Estou de coração partido...
Há pouco, veio cá à loja, um senhor, um sem-abrigo.
Não, o senhor não veio pedir dinheiro... Ou comida... Ou algo de valor. O senhor veio cá porque precisava de uma caixa para dormir... Infelizmente não tinha nada comigo, nem uma peça de fruta, nem um iogurte... Nem a caixa que o senhor precisava...
Fiquei com o coração tão apertadinho...
Claro que eu sei que os sem-abrigo existem, que precisam de tantas e tantas coisas... mas infelizmente, sou um comum mortal: só quando me batem à porta é que o meu coração se amarfanha de tal maneira que até dói...
O meu colega diz que a culpa é dos trabalhadores sociais... no fundo, então, a culpa é também um pouco minha, e acaba por ser um pouco de todos. Porque me dói na alma, mas não faço nada para mudar coisa nenhuma...
Enfim... fiquei deprimida e de coração partido!
[O senhor entretanto, arranjou uma boa caixa, grande, na loja em frente.]