentem neste manual? Digam-me que a vossa Mula pesquisa e marina os assuntos e depois vem para aqui dizer estes disparates.
P.s.: Se caíram aqui de paraquedas e não leram a primeira parte deste incrível manual, é só clicarem aqui.
P.s 2: Tinha referido na primeira parte do manual, mas não é demais relembrar, que a minha experiência é heterossexual, pelo que é normal que fale para os homens uma vez que não sei se ao contrário funciona exatamente da mesma maneira. Faltam-me informações contrárias. Se algum moçoilo quiser fazer o outro reverso da moeda certamente será bem-vindo, que considero isto serviço público gratuito.
No fim-de-semana fui a um evento de música bastante conhecido da nossa praça com 8 horas de música non-stop. Quando lá cheguei, a malta estava toda a fumar no recinto - fechado -, apesar de toda a gente saber que era proibido e eu apesar de ser fumadora não sou a favor deste tipo de comportamentos. Até a mim me incomoda que sou fumadora, quanto mais a quem não é...
Não tardei em perceber o motivo.
Ao fim de algumas horas lá dentro, um ar abafado, imenso calor, decidi tentar vir cá fora apanhar um ar e fumar um cigarro já que não encontrei nenhuma zona de fumadores. Cheguei à entrada, não me deixaram sair... Disseram que já existiu uma zona de fumadores mas que a tinham encerrado e que não poderia sair, apesar da minha pulseira pomposa da área vip.
Após a minha insistência, os seguranças, que estavam acompanhados pela polícia, disseram "mas já se apercebeu que as pessoas fumam lá dentro certo?", e eu "sim já, mas também já me apercebi que é proibido, supostamente", os seguranças encolheram os ombros, a polícia riu-se e mandaram-me ir falar com o chefe de segurança para ver se existia alguma alternativa. Encontrei o chefe de segurança que basicamente me disse o mesmo e mandou-me fazer como os outros e ainda se riu!
E é isto... Uma pessoa tenta ser correta, tenta não infringir a lei, tenta ter respeito pelos outros... Mas claramente é a exceção à regra e os outros não estão habituados às exceções e ainda ridicularizam...!
Acabei por me resignar à minha insignificância, acabei por fumar UM cigarro lá dentro em 6 horas, super desconfortável, a olhar por cima do ombro e a sentir-me super mal por estar a infringir a lei a apesar de me terem dito com todas as letras que o poderia...
Serei um alien? Estarei eu errada, realmente? Às vezes sinto que não me sei enquadrar na sociedade...
Claramente tenho um vício, e claramente é cada vez mais difícil de o abandonar. Nem tão pouco sei se o quero abandonar... De facto!
Quem me segue no Instagram sabe que desde que trabalho junto ao rio que me viciei no mar, tão perto, logo ali ao lado. Agora que o sol se põe tarde não há dia que não saia do trabalho e não o vá só e apenas contemplar. As ondas a bater na areia - "O mar enrola na areia... Ninguém sabe o que ele diz, bate na areia e desmaia, porque se sente feliz!" -, o sol a refletir no mar, as pegadas deixadas por gentes e animais, gente a ir e a vir, casais, solitários como eu. Viciei-me no cheiro a maresia e no barulho das ondas. Tinha saudades de me sentir assim: leve, tranquila, como o mar...feliz!
Tenho reparado ainda num pormenor importante e que de pormenor tem muito pouco: quando estamos só e apenas assim, felizes, coisas boas vêm ter connosco e as coisas que simplesmente nos deixam e que numa outra altura até nos poderiam causar algum tipo de dano, abandonam de mansinho sem causar mossa ou fazer barulho, quiçá abafado pelo barulho dos risos interiores ou exteriores.
O mar faz-me feliz, e eu estou viciada no mar porque no fundo estou viciada em ser feliz!
Que a vossa Mula é meia doida, um tanto destrambelhada, isso vocês já sabem, o que vocês não sabem é que isso pelos vistos pode ser um problema.
