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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

E possível que a família tenha aumentado...

... para desespero da vossa Mula!

Esta semana vi os gatos muito quietos junto a algo que de longe, me parecia um pau. Tenho lenha lá em cima, e algum palhuço para ajudar a acender a lareira e os gatos passam a vida a roubar-me paus para brincar, como tal parecia-me mesmo um pau. Mas os gato estavam com uma atitude estranha, demasiado quietos, demasiado curiosos e a Kika começa a cheirar o suposto pau e o pau mexeu-se.

 

O pau mexeu-se minha gente! Um suposto pau, inanimado, natureza morta, mexeu-se! Claro, não era um pau.

 

Aproximei-me. Era um gafanhoto enorme. Acho que na natureza nunca vi um gafanhoto tão grande, muito menos dentro de casa. Ó coisa fantástica! O bicho teria uns 15 centímetros, achei aquilo mesmo absurdamente assustador. Palpitações. Coração a mil. Visão turva. O que fazer?

 

Ora, eu que já não tinha problemas que chegassem cá em casa, ainda tive que lidar com um gafanhoto. Vendo-me praguejar como se o mundo fosse acabar no minuto seguinte, a mãe, do quarto, pergunta-me o que se passa, explico-lhe o cenário: Um gafanhoto e dois gatos curiosos à volta a tentar travar amizade com o bicho. Ainda esperei. Botei fé no Simba que o matasse - ele é gordinho e preguiçoso mas muito certeiro a matar bicharada - mas ele não me pareceu muito interessado nisso. 

 

Fui por partes.

 

Primeiro, arranjar maneira de tirar os gatos de volta do bicho.  Depois, por sugestão da mãe, ir buscar uma vassoura e dar-lhe uma bem dada. Gatos afastados, fui certeira com a vassoura. Eu não sei quantas patas tem um gafanhoto mas... Saltaram algumas! Eu ainda levei com uma pata em cima e obviamente desatei aos berros como se tivesse o Michael Myers à espreita para me matar.

 

"Ok! O pior já está!" Pensei quando me acalmei.

 

Diz-se que a pensar morreu um burro não é verdade? Pois. Pois que o pior não estava, entre o tempo de ir buscar o apanhador e regressar ao hall, o bicharoco já não estava onde o deixei! O bicharoco continuava vivo, uns centímetros mais à frente. Não consegui coragem para lhe dar outra marretada... Eu tenho pavor deste tipo de bichos, gente, pavor!

 

Eis que tive uma ideia brilhante. BRI-LHAN-TE! À moda da Mula, não é verdade?

 

Fui buscar o aspirador, faço isso frequentemente com aranhas... Pois que aspirei o bicho. Pois que não faço ideia se o bicho está vivo ou morto, dentro do aspirador, se fugiu novamente do aspirador ou não. Não sei. Sei que sem desligar o aparelho aproveitei para aspirar a casa para garantir que limpava bem o cano e que ele não ficava algures agarrado a meio do cano. Guardei o aspirador bem quieto no sítio, enquanto decido se deite fora, ou se o queime...

 

... Entretanto decidi: A minha mãe quando ficar boa, tratará da limpeza do saco! Até lá, inspecionar bem o dito antes de lhe pegar, e guardar sempre com a escova para baixo, bem colada ao chão para não lhe dar cá ideias de ver luz ao fundo do túnel - literalmente - e querer aventurar-se aqui pelo curral da Mula.

 

E é isto gente... prisioneira - há quase 3 semanas - com a mãe, um cão, dois gatos e um gafanhoto. 

 

 

P.s.: Não me denunciem ao PAN por favor...

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.