Da vida...
Por vezes entro em introspeção. A mudança do ano propicia essas análises e por vezes sento-me a pensar na vida, a analisar a minha vida. Facilmente chego à conclusão do que gostaria de mudar, do que gostaria de manter. A dificuldade prende-se com a forma. É muito fácil querer que algo seja diferente o difícil é perceber o que é necessário para que assim seja, diferente.
Assim à primeira vista gostava de ter mais tempo para mim, gostava de ir para um ginásio, gostava de fazer outras coisas que gosto e gostaria de ler mais. Gostava de fazer um curso de culinária e outro de fotografia gastronómica. Gostava de conseguir poupar mais.
Não consigo. Não sei como fazer diferente, e fico a pensar que sou uma péssima gestora de tempo. Que sou até um pouco preguiçosa, que não me esforço o suficiente para ser diferente, que se os outros conseguem eu também deveria de conseguir.
Mas depois analiso de um outro prisma. O meu tempo é que parece mais escasso que o dos outros. Saio de casa às 10 horas, regresso apenas às 21 horas. Isso faz com que jante por volta das 22 horas, e que só me consiga deitar por volta da meia noite, quando não me deito mais tarde. Demoro no mínimo uma hora para adormecer - desde miúda que sou assim - isso faz com que durma oito horas - tal como preciso - e acordo fresca e fofa às 9 horas para recomeçar um novo dia. Onde cabe um ginásio nesta rotina? Onde cabe mais tempo para mim? Onde cabe mais tempo para os meus hobbies e para os livros?... Onde cabe tempo para fazer algo que não faça parte da rotina?
Se calhar acusar-me de má gestão e de preguiça é ser um pouco injusta comigo... Ou o dia ganha horas extras ou então nada mudará... Mas precisava tanto que algo mudasse...
Não me leiam em tom de lamento, que bem sei a sorte que tenho em ter um trabalho em que sou minimamente valorizada... Mas gostava de trabalhar para viver, e não de viver para trabalhar...
Dará para ver a vida de um outro prisma?