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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

A verdadeira aventura! #2

Ora vamos lá dar continuidade à aventura que originou 3000 km em apenas 5 dias. Onde é que nós tínhamos ficado?

 

Pois muito bem, voltamos a Colónia para devolver o carro alugado e seguimos viagem para Liège. Já conhecia Liège - ou achava eu que conhecia - mas vi agora partes muito bonitas que ainda não conhecia. Chegamos a Liège já fora da hora de jantar, e apesar de estarmos a dormir perto de três restaurantes a verdade é que estavam todos fechados. Fomos dar uma volta à cidade para tentar encontrar qualquer coisa para comer. Nada. Demos voltas e voltas e não encontramos nada aberto. A cidade parecia completamente adormecida. Só quando desistimos, cheios de fome e já a regressar ao hotel é que encontramos um pequeno estabelecimento de Kebab's, aparentemente aberto - descobrimos entretanto que deveria de ter acabado de abrir - e entramos a medo. Entro, vejo quatro homens sentados ao fundo da sala e pergunto a medo se ainda serviam. O senhor meio atónito e provavelmente a perguntar-se como é que nós, turistas, tínhamos dado com aquele cantinho, serve-nos de imediato, muito simpático, muito solícito. Foi, ainda por cima, a refeição mais barata das férias. Primeiro ainda achávamos que iríamos passar o dia seguinte enfiados na casa de banho, tendo em conta o sítio manhoso que era, mas não é que os kebab's eram bons e frescos? Foi uma agradável surpresa e felizmente não fomos dormir de barriguita vazia.

 

Liège.jpg 

(Vários pontos da cidade de Liège)

 

No dia seguinte fomos dar um pequeno passeio pela cidade, onde tomamos um saboroso pequeno almoço no EXKI, um conceito bastante semelhante ao Prêt-a-Manger que vos falei aqui e até deu, de certa forma, para matar as saudades dos croissants do Prêt, mas confesso... Estes eram bons, mas os Londrinos são muito melhores.

 

Exki.jpg

(EXKI de Liège, Bélgica)

 

Para quem não sabe, Liège é a terra das melhores waffles belgas. As Gaufres de Liège são simplesmente deliciosas, que eu já tive oportunidade de provar da primeira vez que lá passei.

 

A partir daqui começamos uma maratona de quilómetros. Próximo destino: Paris (a 360km de Liège)

 

Ir a Paris foi simplesmente o maior disparate de todos desta viagem. Dizem que entramos pelo lado errado da cidade. A verdade é que não vi a beleza da mesma, não lhe encontrei romantismo algum, tendo apenas encontrado uma cidade feia, poluída, com gente pouco simpática e que não fazem a mínima ideia do que significa conduzir.

 

Logo à entrada da cidade demos de caras com centenas e centenas e centenas de sírios a pedir no meio das ruas. Logo a seguir demos de caras com 6 filas de carros numa estrada com demarcações apenas para 4 filas de carros e como tal os carros não respeitavam as demarcações, nem as direções - carros virados em vários sentidos nos mesmos locais, não conseguíamos tão pouco compreender qual era o sentido da estrada. Nunca tinha visto nada semelhante! Vimos motas a tentar passar por todo o lado - mesmo quando não cabiam - vimos lojas com roupa muito estranha. Vi todo um mundo assustador numa só cidade. Demoramos duas horas para dar a volta a dois ou três quarteirões. Dissemos que não queríamos sair, que tínhamos medo de sair do carro, que as gentes que passeavam pela cidade não nos inspiravam confiança - preconceitos à parte, eu não estava preparada para aquilo - e quando percebemos que aquela frase de os franceses só estão felizes quando a estacionar batem no carro da frente e no carro de trás não era falsa e falaciosa entramos em pânico total. O nosso pensamento foi: O nosso megáne vai sair daqui um smart! Tememos, creio, até mais pela vida do carro do que pela nossa. De repente o carro ficou silencioso, só guinchinhos de terror e suspiros se faziam ouvir... Eu passava a vida numa espécie de soluços provocados pela taquicardia. 

 

Tentamos estacionar num local mais ou menos seguro, pedimos ajuda e um polícia para encontrar um parque subterrâneo: "I don't know! I can't help you!" foi a resposta que obtivemos. Eu já só queria sair daquela cidade. Vi a Torre Eiffel ao longe, passamos uma avenida, vi a base da Torre Eiffel de perto, encontramos outra avenida e já a sair da cidade paramos para almoçar e saímos de Paris tão rápido quanto nos foi possível. Ao falarmos com a menina do restaurante onde fomos, que era portuguesa, soubemos que ela odiava morar ali e que estava ansiosa por regressar a Portugal... Pois, compreendo!

 

torre eiffel.jpg

(A única bela visão que tive de Paris, França)

 

 

Chegamos finalmente ao local onde íamos dormir, 200 km depois, a Le Mans, sãos e salvos e ainda hoje me pergunto como foi isso possível.

 

O quarto dia foi provavelmente o dia que mais passeamos, conhecemos Le Mans e uma linda cidade que me era totalmente desconhecida e pela qual fiquei apaixonada: Niort. Não percam o próximo episódio que eu conto-vos tudo.

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