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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Que espécie de adultos estamos nós a criar?

 

Semana passada na cadeia do M amarelo, estava uma criança, que deveria de ter uns 4 anos, aos berros desde que lá entrou. Até aqui tudo certo, sou da opinião que não se pode colocar uma mordaça na boca das crianças para que elas se calem por muito que possa irritar quem está à volta. São crianças, é suposto chorarem, fazerem birra e fazerem barulho. Tudo certo até aqui.

 

O restaurante estava cheio, já eu estava numa mesa alta, e os pais encontraram um lugar confortável sentados naquelas poltronas. A criança apontava para a mesa ao lado e berrava, berrava, berrava. A mesa ao lado tinha aqueles tablets com os joguinhos para as crianças, e ali estava uma família - sem crianças pequenas - a jantar. Notou-se que a família acelerou a refeição e mal se levantaram, os pais foram para essa mesa, e não mais se ouviu a criança aos berros.

 

Diz assim um homem que estava ao meu lado, para a sua filha pré-adolescente:

 

Pessoa: Ah! Estava a ver que não! Não sabiam ter cedido logo aquela mesa ao menino? Faz algum sentido eles estarem ali sentados? Aquilo é para as crianças!

 

Juro-vos que fico cega com estes comentários! Juro-vos que me enervam os pais que fazem tudo aos filhos. Levantem-se e comentem pais que a partir deste momento me vão odiar um bocadinho, com esta publicação...

 

Mas atentem no que eu digo, que não sou mãe, mas sou formada em educação: O papel das crianças é testar os limites. O papel dos pais é estabelecer os limites! É importante que os pais demonstrem às crianças que não pode ser tudo como elas querem, quando elas querem, e só porque elas querem. É importante que recebam nãos, porque a vida é assim, quantos nãos recebemos nós ao longo de uma vida? Temos de preparar as crianças para os nãos, para perder (sim, porque também não sou a favor que deixemos as crianças ganharem sempre, quando jogamos com elas), para terem contrariedades e adversidades, a vida não é assim tão simples e simplista. É preciso ir à luta, nada cai do céu, é preciso ser persistente, é preciso ser... Resiliente!

 

Ao deixarmos as crianças fazerem tudo à maneira delas, só criamos crianças com baixa resistência à frustração, arrogantes, com mau perder, sem fairplay, sem respeito pelo outro.

 

Claro que se calhar estou a levar tudo ao extremo, nem conheço as pessoas envolvidas, mas mais do que os pais que se levantaram e foram para a mesa que a criança queria - porque provavelmente eu também o faria como mãe, só para que a criança parasse de chorar, já que estava num espaço público - chocou-me o comentário do outro pai que estava com a pré-adolescente, a miúda não deveria de ter mais de 12 anos.

 

Sim, aquela família apesar de não ter crianças pequenas, tinha todo o direito de ali estar, como qualquer outra pessoa. Não, eles não tinham de ceder o lugar para a criancinha que estava chateada por não ter o brinquedo para jogar!

 

Preocupa-me a sociedade que estamos a criar, com as crianças que estamos a (des)educar, porque se ainda houver esperança para a minha reforma, são estas gerações que me vão dar sustento na minha velhice, e deste modo não estou a ver jeito!

 

Agora, a sério, questiono-vos: Pais, educadores e afins desta blogosfera, estarei a exagerar? Não é importante as crianças perceberem que nem sempre têm o que querem?

A maravilhosa touca de cetim

Já referi por entre uma publicação ou outra, que tenho o meu couro cabeludo oleoso. Lavo o cabelo, no próprio dia ele fica direitinho, vou dormir e basicamente acordo, no dia seguinte, como se tivesse sido lambida toda a noite por uma vaca - que espero que seja uma daquelas dos Açores, criada ao ar livre, feliz.

