Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Cuidado com aquilo que desejas...

Ou então, da saga: o universo sabe o que faz, nós é que não sabemos o que fazer com ele.

Há alturas na vida que tenho recaídas. Fragilidades que ganham forma e tamanho extraordinários que nos consomem a alma e nos mastigam o coração e a saudade. Há dias que vejo a minha autoestima ser atirada para uma valeta, normalmente de TPM, em que me retraio e busco, no fundo, o que me faz mal.

 

Sábado procurei-o, ainda que inicialmente de modo inconsciente. Quando dei por mim, estava junto à praia a ver o mar, no local que ele frequenta, a poucos quilómetros da casa dele, na esperança de tropeçar nele como que por uma magia do universo. O universo não funciona assim, dizem, e como tal, não aconteceu.

 

Fui ter com umas amigas, do outro lado da ponte, bem mais longe de onde estava, ainda que com o mar também em fundo e o sol quase a pôr-se. Afastei-me do local onde o poderia encontrar.

 

Estou sentada no café, faço o meu pedido. Eram quase 16h e eu ainda nem tinha almoçado... a noite anterior tinha sido dura por vários motivos, e também por causa dele, ainda que indiretamente.

 

Eis que ele entra...

 

Não vinha sozinho, e por isso amaldiçoei o que eu tinha atraído para a minha vida, para o meu dia. Não era nada daquilo que eu queria, na realidade. Aquilo que prometi a mim mesma volta-se a repetir, e voltou a estragar-me os dias e as noites... Sinto que regredi meses e meses e meses e meses de trabalho e esforço pessoal e emocional.

 

Obviamente que as amigas reclamaram da minha falta de esforço para disfarçar a dor e a raiva que me passaram na mente, na cara, nos olhos e até nas mãos - que me senti a cerrar as mãos - mas quem me conhece sabe que aquilo que a minha boca não diz os meus olhos berram. 

 

E ele ainda se justificou... Passados 1 ano, 5 meses e 10 dias, ainda se sente na necessidade de justificar com a presença da pessoa que mais contribuiu para que acabássemos como acabamos, com a pessoa que mais contribuiu para a falta de confiança que sentia e que aos poucos minou tudo o resto... Como se uma justificação, por mais sincera que fosse - o que também não é relevante, e que foi totalmente desnecessária - apagasse tudo o que eu estava - e estou -  a sentir! Como se apagasse o facto de eu estar ali, com eles os dois, à minha frente.

 

Acho que esta mensagem do universo foi clara. Tão clara como um murro de mão fechada bem dado no meu nariz por um pugilista. O universo berrou comigo com todo o calão e palavrão que conseguiu: SEGUE COM A PORRA DA TUA VIDA, MULA! E eu, qual miúda mimada e birrenta retraio-me e desfaço-me em mil pedaços no quarto com uma esperança tola de quem perdeu totalmente o juízo, por ainda existir réstias de esperança, por ainda me ser possível acreditar. Como se ainda fosse possível acreditar no que quer que fosse. Às vezes sinto asco de mim. Por me julgar tão inteligente e ser tão burra, por, por vezes, não sobrar uma réstia de racionalidade... Disse aqui, há 7 anos, que nunca aceitaria ser vitima de violência doméstica, mas o que me está a acontecer é exatamente isso, e coloco em causa tudo o que acreditava saber sobre mim, porque também eu estou a levar porrada - ainda que de mim própria - e não mudo, não fujo, não saio do que me faz mal e do que me está a levar, no mínimo, à loucura.

 

O universo berrou-me aos ouvidos e ainda assim eu choro e sofro só com o propósito de fazer mais barulho e não o ouvir...

 

... Como é triste ser tolo!

19 comentários

Comentar post

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.