Compreendo mas...
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Compreendo que as pessoas estejam fartas do que se passa atualmente. Que sintam que precisam de algo novo, diferente talvez. Que estejam fartas de medidas e medidinhas, de confinamentos e de proibições disto e daquilo. Ainda que sou da opinião que ainda que ingratas, são necessárias. E tudo isto é mesmo culpa de quem? Nossa! O que não compreendo é como podem apoiar alguém que coloca em risco a nossa liberdade - de modo permanente -, a nossa democracia, a nossa sociedade tal como a conhecemos e que tanto demoramos para a conseguir e quando temos tanto ainda para conquistar.
Não vivi durante a ditadura, sou demasiado nova, mas não é preciso ter vivido para perceber que não quero viver num ambiente de repressão, onde não me possa expressar livremente e onde as pessoas, independentemente das suas origens e capacidades físicas e financeiras não possam ser tratadas dignamente e com respeito.
Poderá haver coisas que esse senhor diga com que eu possa concordar. Há. Concordo com a prisão perpétua e penas mais pesadas para crimes hediondos, como a pedofilia por exemplo. Também concordo que deva ser dada mais autonomia às forças policiais. Mas não sou cega ao ponto de não ver tudo o resto. Sou educadora social! Acredito em políticas inclusivas, na igualdade e no respeito entre cores, cidadanias, credos e géneros. Esse senhor que já demonstrou por várias vezes diminuir mulheres e raças, que divide pessoas em pessoas de primeira e de segunda não pode ter o tempo de antena que lhe dão! Choca-me o apoio que tem obtido. Choca-me essencialmente ver uma colega de faculdade, nas redes sociais, a fazer campanha de apoio a esse senhor. Como é possível? Temos o mesmo curso, tivemos os mesmos professores, ouvimos os mesmos testemunhos. Que educadora social é esta? Como pode uma educadora social fazer campanha contra pobres e ciganos, contra mulheres e troianos?
Choca-me, entristece-me e acima de tudo temo, temo pela saúde do país, da nossa liberdade, e pela quantidade de alminhas desinformadas que poderão votar neste senhor.
Chega. Eu digo realmente chega. Mas é chega de Chega que antes se deveria de chamar chaga!
E amanhã estarei nas urnas a gritar como me é permitido: A votar!