 

Tentei de tudo, champô purificante - que me resseca imenso as pontas -, champô próprio para cabelos oleosos, sprays e o diabo a sete. Sem resultados. Durante muitos anos rendi-me ao champô seco, que não fazendo milagres, ajudou-me a lavar o cabelo pelo menos dia sim, dia não - a menos que vá ao ginásio todos os dias, aí tenho mesmo de levar diariamente - mas ainda assim por vezes, pelo menos a franja tinha de lavar, no suposto dia não, porque às vezes a vaca entusiasmava-se e a franja ficava completamente assapada na cabeça sem solução.

 

Imagem retirada daqui

 

Descobri o milagre da touca pouco sexy de cetim. A minha obviamente é de uma imitação qualquer de cetim da SheIn e que me custou pouco mais de 2,00€. Bem sei que não é a coisa mais bela do mundo, e que quem durma acompanhada pode ser um turn off para o parceiro, mas é como nos dizem, minha gente boa, não se pode ter tudo: Ou têm um marido feliz ou um cabelo bonito e brilhante, e eu tendo em conta a sorte que tenho com os homens aposto forte na segunda. Também não acordo ao lado de ninguém, a escolha é fácil.

 

A touca, tenho de vos confessar, não é a coisa mais confortável para dormir, ainda por cima a minha tem um elástico regulável que aperta um pouco - tenho medo de a deixar demasiado solta e que fuja de noite, como os homens... - e confesso que às vezes exagero e até acordo com as orelhas um pouco doridas, mas... consigo aguentar 2 dias sem lavar o cabelo e ele fica impecável nos dias seguintes! No dia seguinte é só dar um pouco de ar com o secador para lhe dar algum movimento e tirar os jeitos de dormir, et voilà! Resultado: A cor dura mais tempo, porque não é tão frequentemente lavado, não resseco tanto as pontas, e o cabelo cresce mais saudável, espero - que ainda uso há pouco tempo. A ver se é desta que o bicho finalmente cresce em condições!

 

Quem desse lado usa touca de cetim? Alguém com dicas de modelos mais confortáveis?

Quando nos surpreendemos com banalidades que deveriam de ser normais

Trabalho desde os meus 16 anos e a empresa onde trabalho atualmente, é a primeira - tirando as da área da restauração por onde passei - com água quente. Não imaginam o choque quando fui à casa de banho lavar as mãos e me apercebi que a água estava quente! Uma colega estava comigo na casa de banho e foi impossível não soltar um: "Aqui há água quente!" Com um ar de surpresa igual a encontrar um pote de ouro atrás do arco-íris! A colega riu-se e empaticamente disse: "eu tive a mesma reação quando vim para aqui..." e rimo-nos as duas.

 

 

Reparem que poderia aqui estar a enumerar e a mostrar-vos o meu choque com os inúmeros benefícios que a empresa nos dá, como fruta, águas, bolachas e café à descrição, poderia vir aqui fazer uma vénia ao facto da minha empresa disponibilizar, na casa de banho das mulheres, absorventes, também gratuitamente, mas isso é inegável que é um benefício que a empresa dá, que não são obrigatórios e que é impossível não agradecer ou apreciar. No entanto, estamos a falar de água quente! Eu sei, eu sei, estou a repetir-me bastante, mas é para que entendam o meu choque!

 

Eu surpreendi-me com o facto da empresa ter água quente, que tanto estou a agradecer neste inverno gélido, porque por todos os escritórios por onde já passei isso não existia, e deveria de ser um requisito obrigatório, a par do aquecimento e do ar condicionado, faz parte de condições básicas de trabalho. Eu não me deveria de ter surpreendido porque deveria de ser normal, e incrivelmente não é!

 

Já trabalhei num sítio perto do shopping, e acreditem ou não, no inverno eu preferia sair do meu local de trabalho e ir à casa de banho do shopping, do que à da loja, para poder simplesmente lavar as mãos decentemente, para me aquecer um pouco. Nessa mesma loja, já aconteceu eu ligar uma vela para poder aquecer minimamente as mãos porque as queria mexer e não conseguia, tal era o frio.

 

Pensando bem é triste surpreendermo-nos com coisas que deveriam ser normais, que deveriam de estar instituídas, que deveriam de ser obrigatórias!

