E quando a minha mãe achou que eu era lésbica...
... e infiel e sem pingo de moral?
A minha melhor amiga é bissexual e tem, atualmente, um relacionamento com uma mulher. Estou, obviamente, super confortável e à vontade com a situação mas a minha mãe - que é de outro tempo, apesar de graças à ficção estar mais evoluída - ainda não lida, de forma muito confortável, com o tema. Aos poucos, ela chega lá!
Numa sexta-feira, estou eu, a minha amiga, a minha mãe e outra amiga a jantar em minha casa, tranquilamente a falar sobre o divórcio dessa outra amiga que estava presente, e não sei como - aconteceu tudo tão rápido - a minha melhor amiga muda radicalmente de tema conta à minha mãe que é bi e que namora com uma mulher. A minha mãe meia atónita, meia sem compreender, deseja-lhe que seja feliz, obviamente, mas acaba por mudar de assunto. Assunto mudado, sigo com a minha vida e nunca mais me lembrei do assunto.
No dia seguinte, sábado, fui com uma amiga - outra amiga! - para um hotel com spa. Spa, jacuzzi, massagens, foi um fim-de-semana de verdadeiro restauro mental e físico. Na altura publiquei imensas fotos do fim-de-semana incrível no instagram e a minha mãe foi acompanhando.
Domingo à noite chego a casa, relaxada, com a história de sexta-feira arrumada num espaço remoto da minha mente, muito longe... muito longe... e eis que sou bombardeada com perguntas. No fundo, basicamente, ela achava que eu era a namorada da minha melhor amiga e pior que isso: é que eu estava a traí-la com outra amiga porque ela não achava normal eu namorar com uma e andar em spas e massagens com outra!
A minha mãe estava a falar bastante a sério, mas eu ri! Ri tanto... Mas tanto, mas tanto!!! Que ainda hoje rio muito sempre que me lembro da cara dela indignada que tinha uma filha sem valores nem respeito pelos outros!
Expliquei-lhe que infelizmente sou hetero, que faço parte de uma grande percentagem de mulheres que sofre por homens parvos e sem coração e que não fazem ideia do que significa respeito pelo próximo e muito menos pelas mulheres. Expliquei-lhe que se fosse uma escolha, que provavelmente escolheria gostar de mulheres, que talvez seria mais feliz - se não apanhasse pelo caminho uma como eu, claramente -, mas que infelizmente não é algo que se escolhe e que como tal teria de carregar a minha cruz de gostar de homens indecentes e vagabundos, normalmente tatuados e com braços fortes - ai que já estou a divagar, perdoem-me - e que não, não estava a enganar a minha melhor amiga, e irmã!
Apesar de tudo, fiquei bastante feliz quando a minha mãe me disse que me aceitava como eu fosse, que só queria que eu fosse feliz mas que não queria que andasse por aí a magoar ninguém, só fiquei chocada com o facto de por momentos lhe ter passado pela cabeça que a sua filha era uma vagabunda sem coração!