Este fim-de-semana foi o fim-de-semana que escolhi para ir buscar - finalmente! - as minhas tralhas. Andei a adiar, a adiar, a adiar... Na realidade, andei a adiar o que é inadiável e finalmente ganhei coragem e lá fui.
Não vos posso dizer que tenha sido um processo fácil. Só a mentalização foi um bicharoco enorme, e entrar numa casa que outrora foi minha e que já não o é, não foi um bicharoco enorme, foi mesmo um monstro gigante. Não é fácil descobrir que a casa que outrora foi nossa está tão diferente, com coisas diferentes, com cheiros diferentes. Toda a casa é uma casa diferente. E não teria de ser de outra forma, mas não vos posso mentir: mexeu bastante comigo.
O outro grande desafio foi encontrar forma de trazer as minhas coisas, descobri que tinha muito mais tralhas do que imaginei. Lá se foi a minha lombar... Pareço uma velha, toda manca, toda torcida, toda entravada.
Fi-lo sozinha.
A mãe ajudou depois a carregar o carro, mas estive sempre naquela casa agora estranha, sozinha, e tantas lembranças com que me deparei. As nossas fotografias amontoadas no armário que outrora fora meu. Fotografias de momentos muito felizes. Fotografias são mais do que meras recordações... Fotografias são murros no estômago. E tantos murros no estômago que levei neste fim-de-semana.
Cheguei a casa e percebi que muita coisa ficou para trás, desde roupa, a calçado a tantos outros objetos. Ou seja, mais tarde ou mais cedo, vou ter de passar por um novo processo, desta vez mais simples, espero.
Agradeço-lhe o facto de me ter deixado fazer isto sozinha, teria sido muito mais difícil se ele estivesse presente.
Chorei. Não vos posso mentir. Chorei muito. Revoltei-me muito. Mil e uma coisas me passaram pela cabeça. Uma parte de mim agradeceu este momento, outra parte de mim arrependeu-se de todo o processo. Outra parte de mim revoltou-se com o facto de me estar a sentir arrependida porque sabe perfeitamente que é só pelo calor do momento e que nós já não tínhamos solução possível...
Fomos felizes. Fomos muito felizes...
... Mas deixamos de o ser.
Chegou a altura de fechar este capítulo e seguir em frente, e encontrar novos capítulos, novos desafios, uma nova vida.
Só lhe desejo tudo de melhor que esta vida lhe possa dar.
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