 

Assim realmente é fácil nos surpreendermos com empresas que com tão pouco conseguem marcar pela diferença, quando na realidade deveriam ser apenas mais uma!

O que nunca contamos acerca das viagens #2

Em 2017 já tinha dado umas pinceladas sobre coisas que nunca nos contam sobre as viagens que fazemos, até porque normalmente os percalços que existem não superam o bem que as viagens nos fazem pelo que é fácil relativizar e esquecer.

 

Mas porque a vossa Mula gosta sempre de dar uma imagem abrangente de tudo, conta-vos o último percalço que aconteceu na última viagem que fiz a Málaga, no mês passado, que alguns de vocês acompanharam na nova conta de Instagram da Mula, que espero que já estejam a seguir - imaginem a vossa Mula com olhos à Gato das Botas a fazer beicinho!

 

Capture.PNG

 

Cheguei a Málaga de manhã, de avião, e o check in era apenas a partir das 15h00, para não andar feita caracol de mochila às costas até porque estava bastante calor - apanhamos temperaturas na ordem dos 20ºC - deixamos as malas num cacifo que encontramos na cidade e fomos fazer a nossa vida e partir à descoberta.

 

Ao final do dia, fomos buscar as nossas malas e fomos para o alojamento. Como éramos três e como não queríamos andar à noite na rua, porque tínhamos visto que as noites estavam bastante frias, acabei por reservar uma espécie de apartamento - na realidade era uma mini casinha térrea dentro de um condomínio fechado, no centro histórico, para podermos fazer refeições também no alojamento, tornando assim a viagem também menos dispendiosa, que isto de viajar é muito bonito mas gastamos muitas das vezes mais do que a conta, há que ter em atenção todos os pormenores.

 

Chegamos ao alojamento já passavam mais de duas horas desde que poderíamos fazer o check in. Abro a porta do alojamento e... o choque!

 

A tragédia, o drama, o horror: O alojamento não tinha sido limpo. 

 

O cenário quando abrimos a porta foi um sofá-cama desfeito com os lençóis dos anteriores hóspedes, a cama de casal desfeita, com obviamente os lençóis utilizados, e as toalhas na casa de banho sujas também!

 

Primeiro, o pânico: E agora? Não tínhamos tido contacto com ninguém, a chave era deixada num cofrinho com código à porta do alojamento.

 

Segundo, a reação: Ligo para o proprietário. O número não estava disponível. Mando mensagem pelo Whatsapp com fotos, as mensagens não estão a ser entregues. Próximo passo? Procurar lençóis e toalhas lavadas no roupeiro. Nada! Ligo para o Booking para efetuar a reclamação e para que eles tentassem chegar ao contacto com o proprietário. Pediram-me 24 horas para resolver a situação pois também não o estavam a conseguir contactar.

 

Terceiro, a resignação: Não sabíamos como, ainda, mas teríamos de ali passar a noite. A vossa Mula não é de bloquear, pelo que tratou logo de resolver a situação e verifiquei que a máquina de levar do alojamento também era de secar pelo que colocou logo tudo a lavar, teríamos "só" de esperar 7 horas para termos toalhas e lençóis limpos. Entretanto também existiam produtos de limpeza pelo que tratei logo de desinfetar todo o alojamento, ainda que, deixem-me já vos dizer que os anteriores clientes eram extremamente limpos - ou limparam a casa antes de ir, não sei - porque se não fossem os lençóis e as tolhas eu não diria que por ali teria passado alguém. Estava tudo aparentemente impecável e nem um único cabelo no chão, mesmo na casa de banho - e pelo que percebi pela conta da Netflix que lá tinha ficado deixada, deveria de ser um casal com dois filhos.

