Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Interpretação de Músicas - Man! I Feel Like A Woman! de Shania Twain

E a pedido de muitas famílias, retomo a rubrica semanal de interpretação de músicas que tinha abandonado em meados de Setembro. Mentira, só houve uma pessoa singular, que referiu assim muito ligeiramente a coisa, mas... a Mula também já tinha saudades de brincar com algumas músicas... errrr.... interpretar, queria eu dizer... interpretar algumas músicas, que isto aqui é sério, e só se contam histórias sérias! Então a FatiaMor, lançou-me o desafio, para a Mula interpretar esta bela música de 1997 da Shania Twain, e ainda está para nascer o dia em que a Mula recusa desafios, ainda por cima musicais! Minha querida Fatia, esta é para ti! [Agora é a altura que dizes que te interpretei mal, e que querias era que eu "botasse" a música nos #tesourinhos, e coiso e tal! Mas vai ser aqui... e agora não tem volta a dar!]

 

 

Estão preparados? Cá vamos nós... aviso que é uma viagem sem volta e nunca mais conseguirão ouvir a música da mesma forma...

 

 

Man! I Feel Like A Woman! de Shania Twain

 

Começando pelo início, a música ainda que cantada por uma mulher, não tem como personagem principal, verdadeiramente uma mulher, só que não nos podemos esquecer, que quando esta começou a ser ouvida nas rádios a transexualidade e a travestilidade ainda era um tema, relativamente tabu e então foi, só e apenas por isso, cantada e interpretada por uma mulher... Porque, ora atentem na estrofe que diz "Man! I feel like a woman!", qual seria a necessidade de uma já actual mulher querer gritar ao mundo que se sente mulher? Ah pois... nunca tinham pensado nisso!... É verdade a música retrata a vida de um homem que sofreu recentemente uma transformação sexual e é actualmente mulher.

 

Continuando... e recomeçando:

 

Let's go girls! Come on.

 

Verifica-se aqui uma certa insistência com as suas actuais semelhantes. Atentem que o sujeito - vamos chamar-lhe para facilitar as coisas... Kelly - chama as suas amigas, e é necessário insistir através do "come on", o que pode indicar alguma surpresa com a transformação e ainda alguma dificuldade de aceitação. Mas os amigos servem mesmo para todas as eventualidades por isso, as amigas lá vão ajudar a Kelly a ter uma noite de arromba para que se integre rapidamente na comunidade feminina.



I'm going out tonight-I'm feelin' alright / Gonna let it all hang out / Wanna make some noise-really raise my voice / Yeah, I wanna scream and shout / No inhibitions-make no conditions / Get a little outta line / I ain't gonna act politically correct /I only wanna have a good time

Para corroborar a ideia de que a cirurgia foi relativamente recente, a Kelly indica que até já se está a sentir bem, que ainda tem algumas dores, mas que vai colocar essas dores para trás das costas ["Gonna let it all hang out"] e tentar divertir-se. Toda a gente sabe que os homens também gritam, mas que os gritinhos de uma mulher são bem diferentes - normalmente mais irritantes - e a Kelly quer tudo o que tem direito e que sentiu falta todos estes anos, e portanto, vai gritar como fazem as gajas histéricas, qual aula de zumba, qual quê. Ela refere ainda que tudo pode acontecer, e tendo em conta que ninguém sabe - tirando as amigas - que já foi homem, porque a operação até foi um sucesso e ficou uma mulher toda perfeitinha, que se encontrar alguém com quem pinar, não vai ser politicamente correcta e não vai avisar que coiso e tal já foi homem. O que eu até acho que fez muito bem, porque as pessoas quando assumem um novo modo de vida, têm de desligar o passado. [Mas agora cala-te Mula, que estás aqui para contar o factos e não para emitir opinião. Peço desculpa, sim?]



The best thing about being a woman / Is the prerogative to have a little fun

 

Não que sejam necessárias outras provas, porque a Mula não tem dúvidas... Mas a Kelly dá aqui outra prova de que já foi homem, uma vez que só quem passa pelos dois sexos pode perceber o que é melhor num e melhor noutro, e o seu novo eu não tem dúvidas, e tendo em conta a experiência que esta tem, a melhor coisa de ser mulher é a diversão. Claro... normalmente os homens não estão a dançar numa discoteca com um bando de gajas a babar para cima deles... e o contrário já acontece, por isso, será realmente mais divertido e uma mais valia.

 

Só que... há um pequeno problema, e há instintos que podem ser difíceis de controlar, ora atentemos na seguinte estrofe:


Oh, oh, oh, go totally crazy-forget I'm a lady / Men's shirts-short skirts / Oh, oh, oh, really go wild-yeah, doin' it in style / Oh, oh, oh, get in the action-feel the attraction / Color my hair-do what I dare / Oh, oh, oh, I wanna be free-yeah, to feel the way I feel / Man! I feel like a woman!

 

Na loucura, e provavelmente no álcool também, a Kelly esquece-se que é actualmente mulher e começa a ser mulher de acordo com a visão masculina... E qual é a visão masculina da mulher: completamente objetificada. Mentira? Ora vejamos: veste logo mini-saia e camisas de homem, pinta o cabelo,... sou seja, vai para a discoteca vestida de colegial, e quem melhor que uma mulher para saber que os homens gostam de colegiais? Os próprios homens está claro... E pronto, é esta a visão que a Kelly enquanto homem tinha das mulheres, e para se sentir verdadeiramente uma mulher teve que se vestir assim ["I wanna be free-yeah, to feel the way I feel"], o que significa que existe ainda um certo trabalho da imagem da mulher que deve ser trabalhada e que não foi modificada com a alteração do sexo. Termina o refrão, reforçando o quão se sente mulher!


The girls need a break-tonight we're gonna take / The chance to get out on the town / We don't need romance-we only wanna dance / We're gonna let our hair hang down

A Kelly fica também a sentir-se um pouco a brilhar demais na festa... e compreende que as amigas não estavam preparadas para que lhes tirassem o protagonismo, e para que elas não fiquem com inveja, e/ou chateadas, decidiu ainda não se envolver com ninguém nessa noite, querendo, para já dançar, e depois quem sabe um dia mais tarde envolver-se e apaixonar-se, com homens.



I get totally crazy / Can you feel it / Come, come, come on baby / I feellike a woman

 

Termina a música, a reforçar que sente louca, e que por se sentir tão louca, diz que se sente mulher. O que revela ainda um outro estereótipo que tem face às mulheres: que são loucas.

 

No fundo, isto tudo não passou de um sonho que a Kelly que afinal se chama Zé, teve numa noite de copos com os amigos, dizendo que se fosse gaja que ia ser assim, andar sempre de mini saia, a provocar os outros e a agir como uma louca...

 

E é assim que os homens nos vêm.... enfim! -_-'

 

E pronto... esta rubrica que era semanal, será agora, só e apenas quando a Mula quiser...  É que parece que não, isto desgasta uma pessoa, são emoções demasiado fortes que estas canções retratam e nem sempre a Mula está preparada para explanar a coisa... Por isso, se gostaram... é uma questão de irem passando e verem quando há mais.

 

30 comentários

Comentar post

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.