Antes de encontrar este novo emprego, enviei vários currículos com afinco. A minha anterior chefe - cuja saída me levou a querer abandonar o antigo emprego - com vasta experiência em Recursos Humanos, ajudou-me a criar um bom currículo e a verdade é que fui sempre chamada para entrevistas de todos os anúncios que respondi. Cheguei a receber outras respostas positivas, mas a verdade é que eu estava expectante com esta - a atual -, confiei e correu bem.
Mas a publicação de hoje não é sobre este novo emprego e de como estou feliz. Tão feliz!
Nessa fase de procura de novo emprego, respondi a uma candidatura para uma empresa toda XPTO, moderna, com um mindset diferente que consta das 100 melhores empresas para se trabalhar em Portugal. Pode até ser a número 99 ou a 100, mas a verdade é que fiquei curiosa. Numa primeira fase fui a uma entrevista de grupo, com o diretor da empresa, que é um coach conhecido da nossa praça e que eu já seguia há algum tempo nas redes sociais. A entrevista aparentemente correu bem, e passei para a segunda fase de recrutamento, que era nada mais nada menos que um extenso teste de personalidade.
A vossa Mula foi trabalhadora estudante desde os 16 anos, fez um curso superior enquanto trabalhava e cuidava de uma casa e de um marido, nunca reprovou... E a primeira vez que reprova, tinha de ser num teste de personalidade sobre si.
Uns dias após a realização do dito cujo, à qual fui sincera que as pessoas têm de gostar de mim pelo que sou e não pelo que querem que eu seja, recebi a resposta que o meu perfil não se enquadrava no pretendido...
Ainda hoje matuto, será que foi a parte em que eles perceberam que era explosiva, impaciente e teimosa? Não se deveriam de ter focado antes e só nas coisas boas? É que também sou comunicativa, resiliente e organizada...
Pois é meus amores da Mula, a vossa Mula é trolaró da cabeça e pelos vistos isso não passou despercebido ao olhar demasiado exagerado, pareceu-me, dos recursos humanos da empresa, até porque sempre me ensinaram: Quem muito escolhe, pouco acerta.
Não me conheço o suficiente para cair constantemente no erro do excesso de chocolate e acabar enjoada e a repetir mentalmente que nunca mais faço aquela combinação...
A minha memória é do tamanho de uma avelã!
Mula, repete: se a bebida é de chocolate, o que se come tem de ser salgado, ou menos doce, e não bolo de chocolate!
Quase 35 anos e continuo a ter mais olhos que barriga como se tivesse 13!
Colado à minha casa, foi vendido um terreno com uma casa praticamente em ruína. Quem comprou tem de fazer grandes obras, para tornar a dita habitável. E assim, tenho os meus novos vizinhos com obras, há meses!
Pelo que percebo, porque estive duas semanas em teletrabalho e não ouvi barulhos durante a semana, serão eles que aos poucos estarão a reconstruir e então acharam por bem iniciar as obras aos sábados às 8h30, da MANHÃ - para que não restem dúvidas sobre o sistema horário - todos os sábados, faça chuva ou faça sol. A casa deles é colada ao meu quarto, quando eles batem telhas ou usam a maquinaria barulhenta, até parece que sinto o meu quarto a abanar, e o barulho entra e aloja-se no meu cérebro ao expoente da loucura.
Preciso de dormir! Vocês sabem que eu sou dorminhoca e que preciso de dormir! Trabalho a semana toda na esperança do sábado chegar rápido para dormir até tarde e tem sido completamente impossível. Já me mentalizei que agora só tenho os domingos... Ou tinha!
Há duas semanas começaram também a fazer barulho aos domingos de manhã! Disse para mim que se o voltarem a fazer irei acionar a polícia que já me parece abuso. Se já é abuso - e proibido, tanto quanto sei a lei do ruído é só de segunda a sexta - ao sábado de madrugada - sim, porque 8h30 de sábado vamos ser sinceros que é de madrugada - repetir ao domingo é simplesmente gozar, literalmente, com quem trabalha de segunda a sexta!