 

Quarto, a maestria:  De tanto andar às voltas na casa para acalmar o nervoso, percebi que a cama era um sommier, e chamou-me a atenção o facto de ter um aloquete. Na minha mente estava ali tudo, lençóis, toalhas, loiça... Sentei-me no chão e pus-me a rodar o código do aloquete, que definitivamente não era dos mais seguros que eu já tinha visto - até o meu fraquinho do ginásio tem mais qualidade que aquele. Ao rodar os primeiros números, devagarinho, senti uma espécie de vibração quando chegou ao número 6. Hmm.... Será? Passei para o segundo número, e voltei a sentir uma vibração quando chegou ao segundo 6, e uma terceira vibração quando chegou ao terceiro número 6. O aloquete abriu. A sério? O número da besta? Realmente senti que aquele proprietário era besta, fazia sentido. A minha intuição não me falhou, ali estava tudo, lençóis, toalhas, gel de banho, produtos de limpeza... Tudo o que poderiam imaginar. Já não precisava de esperar que a máquina acabasse de lavar e de secar. Fizemos as camas, deixei tudo direitinho, voltei a fechar o aloquete e aterramos no sofá.

 

Ao fim de algumas horas, após o alojamento estar limpo e imaculado, o proprietário finalmente responde às mensagem com um simples "Ya veo, hable con Booking para que le cancelen sin cargos". O quê? Depois do trabalho todo que tive queria que eu cancelasse a reserva? Claro que não! Liguei logo com o homem, disse-lhe que não ia cancelar porra nenhuma que já tinha limpo tudo, posto a máquina a lavar, que era de noite, que estava cansada e que dali já não saía. Ficou chocado por ter limpo tudo, e prontificou-se a levar logo lá lençóis e toalhas - que obviamente não lhe disse que lhe tinha assaltado o sommier. Pronto, foram lá umas pessoas entregar-me novos lençóis e toalhas que guardei direitinho no sommier, novamente, e prossegui com a minha vida. Prossegui, obviamente, na mesma com a reclamação do Booking - que indicou que como a situação fora resolvida que não haveria lugar a qualquer compensação - e reclamação do alojamento, apenas pela atitude.

 

O que me chateou verdadeiramente não foi o alojamento sem limpeza, porque já se sabe que nem todas as pessoas são confiáveis e aparentemente o que aconteceu foi que a pessoa da limpeza faltou e não avisou. O que me chateou foi alguém ter um negócio e estar-se a marimbar para ele, foi o facto do proprietário não estar contactável, apesar de saber que iria ter entrada de hóspedes. Foi terem-me garantido que iriam no dia seguinte fazer na mesma a limpeza deles - apesar de eu ter dito que não era necessário, mas eles terem insistido, ao que eu disse no meu melhor espanhol, "claro, muchas gracias!" - e ninguém mais lá ter ido. Achei a atitude miserável, pelo que sim, procedi com a reclamação pública no site do Booking, para além de que a casa era para 4 pessoas e tinha de se aguardar 1 hora entre banhos que a água da caldeira mal era suficiente para um só banho. 

 

Mas prontos, a modos que percalços à parte, aproveitei imenso a viagem, molhei os pés na água do mar, estendi-me na areia, comi coisas boas e desconectei do meu anterior emprego para começar em grande e com disponibilidade espiritual e mental para o novo. Hoje olho para este percalço como uma história para contar aos netos, aos amigos e a vocês, porque já se sabe que uma vida rica, é uma vida cheia de histórias! À parte de tudo isto continuo a sentir Málaga como a minha casa, é incrível o quão bem eu me sinto nesta cidade que não perde o encanto, nem no Inverno! Se quiserem ver o que podem encontrar em Málaga, espreitem aqui.

 

E a vocês, já vos aconteceu algo semelhante?

Sobre pessoas com doses regradas de noção

imagem retirada daqui

 

Recordam-se desta pessoa? Pois que esta personagem voltou a cruzar-se na minha vida, desta vez não se ajuntou a mais eu no balneário, mas cruzou-se comigo na fila para Pilates.

