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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Acho que não sei estar triste...

Sou uma pessoa alegre por natureza. Não digo que já nasci alegre, porque dirá a mãe que é mentira, que pela maneira como abria as goelas para berrar, muito alegre não deveria de ser, mas sou, normalmente uma pessoa bem disposta, quase sempre com um sorriso plantado e uma gargalhada pronta. 

 

Ainda assim, e apesar de não ser comum, sou humana e por isso nem sempre estou nos meus dias. Por vezes acordo deprimida, nem sempre a vida me vai de feição e por isso nem sempre tenho essa alegria a correr-me nas veias. Sou no entanto anormal a mostrar tristeza. Acho que não sei expressar tristeza, acho que não vim com essa funcionalidade. Assim, quando estou triste ou deprimida, demonstro apenas mau feitio, fico resingona e até meia bruta. Quando estou triste sinto a paciência a esvair-se pelo suor, ou simplesmente pelo oxigénio... Assim, quando estou triste as pessoas olham para mim e veem apenas uma Mula chateada, aborrecida, mal humorada... Uma Mula, portanto, e como tal, fazem poucas perguntas. Tem no fundo as suas vantagens.

 

Acho que não sei estar verdadeiramente triste, com aquele olhar à gato das botas e aspeto despedaçado ao estilo da azulinha do filme Divertida-Mente.  Fico só trombuda, calada e pouco dada a convívios...

 

Mas tu não choras Mula? 

Choro pois. Aliás choro por tudo e por nada. Choro a rir, choro por estar triste, choro por estar nervosa, choro por empatia se alguém chorar à minha beira, choro por estar com raiva... É como vos disse: choro por tudo e por nada, por isso este também não é um fator diferenciador...

 

Acho que só vim com o termostato das emoções avariado, mas cá dentro no peito, sinto tudo. Talvez por isso sinta tanto a necessidade de escrever, porque escrita não é aparência, escrita é sentimentos... E eu quando escrevo sinto que me expresso verdadeiramente, ao passo que quando tento falar... Apenas meto os pés pelas mãos e não sai nada de jeito... Ainda assim, nunca tentem compreender tudo o que escrevo, que por vezes, talvez por vir tão do fundo de mim, não tem compreensão possível, porque nem tudo é verdadeiramente racional. Por vezes é só um conjunto de incoerências escritas pela mesma ordem que são sentidas.

 

Nem sempre tenho coerência interna... Quanto mais escrita... 

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.