Acreditar em nós
Por um destes dias processei uma comissão e fui chamada ao gabinete da contabilista com a indicação de que os meus valores estavam errados. Expliquei-lhe as minhas contas, pareciam-me certas com os dados que me foram fornecidos (até porque é referente a um processo antigo). Veredicto final, eu estava errada e as minhas contas estavam erradas. Eu não sou de números, já se fossem palavras... Tentei pedir que me explicasse as contas dela, não o fez. Ok. Botei o olhinho - que sou miúda esperta - ao valor que estaria em falta pelas contas dela e fui fazer as minhas contas. Fiz e refiz. Eu estava errada, porque a contabilista é realmente uma calculadora exímia - disso não tenho a menor dúvida -, por isso eu tinha de perceber onde tinha errado.
Estive uma hora de roda daquelas contas, parando tudo o que estava a fazer. Sou teimosa, vocês sabem. Nada das minhas contas baterem certo com as da contabilista.
Passei para a fase dois. Admitindo que não iria conseguir, fui ter com a minha chefe e pedi para me ajudar já que eu não estava, pelos vistos, a conseguir. Não tinha a menor dúvida de que eu estava errada, por isso o gato tinha de ser encontrado.
A minha chefe - economista - fez as contas. Eu estava certa. O gato era imaginário. As minhas contas estavam certas. Sempre estiveram certas.
Duas conclusões:
Primeiro. Afinal as calculadoras exímias também erram.
Segundo. Se eu acreditasse, um pouquinho mais, em mim poderia ter batido o pé e não ter estremecido... e recuado como estremeci e recuei. Parece que é mais fácil duvidarmos de nós... Botar os cascos para correr e tentar corrigir um erro que não existe. Sou uma pessoa de aparente segurança, quem me vê normalmente, sou uma pessoa confiante, e nunca passo a mensagem de que eu estou errada, mas a de que "irei verificar" mas por dentro sou tão insegura como uma criança deitada à noite, com medo do escuro. Às vezes apetece-me bater em mim própria...
P.s.: Claro que no fim, tudo fica bem quando acaba bem, e eu estava certa e eu adoro estar certa.