Café - necessidade corporal ou social?
Café. Esse belo néctar dos deuses que nos promete atenção redobrada quando necessitamos e uma valente dor de cabeça quando o ignoramos.
Mas, porque tomamos afinal café?
Acho que ninguém nasce a gostar de café, o mesmo com a cerveja e o tabaco, não conheço ninguém que tenha tomado o seu primeiro café e adorado. O efeito que o primeiro café pode fazer ao organismo também pode não ser o melhor: agitação, náuseas, inchaço. Lembro-me perfeitamente como se fosse hoje que o primeiro café que bebi provou-me uma espécie de crise de ansiedade, ainda assim como qualquer ser humano, não satisfeita com o resultado insisti até se entranhar, e ainda hoje não adorando é algo que faz parte da minha vida, do meu dia-a-dia.
Mas afinal tomamos café porquê? Café é para mim uma metáfora. Para mim café significa parar e relaxar. Seja porque quero fazer uma pausa no trabalho - e ninguém recusa a ninguém uma pequena pausa para café - seja porque quero fazer horas enquanto espero por alguém, seja porque quero usar a wc de um estabelecimento.
O café é social. Por alguma razão convidamos pessoas para "tomar café", como se o café fosse o principal e a pessoa algo secundário.
O café é social porque é uma desculpa. Uma desculpa para ficarmos horas sentados num espaço que não nos pertence, como uma explanada. Uma desculpa para o nosso mau humor matinal, e até tantas vezes uma desculpa para a nossa falta de rendimento - tantas vezes deitamo-nos tarde, mas a culpa é do café que não tomamos.
Por isso pergunto-vos, será que é realmente o nosso corpo que precisa de café, ou somos nós que precisamos de um café porque sem ele esgotamos as desculpas que pudemos utilizar no dia-a-dia?