Karma - "What goes around, comes back around..."
A propósito daquele sujeito que matou - apenas porque sim - três pessoas, em Sesimbra, M.J. falou do karma e de como desejava que esse tal de karma efectivamente existisse. Pois bem, hoje vou-vos contar uma história sobre o karma, e a razão pela qual eu acredito nele.
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Era uma vez o sr. J. muito arrogante e aldrabão, que conheceu a sra. M. que também não era boa rês. Este casal teve dois patinhos, que sendo feios ou bonitos, eram seus filhos, no entanto, o sr. J. nunca quis saber deles e quando se divorciou da sra. M., com muita violência à mistura, nunca mais quis saber desses seus patinhos.
Anos mais tarde, o sr. J. já meio divorciado, meio por se divorciar, conheceu a sra. L. e apesar de não ter sido um amor louco, tiveram uma filha, e casaram-se. Nunca foram felizes, porque apesar de a sra. L. gostar muito do sr. J., este nunca fora um homem romântico, um homem carinhoso, nem um homem que se importasse com o seu bem estar. Este sr. J. traía a sra. M. com frequência, mentia-lhe e ainda gastava dinheiro que não tinha, e contraía dívidas com facilidade. Apesar da sra. L. desejar ser muito feliz e desde cedo pretender divorciar-se, o sr. J. ameaçava que se, se divorciasse não mais poderia ver a sua filha. E a sra. L. aguentou... aguentou... aguentou... Poderiam achar que o sr. J. gostava muito da sua filha, mas isso também não era verdade, porque nunca a tratou bem, nunca se preocupou com ela, nem nunca soube ser um bom pai, mas sra. L. aguentou... aguentou... aguentou...
Um dia a sua filha casou-se, saiu de casa, mas ainda assim a sra. L. foi aguentando... aguentando... aguentando... Porque continuava a gostar muito do sr. J. Até que o sr. J. foi supostamente trabalhar para o sul do país. Após largos meses, regressou desse suposto trabalho no sul, e chegou a casa mais pobre do que quando foi, indicando não ter recebido qualquer salário, porque o seu patrão seria um aldrabão. E a sra. L. foi aguentando... aguentando... aguentando... Até que a filha da sra. L., um às a informática, descobriu que o sr. J. nunca esteve a trabalhar no sul. Mas que se tinha andado a bambolear por esse país fora e arredores, com outras mulheres. Como o sr. J. não era atraente, e a sua juventude tinha ficado lá bem no passado, dizia a essas mulheres, ser rico e ser um grande empresário, mas no entanto, o sr. J. andava a usar o dinheiro das poupanças da sra. L. que assim que descobriu, pretendeu divorciar-se finalmente do sr. J., que entretanto, culpou a sua filha pelo pedido de divórcio e viajou para o Brasil sem dar cavaco a ninguém, e foi ficando por lá a abusar da paciência de uma outra senhora, que também não era santa nenhuma.
Quando regressou do Brasil, com a sua nova namorada, a sra. L. e o sr. J. finalmente se divorciaram. Um divórcio violentíssimo, com ameaças e medos à mistura. Parecia que o sr. J. estava pior que nunca, pois nunca fora tão violento, até então. Mas é sempre assim, parece que só conhecemos as pessoas quando nos divorciamos delas...
E então... o karma!...
Uns meses depois de todas as ameaças e do divórcio violento finalmente sair, o sr. J. divide a sua vida entre Portugal e o Brasil, às custas da sua nova namorada, e entretanto é-lhe diagnosticado um cancro. Após vários tratamentos, e após uma operação para remoção do tumor, são lhe diagnosticadas metástases, que não poderiam ser travadas com quimioterapia, porque o coração do sr. J. não aguentava, tendo inclusive tido um ataque cardíaco a meio dos tratamentos. Tratamento suspenso, foi ficando cada vez pior, suspendendo as viagens para o Brasil, acabando igualmente a vida desafogada e de luxúria que levava. Desta forma, a sua namorada brasileira conseguiu casar-se com ele, aqui em Portugal, sobre o pretexto de poder ficar com ele mais tempo, já que precisava de cuidados. De papel passado, e após passar o tempo em que ainda é possível pedir anulação de matrimónio, a sua, agora, esposa desaparece. Há quem diga que regressou ao Brasil, há quem diga que passou a viajar pela Europa. Eu digo apenas que foi gozar a vida, enquanto gozava com a cara do sr. J.
E assim, o sr. J. ficou assim sozinho na vida, sem mulher, sem lúxuria, sem independência, restava-lhe apenas uma ex-mulher que por vezes ia passando a ver como estava, e três filhos que não quiseram saber dele, já que ele nunca quis saber deles, restou-lhe ficar sozinho, altamente dependente de vizinhos. Vizinhos esses que foram constantemente insultados e humilhados pelo sr. J., quando ainda era forte e viril. Morreu assim no hospital, sozinho, e no seu funeral compareceram apenas a ex-mulher, a sua filha mais nova, e meia dúzia de vizinhos.
Posso garantir-vos que o sr. J. passou momentos horríveis e morreu da pior forma possível: dependente, que era o que mais temia na vida.
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Diz-se que quem cultiva ventos, colhe tempestades. É como eu digo, o karma é do mais fudido que há, e eu acredito mais no karma que em Deus!
Qualquer semelhança com a minha história é pura coincidência, sim?