 

Estou eu à espera para entrar na sala, tranquila da minha vida, provavelmente a rir-me para o telemóvel, quando de repente a mulher chega e diz assim para quem está na fila: "Então, quem vai dormir hoje?". Zero respostas. Estávamos umas 15 pessoas na fila e zero respostas. Todas a olharam com desdém, ninguém respondeu. Levanto os olhos do telemóvel para perceber o que quereria ela dizer e ela acrescenta: "Sim, quem é que vai dormir hoje na aula? É que esta aula é assim mais calminha, é assim mais para relaxar não é?"

 

Já não é a primeira vez que ouço este tipo de comentários sobre estas aulas, em todos os ginásios por onde passei a premissa de que pilates é para dormir era uma constante, e eu, como não poderia deixar de ser, parto sempre em sua defesa. Pensei em voltar a colocar os olhos no telemóvel, ignorar simplesmente, mas não consegui, foi mais forte que eu. Digo assim meia ríspida - espero que o revirar de olhos tenha sido apenas mental - "quem adormece em pilates é porque não está a fazer alguma coisa bem, pelo menos eu não consigo dormir enquanto estou em sofrimento!". A mulher ri-se, o professor chega, e entramos todos.

 

Não sei se o professor ouviu, se já era o que tinha planeado - as aulas com este PT são sempre bastante intensas - mas a verdade é que a aula foi toda ela muito dura. Muitas insistências, muito corpo em desequilíbrio, muitas isometrias. De repente, no silêncio da sala, a meio da aula ouve-se essa mulher a dizer "ai, que isto é muito difícil!", apeteceu-me dizer-lhe que era difícil porque se tinha esquecido do travesseiro em casa e que o chão era um pouco duro, mas ri-me apenas para dentro, de nervoso, e continuei, uma vez mais, ninguém respondeu.

 

Eu sei que o karma is only a bitch if you are, mas sejamos sinceros... As pessoas também não me ajudam, e se por cada revirar de olhos meus me cair um grão de areia em cima, não tarda estou enterrada!

Solteirices #6

Manual do Solteiro

Às vezes sinto que faz falta a muita gente uma espécie de Manual do Solteiro, com dicas importantes sobre o que fazer e essencialmente sobre o que não fazer. Contra mim falo, atenção, mas a verdade é que há determinadas situações que são tão óbvias para uns... Mas claramente pouco óbvias para outros, pelo jeito.

 

Como certamente todos sabem, há umas aplicações, dessas com perfis para solteiros - e alguns casados... demasiados até! - que avaliamos as pessoas por duas ou três fotos e tentamos perceber o nível de (a)normalidade com base nessas mesmas fotografias e quiçá um texto poético - ou não - sobre a pessoa - ou não - e é através do pouco - ou nada - que vemos, que nos faz - eventualmente, na realidade na maioria das vez não faz - ter vontade de falar com a pessoa, de conhecer a pessoa. O fantástico mundo moderno até porque como já vos tinha dito aqui, o orgânico já não existe.

 

Assim, pegando na minha vasta experiência em aplicações - uh! quanta mestria - decidi desenvolver uma espécie da Manual do Solteiro, para homens, que em alguns casos poderá ser aplicado às mulheres, mas que por razões óbvias me faltam dados concretos para essa constatação. 

 

Manual do Solteiro.jpg

 

1. Erros ortográficos.

Entremos logo a pés juntos neste manual. Meus fofuxos da Mula, se querem impressionar uma mulher usem mais cérebro e menos corpo. Para mim, erros ortográficos - não falo de gralhas de escrita que todos podemos dar, falo de erros ortográficos crassos e impossíveis de ignorar - é dos maiores turn-offs quando estamos a conhecer alguém e mais grave se torna quando está no vosso texto de apresentação. O Google é vosso amigo, se têm uma dúvida a escrever alguma palavra pesquisem, vão ao dicionário online, é como quiserem, mas vão! Eu também tenho dúvidas a escrever certas palavras... Procuro um sinónimo que eu saiba escrever ou então vou pesquisar. Não usem os vossos telemóveis apenas para engatar moçoilas, invistam no vosso desenvolvimento diário.

