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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Escrever

(imagem retirada daqui)

 

Dou por mim a abrir uma folha em branco no computador e a tentar escrever algo. Escrevo e apago, escrevo e apago, escrevo e apago vezes sem conta. E de repente lembro-me que já escrevi à maquina. Não por ser propriamente do tempo da máquina de escrever - que já nasci na era dos computadores - mas porque gostava, e porque me deram uma quando era pequenina, apesar de já ter computador. Que saudades de escrever à máquina!

 

E se o texto de agora, fosse à máquina de escrever? Quantas folhas em branco deitaria fora por não gostar das poucas palavras ou das poucas frases que nela conteria? E se me obrigasse a continuar? E se até gostasse do resultado, no final? Não saberemos, há muito que a máquina de escrever está arrumada nas entranhas do armário, nem sei se ainda funciona realmente, e por isso continuo a abrir e a fechar páginas em branco virtuais, escrevo e apago, escrevo e apago as vezes que forem necessárias até olhar, ler e gostar do que realmente escrevo. E confesso que nem sempre gosto, mas tantas vezes sou vencida pelo cansaço e a frustração de não conseguir melhor.

 

Depois também me lembro de como aprendemos a racionar palavras quando assim tem de ser, como racionávamos as fotografias quando ainda tínhamos de comprar rolos. Se calhar no tempo da máquina de escrever as palavras eram mais puras, mais primitivas, mais nós, porque não poderíamos escrever e apagar com a mesma facilidade. O que escrevíamos deixava marcas, quanto mais não seja no papel amachucado na papeleira, mas fazia com que as palavras criassem outro eco na nossa cabeça. Quem nunca desamassou papel amassado e olhou novamente para aquelas palavras? Eu já! Tantas vezes! Agora não, agora apagamos e de imediato apagaram-se as palavras da nossa mente e interiorizamos que não era aquilo que queríamos escrever. Não seria? Estaremos certos? Talvez nunca saberemos.

 

Seja à maquina ou ao computador, com caneta ou lápis de carvão, escrever devolve-me à vida, devolve-me ao meu eu e por isso quando estou perdida é quando mais escrevo, talvez para me encontrar... Reescrevendo as vezes que forem necessárias, abrindo páginas em branco as vezes que forem necessárias. Cada um com a sua bússola. A minha é esta!

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.