Eu só queria dois peixinhos...
Na passada sexta-feira fui à secção de peixaria de um conhecido hipermercado da nossa praça.
Dirigi-me de imediato à maquineta das senhas, como é habitual, mas a máquina não estava a funcionar. O ecrã estava totalmente negro e eu carreguei, carreguei, carreguei mas o ecrã não ativou nem saiu qualquer senha. Vejamos, bem sei que já tenho 30 anos, que não caminho para nova mas ainda estou no uso pleno das minhas capacidades mentais - tem dias, vá! - por isso ainda sei tirar senhas na maquineta, quando a dita funciona corretamente, o que não era o caso.
Não estava ninguém. Aproximei-me de uma senhora que estava a amanhar peixe e indiquei que a máquina não estava a dar senhas. A senhora perguntou-me o que é que eu queria e eu fiz o meu pedido. A senhora disse que já atenderia, só para aguardar um momento.
De repente, vem uma outra moça vinda sei lá de onde nem porquê, e começa a chamar senhas. Porque pelos vistos a máquina ressuscitou e começaram a aparecer pessoas com as respetivas senhas.
Vou ter de imediato com ela, dizendo que eu estava primeiro, mas que a máquina não estava a dispensar senhas e que eu já tinha avisado a colega. Pois que a mulher virou bicho. Os clientes que ali estavam não se manifestaram, até porque quando lá chegaram eu já lá estava, mas a moça assim do nada começou a discutir!
"Se os outros conseguiram, você não conseguiu porquê?"; "Se a máquina não estava a funcionar os outros têm senhas como então?"
E repetiu isto ao expoente da loucura e aos berros, apesar da colega ter dito que sabia que eu estava a seguir, e eu reforçar que não estava a dar para tirar senhas quando eu lá fui, mas a mulher em vez de me atender decidiu ficar ali a bater na mesma tecla, e começou a ricularizar-me. Insisti que não duvidava que agora já dava para tirar, mas que eu já ali estava há algum tempo e que comigo não funcionou e que eu já tinha avisado. Procurava efetivamente o conflito e não se cansou de discutir!
Só vejo o Mulo a voar para a moça - estava a ver a coisa mal parada - e perguntar-lhe se ainda ia demorar muito, porque por nós poderíamos continuar a debater a questão noite dentro! Acho que a moça viu a fúria nos olhos do maridão enervado. Com ele nem um "ai" nem um "ui", calou-se e fez o seu trabalho, como deveria de ter sido desde o início. Tentei resolver as coisas sem levantar a voz, mas pelos vistos esta gente só ouve se berrarmos.
Nunca vi tal!
Uma coisa é, o cliente fazer alguma coisa errada e ser penalizado, ou ser de certa forma chamado à razão, outra coisa completamente diferente é um problema estar sinalizado, a pessoa já estar supostamente atendida - a outra mulher recolheu o pedido só não se moveu um centímetro - e ainda ter de ouvir os disparates que a outra sujeita se pôs a dizer.
Estive para ir reclamar da moça ao balcão de informações. Dias maus todos tempos, mas isto não é forma de atender um cliente, ainda por cima quando fui sempre educada e cordial mesmo quando ela se espumava como se não houvesse amanhã. No entanto neste hipermercado a arrogância e antipatia imperam - ainda que nunca tivesse vivido nada assim tão grave - e por isso imagino que pouco importasse a reclamação porque nada iriam fazer para melhorar o serviço prestado. Nunca melhoraram, vou ali há anos e são poucas as pessoas dispostas a atender realmente como é suposto. A verdade é que não gosto de ir às compras ali, mas é o maior que há na zona perto do meu local de trabalho e onde posso ir mais tarde e onde tem outros produtos que nos mais pequenos não encontro.
Digo-vos uma coisa: Ainda hoje tenho raiva da moça, da próxima vez que a vir estou capaz de pegar num salmão inteiro e bater-lhe com ele nas fuças!
É que eu só queria dois peixinhos...