 

A par de erros ortográficos, e com o mesmo nível de arrepio na espinha - mas em mau - estão aqueles que dizem "a gente vamos...", "prontos", e outros que tais. Já agora, aproveitando o lanço por favor libertem-se do "escola da vida", um pirilampo morre por cada "escola da vida" que eu encontro e não tarda os pirilampos entram em extinção.

 

2. Fotos com bicos de pato.

Entendo que esta moda veio para ficar. O que não entendo é como é que os homens aderiram a ela. Para quem não sabe os "bicos de pato" são aquelas fotos a fazer beicinho, que toda a gente já tirou, eu inclusive não vou mentir, popular entre os jovens e adolescentes, mas que em homens de quase 40 anos fica só bizarro. Já me aconteceu estar a apreciar um determinado perfil e do nada vislumbrar tal obra prima e fechar logo a aplicação tal é a urticária que me causa.

 

3. Mensagens repetidas ou sem nexo

Há mais de um ano que recebo - diria que mensalmente - a mesma mensagem, vinda da mesma pessoa. Nunca aceitei o perfil, nunca respondi, e a pessoa continua a enviar constantemente a mesma mensagem, denotando falta de memória, falta de seleção - é que é tudo a eito, de certeza - e pior, falta de bom senso. Dá inclusive um ar de desespero e de louco. Arrisquem tudo, se encontram alguém que apreciam, querem chamar a atenção, sejam loucos, enviem algo que chame a atenção da pessoa, mas sejam seletivos, façam com que aquela pessoa se sinta especial e não deixem transparecer que enviam a mesma mensagem para todas as pessoas, vezes e vezes sem conta.

 

Alerta: Não enviem "🔥🔥🔥", "que gata!", e outros que tais como primeira mensagem. Dá-vos um ar de psicopatas e de loucos, temperados com desespero e falta de noção. A mim, pelo menos, causa-me refluxo gástrico e certamente que as restantes mulheres desta vida agradecem que não o façam.

 

4. Sejam coerentes

Eu sei que é típico destas aplicações as pessoas darem sinais contraditórios para confundir de alguma forma os outros mas... colocar no perfil que procuram um relacionamento sério, e 4 das 5 fotografias que publicam ter os vossos abdominais e peitoral, não deixa pessoas como eu confortáveis, e claramente não procuram a mãe dos vossos futuros filhos. Digo como eu, que eu não procuro ramboia louca nas aplicações, porque caso contrário haveriam ali alguns que não me escapariam, certamente, apesar de provavelmente perguntarem "gostastes?" e não saberem a diferença entre o "à" e o "há", para o caso não interessaria. Mas sejam sinceros, se procuram apenas algo casual, digam-no abertamente, certamente que encontrarão alguém que pretende exatamente o mesmo e não estão a iludir ninguém.

 

5. Não publiquem fotos com os vossos amigos, filhos, esposas, etc.

No caso dos amigos, não o façam porque, primeiro provavelmente os vossos amigos nem sabem que estão lá, e isso é violar a imagem de outra pessoa, segundo, a maioria das vezes os vossos amigos são mais bonitos que vocês e tantas vezes só serve para nós percebermos que mesmo que acertemos o ninho, erramos no passarinho e perdemos a vontade - não venham com histórias que a beleza interior é que é, que numa app de encontros isso vale zero, que não dá para avaliar por aí -; quanto a fotos com os vossos filhos... Espero que tenham noção que numa aplicação, os doidos aumentam significativamente por m2. No caso das esposas, a menos que seja para um trio, a razão parece-me óbvia, e não coloquem fotos cortadas, em que se percebe que estavam naquela foto com a vossa ex - ou atual - e fica só esquisito. De certeza que têm muitas outras fotos que podem utilizar, ou então peçam a alguém que vos tire alguma decente. Digam o que disserem, ali estamos a vender a nossa imagem, como se de um produto se tratasse.

 

Ainda na parte das fotos, duas ou três notas: escolham bem a fotografia que colocam na apresentação, uma que estejam a comer massa bolonhesa todos sujos, se calhar não é uma boa foto para dar nas vistas - pela positiva -; se têm quase 40 anos, não coloquem fotografias de quando ainda tinham cabelo e andavam de skate, apesar de já serem mais sedentários que o meu gato e metade do cabelo já ter ido embora. Aceitem a vossa idade, não queiram parecer miúdos.

