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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Da tua ausência #2

Dia 2

Hoje consegui dormir, mas não adiantou de nada, porque pelos vistos ainda não consegui acordar deste pesadelo. Continua a ser horrível a tua ausência.

 

Hoje saí de casa e até andei distraída. Não feliz, mas distraída. Mas é horrível entrar em casa e não te ver, nem te ouvir resmungar comigo como tu fazias. Não havia vez que não resmungasses quando eu entrava em casa, até mesmo quando ia levar o lixo. A ausência de mim, para ti era um martírio. O Mulo dizia-me que tu sabias quando eu estava a chegar a casa, que 5 minutos depois de ires para a porta eu entrava. Nunca percebi como sabias...

 

Deixei de sentir esta casa como a sentia. Nunca me senti sozinha, porque tu nunca me deixaste sentir sozinha. E agora, quando cá não está ninguém é como se estivesse isolada no meio de uma montanha. Está demasiado silenciosa, ainda que às vezes pareça que te oiça andar no soalho. Acho que o soalho absorveu o teu ruído, o teu caminhar. Era tão mais fácil mudar de casa, construir uma nova rotina, sem ti...

 

É estranho conseguir comer um iogurte sem ter de te afastar 20 vezes. Ontem à noite até consegui beber chá... não estavas a meu lado para o tentares beber, como sempre. E limpei o chão da casa e não vi as tuas pegadas como já estava habituada. Ai como desejei ver as tuas pegadas espalhadas denunciando o teu percurso. Quantas vezes me chateei contigo por rebolares no chão molhado, espalhando o teu pelo novamente pelo chão. Ficavas a cheirar a flores e vinhas todo orgulhoso deitar-te no meu colo com o teu cheiro a flores.

 

O papá está a fazer-se forte, está a fazer de conta que não sofre, para que eu não fique pior... o que ele não sabe, é que os olhos dele são mais transparentes que as águas em Bali. Eu e tu sabemos bem que ele é terrível a esconder coisas. Mas vamos fazer de conta que acreditamos, para ele achar que esconde bem os seus sentimentos, está bem?

 

Ontem procuram um gato igual a ti, queriam dar-me um gajo igual a ti para que eu não sentisse tanto a tua falta... o que elas não sabem é que isso é impossível, porque tu és único... eras único. E não era só o sinal à Cindy Crawford e o coração no peito que te faziam único, porque tudo em ti era especial. Ambos sabemos que este meu amor por ti é compreendido e aceite por muito pouca gente, sempre foi, e sempre será.

 

Hoje foi melhor um bocadinho... mas continua a ser horrível...

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.