Ai o amor, como é lindo o amor!
Vamos jogar um jogo?
Inventei-o agora mesmo, chama-se Where's Love? - ao estilo do Where's Wally? estão a perceber a cena? - e consiste em encontrar essa pequena pérola que é o amor nas duas situações que vos vou apresentar, totalmente reais - ainda que com uma certa dose de interpretação mulaniana - e que aconteceram por estes dias e que felizmente - ou infelizmente, dirão vocês - tive o prazer de assistir, de borla, sem filas nem discussões.
Situação 1:
Moço e Moça unidos num só num lambe-lambe de loucura, enquanto um amigo espera por ele entretido a olhar para o telemóvel - provavelmente para não enjoar, tal é o mel.
Moço vira costas e segue viagem descontraído com o seu amigo e eis que, já separados por uns 4 ou 5 metros e alguns segundos desde o descolar turbulento de línguas, a Moça já desesperadamente carregada de saudades, grita: "Amo-te". Moço retribui com igual entusiasmo e diz-lhe "eu também" mas como estava de costas para - quiçá - esconder tal sentimento louco, a Moça não ouviu. Eis que sentindo-se ignorada a Moça berra-lhe chateada pela ausência de resposta e volta-lhe a gritar os seus sentimentos entre insultos e outras palavras bonitas. Eis que o seu amante se vira, qual Romeu louco pela sua Julieta e diz - já separados por um montão de metros, e por isso aos berros - "Fodasse outra vez? Ouvisses, que eu já disse!" vira costas e prossegue viagem com o seu amigo que não consegue disfarçar o riso. E é assim que a Moça encolhe os ombros, vira costas e segue o seu caminho deslumbrada com o romantismo do seu apaixonado.
Situação 2:
Moço - outro Moço, para que não restem dúvidas - entra no Metro e vai direitinho para a janela contrária à porta, com um olhar desesperado e posto no metro que estava na outra linha. Percebe-se pelo rebolar da cabeça de um lado para o outro que busca com ansiedade alguém: a Moça, pois claro, que há minutos atrás o acompanhava. Moço começa a bater no vidro, a fazer gestos, a abanar-se todo qual palhaço no trapézio para chamar a atenção do povo. Mas a Moça, apesar de estar igualmente junto à janela, mas no outro metro, não o viu - eu cá acho que fez de conta que não o viu porque ela olhou na sua direção e rapidamente desviou o olhar, mas também não quero estar aqui a levantar falsos testemunhos - e o Moço, perante o arrancar dos dois metros em sentido contrário, separando assim estas duas vidas irremediavelmente por horas - até ao dia seguinte de manhã provavelmente - o Moço vira-se com um olhar desiludido e pega de imediato no telemóvel, provavelmente para lhe escrever uma mensagem de como já se esvai de dor pelas saudades.
E sabem o que é pior nisto tudo? É que eu também já fui assim...