 

E prontos meus queridos, por hoje é tudo, se gostaram, eu vou continuar a fazer prospeção de mercado e trago-vos parte II - agora parecia a malta do tiktok... perdoem-me! - se não apreciaram é uma questão de seguirem com a vossa vida, se gostaram mas quiserem ficar por aqui... Não prometo que não exista segunda parte sobre o mesmo tema.

 

Já agora, solteiros e solteiras desse lado: O que vos causa urticária neste mundo das apps, dates e seus semelhantes?

Sobre a invisibilidade...

... A tal da invisibilidade no ginásio!

Disse algures por aqui num comentário, que uso e abuso de um manto de invisibilidade no ginásio, mesmo que não seja propositado. Se alguém vai para o ginásio meter conversa e conhecer malta gira e jeitosa -  ou não, que acharem que no ginásio é tudo giro e jeitoso é puro mito - a Mula não é essa pessoa. A Mula entra muda e sai calada, passa discretamente por entre os moçoilos - e as moçoilas, pelos vistos - e mal vê e mal é vista, até porque faço essencialmente aulas, por isso raramente desfilo a bunda por entre as máquinas e os corredores.

 

Mas atentem na minha teoria da invisibilidade, que semana passada concluí que é mais grave do que parecia.

 

Estou nos balneários a trocar-me para treinar. Balneários vazios. Estou eu numa ponta de todo um banco enorme de correr, e estão mais três bancos desses grandes lá solitários no ginásio que àquela hora não estava lá praticamente ninguém. E não é que vem uma senhora depositar as suas tralhas mesmo junto às minhas e eu ainda tive que arrastar o meu saco porque as coisas dela estavam a tocar nas minhas? 

 

Já vos disse que os balneários estavam vazios? Falta apenas dizer que naquele balneário cabem, à vontade e sem tocar em ninguém, umas 20 pessoas, e se apertarmos um pouco pelo menos umas 30, e a senhora no meio de todo aquele vácuo tinha de estar praticamente em cima de mim. Porquê? Porque tinha o casaco lá pendurado onde eu estava! Ou seja o casaquito deveria de conter tijolos nos bolsos que a senhora não poderia mudar de lugar e despir-se tranquilamente sem me apertar!

 

Continuo a dizer que tenho muita que tanta gente não tenha aprendido rigorosamente nada com o covid. Não sou invisível, porra!

Sobre o S. Valentim...

Sim, bem sei que parece retardada esta publicação, mas estive aqui no vai ou não vai, se deveria de escrever sobre isto, mas eu preciso de expiar as minhas mágoas. E nem de mágoas se trata, mas adiante...

 

Estive sozinha no dia mais meloso do ano -  que isto de ser solteira tens as suas vantagens e desvantagens, como qualquer outro estado civil, não é verdade? - porque, a modos que sair com o moço que ando a conhecer, nesta altura, ficava assim um pouco esquisito e dava azos a comprometimentos que não se deseja. Há que jogar pelo seguro. Eu sou uma Mula que gosta de manter as expectativas baixas, sejam as minhas, sejam as deles. Como ia passar a noite sozinha, decidi, por pura brincadeira, aderir à brincadeira proposta pela Delta Q

 

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Para quem não sabe, a Delta Q basicamente armou-se em casamenteira, e através da premissa "se não tens par, tens com quem falar" criou um quiz, onde os inscritos falavam sobre si e sobre o seu gosto pelo café, onde posteriormente a Delta Q após analisar as ditas candidaturas, agruparia as pessoas duas a duas, com características e gostos semelhantes, para falaram num chat moderado pela Delta durante 5 minutos, num horário que seria informado por sms. "Os casais" teriam apenas direito a 5 minutos, e no final, se quisessem conhecer-se melhor, teriam de se adicionarem no instagram por sua própria conta e risco. É assim, digamos que o Tinder já teve melhores dias e estas iniciativas são super engraçadas...

