A minha opinião vale o que vale, mas é minha!
Ontem a Psicogata falava da falta de bom senso dos comentários, e lembrei-me do quão irritante é receber comentários desagradáveis e mal educados a publicações que com tanto carinho escrevemos, essencialmente àquelas que nos saem da alma e são tão pessoais, já para nem falar daqueles que comentam sem terem lido o texto todo até ao final, sob pena de tudo o que leram ter sido num tom sarcástico e não terem por isso compreendido nada.
Há textos que escrevemos que sabemos que vão dividir opiniões e vão criar discussão, que atire a primeira pedra quem nunca o fez propositadamente. No entanto, efetivamente há muitos outros que nada o faziam prever e são esses, curiosamente, os que albergam maior número de comentários depreciativos, apenas porque sim. Porque será? Não me refiro a nenhuma publicação específica, nem apenas às minhas publicações. Vejo o mesmo por esta bloga fora.
Custa-me, e por isso também vivo as dores dos outros, quando uso o blog para desabafar e vem um ou outro energúmeno ridicularizar a situação, os meus sentimentos. Ainda assim, tenho noção de que isso faz parte dos riscos de escrever para um público que se desconhece e para uma dimensão que rapidamente nos pode sair do controlo. A verdade é que quando uma publicação nossa é destacada, perdemos a noção da dimensão daquelas palavras. Muitas das vezes há até um ressoar desfigurado daquelas palavras e repetido por gente desprovida de bom senso e coração, de forma totalmente contrária. Sabem aquela lengalenga de "tudo o que disser, poderá e será usado contra si"? Aqui não poderia ter melhor aplicação.
Não me estou a queixar, não me leiam em tom de reclamação, que quem está mal muda-se e eu poderia optar por escrever em folhinhas que depois queimaria na lareira - e olhem que ela agora é usada sem descanso - ou então em documentos word que depois gravaria em cd's - agora a sério, isso ainda existe? - e esconderia pela casa, como tantas vezes fiz. Não! Mesmo perdendo o limite das minhas palavras, mesmo perdendo-lhes por vezes até o rasto, por aqui continuarei a ser aquela que sempre fui, sem filtros - vá às vezes uso o Lark, o Juno e o Ludwig* não me levem a mal - e com apenas uma pitada - uma pitadinha só - de bom senso e auto-censura. Eu não permito que o outro limite a minha liberdade, a partir do momento em que a minha liberdade não prejudica ninguém.
“O que vale não é o quanto se vive, mas como se vive…” disse um dia Martin Luther King. Por isso vou gritar, berrar, chorar, ou corro o risco de não viver o suficiente para ser feliz. Um conselho de Mula: Não deixem que alguém vos cale a voz que é suposto vos libertar!
Sonhemos, que sonhar é a maior dádiva que nos deram e ninguém nos pode negar! Fujamos daqueles que nos amordaçam, nos prendem e nos humilham! Porque se nos fizeram fortes e livres para que pudéssemos andar sobre os nossos pés e trabalhar com as nossas mãos, então é porque nos devemos fazer valer, porque também temos valor.
Sou assim, gosto de me libertar, porque não é em cativeiro que as abelhas espalham o pólen, é necessário que estejam livres e que as deixem fazer o seu trabalho, para que a Primavera continue a existir. Do mesmo modo, eu tenho necessidade de me expressar, de partilhar ideias e convicções, porque é isso que me permite evoluir enquanto pessoa.
Então Mula, porque permites os comentários no teu blog?
É necessário haver confronto de ideias para que minhas teorias, mesmo as alucinadas, se possam fortalecer e por isso, não devemos temer a nossa opinião, devemos dá-la sempre. É nossa! Porém, sem nunca nos esquecermos que “A nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros” e por isso, mesmo que não concordemos com os outros, devemos respeitá-los e arranjar argumentos que nos apoiem, sem nunca recorrermos à censura, ao insulto, à violência. E é aqui que entram vocês: eu adoro quando respeitosamente me contrariam para colocarem à prova o meu poder de contra-argumentação.
Martin Luther King teve um sonho e morreu a lutar por ele. Esse sonho custou-lhe a vida, é um facto, porém contribuiu em muito para a evolução dos direitos humanos, poupando, certamente, a vida a muitos outros homens. Como ele próprio disse “Se não estás pronto para morrer por alguma coisa, não estás pronto para viver”. Foi graças à liberdade de expressão que evoluiu a ciência, a medicina e até mesmo a política. Pelo mundo, pelos nossos direitos, gritemos sempre que necessário!
E lembrem-se liberdade de expressão é emitir opiniões fundamentadas, não é acusar, humilhar e cuspir em cima dos outros, mas se não mostrarmos paixão nas nossas ações, nas nossas palavras, então é porque se calhar não estamos a viver convenientemente.
A nossa opinião vale o que vale, mas é nossa, e se é o nosso blog, então não a devemos subestimar nunca. E como dizia o Paulito - lembram-se do Paulito? - Deita cá pra fora!
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