Por isso... Há alguns meses que não tenho um fim de semana descansado e relaxado, ainda esta semana disseram-me que estava com mau ar, que estava com aspeto cansada, e se ando feliz e satisfeita no trabalho, só pode ser de não dormir, já que durante a semana acordo às 6 da manhã.
É triste quando não há respeito. Eu respeito que eles queiram e precisem de fazer obras, mas eles também têm de respeitar quem precisa de descansar, ainda pra mais porque nunca vieram cá pedir ou informarem-se se era ou não um problema, assumiram apenas que era para avançar.
Estou tão mas tão farta disto que estou quase a reservar um quarto de hotel qualquer baratucho só para tirar um fim de semana de descanso. A minha saúde mental começa a ficar afetada!
Durante muito tempo era complicado dançar em público e tocar à vontade no corpo, baloiçar corpo e cabelos de forma leve e sensual, como o faço enquanto limpo a casa de música em alto som, qual Freddy Mercury. Esqueçam apenas a vestimenta e os saltos do Freddy, que aqui é mesmo de pijama e pantufas, mas durante as limpezas dança-se de tudo e dou altos espetáculos para os meus gatos.
Não sei se é vergonha, falta de confiança, desconforto com o próprio corpo, ou se um mix tipo cocktail molotov, mas a verdade é que quando dançava em público os movimentos eram rígidos, como se estivesse colada ao chão e o corpo pesasse chumbo.
Tenho evoluído imenso desde que danço com mais frequência e aqui percebi que não sou a única com esta... chamemos-lhe limitação. É impossível não rir quando as professoras e os professores gritam: "toquem que é vosso", ou "aqui é para ser sem vergonha, a vergonha fica lá fora". Lembro ainda dos tempos em que fiz aulas de danças afro-latinas, de como era rígida ao dançar com par, ficava desconfortável, era estranho, ficava firme e hirta como uma viga de betão, nem o professor me conseguia domar. Ao fim de uns meses, quando dançava com o professor ele levava-me para onde queria e bem lhe apetecia que eu deixava-me conduzir sem medos ou problemas, quem visse de fora pensava que era uma bailarina nata. Não era e não sou, era apenas porque me deixava conduzir sem problemas, com alguém que não saiba dançar ou não saiba conduzir, eu danço zero e o ideal é levar botas de biqueira d'aço.
Encontrei na dança mais uma alavanca para o desenvolvimento da autoconfiança e autoestima, que tenho vindo a falar aqui nos últimos tempos e estou a dar baby steps para me melhorar. Deixei as danças Afro-Latinas, pois perdi o meu par, mas continuo na Zumba, faço FitBrasil e até já fui a duas ou três aulas de Sensual Moves - aí sim, aí sim é para soltar tudo! - para me soltar, para deixar de lado a rigidez corporal e deixar apenas fluir. Lembram-se quando vos disse que não conseguia gritar? Até nisto estou a trabalhar. Aos poucos tento que se solte um pouco de voz, quando a malta começa a gritar feita louca. Mas isto ainda é estranho... Acho que nunca partilhei com ninguém, mas quando grito dá-me vontade de chorar, mesmo quando estou a divertir-me, feliz... Preciso de libertar isto de mim, não quero isto pra mim!
Por isso acho que dançar deveria de ser obrigatório. Dançar sem medos, com sensualidade, sem vergonhas ou ansiedades, deixar apenas fluir. Ser natural! O que funcionou comigo foi começar a treinar algumas das coreografias em casa, pelo facto de ficar menos preocupada, durante a aula, em acertar os passos e poder aprimorar a técnica e o movimento, e assim aos poucos ganhar cada vez mais confiança e já se sabe...