 

Ou seriam...

 

Já que nem a Delta Q me conseguiu encontrar um par! Nada! Nem um e-mail com um pedido de desculpas... A Delta Q no fundo fez-me o que tantos já me fizeram... Ghosting

 

É aqui que sabemos que batemos no fundo e que não temos solução possível: nem um algoritmo nos consegue ajudar a encontrar um par!

 

Voltar ao burgo e às madrugadas...

... Sim, porque para mim acordar às 6:30h é acordar de madrugada. Ainda não verifiquei mas aposto que ainda é de noite e tudo!

 

 

Mas adiante...

 

Após três semanas de férias e de rotinas tardias, regresso ao trabalho. A um trabalho que desconheço, a um trabalho que me assusta, a todo um conjunto de pessoas e de tarefas que desconheço.

 

Quem me conhece sabe que sou ansiosa e por isso este pânico inicial faz parte, a verdade é que já me deveria de ter habituado a ele mas ainda não aconteceu. Quando mudo de trabalho, ou quando me envolvo num novo desafio, passo sempre por quatro fases: pela fase do desespero - quando acho que não vou conseguir! -, da aceitação - quando percebo que se os outros conseguem, eu se der tempo ao tempo também irei conseguir -, do orgulho - quando finalmente entendo as tarefas e as executo com o mínimo de auxílio - e finalmente a fase da satisfação - quando me torno autónoma.

 

Basicamente segunda-feira passei o dia todo na fase do desespero e a achar que se calhar não foi boa ideia mudar de emprego, que tudo era demasiado complexo... Basicamente passei toda a segunda-feira a duvidar das minhas capacidades. Odeio esta fase. Não ajudou o facto de as tarefas serem minuciosas e complexas e vir para casa ter formação online porque o escritório está em obras. Tenho em mente que em regime e-learning não se aprende com tanta velocidade como em regime presencial, a atenção e a dedicação - de parte a parte - não é a mesma. Terça-feira, já em casa, começo a perceber que se calhar vou encaixar as coisas melhor do que estava à espera, fase da aceitação, e já começo a entender o que estava a fazer. Respiro de alívio. Abandono a ideia de que me vão despedir ainda na fase experimental. Quarta-feira, ontem, entrei felizmente na fase do orgulho, em que percebo que a moça tinha mais um ou dois dias previstos para a minha formação e agora anda a encher chouriços porque diz que já não tem mais nada para me ensinar e a próxima pessoa que vai continuar a dar-me formação ainda não está disponível, ou seja, eu que ainda deveria de ver apenas o que faz, já a estou a ajudar no trabalho dela. Tranquilizo o meu ansioso coração. Ansiosa pela fase da satisfação, mas antevejo que não vai tardar.

 

A equipa parece muito porreira, acessível, as regalias da empresa são muito atrativas, espanta-me até que não as tenham referido na entrevista, mas foi uma excelente surpresa, a chefia também parece super flexível e... Acho, mesmo, que aqui posso ser feliz!

 

Abraço apertado às novas rotinas, que o entusiasmo está todo cá! 

 

Quem mais desse lado está em fase de mudança?

Rejuvenesci das vistinhas

Nos últimos meses não conseguia estar ao PC, a trabalhar, sem óculos. Nos últimos meses não conseguia conduzir sem óculos. Nos últimos meses, os óculos estavam sempre presentes nas minhas fuças, porque estar sem eles já não era uma opção, como em tempos já foi. Como agora é, no fundo.

 

Desde que me despedi que nunca mais usei óculos e só por estes dias reparei que estava a conduzir sem óculos e que estava a ver perfeitamente bem sem desfocar. Achei incrível! Eu que estava super preocupada que tinha de regressar ao oftalmologista, ajustar a graduação, porque considerava que mesmo as lentes já não eram as adequadas, rejuvenesci das vistinhas...

 

Realmente trabalhar mata... E nem baseado na minha saúde me sai o euromilhões...

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.